quarta-feira, 12 de março de 2014

XII ANTOLOGIA PORTAL CEN "CÁ ESTAMOS NÓS" - MARÇO 2014


Carlos Leite Ribeiro
Fundador e Presidente do Portal CEN

XII Antologia Virtual Portal CEN - "Cá Estamos Nós"
Março 2014.

Autores e Colaboradores CEN



Organização de 
Maria Beatriz Silva (Flor de Esperança)
 Assessora do Intercâmbio Cultural CEN 
 Brasil/Portugal


          Com grande orgulho, honra e satisfação, apresentamos aos inúmeros leitores do nosso Portal CEN – “Cá Estamos Nós”, a XII edição da Antologia organizada pela poetisa Maria Beatriz. É com imensa alegria que reunimos aqui 90 grandes Poetas e Escritores dos quatro cantos do mundo, amantes da poesia, que fazem dessa rede virtual a grande realidade em versos. Generosamente dão sua contribuição compartilhando com o mundo, levando palavras de amor a cada coração. São   ilustres Autores, que desnudam suas almas e ousam atravessar o Atlântico, levando em seu poetar, versos de amor, amizade, saudade, encontros, desencontros, a beleza inconfundível da natureza, fé, esperança, paz, sonhos e realidades. Apostando e exaltando a poesia, a cultura, com sofisticados versos, mostrando a todos que para a poesia não existe barreira, não existe fronteira, não existe limite, ela nos leva a sonhar e a realizar além da nossa imaginação. Contamos novamente com a participação na abertura da nossa Antologia, o cantor Augusto Cabral  em parceria com o cantor Kleber José com a canção Eu Nasci Para Ser Livre. Boas vindas aos poetas e poetisas que se integram a XII edição da Antologia CEN.

Agradecimento:


      Agradecemos todos que colaboraram, para mais esse projeto de “divulgação internacional e direta” dos ilustres poetas e escritores.

Sigo a luz do amor! Você vem comigo?

TODOS OS DIAS MULHER...

Encanto, amor
Essência de flor
Heroína na dor

Brisa Suave do mar
Exatidão do amor
Noção exata a amar

Encanto e poesia
Beleza e harmonia
A vida contagia
Com doçura e magia

É sonho e realidade
Frágil e forte
Conquista com serenidade
Arrisca sem medo a sorte

Anjo de candura
Admirável criatura
Sempre será rainha
a fada madrinha

Tem muito a conquistar
Há luta e perseverança
Vitória ainda alcançar

Mulher seja:
Respeito, amor exato
Faça ver-te com os olhos de ver
A beleza da sua alma
A busca do tesouro mais oculto

Não seja só desejo e beleza exterior
Permita que te apreciem como um todo
No que você representa: Caridade e amor
A verdadeira e divina obra do Criador.

Maria Beatriz Silva (Flor de Esperança)
 Assessora do Intercâmbio Cultural CEN
 Brasil/Portugal
http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Maria_Beatriz.htm



AUGUSTO CABRAL

EU  NASCI PRA SER LIVRE
AUTORES: José Augusto Cabral e Kleber José de Carvalho Miranda


Eu queria ser livre de todos os males;
Quebrando correntes, ser livre dos laços,
Vencendo torrentes, tormentas, cansaços
E o espaço do mundo carente de amor.

Eu queria ser livre como as nuvens que abraçam
As aves que voam nas raias dos Céus;
Ou como o raio de Sol que ardente aparece
E aquece, caminha com luz e penetra onde quer...

Eu nasci pra ser livre como o vento que passa,
Como os peixes que nadam sem problema qualquer.
Descobri que ser livre não tem preço... É de graça!
E ser livre é poder de quem sabe o que quer...


          JOSÉ AUGUSTO CABRAL - Um Cantor e Compositor comprometido com o romantismo, com a paz e com o amor. Um Advogado comprometido com a Justiça Social. Um Agrimensor comprometido com a ética profissional. Um Teólogo comprometido com a verdadeira Teologia Cristã.


NO VÍDEO: EU  NASCI PRA SER LIVRE
José Augusto Cabral e Kleber José de Carvalho Miranda 




AMÉLIA LUZ
Pirapetinga/MG

LÍNGUA LUSA

Minha língua lusa é um laço,
É um traço, é o meu espaço!
Esdrúxula, confusa, pessoal,
Abusa das palavras num mesmo ritual
Lambendo a poesia
No sabor sublime do ofício,
Dia após dia!
Minha sina, minha musa,
Herança do meu Portugal,
Ortográfica e gramatical...
Erudita, culta, acadêmica,
Polêmica ou irreverente,
Luz que brota livre na nossa boca
Sedenta de versos.
Popular, simples, corriqueira,
Língua de muitos “falares”,
Língua dos sete mares,
Atravessando os oceanos
Na força dos ventos,
Seguindo o caminho mágico
Das ousadas caravelas portuguesas...
Identidade cultural do baú de Camões,
Com heranças ibéricas próprias e definidas,
Trânsito poético da linguagem que liberta.
Temos nossas raízes próprias
Ao partilhar a palavra viva
Saída do ovário da “última flor do Lácio”,
Brotada em terras brasileiras.
Resmungo o âmago da minha latinidade.
Afinal, quem sou, ou quem somos?
Eu sou, nós somos: cidadãos Portugueses,
Brasileiros, Angolanos, Moçambicanos
Caboverdianos, Guineeenses, Goeses,
Macaenses, Sãotomenses ou Timorenses.

NÓS SOMOS SOBRETUDO
A LÍNGUA PORTUGUESA!!!


ADRIANO COELHO PEIXOTO
Laje do Muriaé (RJ) Brasil

BREVIDADE

Nos eixos  firmes da realidades
Estampadas nos rostos das pessoas
O olhar se torna breve ,sem tonalidades
Os rumos distorcidos seguem o tom que ecoa

Que cumula de dependências
Fadigantes  e dilacerantes
Aumentaram -se as reticências
A vida é brevidade perante os dias alarmantes .

No excesso de cuidado eu esqueço de viver
No descuido  eu sou roubado
Até  mesmo antes de nascer
No estresse em ser fico paralisado

O trem passa ,de vidas está lotado
De viver ,muitas esperanças o trem tem levado
De sonhos que ficam em casa
De casas que ficam em sonhos.

Da brevidade do momento
Quis saber o nome
A pouco em um atropelamento
Era a pressa que acidentou um homem.

(Adriano Coelho Peixoto)


BIOGRAFIA:


ADRIANO COELHO PEIXOTO ,  Adrianinho,como é conhecido entre os amigos, é natural de Laje do Muriaé ,pequena cidade do interior  do estado do Rio Janeiro. Porém sua família é toda de descendentes mineiros , de onde traz traços em seus poemas e sua maneira de ser . Aprendeu com o pai pedreiro e a mãe doméstica,  a simplicidade do viver que paira em seus versos.  Licenciado em Ciências Exatas (Matemática),tem  a identidade com os números . Trabalha como professor em sua área de formação ,porém a beleza do poetizar encantou –o e, desde a época de escola até hoje fala sobre os mais variados temas em seus poemas ,trazendo reflexão ,o amor e toda beleza que a poesia lhe permite expressar .



ANDRÉ ANLUB

PODIA TER SIDO MAIS SOL


O calor que batia na alma,

Sem refresco, mais e mais quente ficava.
Faltava isso, talvez aquilo, para montar uma elipse,
Envolta do desmesurado eclipse,
De tal sol.

Aquela fragrância de nova vida,

Da porta aberta do viveiro
Batia nos orifícios do nariz, como coisa boa...
Fubá fresquinho - coco queimado - doce broa
Acompanhada por um manacá-de-cheiro.

O orvalho brinca de tobogã,

Em uma enorme folha de taioba.
Sei, sei que ainda necessitava de mais música,
Música boa - aquela apreciada pelos pássaros,
Que dançam valsa com o vento.

Vendo com alguns olhos críticos,

Dizem que parecia perfeito, e era:
Mas podia melhorar.

Podia ter sido mais sol,

Pois geralmente sonhavam com a noite.
Podia também ter sido mais amor,
Com coloridos emblemáticos,
Dos mais profundos,
Nobres,
Raros.

Dos que alto berram, até as nuvens,

Vale a luta, vale a guerra,
Pintam aquarelas,
Nos anseios inebriados.

Por debaixo da seda

você me seda...
Brinca de ser a pura,
e, em apuros, me cedo.

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É A TAL


Por favor, aguardem contato,

anunciaram a chegada na hora,
cheira forte e choca os olhos,
queima a pele e dá até barato.

A caça do homem no largo lago,

um peixe e a saudade no prato,
é a lágrima que chega mansinha
no sorriso da boca na esquina.

Fez louca a agonia do peito

e a merecida alegria no tato.
Fez da arte gato e sapato,
do seu jeito, só nesse feito.

Alguém pergunta o que sugerem pra hoje,

o cardápio está em letras gregas.
Vejo estátuas sem todo o braço,
ouço o voo de moscas varejeiras.

Vem bom humor e o pavor de perdê-lo,

o problema é mais que emblemático.
Vem matemático e fica cabreiro,
vem o cosseno, o seno e o quadrado.

E no porta-retrato a verdade,

a neurose que não faz sentido.
Indo à toa, à tona e a esmo,
não é o mesmo que felicidade.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_a/Andre_Anlub.htm





ALFREDO GONÇALVES DE LIMA NETO
Valença - Brasil

O REINO AMARELO E O SEU CHAFARIZ DOS SORRISOS ESQUECIDOS

          Um dia, Madalena cismou em ser rainha. A mãe, desgarrada do pouco juízo que ainda lhe restava, num átimo, acudiu o insano desejo da filha. Enrodilhou conversa, dando trela para aquele despropósito.

          — Onde já se viu, Madalena?! Será que você não sabe que para ser rainha, antes de tudo, é preciso ter um reino?!

          A moça assuntou o espanto materno e pôs sobrancelha sobre a ressalva feita. Por alguns segundos ficaria a matutar com seus botões, até que desabotoou um sorriso. Não se faria de rogada. Como lhe era peculiar, olhou a sua volta em desconexa desconfiança, pois, possuía um jeito de divisar o mundo em seus extremos às custas de um simultâneo olhar. Ao contrário de espiar enviesado, em convergente estrabismo, amealhando as coisas sobre o próprio nariz, ela dispersava a paisagem, pousando sua atenção em concomitante espreita, abraçando o este e o oeste de uma só vez, capacidade esta que lhe permitia vislumbrar no mesmo campo de visão, os dois brincos de topázio – presentes de sua mãe – que ela trazia presos às orelhas. Assim sendo, olhava de través, obliquamente, em mútua esguelha, que nem vigia de esquina, com a diferença de não precisar volver sua cabeça de um lado para o outro.  

          Madalena ajuntou o desejo à necessidade e tomou a decisão: Inventou o seu reino e o situou no fundo de uma casca de ovo de galinha da terra, o qual, como ela mesma apregoava, entre os ovos que conhecia, era o que possuía a mais amarela das gemas, o matiz de sua preferência. Aliás, quanto a isto, desde muito cedo, em tenra idade, ela já demonstrara o quanto lhe despertava atração as coisas as quais possuíam a cor amarela e suas nuanças. Mais que um simples gosto, aquela cor passou a ser para ela uma obsessão. Tudo o que possuía parecia ter sido tocado por Midas, ao menos no dourado o qual resplandecia.

          Madalena foi colecionando chapinhas, conchas, côncavos os mais diversos, onde ia espraiando o seu reino. E neles, logo seriam erguidos o segundo castelo, a igreja, a taverna, os jardins e o chafariz. Tudo amarelo, numa alegre douradura, capaz de causar ciúme à lua cheia ou mesmo ao sol de verão. Deveras amadurado, pois, o reino, como esperado, passaria a ser conhecido como Reino Amarelo da rainha Madalena. Amarelo, diga-se de passagem, de doer os olhos, embora e ao mesmo tempo, capaz de causar arrebatamento, tamanha a sua beleza.

          Até mesmo os magos Siameses, oriundos de o Hibisco Triangular, os quais, andavam em missão de expectação, em busca do esplendor eterno, através dos quatro cantos do mundo, tão logo puseram os olhos sobre o Reino Amarelo, uníssonos, proclamaram-no como uma das maravilhas da terra. E não exageravam.

         Por aqueles tempos, Madalena, em sua obsessiva lide, já havia amarelecido até mesmo o azul dos céus e o verde das matas a berma do reino. Houvera de igual modo dourado o chafariz que ficava na praça em frente ao castelo principal, assim como suas águas. Aliás, é de bom alvitre ressaltar que, aquele ornamento em meio aos canteiros compostos por rosas amarelas, açucenas e margaridas, passara a ser o lugar mais procurado do reino, mais ainda que o próprio castelo real. Tudo isto por conta de um inusitado ritual patrocinado pelos visitantes que, ao contrário de como faziam em outras fontes e chafarizes espalhados mundo afora, quando era comum arremessarem moedas no interior dos mesmos e, a seguir, de modo contumaz, efetuarem seus pedidos, ali naquele chafariz do Reino Amarelo, deitavam tão-somente sorrisos sobre as enxofrentas águas – pois que, assim o eram amarelecidas – e, numa fração de segundos, após proclamarem seus desejos, viam-nos, os sorrisos, se imiscuírem nos escondidos do poço, baralhados com o movimento das circulares ondas, ao tempo em que as esperanças – até então traduzidas em pretensas felicidades – iam se decantando em meio ao abandono das águas, sedimentando o esquecimento. Mas não de todo, pois que, a vida é pródiga em esperanças e poesia: Há quem diga que viu se cumprirem seus áureos anseios, depois de haver refletido o sorriso, ainda que num fugaz instante, no palor daquelas águas do chafariz do Reino Amarelo.     

        Assim o reino pertencente à rainha Madalena foi logrando sua história. A terra onde um dourado chafariz amealharia com o correr do tempo, um sem número de esquecidos sorrisos. De igual modo à vida, afinal, o que é a lembrança senão um réquiem ao esquecimento. Algo que um dia desprezamos e, com o correr do tempo, torna-se imprescindível, tão caro à saudade quanto ao arrependimento. Como um sorriso deixado no limbo de amarelados sonhos. Algo assim como o avesso do desprezo.

          Passado algum tempo, certo dia, agastada pelo arrastar das horas e, sem esconder o quão enfadonha lhe parecia a vida, Madalena confessou que havia se cansado de ser rainha.

       — E o Reino Amarelo? – perguntou-lhe de chofre a mãe, desaprovando o inesperado desalento, acostumada que se tornara com a sua condição de matriarca real, fato este que acabara lhes rendendo certas regalias e destaques.

      Diante da ressalva, Madalena reagiu desabrochando o mais amarelo dos sorrisos. Pousou o olho esquerdo sobre a mãe enquanto o outro se perdia no lado oposto da paisagem e, com ares de desapontamento, rebateu:

        — Somente a incerteza é eterna, minha mãe! – disse por entre um muxoxo, fazendo uso daquilo que ouvira ainda na véspera. E deu de ombros.

          No dia seguinte, entregou-se à azáfama de desfazer o que houvera construído.

       E tudo se cumpriu conforme o seu desejo. Demoliu castelos, desfez os jardins, fez ruir muralhas e torres, pôs ao solo a igreja, a taverna, cavalariças, casas de banho e outras tantas construções até que restou tão-somente o chafariz dos sorrisos esquecidos. Antes, porém, de ordenar que o pusessem ao chão e a seguir o aterrassem, tomada de assalto por repentina saudade, foi Madalena mirar-se naquelas enxofradas águas e, nelas atirar um derradeiro sorriso, o qual, acompanharia um pedido para sua nova vida, ora despojada do trono e da coroa. Curvou-se sobre a amurada e encontrou o seu rosto no espelho das águas. Nele divisou o mais desbotado dos sorrisos e entristeceu. Num soluço, deixou-se quedar. Espreitava-lhe o abandono. Grossas lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Num pronto, desaguavam-lhes todas as dores do mundo. Sobre a turva superfície das águas do chafariz, caíam suas lágrimas, indo desfazer o recente sorriso o qual ela ainda há pouco ali o tinha atirado. Sem olhos para encarar a solidão, restou à Madalena esconder o rosto na concha das mãos.

         — De onde vem esta estranha dor que me sufoca e desmotiva a existência? – inquiriu-se. Uma dor que sequer inventei!

       E ali permaneceu devorada pela angústia que a consumia, embrulhada no desconsolo das horas, amiudada, presa à teia da sua tristeza.

       — Penosa tarefa é demolir castelos! – disse de si para consigo. E assim consumada a certeza encasulou-se em doído silêncio.

           Ninguém soube precisar quanto tempo Madalena ficou enclausurada em seus vazios. Séculos, talvez, ou, na imensidão de um interminável segundo. Pouco importa. Todo o tempo é vasto para quem espera.

        Ajoelhada a berma da amurada do Chafariz dos Sorrisos Esquecidos, a moça penitenciava-se. Há quem diga que, muito tempo depois, ao desvelar os olhos que até então matinha guardados nos escondidos das mãos, ao descerrar suas pálpebras, não mais divisou o chafariz dourado que li havia. Desaparecera-lhes os áureos anjinhos, os quais, entrelaçados a uma videira de pedra, traziam suspensos sobre os ombros, dois cântaros aonde, vez por outra, por ali vinha jorrar a enxofrada água. De tudo a sua volta se desbotara o amarelo que o aquarelava. A luz se dissipara. Abraçava-lhe uma densa névoa esbranquiçada, de igual modo às tenras recordações que guardáramos das ilustrações dos livros de contos de fadas da nossa infância.

         Quanto aos sorrisos esquecidos, para espanto de Madalena, haviam todos eles se transformado em um sem número de pequenas borboletas amarelas, as quais, atônitas, agora voavam ao seu derredor.

         Ainda que pouco lhe pesasse os parcos anos vividos e, longe do que poderia vir a imaginar, sem o entendimento e o lustre das letras, capaz de lhes atalhar similitudes, Madalena, a bela moça que um dia se tornara rainha do Reino Amarelo, à revelia do sonho, a partir de então, começaria a amealhar os seus derradeiros, quiçá, centenários anos de solidão.


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                   OS PÁSSAROS NOTURNOS DE ABIGAIL

            Eram os pássaros noturnos de Abigail quem melhor chilreavam a dorida solidão que tanto lhe consumia. Um arremedo de canto choroso que traduzia a sua melancolia. Canto angustioso entrecortado por breves agudos, à similitude dos gemidos de um moribundo no instante em que antecede o seu último suspiro.

              Abigail mantivera aqueles pássaros ao seu derredor, acostumando-os a ouvir as suas lamúrias, seus queixumes, seus gemidos, partilhando com eles a angústia que cria, serem todas as dores do mundo. Gritos que cortavam a morna e tênue carne da madrugada, como um fio afiado de uma navalha, o qual, haveria de lacerar-lhe a prometida calma das noites de luar, impiedosamente, enquanto lhe sopraria aos ouvidos o cruel acorde do desespero. Uivos de bicho ferido em farejos de medos e receios há muito deserdado de esperança. A voz que lhe imputara o espanto. Uma voz mortiça, incitada por loucos e deserdados. O vago grito da noite, sem dono, perdido nas fronteiras de nossos aflitivos sonhos. O doído lamento de Abigail.

          Aturdidos, os vizinhos passaram a reclamar do barulho que lhes roubavam o sono. Vencidos, muitos deles acabariam por se mudar para longe dali. Enquanto isto, noite após noite, Abigail seguia cumprindo o seu calvário, pastorando insônias, semeando inquietudes.

          Velava-lhe ao fundo, como uma trilha sonora de algum filme, a música de um disco de vinil, o mesmo de todas as noites, arranhado num dos trechos, cujos boleros, antigos, maltratavam e seduziam. Jamais se identificara o dono daquela voz que os cantava. Repentinamente, o sulco arranhado aprisionava a agulha da vitrola sobre a superfície negra do disco que girava. A mesma frase, o mesmo verso ali repisava, como sucessivos ecos de uma invariável dor. Entediada, uma pálida mão tomada por pequenos vasos azulados – senis nervuras do cartograma de uma vida – de permeio à proeminente ossatura que lhes decalcava a anatomia dos dedos, vinha erguer a agulha da vitrola, ora empacada, libertando-a da tortura daquele arranhão na textura do vinil. Um outro bolero sucedia, o mesmo de sempre, das eternas noites que se repetiam, como um réquiem em saudação às almas atormentadas, perdidas em cegos vôos no interior de uma nave de uma catedral vazia.

        Nos avizinhados sussurravam. À boca pequena falavam coisas. Apiedavam-se. Por conta do que se soubera, no ouvir dizer de remotos moradores, não se privavam em alardear a desditosa história de Abigail, tomada que fora de assalto pela fatalidade. A desgraçada sina sempre encontra eco nas respostas trazidas pelo vento. Folhas secas – arrancadas de árvores da memória – deitadas ao chão do esquecimento, vez por outra, vêem alçar imprudentes vôos quando propulsadas por desnecessários sopros de uma mordaz gente. Peçonhenta faina. Venenosa fauna.

        Abigail houvera perdido num só golpe, havia muitos anos, o marido, única paixão que semeara em toda vida o seu coração de mulher, além do filho, uma criança de poucos anos de idade, franzino, dono de um penitente olhar escondido em dois poços de ternura, onde a saudade escolheria para deitar suas águas.

       A languidez fizera pouso numa tarde de outono. Chovia. Um rosto enrugado pelas águas que caíam aos borbotões deixou-se estampar por sob o umbral da porta de entrada da casa onde morava Abigail. As duas mortes chegaram-lhe abraçadas. De supetão, sem rodeios. Como um bote de uma cascavel.

     Abigail enxugava as mãos no avental que lhe cobria o vestido. Acabara de preparar uma guloseima destinada aos dois, ao marido e ao filho. Aprazia-lhe adocicar os mimos com porções de açúcar e de afeto – receitas de Hollanda –, os quais, não raro, excedia em generosa doçura. Naquele instante em que destrancara a porta, incontinenti, o sobressalto – num pronto – se faria escancarar. Desorbitaram-lhes os olhos, ficando a boiar na lonjura do mundo. Perdidos. Perplexa, quedou-se sem forças numa cadeira que a providência veio a lhe acudir. Não desaguou uma única lágrima. Represadas ficariam nos diques do desconsolo. O grito se guardaria em contido soluço. Naquele átimo, Abigail mergulharia no mais recôndito e profundo dos abismos: O vazio da existência. Nunca mais voltaria a sorrir.

         A partir de então, dia após dia, paulatinamente, Abigail virá a desatar os nós que lhes apertam a alma e estrangulam seu coração. Como os pássaros noturnos que nela construíram seus ninhos, valhacoutos de saudades e desilusões, à sua revelia, aquelas aves partirão um dia, quando de seu tempo de arribação, levando consigo os cantos de tristeza e de exílio ali colhidos. Litania de soturno bando de pássaros, de tedioso gorjear, capaz de incitar remorsos e desembainhar presságios. Insípidos cantos de abandono. Desabitado peito. Gaiola vazia, cárcere de solidões. Espera interminável, espreita, mau agouro, como teria sido o corvo de Poe.

     Passados os anos, numa madrugada chuvosa e fria, Abigail libertará, enfim, o seu agônico e enclausurado grito. Na lúgubre gaiola em que fizera hibernar seu pesadelo, franqueará uma de suas janelas, lugar onde o sonho haverá de se debruçar. E como um pássaro indeciso, diante a grandeza do universo que a liberdade lhe oferta, ainda assim e, por alguns segundos, seus pés e suas asas vacilarão, tanto tempo passado ali reclusos, prisioneiros que foram da imensurável dor, os pássaros noturnos, alados demônios apartados da vida.

     Uma densa névoa esconde agora os contornos da rua deserta em frente. Nenhum noctívago sobrevivente se arrisca a trilhar suas calçadas àquela hora. A noite mapeia seus desertos. Halos de uma esmaecida luz circundam as lâmpadas suspensas nos postes de iluminação. Inutilmente, a luz daquelas lâmpadas trava uma desigual batalha com as trevas em que se encontram imersos aqueles logradouros. Um rádio despeja sua sonâmbula programação não muito distante dali. Denuncia anônimos e insones solitários. Viageiro de quimeras e desilusões. Num apartamento das cercanias um relógio anuncia, com suas pesadas badaladas, as três primeiras horas da madrugada. Neste instante, uma revoada se fará escutar. O ruflar de asas. Milhares delas, tomando posse da escuridão. Da janela aberta, no terceiro andar do velho prédio onde, um dia, funcionara o escritório aduaneiro, quase à esquina da rua principal do cais do porto, pássaros e mais pássaros se precipitam agora em desesperada fuga. Debandada de anjos e demônios! – dirão os incréus e os suicidas. Mas são apenas pássaros. De permeio àqueles, segue Abigail, levada em cortejo, a desaparecer e se confundir entre tantas asas. Quem lhe rende o testemunho não se furtará em dizer que, em meio ao ruidoso séquito, um hirto grito se fez ouvir. O derradeiro e definitivo grito daquela mulher, o qual lhe servirá, assim como um triste apito de um navio que se desgarra das amarras do porto. Um grito que, na amplidão, se dissipará aos poucos. Como os pássaros noturnos de Abigail, amalgamados no breu da noite, cortando céleres o negrume dos ares, num céu despossuído de estrelas.

                         
                                                 ©Alfredo Gonçalves de Lima Neto



BIOGRAFIA

Alfredo Gonçalves de Lima Neto nasceu em 05 de abril de 1955 na cidade de Salvador, Bahia. Médico de formação pela UFBa, é também diplomado em filosofia pela UCSal. Ainda jovem começou a escrever poesias, publicando-as em jornais estudantis e cadernos literários dos periódicos de então na capital baiana. Durante os cursos universitários, envereda pela prosa, sendo o conto o seu gênero de escolha. É premiado no concurso de contos dos 20 anos do Jornal da Bahia. Neste período, participa de várias antologias universitárias. Concluído o curso de medicina, após uma breve estadia em Salvador e depois no sertão da Bahia, transfere-se para o baixo-sul do estado, inicialmente para Gandu, quando então se casa com Suely Lacerda. Posteriormente muda-se para a cidade de Valença, terra natal da esposa, já em companhia dos seus três filhos, onde reside até os dias atuais. Ingressa na ALER – Academia de Letras do Recôncavo, passando a ocupar a cadeira de número 40. Em conjunto com alguns escritores da cidade, no ano seguinte funda a AVELA – Academia Valenciana de Educação Letras e Artes –, a qual é o seu atual presidente. Participa da antologia VALENCIANDO (2004) e RIO DE LETRAS (2005). Publica em parceria com os escritores Araken Vaz Galvão e Marcos Vieira o livro TRÍVIO (2009) e em 2011 lança na capital baiana o livro de contos OS ENCANTOS DA MORTE. Em janeiro de 2014 lança o livro de contos OS DRIBLES DO ACASO. Lima Neto possui, ainda, inúmeras obras – romances e contos – inéditos. É membro da UBE – União Brasileira de Escritores. 


ARAKEN VAZ GALVÃO
Valença(BA) Brasil

SOBRE O ESQUECIMENTO E OUTRAS NECESSIDADES VITAIS
7 de março de 2014


 Para o meu amigo, o escritor
Alfredo Gonçalves de Lima Neto


            Certa feita, conjeturando sobre a existência ou não da alma – mas não ocultando completamente a certeza de que não a possuía –, externei a conclusão de a alma(1) (ou seu simples conceito) levava-nos sempre a uma grande confusão, fosse qual fosse o ângulo que abordássemos o tema. Agora, porém, ao ler no livro do José Eduardo Agualusa, “Teoria Geral do Esquecimento”, e ter encontrado uma afirmação instigante sobre as almas, eu – que ocultava a certeza de não a possuir, repito – comecei a ver aquela certeza claudicar.

           Devo, porém, fazer um pequeno intervalo para externar minha convicção sobre a completa vanidade existente na tarefa a que se possa impor um escritor ao tentar escrever uma teoria geral sobre o esquecimento, devido ao fato de que dediquei boa parte da minha vida em busca deste objetivo, sem muito – melhor confessar de vez –, sem nenhum sucesso. E hoje, quase no fim da vida, penso que por mais que se escrevam tratados sobre este tema; que se desenhem mapas; que se elaborem guias; que se indiquem direções, jamais se consegue esquecer aquilo que mais se necessita apagar da mente – por mais desesperado que seja o esforço desprendido.  

          Essa elucubração deu-se em minha mente antes de ter lido o livro de Agualusa. Ao lê-lo, minhas convicções não mudaram, apenas descobri que o objetivo do escritor angolano era em outro sentido, não aquele que tanto me lancinava, ou seja, não estava relacionada com a necessidade que uma pessoa pudesse ter (e na maioria das vezes, e ao longo de sua vida, o tem) de simplesmente esquecer aquilo que lhe era indispensável; pois acreditava que somente se alcançando aquele objetivo conseguir-se-ia, de verdade e sem mortificação, lograr um pouco de paz para se continuar vivendo sem dores. Sabia que existia o mal de Alzheimer, mas este era uma deformidade genética (creio). Ademais, este método radical imposto de forma cruel pela própria natureza, por ser tão severo, havia momentos em que se podia imaginar se ele não seria a antecipação do próprio inferno nos sendo imposto enquanto tínhamos um resto de vida, quiçá ainda útil, para um tardio arrependimento. Hipótese que, se real, configurar-se-ia em uma maldade ainda mais insana. Por isto me questionava se não seria um absurdo, se seria humanamente plausível, caso minhas constatações estiverem corretas, fazer-nos esquecer daquela forma tão pungente, dolorida e carente de significação para a nossa comum concepção de castigo.

            Por outro lado – mesmo com o risco de ser repetitivo –, devo frisar ainda que se esquecer por meio desta terrível enfermidade, a qual – se não me falham as informações, só aparece na velhice (justamente a parte da vida em que já se praticou de tudo, certo ou errado, ficando espaço para se prestar contas e pagar dívidas), até mesmo porque na velhice não se tem futuro, então tudo já é um fato consumado, o que não é nosso, deste autor, o objetivo ¬–, por isso não teria validade, para o sentido que se deseja dar a este texto, porque esquecer por esse meio significaria apagar (“deletar”, como diriam os que receberam mamadeira por meios eletrônicos ou virtuais) tudo que, em nossas vidas, fora feito com culpas, pois o esquecimento que desejo realçar – o que desejo insistir na necessidade de descartá-lo – pertence àquele tipo de ações cujas lembranças, são tão nefastas, que nos é imperioso (pero, no mucho, como se diria em espanhol), tirá-las da mente (para o todo e sempre), pelo simples fato de pertencer àquela classe de recordações – que, por alguma razão desconhecida –, necessitamos, de vez em quando, voltar a lembrá-las, ainda que seja apenas para sofrer só mais um pouquinho.

            Bem, era um mistério que estava longe da minha capacidade de compreensão. Melhor: uma esfinge que podia devorar o que ainda restava de mim, nesta fase como veem que sei, resta-me ainda muito pouco de vida. Então, melhor seria dizer que o livro de Agualusa é muito bom. Uma leitura muito agradável. Isto feito... Continuar.  
    
          Escrevera aquele autor(2) – cujas sentenças poéticas trazem certos fumos de verdade similar a dos patriarcas religiosos de antão –, que “Deus pesa as almas numa balança. Num dos pratos fica a alma, no outro as lágrimas dos que a choraram. Se ninguém a chorou, a alma desce para o inferno. Se as lágrimas forem suficientes, e suficientemente sentidas, ascende para o céu”.

        Esta afirmativa perturbou-me sobremaneira. Mais além de que o escritor angolano deixa implícito, quiçá apenas de forma poética, que acredita na existência de Deus, ademais no das almas, conclusão que surpreende e intriga aos ateus (e também aqueles que não aceitam a existência das almas), como é (melhor seria escrever: são) meu caso, o que me levou a indagar qual o número de pessoas que chorariam por mim, quando do meu passamento. Poderia dizer: desta para o forno crematório.

         E ao confessar que desejo este destino para os meus restos mortais (ainda que imagine que imortais, em mim, nunca houve ou haverá), se não estaria, por um possível ato falho de minha, talvez, surrupiando, àquele que os crentes julgam o Criador, o trabalho de mandar-me, com ou sem lágrimas, de vez para o inferno. O quinto dos... Por certo.

        Feita, porém, esta pueril divagação, retorno o curso da narrativa.

     Agualusa diz ainda, no parágrafo seguinte que “Vão para o Paraíso as pessoas de quem os outros sentem a falta. O paraíso é o espaço que ocupamos no coração dos outros.” Já tinha notado que este autor, em outras anteriores passagem do seu livro, tece algumas considerações sobre a alma, porém cito a que mais me intrigou.

       E – mudando um pouco de direção – não foram poucas as coisas que me deixaram pasmo. Inclusive deparei-me com algumas palavras, por ele usadas, comuns, não sei se em Portugal ou em Angola, ou ainda, se em ambos os países. Uma delas, a qual logo me identifiquei –, pelo menos senti-me próximo neste momento de minha vida, cujo pessimismo e lamentações tanto preocupam aos meus bons companheiros. Digo desta forma: bons amigos, não por buscar – como sou contumaz em fazer – relação com um filme sobre mafiosos(3), mas por força de expressão, conforme reza o lugar-comum. Bem – dizia –, que com uma delas logo me identifiquei, e esta palavra foi alforreca.

       Esta palavra, a qual nunca tinha ouvido falar ou visto escrita, vinda do árabe – como sucede com muitas outras, consequência da longa dominação muçulmana na península Ibérica. Sobre ela constatei, ao consultar o dicionário, que possui dois significados intrigantes: “aquilo que não tem firmeza, solidez ou consistência”. Ou, em forma figurada, “pessoa que tem muitas habilidades, ou (é) competente em muitas atividades”. Esta é, pois, a sua definição como substantivo. Como adjetivo, porém, não diferencia muito: “diz-se de coisa ou material sem firmeza ou sem solidez”. E ainda “diz-se de pessoa com muitas aptidões”.

      Com ambas as definições identifiquei-me. Pelo menos me identifiquei devido a esta fase pessimista pela qual estou passando – a qual, sei, somente a superarei, escrevendo, fazendo-o sem nenhum pudor, com a exposição completa das vísceras – e por não ter pejo de colocar, de modo explícito, em tudo aquilo que escrevo, para irritação daqueles meus bons amigos.

    A verdade, porém, é que já fui uma pessoa de muitas aptidões – poderia mesmo dizer que, similar ao palhaço da música O Circo, de Sidney Miller(4), já fui tudo –, inclusive desfrutei uma vida bastante variada, tendo conhecido algumas situações bastante aristocráticas; ou exercido outras profissões bastante plebeias, como, por exemplo, ter sido fazendeiro (filho e neto). Mas também office-boy (vulgo mensageiro), ajudante de serralheiro, soldador industrial, militar, revolucionário, vendedor de jornais, artesão, micro-empresário e... Intelectual aposentado. O que mais? Não me lembro. Sei que também fiquei velho e fui perdendo a pertinácia, ou seja, fui ficando, pelo menos fisicamente, “sem firmeza ou sem solidez”.

  __________________________
(1) VAZ GALVÃO, Araken. “O Conto Brasileiro Hoje, Vol. XXIV”, R&G Editores, São Paulo, 2013, pág. 31. É onde está o conto que contém as reflexões sobre a alma.

(2) No capítulo “Um pombo chamado Amor”, págs. 155/160, do livro lançado pela Foz Editora, Rio de Janeiro, 2012. 

(3) Somente à guisa de informações, quiçá inócua, o filme em questão, chamou-se justamente “Os Bons Companheiros (Goodfellas) e foi dirigido por Martin Scorsese no ano de 1990.  

(4) O verso ao qual me refiro desta bela música de Sidney Miller (1945-1980), com o qual sempre me identifiquei, diz: “Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo/ Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo/ Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo/ Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria/ Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria”. 

         Araken, por Araken - “Sertanejo, baiano americano (no melhor sentido). Revolucionário, hoje pelo sentido radical da cultura, por escrito e assinada. a cultura floresce a partir da sua raiz, caso contrário é artificial, morta.”
Conheça mais sobre o Autor:

 
         

ANTONIO CARLOS MONGIARDIM GOMES SARAIVA
(Mongiardimsaraiva)
Mogi das Cruzes São Paulo - Brasil
  
O RISO DAS CONCHAS

Textos que habitam as ondas

E sabem ao sal das maresias,
Provocam o riso das conchas;
Dos cardumes, são doce empatia.
No passar pelo frio das águas,
Depuram-se tristezas e mágoas.
Guardam-se segredos e enredos.
As letras nadam na corrente
E a espuma lambe as pedras;
Húmidas e escassas que beijam,
Em ensejos de graça e quimeras.
Não fosse o som de uma gaivota,
Tudo pareceria um mar das frases,
Capazes, perdidas e sem rota... 

¨¨¨¨ ¨¨¨¨ ¨¨¨¨ 

PERMANECE ENTRE NÓS
  
Respira leve e profundamente
E recria livre a tua mente...
Exerce o teu total domínio;
Procura achar na natureza,
O iluminado e transcendente
Consertador da paz e da pureza.
Abandona a morte e o extermínio.
Sacia ainda hoje a tua fome...
Faz o bem e a glória, em teu nome.
Espreguiça devagar a tua mente,
Nas águas de uma nascente...
Abre os olhos, sorri e acorda;
Estás muito mais novo, agora.
O teu corpo parece um poema,
Que declama alto o teu tema
E não quer deixar-te ir embora...

Antonio Carlos Mongiardim Gomes Saraiva
 (mongiardimsaraiva)


BIOGRAFIA:


          ANTONIO CARLOS MONGIARDIM GOMES SARAIVA (nome de autor: mongiardimsaraiva), nascido em Lisboa em 09/09/1957, Professor e Tradutor de Língua Francesa, Artista Plástico e Escritor. Residente no Brasil em Mogi das Cruzes São Paulo, desde 1995. Autor do Blog - Planeta Terra  www.planetarioterra.blogspot.com. Livro publicado; ENTRE O CÉU E A TERRA (Editora Perse / Brasil). Autor de Poesias e Crónicas sobre o quotidiano... Visitas a países como; Índia e Angola, onde viveu alguns anos. Viagens por Espanha, França, Itália, Finlândia, Tunísia e Estados Unidos.

ANTÓNIO BOAVIDA PINHEIRO

ESPÍRITO SANTO…

Foi Jesus crucificado,
Mas a morte Ele venceu,
Aos discípulos deu legado
Antes de subir ao Céu.

Cinquenta dias passados,
No Cenáculo entretanto,
Por Jesus abençoados
“Recebei o Espírito Santo”.

Por sobre suas cabeças
Línguas de fogo pairaram,
Numa luz que resplandeça,
Seus corações transformaram.

Nessa manhã bem fazeja,
De Pentecostes chamada,
Toda a História da Igreja
Ficaria impregnada,

Da acção do Espírito Santo,
Cuja presença é real,
Nos atrai com tal encanto
Num Dom sobrenatural.

Divino Espírito Santo,
Está presente no altar,
Com Seu poder sacrossanto
Nossas almas vem salvar.

Sem ter forma nem limite,
Ele está em todo o lado
E para quem acredite
Ele é o Deus consagrado.

Preceptor trino de Deus,
Com Jesus Cristo, que é Filho,
E com o Pai que está nos Céus,
Em resplandecente brilho.

Mesmo sendo invisível,
Por vezes Te manifestas
De forma compreensível
Às nossas mentes modestas.

Em nuvem feita de luz,
Virgem Maria envolveste,
P’ra ser a Mãe de Jesus,
Desta forma apareceste.

Pela água no baptismo,
Tu és a água da vida,
Não só no catolicismo,
Tua presença é sentida.

Mesmo Cristo, em hebreu,
Significa ser ungido
Pelo Espírito de Deus,
Não é um mero apelido.

Jesus foi à baptizar,
Nas águas do rio Jordão,
E uma pomba veio pousar,
Á vista da multidão.

Espírito Santo tomou
Essa forma p’ra mostrar,
Que do Céu ali voou
Para o acto consagrar.

Também em forma de vento
Ou vozes vindas do Céu,
Tu Te mostras por momento
Espírito Santo que és Deus.

Mas a forma mais intensa
E de maior emoção,
É sentir Tua presença
Ao rezar-Te uma oração…

          Poema dito pelo autor na Missa de Pentecostes, celebrada pelo Frei Luís de Oliveira, na Igreja de Santo Condestável, em Lisboa, a 19 de Maio de 2013.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

A COR DA LÁGRIMA…

Perguntamos ao pintor
qual a sua opinião,
sendo a lágrima incolor
como é que decidiria?
Qual seria a cor então?...
Ensaiou na sua tela
procurando a solução.

Se a mesma fosse amarela,
então só serviria
para expressar alegria…
Mas se em sua singeleza
fosse expressão de tristeza…
Qual a cor que escolheria?

Um cinzento carregado,
ou um roxo da “Paixão”?
Tampouco preto de dor…

Se verde como esmeralda,
qual o sentimento então
que iria significar?
Esperança dá para chorar?

Porque se azul fosse à cor,
seria choro de amor…

Mas se então fosse vermelha,
como o rubi ou o sangue?
Pareceriam centelhas
de um sentir de alma exangue…

Porque a lágrima afinal
de sentimento é expressão…
E ao rolar pela nossa face,
mais não é do que o sinal
do que cá dentro se passe,
do que vai no coração…

Seja de raiva ou de calma!
De convívio ou solidão!
De tristeza ou alegria!
De amor ou de paixão!
Ou mesmo o sentir de dor,
de tristeza ou decepção!
Da perda de um grande amor!

Qual a cor que então teria
para cada estado de alma?

Por tudo isso Deus quis,
pela sua natureza,
dar à lágrima um matiz
de cristalina beleza…
Só podia, como tal,
ter pois a cor do cristal…

          Poema classificado em 1º Lugar, na modalidade de Poesia Livre, no Concurso Literário da Academia Ponta Grossense de Letras e Artes. - Brasil - 2011.



 

ARTEMIZA CORREIA
Ocara – Ceará - Brasil

FÊNIX CONTEMPORÂNEA

Doméstica, mãe e esposa
Guerreira, bela e profissional
Dantes objeto e serviçal,
Agora ocupa o espaço seu.
A competência lhe é dom sagrado.
À mulher, o mercado se rendeu,
Não foi golpe de estado,
O tabu foi quebrado;
O sucesso não advém da sorte
Houve luta, sangue e morte
Como fênix, das cinzas ressuscitou
Hoje se mostra mais forte
Nos horizontes que ampliou.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨
O PODER DO ABRAÇO.

Por não ser objeto comercial
Não vende, nem tampouco se suplica.
Em qualquer situação, bem se aplica;
É para nosso corpo essencial.
Na alma sempre foi providencial;
Funciona com reciprocidade
Independente de cor ou idade
Cura depressão, saudade e tédio.
Teu abraço é eficaz remédio
Para o coração da humanidade.

Artemiza Correia


AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos (SP) Brasil

É SONHO MEU

É sonho meu que quando eu falecer
meu corpo volte à terra generosa
e nela, qual semente ao fenecer,
renasça, feito árvore copiosa.

Que suas folhas cubram de prazer
os pássaros que, em forma pressurosa,
venham buscá-la, dando enternecer
a todos com o trinar de sua prosa!

E ali vão namorar..., fazer seus ninhos,
Criando sucessão de passarinhos,
Que alegrarão a vida ao seu redor.

Caso aconteça, em cada geração,
Nascer canoro pássaro melhor,
O que restou de mim não foi em vão!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_a/Amilton_Monteiro.htm


ANA MARIA NASCIMENTO
Aracoiaba (CE) Brasil

MOTE:

COMO SOFRE A POESIA BRASILEIRA
NO SILÊNCIO DO POETA NORDESTINO.

Já falavam famosos literatos
Que no mundo de grande travessia
Ninguém pode viver sem fantasia,
Formadora dos célebres relatos,
No trajeto comum de nossos atos
Onde vale ter fé no Deus- menino
Pra sonhar ver o globo cristalino
Ser liberto da birra costumeira
COMO SOFRE A POESIA BRASILEIRA
NO SILÊNCIO DO POETA NORDESTINO.

Assim sendo mostrar um sentimento
Necessita de máxima atenção
E também devotado coração
Pois o mesmo compõe forte momento
Que precisa tamanho acolhimento
Muito embora se apresente franzino,
Carecendo do mais honrado ensino
Ou que luta sabendo toda asneira
COMO SOFRE A POESIA BRASILEIRA
NO SILÊNCIO DO POETA NORDESTINO

Enfrentando os obstáculos do oficio
Pra manter o seu sonho bem florido
Muitas vezes não é reconhecido
O trabalho que exige sacrifício
Mas um vate jamais usa artifício
No traçar de seu válido destino
Pois tem fé no poder do Pai Divino
Muito embora julgando de primeira
COMO SOFRE A POESIA BRASILEIRA
NO SILÊNCIO DO POETA NORDESTINO.

BIOGRAFIA

          ANA MARIA DO NASCIMENTO é cearense de Aracoiaba Brasil. Graduada em Pedagogia e Pós-graduada em História do Ceará. Membro de várias entidades literárias, dentre as quais, a Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno; Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará- ALMECE;  Academia Feminina de Letras do Ceará – AFELCE; Vice-Presidente da Associação dos Escritores do Maciço de Baturité – AESCRIBA; União Brasileira de Trovadores – Secção de Fortaleza; UBT de Aracoiaba, na qual ocupa o cargo de Delegada.



ARMANDO SOUSA
Toronto Ontario - Canada

AI ÁGUA DO RIO
19/9/2012

Ai água do rio que me viste nu; me cobriste
Me fizeste tremer; deste amor e prazer nessa era
Parti daí, amada saudosa terra; nunca mais me viste
Portugal falta-me as fontes e montes; tua primavera

Água do rio Ave. Lavas-te, viste a nudez e meu cheiro
Corres-te apressada, querias contar ás moças e ao mar
Água que me viste nu; falaste assim ao mundo inteiro
Saudades matarás, ouvindo-me um dia poesia declamar

Tantos anos passaram; no mundo corre a doce poesia
Suas verdades; dores e amores que rebenta de seu ser
Transforma saudades em cantares e festas de alegria
Poeta vivendo, águas do A’ve, em Julho volta a ver

Quero voltar, Ave; verte passar límpido, de mansinho
Em Vila do Conde; molhar os pés no teu desaguar
Ouvir a melodiosa voz da língua; sentir seu carinho

Escutar teu bater de pedra em pedra; saudoso cantar
Quero subir aos montes, beber-te fresca, e o vinho
Sentir abraços de todas as moças, no banho do mar


¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

ADEUS ALEGRIA

Alegria, grande amor que embalas o pensamento
Viveste comigo através de nações e continentes
Trabalho da mina foste pão; o meu entretimento
Foste minha poesia, matavas dor, em acidentes

Idade chegou, à dor afastou minha musa poética
Alegria foi o timoneiro, que encantava meu mar
Punha amor e filhos em linha; escola doméstica
Era amor, ar risonho que me fazia amar e cantar

Adeus alegria; ver os amores correndo para a escola
Cresceram no ninho de amor agora vou os ver voar
Neste país trabalho e respeito nunca pedireis esmola
Lendo meus preferidos poetas, amor; para ti a poetar

Hoje; noites em claro; a tristeza não deixa dormir
O céu tem menos estrelas, tem menos luz do luar
Tantas vezes ainda esforço de mm cândido sorrir
Minha mente vive de recordações; do teu beijar

Estendo meus braços com ímpeto, ao amor abraçar
Sei que é a idade que deixa minha alegria se esvair
Alegria viaja com a idade; sem que a possa agarrar
Sem a satisfação do amor; não há alegria ou sorrir

Vi a deusa do destino lançar o amor no rio a flutuar
Da mão deixou cair à flor; era a rosa, o cheiro da vida
Olhos fechados; senti ainda o cair da saia ao deitar
Chegamos; vindo de passagem; eu estou de partida.

 Armando Sousa



AGAMENON ALMEIDA

CÉTICO

Da verdade das coisas nada sei
Quiçá as aparências mutáveis
Completamente inconsequentes
Que nada revelam.
Então, melhor, calar-se
A ficar conjecturando
Sobre o que e falso ou verdadeiro.
Talvez o ceticismo
Seja o melhor caminho,
Mas, ainda este, duvidoso.
Falar é inútil.
Ler e escrever, também.
Melhor aprender com a natureza
Que de tão serena
Transforma-se admiravelmente
Todos os dias
Absolutamente em silêncio.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_a/Agamenon_Souza.htm



CARLOS ALBERTO MOREIRA DINUCCI JÚNIOR
Itaperuna (RJ) - Brasil

ENTRE O SER E O PARECER

O CASO:


_ Pedro...
_ Fala, doido.
_ Você ficou sabendo da Mara?
_ Fiquei não... Fale Marco.
_ Então... Pai dela a pôs fora de casa.
_ Por que, bicho?
_ Saindo com o dono do morro.
_ E o que ela fez?
_ Foi pra casa do cara.
_ Que doideira!
_ É... E você não sabe o pior.
_ Tem?
_ Dizem que está grávida.
_ Puta merda!
_ Mas o cara lá vai aceitando.
_ Não sei se é bom ou ruim...
_ Ah! É bom... Por enquanto.
_ Como assim, "por enquanto"?
_ Lembra aquele dia que tínhamos marcado de ir ao baile?
_ Que você não foi? Lembro. Não vá dizer que...
_ Pois é... A gente estava se vendo. E, conversa vai, conversa vem, já não era só conversa mais...
_ Acha que o filho é seu? 
_ Pode não ser...
_ Velho, se for, fodeu! O cara é branco e você negro!
_ Calma, Pedro, o cara não tem ideia de que tivemos alguma coisa; e foi uma vez, apenas.
_ Mas ela não vai contar?
_ Se contar perde o amor...
_ Tá confiado demais, Marco... sei nem se queria saber dessa história.
_ Relaxe.


O ACONTECIMENTO:


_ Deus que me perdoe, Marco, mas você tem é muita sorte!
_ Por quê!?
_ Acabaram de matar o Júlio!
_ O da Mara???
_ Esse mesmo.
_ E ela?
_ Entraram no barraco e atiraram no cara. Ela diz que estava no quarto, não viu nada.
_ Tá!... mas ela está bem?
_ Meio assustada, mas bem.
_ Ótimo.
_ Onde você vai?
_ Ver a Mara.
_ Tá maluco, Marco? O irmão do cara tá doido com isso! Vai achar que você está dando em cima da viúva.
_ Tem razão...
_ Você conhecia o defunto... vá ao velório e contente-se com isso. Não vá querer consolar muito a moça que o menino não custa nascer. Se não sair branquinho...


O DESFECHO:


_ Amiga, chame o Marco para mim.
_ Você já está em trabalho de parto, Mara!
_ Eu aguento! Chame o Marco.
_ Ok!
_ Pedro, você viu o Marco? Mara pediu que o chamasse com urgência!
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Está em trabalho de parto e o filho, acho que é dele.
_ Deixa comigo que já chegamos lá.

Enquanto Pedro aguardava na recepção do hospital com a amiga de Mara, Marco entrava no quarto para acompanhar o nascimento do bebê. Assustado com aquilo tudo, olhava fixamente nos olhos da jovem mãe que se esforçava para dar cabo àquele momento. Ao ouvir o choro do bebê, virou-se para a inesperada surpresa. Ela morena, ele negro. Um bebê branco como o dia.

_ Você disse que era meu!
_ Mas eu pensei...

Aturdido, saiu da sala fulminado pela cumplicidade nos olhares da equipe médica. Passou correndo pela recepção e Pedro o alcançou somente após grande esforço.

_ O que houve, Marco?
_ Pedro (num choro desesperado), eu matei o Júlio, cara. Achei que o filho era meu. Mas é mais branco que você.
_ Calma, irmão... o que você quer fazer?
_ Preciso ficar sozinho.
_ Tem certeza?

Com o aceno de cabeça, saiu. Pedro voltou ao hospital para ver o que passava. Entrou no quarto, silencioso, enquanto observava nos olhos de Mara o que parecia ser mistura de comoção e alegria. Saiu novamente, deixando as amigas, na ânsia de contar a Marco o que passava. Consciente da situação em que o outro se encontrava, ponderava consigo mesmo, buscando entender a morte de um traficante que se dera em virtude da inconsequência do amigo. Entrou esbaforido na casa passando pela sala que estava vazia. 

_ Marco! Marco! 

Quando viu o amigo jogado, cabeça sangrando, arma ao lado, caiu de joelhos.

_ Ele era albino, amigo... O menino era albino.


¨¨  ¨¨  ¨¨

SOLICITAÇÃO


Abaixo a distância!
A distância é deselegante quando afasta o que deveria sempre estar perto.
Nela cabem os devaneios que escurecem o Sol.
O calor é quente para quem o sente; mas a distância queima mais.
E, se chove, tanto faz.

Exclua-se a possibilidade do não-ver.
Ver é preciso, todos os dias e horas e minutos e...
Mas entre os olhos e a luz que se inverte, atravessando córnea, retina e nervo óptico, está à distância.
Chovia e, de longe, não viu que me afogava.

Antecipe-se para que mude o assunto intratável.
Há inflação, imposto de renda, violência e greves.
Um menino de oito anos foi morto pelo pai que o queria andando como homem.
Caminhe na direção que traz paz à útil reflexão.
Fique perto.

Desande os sádicos quilômetros.
Torne possível a construção da crítica à vida.
Molhe a ponta do dedo e toque a língua ressequida da saudade.
Tão longe, amputou, da lira, o mundo.
Devolva o fio à razão calada.


BIOGRAFIA:

          CARLOS ALBERTO MOREIRA DINUCCI JÚNIOR, 31 anos, funcionário público (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), aluno do Curso de Licenciatura em Letras/Literatura (Centro Universitário São José de Itaperuna). 

CLEVANE PESSOA DE ARAÚJO LOPES
Belo Horizonte (MG) Brasil
15/03/2014

"VENI, VIDI, VICI"
Poema dedicado a Vinicius de Moraes

"Vim, vi e venci”
disse César, de verdade ou supostamente.
E tu, Poeta maior, que te disseste um "poetinha".
venceste com tua singularidade,
tudo a que vieste ao chegar neste Planeta.
Tudo que viste e degustaste,
foi deliciosamente expressado"
A Música saia-te pela respiração.
os pulmões plenos de POIESIS .
tudo tornava-se canção!
Eram atividade lúdica e prazerosa,
as rimas, os versos livres, os metrificados.
ias do soneto , onde a infidelidade
foi e é repetida à larga.
ao poema longuíssimo onde mostravas o operário,
todo dia em construção, a
quem não se pode comprar.
Ânsia de amar, pois o feminino arrastava-te num vórtice
de prazer e de autenticidade.
Representaste uma geração inteira,
e ela multiplicou tuas sementes na fértil terra
dos sensíveis.

Jamais tiveste pejo de amar descaradamente.
Nem de amar a última reserva,
nem de partir em busca de outra possibilidade,
para seres no amor da mulher escolhida,
Sempre voraz, veraz, capaz.

Jamais, ó bardo imortal...
morrerás, pois todos dizem teus versos
e cantam , cantarão teus cantos de amor total.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

MISTÉRIO

Para onde se vão
os escritos perdidos
nesse universo cibernético?
Será que um batalhão de anjinhos
garis de palavras perdidas,
a recolhê-las?
Será que caçadores de antiguidades
 (saiu do hoje, já é passado, saiu do agora, já é antigo...)
as recolhem no nimbo
de outras dimensões
e por elas cobram fortunas
de gotas d'água ao sol,
para que os arco-íris
não se acabem jamais?
Será que os escribas
já em outra dimensão
lêem, corrigem
aprovam,declamam,
repassam,
fazem pastas de nuvens
e arquivam?
Quem souber,
conte aos poetas,
conte-me que lhes repasso...
Mas... Para onde foi o poema
feito ainda agora
e que fugiu para o espaço?

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_c/clevanelopes.htm



CELESTE FARIAS
 Belo Horizonte (MG) Brasil

ELA
13 de março de 2014

Ela ali tão bela
Sempre provocante
Aguçando-me os sentidos
Deixando-me perplexa
Diante de tanto mistério

Totalmente sedutora
Enlouqueço em desejos
De mirar e sentir
Teus olhos lambendo
Meu corpo em devaneios

Ela é um encanto!
Estou aqui, a usufruir
Do teu perfume em mim
Brindando este momento
Com volúpia e vinho

Despetalando o teu corpo
Em espetáculo de sensações
Nos braços da poesia
Venerando-te, nua
Admirável LUA.


¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

AO CAIR DA NOITE
13 de março de 2014

Quando eu o vir frenético na cama,
não hesitaria... Penetrarei o olhar,
deleitarei em afagos, carícias e beijos.

Hora hipnotizados, tomarei o cálice,
derramarei o vinho e lançarei em nudez
as gotas orvalhadas do insaciável desejo.

Celeste Farias

CELESTE FARIAS, é uma jovem multifacetada, exerce diversas funções. É assessora executiva, poeta, escritora, educadora e profissional do livro. Participa de vários eventos e projetos voltados para literatura, educação, teatro e sustentabilidade. Recentemente recebeu um Diploma no Grau de Doutora Honoris Causa em Letras pela Reitoria Acadêmica do Seminário Teológico Bonhoeffer – BOU- Bonhoeffer Open University. Participa de diversas antologias, é organizadora da Antologia "Tens Algo Para Mim?" e autora do Livro "Inanna Salomé - Poesias e Mistérios" - Cogito Editora.

http://www.recantodasletras.com.br/autores/celestefarias



CONCEIÇÃO HYPPOLITO

FÊNIX
 
A poesia em vestes de gala
é festa;
Invade o pensamento
dança, balança galhos,
folhas e flores
espalha perfumes no ar
oferta o fruto maduro
cura, lambe feridas
com olho mágico
diz sim a vida...
Como Fênix cria asas
e faz de cada dia sua ressurreição...

(Conceição Hyppolito)


CYNARA NOVAES
Teixeira de Freitas (BA) Brasil

TECIDO

O tecido chamou-se cetim
O cetim, vestido
O vestido chamou-se
de festa, de domingo
Missas e festas depois,
a moça viu-se fazendo no tecido
um bordado,  mais tarde, um remendo
Chamou-se roupa de casa,
pano de fundo para o avental
Com o tempo, chamou-se  passado.

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CORTESIA

Maria esqueceu seu canto...
A vida lhe é árida
Na plantação frente à porta
nada brota, nada frutifica
Da janela de Maria
não se vê cor, muito menos companhia
Mas, ela ainda sonha em ser
a eleita de uma cortesia
e ter no brilho da panela que lava
o reflexo mais que perfeito da sua alegria.

BIOGRAFIA

CYNARA NOVAES, nasceu em Nova Viçosa, Bahia, em 13 de março de 1969. É costureira de palavras, tecelã de frases arranjadas em versos, em poesias. Quando não está tecendo versos, é pedagoga. Sempre teve paixão pelos livros, pelas letras, Na infância brincava com as palavras mais do que com as bonecas. Atualmente mora em Teixeira de Freitas – BA com seus dois filhos.



CLER RUVVER

PERALTICES


Como eu queria entrar, em meio aos versos teus.
Ser menina peralta, que encanta todo o dia.
Para os teus momentos tecer de alegria.
Qual parte que completa, sem nunca haver adeus.

Quisera ser a flor mais doce e perfumada.
Fragrância diferente, que preferes o cheiro.
Assim como a água, quando cai do chuveiro.
Banha-te e perfuma; e é sempre lembrada.

Quem sabe a mulher, que em sonho debruçasse.
Junto ao teu corpo nu, quando a gente se amasse.
E agradecesse a Deus, por ter tal privilégio.

Ou talvez isso fosse, mais uma brincadeira.
Que gente grande zomba e chama de besteira.
Amor de adolescente, em tempos de colégio...


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A COR DAS LÁGRIMAS

Quisera ser o brilho dos teus olhos em mim.
Para que minhas pálpebras pudessem ver, enfim,
O sonho escondido, atrás da longa espera.
Que pareceu bobagem e hoje é uma quimera.
Contrariando a história, que contam de Luzia,
Pediria teus olhos, mas nunca os levaria.
Porque os imagino, vendo as flores no além.
E temo que uma lágrima, possa cair, também.
Pintar um arco-íris, para poder sentir...
Em resquícios de chuva, a lágrima cair.
E abraçando as lembranças, poder então buscar,
Gotas de esperança, para não machucar.
Mesmo que me esquecesse, talvez de ser feliz.
Poria em cada estrela, a cor que lhe condiz.
Para colorir lágrimas, que vêm sem avisar.
Estrelas cadentes, entre o sol e o luar.
Que mesmo à distância, a luz, sempre ofuscou.
A cor de esperança, para lembrar o amor!



DINORÁ COUTO CANÇADO

A ARTE DE LER E CRIAR

Quanta emoção! Uma linda matéria jornalística
Solicitou de um grupo especial uma logística.

Jornal renomado veio a uma biblioteca
Com pauta para entrevista sobre poeta.

Ao publicarem, divulgam encantadores versos
Destaque ao título “Sociedade de  poetas cegos”.

Novo projeto com emocionantes depoimentos
A arte de ler e criar, em quaisquer momentos.

A busca pelo Fundo de Apoio à Cultura
Possibilitou nas escolas, inovadora estrutura.

Vem a TV Senado com o programa Inclusão
Um recital lítero/musical entra em ação.

Todos se empolgam com o sarau, na ocasião
Coletânea a incluir os cegos e os de baixa-visão.

Homenagem a uma nova poetisa na equipe
Empolgada na Rádio Globo, toda chique.

Muitas poesias performatizadas e musicadas,
Leitores especiais produzem nessas jornadas.

O dia a dia da Biblioteca Braille é um show
Parceria além-fronteiras se consolidou!

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PORTAL DE LUZ ESPECIAL LENDO E CRIANDO...

             Esse ano que passou foi o que mais viajei. Uma das minhas atuações é a de disseminadora de educação fiscal. Com isso, adquiri o hábito de fiscalizar sempre, comparando as cidades visitadas com a nossa Capital. Procuro só levar o positivo daqui, para divulgar nos intercâmbios. Até porque as ações que promovo são pró-ativas e concretizam respostas positivas dos participantes. Já me envolvi, diretamente, com  45 projetos (mapeados em pesquisa concluída, 25 deles analisados na Monografia “Leitura, Cidadania e Transformação Social”). Meu foco é a inclusão por meio da leitura e disseminação cultural. A maioria desses projetos são aplicados em interação contínua, alguns adormecidos e outros a pleno vapor. De vez em quando consigo que o Fundo de Apoio à Cultura facilite essa caminhada em prol do ler e criar, como atualmente aconteceu já em 2014.

          Sou pioneira em Taguatinga e sonho com o Distrito Federal sediando eventos culturais e desenvolvendo ações de cidadania em larga escala, condizentes com o renome do DF e com a carga tributária altíssima que cada cidadão paga, a exemplo do que acontece em muitos lugares, no mundo e no nosso país. Admirei a participação ativa no palco (prefeito, autoridades e intelectuais que prestigiam os eventos culturais), em todo o tempo de posse de novos acadêmicos na I Semana Internacional de Cultura, em Búzios; encantei-me com o ônibus-tour de Curitiba que leva os visitantes a todos os locais turísticos da cidade (também comum em Lisboa e Paris, de ônibus ou metrô); a segurança de andar nas ruas de Portalegre/Portugal (no Alentejo) a pé, altas horas da noite, depois de sessão de cinema e atrações culturais em Escola Superior onde participei de um Congresso; a conservação de igreja/hotel/fazenda, onde a princesa Izabel assistia às missas, em Petrópolis/RJ/Brasil; a bibliotecária-modelo e chefe no atendimento em Biblioteca de Cabo Frio; o reconhecimento e empolgação no Bar de Ipanema, no Rio de Janeiro, onde Vinícius de Moraes sentava-se à sua mesa cativa; o cuidado de excelência com a saúde, em hospital público de João Pessoa; o espaço artesanal recém-inaugurado no Marco Zero em Recife; a UTI de excelência, em Belo Horizonte... Há muitas iniciativas, ações consagradas, construções cidadãs voltadas para atitudes de valorização do ser humano. Sou otimista e não abdico do direito de sonhar. Até nos poemas que envio para antologias, costumo dar o meu recado: “É hora de poetizar e de... fiscalizar!”; “Um mundo mais cidadão”; “É hora de repensar... Brasília” "Brasília, capital das leituras" e “Brasília, beleza que encanta”.

              Pertence a Taguatinga a única Biblioteca Braille Pública do DF, com ofertas de títulos em Braille e acesso informatizado a acervo multicultural. Nossa biblioteca fica no centro da cidade e tem servido de Portal de Luz, refletindo sonhos de pessoas que têm restrições visuais.

            “Gente não pode esperar” é o título de um poema-desabafo que escrevi, focando a temática dos Direitos Humanos, evidenciando a seriedade dos problemas sociais que rondam a Biblioteca Braille que precisa de: mais gente para cuidar de gente especial, lendo para eles, interagindo, levando-os à parada de ônibus; gente preparada para educar os jovens que matam aulas e ficam bem em frente à entrada da Biblioteca, jogando restos de alimentos e deixando de cumprir os seus deveres de estudante... Quem tem o poder nas mãos, se tiver boa vontade, pode fazer alguma coisa. E é por isto que me dirijo ao Colégio Ideal e peço que a bela ação, praticada por eles a cada ano, de ajudarem alguma instituição, chegue até nossa Família Braille. Apesar de contar com três órgãos fundamentais/institucionais para sua sobrevivência (sobrecarregada mesmo fica é a Regional de Ensino da cidade, que faz além da sua parte), e ter um grupo de voluntários que faz uma diferença incrível, a Biblioteca precisa de um olhar amoroso para a excelência na sua funcionalidade. Isso sem citar telhado com goteiras, paredes e teto necessitando de pintura, perigo de curto-circuito... É sonhar muito querer que a Novacap plante e cuide de um jardim à entrada dessa Casa de Cultura, Aconchego e Luz? Um jardim contendo esculturas de personagens literários, para que o cego possa fazer a leitura, utilizando os dedos... Em lugar do jardim, cresce, no entanto, enorme formigueiro... Falta ação de órgão competente. Inclusive, para o corte de árvore que ameaça a acessibilidade e periga desabar sobre o prédio, a exemplo do que aconteceu em 2005, em outro espaço onde funcionava a Biblioteca: a árvore desabou em cima do telhado, tudo se alagou, perdendo a maioria do acervo. Isso ocorreu bem no ano do 1º Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODM 2005. Era data de evento importante e o jornalista da Presidência da República não teve como entrar para fotografar o trabalho premiado, destaque em educação de qualidade...

          Enfim, que algum órgão abrace esta Biblioteca que merece ser tratada como joia de rara e inequívoca função. Para que ela venha a ter um aspecto condizente e merecedor da única Biblioteca Braille Pública da cidade que é referência internacional na inclusão, conforme pode ser comprovado no link da agenciabrasil.ebc.com.br/

          Fica aí o apelo dessa “mãe zelosa” por uma jovem biblioteca,  já com seus 18 anos na história brasiliense. Pode-se, afinal, minorar o isolamento imposto pela deficiência visual dos frequentadores que engrossam as fileiras da “Sociedade dos Poetas Cegos”, assim denominada a Biblioteca Braille, em matéria publicada no Correio Braziliense e, depois, reforçada pela TV Senado, surgindo mais um desdobramento do projeto Luz & Autor em Braille.

                            Visite o blog amigosdobraille.blogspot.com


BIOGRAFIA:


DINORÁ COUTO CANÇADO, membro da Associação Internacional de Escritores e Artistas/Literarte, da ATL, da ALAB, ALG, ALAF, ALAV, Membro-fundadora da Biblioteca Braille, Educadora voluntária, Agente Cultural pelo FAC/SEC/GDF, Facilitadora MinC, Pesquisadora... 1º de janeiro de 2013 (1ª versão), atualizada em 21-02-2014 (um ano se passou e o perigo continua igual...) e 3ª versão (16-03-2014)

DHIOGO JOSÉ CAETANO


DHIOGO POR DHIOGO

          Com uma, duas ou mil palavras não seria possível descrever tal personalidade. Posso dizer que ele não é nada diante da vastidão que o circunda. Ele é um navegante, ou melhor, um aprendiz de navegante que neste oceano existencial procura ser simplesmente mais uma gotícula em meio à infinitude líquida que compõe o vasto mar.

           Um contextualizador da vida, um representante da prática do “bem viver”.

           Um indivíduo que tem capacidade de formular e interpretar ideias além do seu tempo.

           Um ser especial e puramente humano.

           Vive recriando um novo tempo, um tempo novo transmutando. Transcriando espaços, paradigmatizando as lacunas, problematizando a história, transcrevendo contextos emblemáticos, enfadando as regras e libertando as possibilidades.

          Simplesmente Dhiogo, um menino negro, pobre e segregado, mas contemplado com a dádiva do saber.

        Uma criatura que procura sempre oferecer o seu melhor, na busca por um lugar ao “sol”. Evitando a priorização do capital, objetivando a difusão de uma mensagem que liberta os oprimidos pelo sistema. Não cultivando o ego e sim a arte de expressar em palavras a simplicidade, os versos, os poemas.

       O seu objetivo é continuar a caminhada em direção do ensinar e aprender, pautando o seu melhor, traçando como meta a construção de uma trilha marcada pela sabedoria.

          Um artista por natureza, um menino criativo, um ser dinâmico.

          Um poeta que descreve o seu amor através das palavras, fazendo representações através de vídeos.

          Um menino, um homem que desafia as leis sociais para difundir suas ideologias.

         Buscando escrever em nome da nação humana, utilizando-se da literatura para trabalhar a cidadania, a moral social; representando o “povo”, os “bestializados” dentro do sistema.

        Em versos, narra à esperança de uma humanidade que clama por paz. Refletindo sobre o legado que recebemos do uso que dele fazemos e o que faremos no futuro. Pensando hoje: um mundo justo para todos.         Um lugar de paz, igualdade, fraternidade e liberdade.

        Um construtor de novas ideias e paradigmas que sempre causa polêmica
.
        Um defensor dos direitos humanos, um político por natureza, um homem que luta pelos direitos humanos.

        Um ser falante, responsável e coerente.

       A representação da persistência, do desejo de construir um mundo melhor e acima de tudo com objetivo de levantar a bandeira do amor e da paz como um lema globalizador.

        Dhiogo você é uma das personalidades que se eternizará na história do Brasil.

        Suas ideias percorrerão todo o planeta e todos terão acesso a sua caminhada revolucionária.
  
        Sua existência tornará algo concreto e permanente neste mundo de meu Deus.

      Em linhas descritivas a materialização de um futuro por vir; não estou falando de uma utopia e sim de uma realidade esperada.

     Assim posso dizer que por onde você passar traços de eternidade ficará no ar e suas ideologias se disseminarão como sementes que perpetuam ao longo de diversas gerações.

        Mas sei que você tem a consciência que não pode mudar o mundo, mas está sempre procurando fazer a diferença. Tornando-se um empreendedor das ideias, difusor uma mensagem que liberta e conscientiza. 

      Não importando com a dimensão conquistada, pois se a mesma tocar uma pessoa, você estará feliz; tornando concreta a sua missão.

      Ao longo da caminhada terrena, dos processos evolutivos e interpretativos; agradeço ao universo pela possibilidade de existir e de ser o Dhiogo que sou!

BIOGRAFIA

        DHIOGO JOSÉ CAETANO, Professor, escritor e jornalista. Comendador da Academia de Letras de Goiás, Membro das Academias: ALB (Brasil/Suíça), ACLAC (RJ),  ACLA (MG), CACL (ES), ABLA (Boituvense) ARTPOP (RJ) e Os Confrades da Poesia (Portugal).

DALTON LUIZ GANDIN

ESTRELISMO

estrela
demais
luz pouca



DONZÍLIA MARTINS

“SIMPLESMENTE… AQUELA DOCE VELHINHA”

            Quinze de Março. Noite de luar morno quase anunciando a primavera.
            Eram 23.30h da noite. Acabavam de sair os últimos, dos cerca de 300 espetadores dum maravilhoso espetáculo de cavaquinhos realizado no auditório da Fundação A Lord, em Lordelo, Paredes.
            A sala repleta, levava no peito uma das noites mais divertidas e luminosas, em que todos, ou quase, se envolviam nos sons das canções populares dedilhadas nas cordas dos cavaquinhos.
            Dois grupos, qual deles o melhor, haviam abrilhantado e iluminado o coração de todos os espetadores das mais diversas origens. Por entre “empresários” falidos, ou quase, professoras sem sede de cultura, ou não, a maior parte vertiam sorrisos desflorando estridentes e calorosas palmas.
            No princípio da festa popular fora anunciado, sem prévio conhecimento, a apresentação dum livro Infanto-juvenil que, por coincidência e simultaneamente, era o da autora destas linhas.
            Sentada por detrás da mesa cheia de muitos livros, em que o dela se perdia, olhava os rostos e as silhuetas que se dispersavam pelo átrio a fugir pela porta envidraçada rumo ao luar morno da noite.
            Devagar e sem pressa, uma a uma, iam saindo. Algumas crianças lançavam um último olhar de adeus ao livro cujas imagens projetadas no grande ecrã, ainda levavam a dançar nos seus olhos. Mas a mão forte da mãe, insensata, sem saber que eles precisavam daquele sopro de oxigénio para terem mais vida, puxava-os, não lhes dando tempo para apalpar as folhas, degustar os olhos no papel que ali se abria.
             Umas porque os livros nada lhes diziam, outras porque a vida está cara e é preciso pão para o corpo, a alma não importa, nem que muitas vezes ele, pão, endurecido vagueie pelos caixotes do lixo, outras ainda porque aquela blusa a imitar ou “Imitir” seda como eles dizem, é mais vistosa que aquele livreco para crianças, outras ainda porque não têm simplesmente hábitos de consumir cultura de saber escolher a melhor fatia para dar aos filhos apesar de terem sido sensibilizadas dentro da sala pela própria autora.
             Assim, foram desaparecendo na noite os incautos do tempo de crise que um dia saberão a má escolha.
             No átrio quase ninguém. Por detrás do balcão a menina.
             Sentada atrás da mesa dos livros, a autora ia olhando o vazio, saltitando o olhar e o stresse pelo espaço. A coordenadora do evento com o rosto demasiado corado pelo cansaço, aguardava a escritora para a conduzir escada acima até onde decorria a ceinha dos artistas.
             Eis senão quando, duas idosas mulheres, uma talvez mãe da outra, visto que era tia do neto da mais velha, cujas idades não se liam muito bem, a mais velha, de olhos marejados pela vida, de sub-pálpebras vermelhas, cuja idade o tempo tinha comido as pestanas, mas com o brilho incrustado no olhar como duas estrelas, se abeirou e, pegando no pequeno livrinho, do qual lá dentro ouvira falar, disse na sua voz tremula de emoção, a mais terna voz a soar a anjo descido do céu:
            “- Queria um livrinho destes para o meu netinho que tem três anos, mas não sei se tenho dinheiro que chegue!
            De imediato, abre o porta-moedas e despeja todas as moedas em cima do estreito balcão. A tia do neto da velhinha e a menina do balcão iam contando as moedas de vinte cêntimos, enquanto a autora deslumbrada, com o livro já na mão para o oferecer ia fazendo uma dedicatória especial para aquele menino que tinha uma avó vinda do céu.
           Aquela doce velhinha lembrou à autora a sua querida avó, à qual deve toda a sua vida.
           Também ela mulher analfabeta que só sabia ler o seu nome, fora a mulher mais amante dos livros, que já conhecera. Foi por os amar assim, que fez da autora a mulher que é hoje.
           Comovida, quase sem poder falar, deixou que uma lágrima teimosa lhe escorresse dos olhos, lhe salgasse na boca e fosse viajar pela noite fora, até ao céu onde mora a sua avó. Ela tem a certeza que desceu do etéreo lugar para entrar no coração desta velhinha, avó, mulher simples do campo, a querer, como ela, oferecer vida ao seu menino.
           E foi, das noites mais maravilhosas da sua vida!
           Tudo tinha valido a pena! O stresse acumulado em vez da alegria da festa;
os “Nãos” que foi calando no coração; as ausências das amigas que não chegaram;
          As recusas das empresárias falidas a quem os nove euros faziam falta;
a indiferença à arte naif da ilustração pela falta de sensibilidade para o belo;
as pseudo-educadoras com responsabilidades culturais e que, tendo por missão divulgar a cultura, o não fizeram;
os passos perdidos nos corredores da solidão; os olhares desencontrados;
a morte dum pedaço da sua alma desfeita no chão que esta avó veio apanhar.
         Tudo valeu a pena pela mão desta linda velhinha que queria levar uma fatia de amor ao seu menino de 3 anos.
        “- Eu sei ler, tenho a 3ª classe” - acrescentou ainda esta sábia e GRANDE MULHER.
        Grande lição de vida para aquelas balofas que não sabem nada de nenhuma coisa porque têm alma minúscula. Gostaria que as “ Senhoras” que saíram para a noite das trevas, vissem a humildade, a alegria e o encantamento a dançar e a refulgir nos olhos desta doce velhinha, pequena de estatura, mas uma enorme mulher do tamanho do universo.
        Ficariam, se ainda lhes resta algum pudor, envergonhadas pela sua pequenez, em relação a esta grandeza estrelar.
        Não lhe perguntei o nome! Aquele gesto magnânimo descido das alturas em olhares de aleluias, obscureceu-me todo o entendimento!
        Mas hei-de saber. Hei-de um dia ir conhecer o neto que tem a graça de ter uma tal avó igualzinha à que eu tive. Deus queira que ele faça o caminho que, com um carinho igual, a minha avó me deu.
        A minha noite foi longa.
        Pouco dormi, mas sonhei… sonhei… a pensar na alma grande e pura daquela simplesmente doce velhinha que, de certeza, a minha avó enviou do céu para mim.
        Eu estava magoada e precisava de alguém para me lavar a ferida.
        OBRIGADA Deus. Obrigada avó, obrigada mulher grande sem nome que limpaste as minhas lágrimas e curaste a minha alma.
        Obrigada céu…
Lordelo, 15 de Março de 2014




EDILEUZA VIEIRA DA SILVA DE SOUZA
(Poetisa Menina)

MULHERES ASSIM...

Mulheres assim não podem:
escolher suas roupas,
escolher seus penteados,
Não podem ter amigos,
e se os tiver, para defendê-los,
deles fugirão...
Pois não poderia ajudá-los,
por mais que quisessem...
Mulheres assim...
Não podem escrever,
não podem cantar,
não podem sorrir,
não podem ler,
não podem sonhar,
não podem brincar,
não podem trabalhar,
muito menos falar.
Mulheres assim têm olhos ao chão,
choram por dentro e sorriem por fora.
Mulheres assim, são mortas,
será que alguém se importa?
Mulheres assim são lágrimas,
dizem que as leis lhe dão as mãos,
mas parece mentira, porque as leis
parecem caixões...
Mulheres assim tem medo de tudo,
calam-se, são muros de dor e silêncio...
Mulheres assim e mesmo assim...
Lutam pela felicidade,
para deixar de lado,
a tal mortandade...
Mulheres assim são feitas de lágrimas,
feitas de amor, amor, amor...

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

UM SONETO DO ACASO

E se por acaso as palavras fossem verdades,
o  sol dos dias longos edificassem realidades.
Quem sabe como seriam as noites estreladas?
Puras como brisas ao tempo, almas amadas...

E se por acaso os dias felizes chegassem,
como um beijo leve e delicado na face,
como um afago à alma delirante e sombria,
e todas as palavras fossem só pura alegria...

Se acaso os céus espelhassem a terra,
e misturassem o castanho ao azul cobalto,
daria louvor à loucura e ao amor?

Se o amor tudo pode e vence as feras,
quem sabe a palavra-mor, mais alto,
sobrevoaria beijos ardentes sem dor.




ELIANA ELLINGER

DIGA-ME

Diga-me querido, o que há comigo?
Queria fugir desse mundo,
também desse amor profundo,
que irradia do meu peito
e se perde no meu leito...

Diga-me, por favor, onde anda esse amor ?
Me entristece, me enlouquece em tanta dor...
Esqueceu meu nome ? Perdeu meu telefone?
Ou virou pelo avesso todo o meu endereço?

Diga-me, querido, o que há ?
Meu sentir não se acalma
rasga e fere minh' alma,
sem eu nem compreender...

Diga-me, por favor, por onde andam 
seus beijos e as confissões de amor ?
Não tem mais por mim desejos ?
Diga-me... Seja lá o que for.

Diga-me, o que há dessa vez ?
O que sente agora por mim ?
Foi um bem, um mal talvez, ou foi
muita insensatez, eu ama-lo tanto assim ?

O silêncio me enfraquece,
me sufoca, me entorpece...
Nem sei mais o que fazer
para poder lhe entender.

Diga-me então simplesmente,
pois não encontro o por que...
Em tudo que eu possa crer,
o que há entre eu e você ?

Eliana Ellinger



ELAINE MELLO

VIVER DE POESIA

Se a vida fosse só de poesia 
se eu vivesse só dessa mania, 
a poesia tanto bem me faria, 
ah, que bom que seria ...

Mas tanta coisa me tira 
desse momento de pura magia 
pra cuidar do meu dia a dia 
que me rouba dessa sintonia ...

Quisera a vida só de poesia 
vida melhor não haveria, 
já que viver só de poesia 
seria minha maior alegria ...

E sem poesia eu nada teria, 
pois de rima em rima eu levaria 
somente a vida que me encantaria 
com a poesia na minha caligrafia ...

(By M&!!O\Elaine Mello)

BIOGRAFIA:

          ELAINE MELLO - Pseudônimo By M&!!O - Rio das Ostras (RJ). Divulgadora Cultural Voluntária, autora dos Livros: Cadeia dos meus Sonhos e Faces de M&!!O. Participante de 16 Antologias, membro das Academias: ACLAC - FALASP - AACLIG - ABLA - COMBLA - ALACRO


ELIANE AUER

QUANDO EU ME CANSAR...

Se eu dormir, não me acorde
Estarei sonhando com as estrelas
Se eu me cansar, me deixe
Estarei a repousar na relva
ou à sombra de uma árvore
Se eu me calar, silencie
Estarei buscando em mim
forças para continuar
Se eu me isolar num cantinho,
Me deixe quieta,
pode ser que eu esteja chorando baixinho.
Quando eu me cansar, me deixe
Pode ser que eu esteja
entrando em recesso de mim, também.

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AMOR

Amo o seu rosto
Silencioso em mim
Sua pele macia que ainda não senti
O cheiro suave que acalma
O brilho dos olhos
De minh’alma

Amo cada piscar de olhos
Fechados ou orvalhados
O calor dos seus abraços
O aconchego nos seus braços.


FÁTIMA MOTA
Natal (RN) Brasil 

FIM DE TARDE 
14/04/2013

Coberto de lilases
o poente
alaranja-se
sem alarde
sem prenúncios
antes que o sol se ponha
antes que a lua desponte.

A beleza ainda me espanta
e desperta todos os sentidos.

Antes que anoiteça
cantam todos os anjos
em coro
Ave-Maria.

E eu... Apenas
silencio.
   
¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

DEVANEIOS

Habito o poema dias, noites
e até nas madrugadas.

Às vezes armo uma rede 
com varandas e 
ouso fazer 
das entrelinhas
o avesso das minhas palavras.

Às vezes navego, sem barco
A-mares, sem lemas, sem penas
tão-somente poema.

Às vezes faço convites
e anseio caravanas
mas na verdade
a poesia me basta.



GILSON MARINHO
Marinho Gil

DOR FINGIDA XVIII

A saudade que me chega de mansinho
nas rimas do meu verso de pé quebrado,
vem trazendo - sem nem fazer burburinho -
nossos momentos felizes do passado.
Chega no soneto, verso livre ou trova
dando à poesia este tom de tristeza
me imputando a esperança - sempre nova -
de que o amor reviverá...falsa certeza.
Que adianta a minha dor e o meu lamento
se é infindo este meu torpe sofrimento
por saber que não voltará meu grande amor...
Deixa fluir a dor da minha pobre pena
que o desabafo torna a vida mais amena
deste poeta que - dizem! - ser fingidor!

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DOR FINGIDA XVII

Desde aquele dia em que fostes embora
me deixando com meus versos em frangalhos,
meu relógio já não marca qualquer hora
- só vista nestes meus cabelos grisalhos.
O meu sonho de viver um amor eterno
esvaiu-se em completa desilusão
me deixando como herança este caderno
encardido e rasurado de paixão.
A saudade de você me desanima
e o meu verso já não busca qualquer rima,
não cicatrizando esta enorme ferida...
Caminhando pela estrada do passado
vou seguindo com meu ser amargurado
carregando a dor deveras tão fingida!

Marinho Gil


BIOGRAFIA: 

MARINHO GIL, é o pseudônimo literário de Gilson Marinho Jatobá, Poeta, Trovador e Sonetista. Tendo participado de algumas Antologias, tem como grande Mestre o Poeta J.G. de Araújo Jorge. Nascido e criado na cidade de São João de Meriti, Marinho Gil aguarda oportunidade de convite para lançar seu primeiro livro de sonetos.


GENIVAL VICENTE

A NOVA CATEDRAL DE CARUARU
21-03-2014

Vê-se o progresso da engenharia
Forjado de concreto e ferro bruto
Descrito neste templo colossal,
Cujo píncaro aponta para os céus
Em forma angular de coruchéus
O zimbório da Nova Catedral.

Lembra-nos as Pirâmides do Egito
em cujo pico não se lê descrito:
“O mausoléu dos reis”.
Nem se outorga exílios nem penas
Com o no Aerópago de Atenas:
“Arbitrários das leis”.

Tribuna de pastor ferrenha liça
Cuja espada litúrgica da missa
- A palavra de Deus!
Perfurando o arnês do malefício
Atinge com o poder do Santo Ofício
Os filhos fariseus.

Muitos passaram por aqui, outrora
Inda não sabem que temos agora
Um orgulho cabal.
A construção de gosto faraônico
Relembra-nos o estilo arquitetônico
Forma piramidal.

Assim progride a Igreja Renovada
Na Catedral das Dores levantada
Apontando pros céus.

Ricos vitrais, ao longe transluzentes
Qual prisma a decompor raios nitentes
Com o manifesto de Deus.

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P E R E G R I N O

Sou solitário e ando desatento,
Com o passar do tempo vou passando,
Cruzo caminhos de encontro ao vento
E sigo caminhando... Caminhando...

Homens humildes de modo natural,
Caruaru os acolhe em seus louvores;
Seguem do Agreste destino a Capital
Almocreves, tropeiros e lavradores.

Era assim a vida rústica e grosseira
A população que compunha a feira
Saudava o filho Rodrigues de Jesus.

Peregrinando o trespassar da história
Eu gravo para sempre na memória
Uma capela, um monte e uma cruz.

Genival Vicente


GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
Nazaré (BA) Brasil

SEMENTE ALADA
 02-09-2011

Estava envolto em pensamentos,
Agachado no fundo do quintal.
De repente, uma semente alada,
Liberada pela planta mãe
Transportava-se para a germinação,
Para sua nova vida.
Mas eis que encontra pelo caminho
Um grande obstáculo;
Uma teia de aranha.
A semente debateu-se
Tentando livrar-se da aranha
Que já vinha visitá-la.
Eu ajudei a semente.
Cortei a teia pelas bordas
E a semente seguiu adiante.
Pousou numa terra fértil
E transformou-se em outra planta
Então eu descobri
Que a semente alada, pensa.


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MARIA
 24-04-1979

Um dia Maria sorriu
Para um homem que chorava.
O homem também sorriu
Pois alguém te amava.
Um dia Maria chorou
Para a guerra que chegava.
João morreu, mas lutou.
Maria chorou porque o amava.

Um dia Maria viveu
Toda a alegria do mundo,
Um amor que era seu,
Amor triste e profundo.
Um dia Maria sonhou
Que era a rainha da vida,
Mas seu sonho acabou
Pois sua existência fora traída.

Um dia Maria morreu
Na madrugada escura,
Pois a vida só lhe deu
Tristeza e amargura.
Um dia Maria amou
Todos os homens da terra,
Por isso é que chorou
E sua historia aqui se encerra.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_g/Gilberto_Nogueira_de_Oliveira.htm

HIROKO HATADA NISHIYAMA
São Paulo(SP) Brasil

BUCÓLICA

Era uma vez  uma flor,
Desabrochada na imensidão do verde
No verde da relva brilhante e sadia
Ao seu redor;
Acima, o céu azul,
Como os sonhos da mocidade.
Era uma vez uma flor,
Que, descobriu, assustada
Imensas folhas lá no céu
Quase na casa de Deus,
Balouçando ao vento
Belas ramagens acenando
Num gesto de amizade,
Talvez um gesto de adeus
Porque a flor soube neste instante
A brevidade de seu tempo.
E, corajosamente engalanou-se
De um mais vivo colorido
De um mais vivo verde
Ofertando um pouco mais de si!
E o coqueiro lá do alto embriagado
Pela fragrância pairando na imensidão,
Feliz, mandou um presente
Redondo como o sol
Para a flor que o recebeu
Em pleno coração...

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BAMBUZAL

         Em meio à algazarra do salão, notei a tristeza em todos os semblantes... Talvez de sofrimentos  recentes ou antigos: quem saberia dizer, ou adivinhar a emoção oculta em cada rosto!
            Afastei-me e fui para meu quarto aconchegante, na penumbra do anoitecer.
       Uma luz suave criava sombras, desenhos, figuras, algumas fantasmagóricas, mas como sempre o bambuzal estava presente em um lado ao aposento, não saberia dizer como e nem por que havia este bambuzal alí, bem à minha frente desafiando a minha curiosidade: alguns bambus eram finos, outros grossos, com muitos gomos, disputando espaço para alcançar o céu.
         Resolvi adentrar por entre eles e fui afastando-os com as mãos e abrindo passagem para algum lugar talvez para fora do aposento: assim eu sairia dali e chegaria a alguma estrada que me levasse até à colina que existia lá no final do asfalto!
         Tentei freneticamente afastar os bambus, e quanto mais eu os afastava, mais densos  se tornavam.
         Não eram plantas, eram muros me cercando em círculos, sem começo, sem fim...
         Parei exausta e deitei-me olhando o céu azul, pois é... um céu cor de anil.
        Ali fiquei por horas. Vi carneirinhos pulando, vi um avião passando sem ruído, e vi também uma águia enorme atacando aves indefesas. E vi também a ira de nuvens revoltosas destilando água e pedras em minha direção.
     Assustei-me, tentei fugir e fui impedida por mãos poderosas que me arrastaram de volta ao meu aposento.
     Olhei desolada para o bambuzal todo destruído e alguns bambus manchados de vermelho, como as manchas de minhas mãos...




    HILDA PERSIANI

 BENDITA POESIA

Bendigo sempre á você, poesia,
Que trouxe alento á minha solidão,
Motivação á minha vida tão vazia,
Fez-me crer que não estou vivendo em vão.

Bendigo sempre á você, poesia,
Que ao encontrar-me abandonada e só,
Encheu de riqueza minha mão vazia,
Deu-me ilusão, porque de mim teve dó...

Bendigo sempre á você, poesia,
Que fez minha vida mudar de repente,
Trazendo de volta tudo o que eu queria.

Bendigo sempre á você, poesia,
Por sentir a felicidade novamente
Ao ver um raio de luz renascer no poente.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_h/Hilda_Persiani_de_Oliveira.htm


IONE RUBRA ROSA
15/03/2014

AS PESSOAS QUE AMAMOS NUNCA MORREM...

          De uma conversa com a minha amiga So, brotou uma doce saudade. Dessa saudade, o desejo de escrever uma poesia. Mas ao navegar pelas minhas lembranças, percebi que um poema seria pequeno para expressar o meu sentimento... E por isso, mais uma vez, me atrevi a rabiscar uma crônica.

          A minha saudade tem um nome, tem um rosto, tem uma voz que nunca esqueci. A minha saudade tem a bondade nos olhos, a suavidade na voz, tem o carinho de um pai de coração, que guardo até hoje em mim.

          Abriu sua casa para que nela eu também fizesse morada, me chamava de professora, mas me tratava como uma filha... E foi assim que sempre me senti.

          Homem guerreiro e gentil. Fala mansa e doce como uma suave canção. Sábio, não julgava ninguém. Acolhia, abraçava, ensinava e semeava o Bem. Mãos sempre estendidas para ajudar e aconselhar os que dele precisassem.

          Esposo, pai, avô, bisavô, amigo, professor... Foi luz no caminho de muitos. Tenho certeza, que todos os que tiveram o privilégio de conviver com ele sentem a mesma saudade, guardam uma terna lembrança e muitas histórias para contar.

          Perdi a conta do número de vezes, que almocei em sua cozinha, naquela mesa rodeada de gente conversando, rindo, brincando... E depois aquela fila indiana e cada um lavando o seu prato. Ali aprendi o verdadeiro sentindo do trabalho coletivo e fraterno. Momentos bons, jamais esquecidos e que hoje me trazem essa gostosa saudade.
          Sua companheira, pequena grande mulher, era pessoa linda, de opinião e também uma mãe para mim. Inesquecível, Dona Senhorinha! Para sempre em nossos corações.

          O tempo passou, nossos caminhos se distanciaram, mas sei que mesmo distante sempre estivemos juntos. Como diz a canção de Luan Santana, “a gente não precisa tá colado, pra tá junto”. Quem a gente ama está sempre do lado de dentro da gente. E no tempo escolhido por Deus, a missão dele nesse mundo se cumpriu. Eu não estava na cidade, não pude me despedir, não pude dar o meu adeus final, mas sei com certeza que no céu foi um dia de festa. Sei também, que ele conhecia o meu sentimento. E tenho certeza que está num lugar de muita luz e paz, cuidando de todos nós.

          Algum dia iremos nos reencontrar e sei que vai me olhar cheio de bondade e dizer que está tudo certo, que está tudo bem.

          Só, nossa rápida conversa me trouxe toda essa saudade, mas as pessoas que amamos nunca morrem, pois elas permanecem vivas através de nós.

          Inesquecível, Seu Maneco... Para sempre no meu coração!


IVONE BOECHAT

MIRAGEM

Você está se sentindo inútil,
sozinho, vazio, incompleto,
ou talvez repleto
de promessas adiadas,
pelo discurso corrompido
do fracasso;
não, é tudo miragem,
faz parte do crescimento
o cansaço ao caminhar,
tire seu rosto refletido
deste lago sem imagem,
levante seu olhar,
para um mundo novo
totalmente despoluído,
no caminho da coragem.

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MULHER

Mulher, nunca desista
de ser campeã na olimpíada
dessa correria,
amanhã tudo será melhor:
os filhos crescem,
as lutas rejuvenescem
e você está cada dia
mais linda e maior.

Mulher, vai de cabeça erguida,
porque o Senhor não erra,
tinha que honrar sua imagem,
primeiro fez o rascunho
de um ser superior,
refez o projeto,
fez seu veto divino,
retocou,
multiplicou
a dosagem de amor,
refez a embalagem:
no modelo anterior não cabia
esse gigante
interior.



ISABEL C S VARGAS
Pelotas (RS) Brasil

NOS BRAÇOS DO PAI
                                                                              
                    Otto era o terceiro de cinco filhos- três homens e duas mulheres. Oriundo de um pequeno município teve de trabalhar cedo para não depender só da mãe viúva para sobreviver.
                   Trabalhava no que antes da falência do pai era seu passatempo. Marcenaria.
                   Só um dos irmãos conseguiu estudar e se tornar uma pessoa deveras independente, bem sucedido.
                   A sua vida não foi fácil. Casou, teve um filho, vivia em uma casa confortável com a família, casa esta muito bem elaborada, pois todos os trabalhos em madeira foram realizados por ele com muito esmero.
                  Algum tempo depois de casado começou a beber. Não tinha noção de que isto viria a desgraçar sua vida. Talvez acreditando que o amor da esposa e filho era grande o suficiente para suportar seu mau humor e suas atitudes grosseiras no dia a dia.
                  Assim viveram alguns anos, até que o filho cresceu e ao entrar na adolescência, colocando-se ao lado da mãe o expulsaram de casa por não mais desejarem a vida difícil que levavam.
                 Alguns dias ficou na rua. Sem casa, sem ter o que comer, sem saber para onde ir, até que sua mãe soube de sua situação. Não hesitou sobre o que fazer. Imediatamente, foi buscá-lo e o levou para sua casa, onde viviam também mais familiares.
                  Foi acolhido, com um canto para morar, comida, atenção e amor que ele apesar de tudo não reconhecia. Era um gênio difícil, o que sempre piorava em razão da bebida. Durante alguns anos ainda trabalhou. O dinheiro servia só para suas necessidades, a primordial, a bebida. Não se lembrava de auxiliar a mãe nas despesas de casa. Durante algum tempo ainda trabalhou até que se tornou relapso e não mais conseguiu colocação alguma no mercado de trabalho.
                 Deprimido, rabugento, com certa dose de agressividade e mau humor, contraiu uma grave doença. Sofreu cirurgias, amputações e apesar de todas as recomendações, não se cuidava corretamente, não deixava os outros fazerem e nem sabia ser grato por todo o cuidado que recebia e atenção que ganhava.
                Criava brigas familiares ou as incitava. A pobre da mãe a tudo presenciava desolada.
Não conseguia nem com seu desprendimento dobrar o gênio danado de Otto, Com tudo isso tinha os cuidados da irmã, cunhado e sobrinho, até que um dia a doença foi mais forte e o arrebatou. Não resistiu e pelo seu modo de ser custou a demonstrar o quanto estava mal. Foi tarde demais.
              Seu funeral foi todo realizado na igreja a qual a família era frequentadora e membros ativos gozando de consideração de todos.
              Isolou-se durante a vida toda e mesmo após sua morte foi alvo de atenção com a  presença de muitos amigos da família que ouviram o Padre destacar suas grandes habilidades bem como de outros membros da família, salientando que entre várias peças em madeira existentes na igreja, algumas foram realizados por ele, de forma voluntária e gratuita, entre elas a cruz que ornava o altar e que à sua cabeceira parecia acolhê-lo de braços abertos, como fizera sua mãe durante toda a vida.


JOSÉ HILTON ROSA

ROSA DE COR

Passos silenciosos
Sede de beber
Palavras de homem
Quieto no seu canto

Passos em marcha
Gosto indeciso
Visão transviada
Parado sem dor

Gosto pela vida
Não sabe chegar
Ébrio de medo
Medo de falar

Homem calado
Cheiro de flor
Cada um ao seu lado
Fome, dá dor

Chamando flor de querida
Dizendo versos de amor
Rosto sem vida
Rosa de cor



JOSÉ LUIZ DA LUZ

TEMPORAL

Taça transbordante às nuvens alçadas,
que lava o chão, que roça os panteões.
Só não lava as doridas ilusões.
Só não apaga as chagas abrasadas.

Exaure o temporal, mas deixa o frio.
Que mirra as tênues pétalas das flores.
Só não mirra do peito aflito as dores.
Só não gela da alma o fogo bravio.

Vai-se o temporal, fica a aluvião.
Que carrega as flores, agita o mar.
Só não carrega as vagas do pesar.
Só não exime do sangue um tormento.
Mas ficam os nimbos de brisas pálidas,
no plúmbeo céu, escurecendo o mundo.
Vem trazendo agonia ao moribundo,
embebido das cidades inválidas

E da torrente a névoa se levanta.
Faminta sonhando com o arrebol.
Fitando a abóbada, querendo o sol.
Dorme nas nuvens que o vento balança.

Se esconde a estrela, desvairando o céu,
que Luzia às chagas do desabrigo.
É senda que esconde o reluz amigo.
Ficou solidão nas sombras do véu.

A aluvião da lagoa incha a campina.
Às flores silvestres, mostra seu lodo.
Lava as pétalas com o seu engodo.
Leva o perfume, e as deixa a ruína.

Nos telhados a chuva é fresquidão,
mas o sono do silêncio descora.
Aos seios nus, o coração devora,
na tremente casa de solidão.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

A FERIDA DA ALMA

Transparente qual ventania assolando.
Silenciosa qual vela se consumindo.
Assim é, a ferida da alma queimando.
Como uma úlcera invisível exaurindo.

É úlcera invisível ardente no seio.
Que faz à dor a visão enegrecer.
E a boca cerrar embebida de enleio.
E o coração desmaiar e estremecer.

É arrebol que fenecendo à última luz,
alça a erma noite, libertando os gemidos.
Na réstia da morte, no afogo da cruz,
e deliram sem voz os sonhos tolhidos.
É canto exausto de uma alma, ecos doridos.
Às vagas do vento, buscando em outra alma,
fartar-se em belos lábios umedecidos,
do puro néctar de amor, buscando a calma.

E no assomo dos gemidos sensitivos,
afoga-se o peito às tristes melodias.
É a ferida da alma, com vurmos ativos,
que arde, queima, às internas ânsias sombrias.

Na noite saudosa aspergida por sangue,
na escura caverna às entranhas do ser.
Solidão, de joelhos, um sonho tão langue,
O régio sol e a alma nua sem se ver.



JANETE SALES DANY

ESTRELA ONDE FOI QUE EU ERREI?

Vai estrela! Se oculta de novo!
Deixa-me neste profundo sufoco
Quando brilhava era tudo para mim
Eu dormia sorrindo coberta de cetim

Vai estrela! Brilha em outro céu!
Nem se incomoda; eu vou assim ao léu
Quando proseava comigo tudo tinha razão
Hoje longe, nem sente que arrasou um coração

Vai estrela! Esconde de mim o seu ar!
Você me fez saber que eu ainda sei amar
Quando surgia o meu intimo fazia a maior festa
Hoje já me esqueceu; é só a saudade que me resta

Vai estrela! Para o lugar que ninguém te vê!
Ainda assim nunca menospreze que eu amo você
Quando pressentia o teu calor eu sabia que era amor
Hoje sem a tua existência a natureza perdeu toda a cor

Vai estrela! Eu fiquei sozinha no templo!
E mesmo no abandono eu sigo o teu exemplo
Quando me mostrava o teu horizonte eu era feliz
Hoje a felicidade é uma flor que foi arrancada pela raiz

Que saudade estrela! Onde foi que eu errei?
Posso morrer agora; porque um dia te encontrei
Quando me dizia coisas lindas era o que eu queria ouvir
Retorna numa tarde de primavera e faz a minha vida sorrir!



JACÓ FILHO

CONVIVÊNCIA SOLIDÁRIA

                Nós dividimos o planeta,
            o fazemos involuntariamente,
e quanto mais o dividimos, mais o enfraquecemos
e ou degradamos, e isso inclui o ar que respiramos.

            Ao dividirmos o conhecimento,
   quanto mais somos e quanto mais o dividimos,
    mais ele cresce e maior a diferença pra melhor...

             Quando dividimos amor,
    provocamos o mesmo efeito do conhecimento,
    com mais profundidade, pois atingimos a alma...

  Por isso, quando formos dividir voluntariamente,
seja o pão ou qualquer bem de natureza material,
se quisermos que isso faça diferença pra melhor,
           devemos usar para tanto,
                 o conhecimento
                     e o amor...
        O conhecimento pra evitar que se dê
               pérolas aos porcos,
       e ou recursos a quem tem sobrando,
        e o amor para que o benefício atinja
               positivamente o espírito,
                 tanto de quem divide,
               quanto de quem recebe,
         sem o transformar em parasita...


"Mensagem dirigida às crianças, recebida via mediúnica". Por ter achado extraordinária, resolvi dividir com você...
http://www.caestamosnos.org/autores/autores_j/Jaco_Filho.htm



JONAS R. SANCHES

CORAÇÃO SUBVERSIVO

Meu coração consternado
protela uma subvenção
por se sentir condenado
vítima de uma subversão.

Meu coração fragmentado
doente em comiseração
por não mais ser aliado
do amor que causou sensação.

Meu coração congelou
antes dele se espatifar
por certo ele não mais amou,

por certo não vai mais amar;
meu coração tão poético
fez-se em um soneto eclético.

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A MENINA BELA DO SONETO

Menina-moça de olhar angelical
tu me roubaste a alma e o coração
agora ando vazio feito um animal
e minha pele perdeu a coloração.

Menina-moça trouxe-me insensatez
agora vivo a uivar louco para a lua
quando eu lembro o doce gosto da sua tez,
quando eu lembro da sua pele seda nua.

Menina-deusa vou provar teu beijo
quando o sol despontar no horizonte
assim será a morte do meu desejo

ao degustar seu lábio venenoso
assim terei minh’alma novamente,
assim terei novamente meu riso.



LUIZ PÁDUA

MULHER DEMONÍACA

Estava numa profunda espera
De um desejo que se dobrava a cada segundo
Senti a sua presença
Era você, mas eu não a enxergava
Eu suplicava, chorava e me humilhava
Incluo um precipitado rumor
Impetuoso, fato lúcido virtual
Calados no veneno da noite
Pusemos as mãos na cabeça a ouvir
Gritos de pavor
Agredimo-nos, machucamos e culpamos todos
Atoa sem motivo, você não era você
Apenas um demônio travestido de mulher,
Numa diversão demoníaca sem ouvir meus lamentos.
Acende-se a luz e termina o espetáculo
Ninguém bate palmas
Silêncio profundo.


LETÍCIA DE JESUS SOUZA FARIA
Laje do Muriaé (RJ) Brasil

O NEGÓCIO É BRINCAR 

Em uma noite qualquer
brincando de pega-pega
com tu, ele ou ela
não importa
o negócio é brincar.

Patins, skate ou bicicleta
brincando a noite toda lá na praça
quero mesmo é ser grande atleta
com meu esforço e minha raça.

Brinca dali, brinca de lá
o negócio é brincar
na piscina em natação
ou futebol, batendo um bolão

Não ouso interromper
o que de minha cabeça pode ou não ser
deitada na cama me encontro acordada
era um sonho, que enrascada!
Mas quando eu dormir de novo
não me interessa do que vou brincar
porque, tanto faz
o melhor de sonhar,
é depois realizar.

(Letícia de Jesus Souza Faria)

LUIZ POETA

TEMPO DE UMA AUSÊNCIA ATEMPORAL

Luiz Gilberto de Barros – Luiz Poeta
às 8 h e 34 min do dia 13 de janeiro de 2014 do Rio de Janeiro,
Por ocasião da partida de Marly Marley

A cada vez que alguém se vai, seja quem for,
Que proporcione uma saudade, qualquer uma,
O coração resgata a dor que mostra, em suma,
Um pedacinho especial de algum amor.

A intensidade desse dano em cada ser,
Mesmo pequena, recupera a humanidade
De um coração carente de fraternidade
Que o ser humano, por si só, demonstra ter.

Conforme o tempo implacável vai passando,
Cada pessoa que envelhece faz do quando
Bem mais que uma conjunção...”atemporal”...

Pois esses seres indeléveis que se vão,
Vão preparando cada velho coração
Para ausentar-se do seu tempo...  especial.

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A COBRINHA QUE ERA FALSA

          Era uma cobrinha simplesmente linda. O vermelho das escamas servia de fundo para listras brancas, pretas e amarelas. Quando mirava-se no espelho das águas, ficava se admirando por um longo tempo.
         - Puxa… eu sou muito bonita…
         Eta cobra narcisista, meu Deus!
     Bem que a cascavel fazia muito barulho para mostrar-se, mas ninguém chegava perto dela. Pelo contrário, passavam longe. Acho que era professora de música daquelas que gostam de percussão, Mas era muito temperamental e quando alguém incomodava os seus ensaios com o chocalho que tinha na ponta do rabo, abria logo aquele bocão e dava um murro com a boca no curioso. Parecia até um lutador de MMA.
      A jararaca enrolava-se toda, parecia até que sentia muito frio. Também, só vivia nas sombras e até quando ficava no sol, parecia uma corda dobrada. Era outra geniosa e bastava uma bichinho descuidado pisar no seu rabo e pronto: pulava em cima dele.
       A cobra cipozinha disfarçava-se no meio das folhas e troncos; parecia até um camaleão. Algumas eram verdinhas e até bonitinhas e quando alguém as via, tomava um susto danado! Elas são chamadas de brasileirinhas, porque têm a barriga amarelinha e as costas verdes.
      A jibóia tinha a mania de ficar abraçando os outros.. . E às vezes com muita força! Chegava a ser inconveniente. Uma vez até um veadinho foi abraçado por ela. Se não chega um caçador, o bichinho teria sido esmagado. A Jibóia émuito possessiva. Mas acho que é por isso que alguns humanos gostam delas (humanos adoram abraços )
      Agora, a sucuri parece que não faz dieta. É enorme! Fica o dia inteiro no rio ou no brejo. Ai daquele que se arrisque a nadar perto dela. Ela dá um bote daqueles bem grandes e rápidos. Enrosca-se no pobre coitado que não sai dali mesmo. Depois o come! Que graça tem isso? E tem um bocão danado! Vai engolindo, engolindo, engolindo… e não sobra nada do outro. Não sei como consegue. Às vezes come bichos maiores do que ela! É muito egoísta. Quer tudo para si e se acha a dona do pedaço (alias, acho que é a dona sim, porque só mesmo os desavisados nadam ou pastam perto dela).
      - Mas eu… eu sou lindinha! – admirava-se a cobrinha - Mamãe me ama e papai também!
     E a cobrinha ia toda serelepe caminhando pelo jardim. Quando passeava por uma graminha aparada é que aparecia mais. Ela adorava!
     - Ah… esqueci de dizer: - Meu nome é Coralina.
    Quando atravessou a calçada, aí que ela apareceu mais. Quando percebeu isso, rebolou mais ainda e foi fazendo a letra esse no chão com muito charme. Uma menina a viu e se aproximou. Era linda: tinha os olhos azuizinhos como as peninhas da ararinha azul! Devia ter uns três aninhos.
     Puxa, a cobrinha ficou muito feliz com a chegada da garotinha e quis muito que ela a pegasse.
   E a menininha não se fez de rogada, segurou no rabinho da cobrinha, colocou-a na palma da mão e acariciou-a. A cobrinha ficou muito feliz mesmo e enrolou-se no seu pescocinho imitando um colar. Era um colar lindíssimo: branco, amarelo, vermelho. E como brilhava!
     A menininha ria muito e seus dentinhos contrastavam com as cores berrantes da cobrinha.
   Puxa! Como é lindo o sorriso inocente das crianças – pensava a cobrinha, enquanto passeava pela menina. Fez uma tiara nos seus cabelos, uma pulseirinha num dos seus bracinhos… até um brinquinho, deixando seu rabinho pendurado junto ao lóbulo de uma de suas orelhinhas.
    -Tá fazendo cosquinha! – e a menininha ria muito mesmo!
   A cobrinha, por sua vez, também se divertia e parecia até um cachorrinho poodle deitado de perninhas para cima. É claro que cobras não têm pernas e andam se arrastando.
   Estava tudo muito agradável beirando os limites do sonho, quando chegou um adulto. Era uma mulher jovem e tão escandalosa, que começou a gritar quando viu o bichinho. A cobrinha e a menina se assustaram e a garotinha começou a chorar.
    - Socorro! – gritava a adulta desvairada.
    - Uma cobra enorme!
    Que mulher mentirosa! A cobrinha não tinha nem vinte centímetros!
    - É uma coral! Acudam!
   - Coral, não, Coralina! Esse é o meu nome! – ciciava a reptilzinha (esqueci de dizer, mas ela era uma menininha também).
    A mulher estava histérica. A cobrinha não entendia nada.
    Em um segundo, vários adultos – e até um cachorro estavam ali.
    - Cuidado, gente, ela pode picar a garota!
    - É venenosa!
   De repente, alguém teve a infeliz ideia de pegar uma sandália havaiana e bater no corpinho da menina, tentando atingir a cobrinha.
    Foi à gota d’água e a garotinha começou a chorar mais ainda, com uma espantosas vermelhidão sobre a coxinha.
   A cobrinha ficou revoltada e imitou a jararaca: enrolou-se como uma cordinha e preparou o bote: começou a desferir soquinhos inofensivos cm a boca em todos que se aproximassem. A cada investida, corria todo mundo e a menininha achou tão engraçado que voltou a rir. E enquanto ela ria, todos choravam.
    -Que coisa estranha, pensou a viborazinha. Os humanos são muito complicados.
   Porém, a cobrinha se divertia com a garotinha e continuava a dar botinhos, embora nem presas tivesse ainda.
   Foi uma cena perigosamente linda porque todos temiam que a cobrinha picasse mesmo a menina.
  Alguém ligou para a Defesa Civil e para um hospital. A cobrinha assustou-se com as sirenes. Até um policial veio junto com os médicos. Ele era muito alto e forte e a cobrinha enroscou-se mais ainda - agora com medo.
   Um homem de uniforme marrom calçou uma luva de couro e deu um bote na direção da cobrinha, mas ela foi esperta, pulou no pescocinho da menina e se escondeu entre as suas madeixas.
  Novamente, o socorrista e as pessoas que o acompanhavam recuaram. A cobrinha estavam com mais medo ainda, até que a menininha gritou:
   - Ela é minha !
   Houve um silêncio geral quando a garotinha retirou a cobrinha dos cabelos, colocou-a nas mãozinhas e começo a acariciá-la.



LUIS DA MOTA FILIPE
Sintra-Portugal

MOMENTOS PRIMAVERIS

Os momentos primaveris…
Ganham vida noutras cores,
Ficam vivos com mais tons,
São tempos de mil amores,
Doce suavidade de sons.
Os momentos primaveris…
Fazem florescer paixões,
Perfumando as nossas vidas,
E dando luz aos corações,
São desejadas e queridas.
Os momentos primaveris…
São de beirais enfeitados,
Com pardais e andorinhas,
E de campos salpicados,
De papoilas vermelhinhas.
Os momentos primaveris…
Enchem canteiros de rosas,
Flores de belezas apreciadas,
Presentes eleitos das moças,
E das almas apaixonadas.

 Luis da Mota Filipe.
In: geoGRAFIA do Silêncio, Ed. Edium Editores, 2010.

BIOGRAFIA

          LUÍS ANTÓNIO SILVESTRE DA MOTA FILIPE, nasceu em Lisboa a 7 de Agosto de 1970 e vive em Anços (Montelavar – Sintra). Editou os livros de poesia: “O Despertar dos Sentidos” numa edição de autor em 2008, “geoGRAFIA do Silêncio” pela Edium Editores em 2010 e “Sentimento Maior” pela Chiado Editora em 2012; tendo ainda participado em várias colectâneas e antologias. Conta com alguns prémios e menções honrosas, desde que criou o seu primeiro poema no ano de 1991. É sócio da Associação Portuguesa de Poetas.

LUIZ ANTONIO SOUTO
Cerquilho(SP) Brasil

A DISTÂNCIA
11/04/2006

Às vezes a distância é bem-vinda,
Pois ao lembrar-me de você, tão linda
E saber que estás tão distante
A trair-me tão desavergonhadamente,
Constato com amargura e tristemente
Que a paixão aumenta a cada instante.

E por estar tão separado
Não devia estar tão enamorado,
Mas vá explicar isso ao coração.
Essa coisa parece não ter cura
Estou no limite da loucura,
Se ao menos me socorresse a razão.

A cada minuto eu morro um pouco.
Meu Deus que coisa de louco
Não sei como isso foi me acontecer.
De tudo eu já tentei,
A muitos santos rezei,
Mas eu não consigo te esquecer.

Minha única esperança é a distância
De apaziguar toda minha ânsia.
Oh! Vida cruel e sem fim,
Bem feito disse alguém, num certo dia,
E como ouvir isso me judia:
Quem mandou amar tanto assim?

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TENTEI CHAMAR SUA ATENÇÃO
02.04.2011

Perturbei quem ao lado sossegado estava
E fiz de tudo para chamar sua atenção,
Mas só você não me enxergava...
Desisti, diante de minha desilusão.

O que mais eu precisava ter feito
Para conseguir o meu intento?
Não atinei nenhum ato perfeito,
Não vislumbrei uma luz, naquele momento.

Tentei até o impossível,
Mas tudo que fiz você nem notou...
Qualquer outra coisa teria feito também,

Mas para você eu era invisível...
Muito triste,... Mas o que me confortou,
Você também não ficou com ninguém!!!

Luiz Antonio Souto

LUIZ ANTONIO SOUTO – Natural de Cerquilho (SP) Brasil, aposentado em 2012 como Tabelião, fui morar uns tempos em João Pessoa-PB., onde me encantei com a poesia nordestina e pensei: também vou escrever... e nunca mais parei. Tenho organizado saraus artísticos-literários, em minha terra (o sexto agora em março 2014) e participado em eventos em cidades vizinhas e do Portal Cen. Tenho uma ligeira preferência em sonetos clássicos italianos. Tudo que escrevo publico imediatamente do meu Facebook “Luiz Antonio Souto” e tempos atrás eu tinha um blog no UOL, onde publiquei alguns escritos, experimentais na época:  http://luiz.souto.zip.net/

MARIA TOMASIA
Rio de Janeiro

SE NÃO FOSSE
 09/2013

A tua chegada à minha vida
eu não sei o que seria de mim;
estaria totalmente perdida
e veria chegar o  meu fim.

Eu não conheceria a poesia
nem saberia o que é inspiração.
Não sentiria mais alegria,
ao meu redor só veria solidão.

Se por vezes demonstrei sofrer,
foi por te amar em demasia.
Era tanto medo de te perder,
que me causava grande agonia.

De ti nunca vou me afastar,
porque sentiria uma imensa dor.
Saibas que pela vida inteira vou te amar,
por isso nunca duvides deste amor.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
  
LINDO SOL DA MANHÃ
 12/08/13

Sol da manhã, como és lindo!
Tu aqueces com suavidade,
por isso és sempre bem-vindo.
De ti, sinto muita necessidade. 

Quando eu era bem criança,
olhava-te  com embevecimento.
Ficaste na minha lembrança,
pela beleza daquele momento.

 Pensava que tu eras fio de ouro
e com minhas mãos te pegaria.
Então eu teria valioso tesouro
e a pobreza jamais conheceria.

Tu exerces fascínio sobre mim;
levanto-me cedo só para te ver.
É tão bom começar o dia assim;
deito-me sob ti para me aquecer.

MARIA MENDES CORRÊA

A LENDA DO ESCONDERIJO DO AMOR.

      Três anjos do mal estavam curiosos: será onde Deus escondeu o amor dos seres humanos, porque a humanidade não mais está usando esta arma forte e poderosa, capaz de vencer todo o mal da terra?
     Os anjos do mal ficaram intrigados, o mal está vencendo o bem!
     Será que os homens esqueceram onde Deus o escondeu?
     A violência, o egoísmo, a inveja é predominante no mundo de hoje. O materialismo é o bem mais cobiçado. Dinheiro, poder, posição social, é tudo que  a humanidade procura do amor poucos se lembram.
     Satisfeitos, os anjos do mal, resolveram iniciar a sua procura, para destruí-lo de vez ou esconde-lo  ainda mais da humanidade.
      Um deles disse:
      _ Ele pode estar no fundo do mar, é um lugar perfeito, lá os humanos dizem ter  tantas maravilhas, que Deus provavelmente o escondeu por lá.
      Em vão procurou-o nos peixes, nas ostras, nas plantas marinhas, enfim todo o submerso aquático foi vasculhado, mas nada foi encontrado...
     _ Tenho uma idéia disse o outro, no universo, lá é o lugar ideal, o céu, as estrelas, a lua, o sol, as galáxias. Foi lá que Deus  provavelmente o escondeu, é o esconderijo perfeito.
     Começaram a busca na beleza infinita do universo. Nada...
     O sol, a lua e as estrelas diminuíram o seu brilho e sua beleza infinita.
     Houve um grande eclipse... Mas os anjos do mal nada encontraram por lá.
     _ Está na fauna e na flora, entre as plantas e os animais, é lá na terra, os homens vivem lá e Deus quer que eles encontrem e espalhem o amor entre eles.
     Vamos á sua procura, disse o terceiro.
     Os animais e as plantas sofreram a interferência do mal, alguns animais  adoeceram e  muitas flores murcharam e  perderam sua beleza e perfume. Mas o maravilhoso sentimento não foi encontrado por lá.
    _Já sei, Deus o escondeu nas planícies e montanhas, está entre as rochas.
    Tudo foi vasculhado, canto a canto. A terra começou a tremer. Em muitos pontos houve inclusive desmoronamentos.
    Deus via tudo e ficava aflito com tanta devastação, mas logo  despreocupou.
     Ele sabia que o amor estava em um lugar muito seguro, íngreme e ao mesmo tempo maravilhoso. A mina onde se encontrava o tesouro é  no coração das pessoas. Só ali dentro do órgão vital de cada ser humano poderia ficar algo tão valioso quanto o amor.
    Deus acreditando no amor dos seus filhos, não teve dúvida do local perfeito.
    Mas Ele se encontra triste, sabe que os seres humanos estão se esquecendo do tesouro oculto  e anseia que cada um descubra-o e espalhe a toda a humanidade, para que o bem vença o mal.
    Deus quer que cada um olhe bem  dentro do seu coração, encontre essa força e valorize o maior tesouro que pode ofertar ao ser humano. Ele é a razão de toda felicidade.
    Muitos humanos estão esquecendo o caminho do tesouro, perdidos em seu próprio ser. Estão procurando onde está escondido o amor, esquecendo  de olhar pra dentro de si mesmo. Estão como os anjos do mal, buscando fora o que se encontra dentro. Procurando no exterior, o que se encontra no mais profundo interior.
    Deus espera que olhemos para dentro de nós mesmos e encontremos algo  muito mais maravilhoso que a beleza   do universo,  que as planícies e montanhas, as águas cristalinas, os mares, rios e cachoeiras, mais lindo que  a magia da flora e o encanto da fauna. Para descobri-lo, basta garimpar pela mina onde está o esconderijo perfeito de Deus, onde Ele pensou ser o lugar ideal para guardar o  mais rico e belo  tesouro da humanidade.

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REFLEXÃO

         Dia após dia  Deus sussurra  baixinho no ouvido de cada um ,para que nenhum anjo do mal ouça:
         _Filho, o  seu coração é o maior esconderijo do mundo, por isso escondi aí um grande tesouro...
         Ele é mais infinito que o céu e mais forte que o mar.
Seu nome é Amor...
Ele não gosta de ficar trancado...
È mágico...
Quanto mais dividi-lo, mais ele se multiplicará.
Será como uma planta terá raízes, caule, flores, frutos e sementes...
E a semente  será eterna...
Existirá sempre na humanidade.
O amor que tiver solo fértil,germinará ,nascerá, crescerá e se multiplicará...
Terá o brilho mais rico que o ouro...
Será mais belo que qualquer diamante e valerá mais que qualquer pedra preciosa do mundo...
Ninguém poderá roubá-lo, pois só você conhecerá o segredo das pedrinhas preciosas escondidas dentro da encantadora mina, que é o seu coração, onde se esconde o  grande tesouro de Deus  e seu: O AMOR.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/MARIA_MENDES_CORREA.htm



MARIA DE LOURDES SCOTTINI HEIDEN
Blumenau - SC  - Brasil

BANCO DE JARDIM

Num banco de jardim
Improviso a primavera
Antes que a tristeza brote.

No verde que me assiste
Criador e criatura se completam.
E o paraíso surge.

Era este o sonho...
Ou não?

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TRANSITÓRIO

Tudo é transitório.
O sol esconde a sua face
E eu me encolho em minha tristeza.

A penumbra engole a luz
E as sombras reprimem
Partes de mim.

Uma avalanche de ideias
Soterra os meus desejos:
Não sei o que fazer.

Esta imprecisão das coisas
Assombra o que sou
E gera o que não quero.

É preciso fugir
Dos sacrifícios de toda hora
Com assinatura dos céus.

Sem nenhuma pretensão
Passear no jardim
E colher poesia.

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BIOGRAFIA

MARIA DE LOURDES SCOTTINI HEIDEN, filha de Carmelo Scottini  e Olga da Rocha Scottini. Nasceu em Ilhota  no dia 19/03/1962, mas vive em Blumenau há  25 anos. É mãe de três filhos: Gabrielle, Marina e Matheus. Formada em Letras pela FURB – Universidade Regional de Blumenau. Escreve poesias, contos infantis, romances e mensagens desde os onze anos de idade. Tem 15 livros publicados. Através do Projeto “Poeta Aprendiz” elaborou com os alunos da E.B.M. Vidal Ramos cinco  livros de poesias. O último foi lançado em 2011.
http://maluscottinih.blogspot.com.br/p/poesias.html



MARIA MOREIRA
AINDA É CEDO

Acordei de um sono bom
Em meio às luzes cintilantes
Lá estou pequena a clarear
Desde bem cedo no levante

Em pleno vôo ao por do sol
Imigrante de destino ignorado
Sou retirante que navega
Nas correntezas apressada

Ainda ė cedo amor,
Vamos juntar a realidade
De momentos que sobraram
E embrulhá-los no laço da saudade

Partir é desmontar ou destruir.
Não é chegada à hora. Ainda não!
Cola os cacos, dê sossego ao coração.
Vê se despressuriza essa pressão!

E cedo, bem cedo para o final!
Como o beijo na face do amanhã
Para juntarmos ao anoitecer.
De almas gêmeas ou irmãs

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/MARIA_MOREIRA.htm


MARIA JOÃO

RAZÕES PARA A RAZÃO DO NASCIMENTO DO POEMA
02.02.2014  -  09.58h

(Soneto em decassílabo heróico)

Agita-se no ar, sonda a razão,
Decide-se a nascer e, num rompante,
Acrescenta-se à carne e faz-se mão,
Mudando a direcção do próprio instante

Por vezes, já senhor da situação,
Desdobra-se e, crescendo triunfante,
Não mede mais razão que a sensação
De ousar uma função muito importante…

Assim nasce o poema, assim me doma
Com força de que eu própria desconheço
Razões pr`á compulsão de que me toma

Ao gerar sensações que já nem meço,
Pois dá-se em mil razões, mais mil lhes soma,
E impõe-me sempre mais que as que eu lhe peço…

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Maria_Joao_Brito_de_Sousa.htm


MARIA JOSÉ STARLING

ROSA EM LÁGRIMAS

Por que choras minha rosa?
Pelo perfume que já não exalas?
És a rosa da paixão
Dos enamorados eternos.

Choras, porque por causa
De alguém...
Fostes traída?
Se o foi, não o foi por ti.

Bem sei por quem...
E guardo o segredo
Que hoje revelo somente
A ti.

Foi por uma alma cínica
Que às gargalhadas
Era feita somente de risos
E de falsas promessas...

Um rouxinol que te beijava
Quando te viu nascer
Disse-me hoje:

A traição veio com o sol poente
Daquele que não ama nem a si.
Quanto mais a ti ou a quem
Fingiu amar e...
Ter se enamorado.

Portanto, minha rosa,
Ainda és a rainha da paixão
Que sempre quando ofertada:

Farás a alegria dos verdadeiros
Enamorados e apaixonados
Pois és o símbolo
Do puro e belo amor...

Moras na alma e no coração...
No coração que Deus talhou
Feito do mais luminoso ouro...
Purificado pelo amor que exalas
E que com sua cor rubra como o sangue

Lembras o cálice de vinho
Perfumado e rubro
Que todos os dias é ofertado

No altar daqueles que realmente
Sabem como e a quem amar
Oferecendo-se sempre em sacrifício

De um amor Divino e puro
Tal qual o amor verdadeiro
Imolado por nós na cruz de um
Intenso mas doce sofrimento

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

SERIA TÃO DIFERENTE...

Seria tão diferente
se os sonhos de que a gente gosta
não terminassem tão de repente...

Seria tão diferente
se os bons momentos da vida
durassem eternamente...

Seria tão diferente
se a gente de que a gente gosta
gostasse um pouco da gente...

Seria tão diferente
se quando a gente chorasse,
fosse só de contente...

Seria tão diferente,
se a gente que a gente ama
sentisse o que a gente sente...

Mas... É tudo tão diferente...!
Os sonhos de que a gente gosta
terminam tão de repente...

Os bons momentos da vida
não duram eternamente...
A gente de que a gente gosta nem
sempre gosta da gente...

Das vezes que a gente chora,
poucas vezes são de contente...
E a gente que a gente ama
não sente o mesmo que a gente...

Mas... Poderia ser tão diferente...!
Dê-se uma chance de ser diferente...!
Tente, ouse, opte pela Felicidade aí será diferente.

"Feliz aquele que acredita em seus Sonhos, pois só assim poderá realizar seus vôos plenamente..."

MARIA JOSÉ STARLING, formada em Direito pela UFES - Universidade Federal do Espírito Santo em 1985. Fez concurso para Juíza de Direito em 1987, tirando 2º lugar na 1ª etapa.  Co-autora do livro: “Crime Tratamento Sem Prisão” de João Batista Herkenhoff. Tendo duas crônicas: “VIDA (VIE) E FELICIDADE (BONHEUR)” publicadas na França no Livro: LES PLUS BEAUX HORIZONS DE LA POÉSIE ET DE LA PROSE, em 2013. De seu acervo literário possui ainda mais de 50 crônicas para serem publicadas.


MARIO REZENDE

COMPULSÃO

Quando adentra pela janela
a luz do dia,
já me encontra pensando em ti.
O sol a pino é testemunha
das imagens que me habitam 
na tua ausência.
O clarão vespertino
que segue o por do sol
nunca se foi sem saber
que és personagem perambulando
nos meus pensamentos.
Nas trevas da noite
és o fogo que ilumina
os meus sonhos.
Isso o que é, senão amor?

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

BIANCA

         A noite precoce preparava-se para deitar sobre a fabulosa cidade e todas as luzes começavam a cintilar como uma incomensurável galáxia. A Dra. Bianca Ramos, também, no fim de um dia de consultas complicadas, ansiava por desvestir as roupas sóbrias.
        Ela não sabia por que, de vez em quando, ao final do expediente diário, sentia uma necessidade enorme de descansar, aparentemente para refazer suas energias depois das sessões complicadas com seus pacientes problemáticos.
        Deitava-se então, inteiramente nua, sem o empecilho das roupas do cotidiano, que escondiam o corpo perfeito, esguio, firme e ao mesmo tempo macio, sensível, ainda intocado por outras mãos, apesar de balzaquiana. O seu próprio toque lhe agradava muito, o que lhe causava medo. Ligava o som ambiente para ouvir música romântica e relaxar. Assim, adormecia, no divã do seu consultório de Psicanalista.
      Sempre que isso acontecia, curiosamente, nunca se lembrava do que fazia a partir do exato instante em que se desligava no seu consultório. Mas ela nunca se importara muito com isso. Acordava no dia seguinte deitada na sua cama, no aconchegante apartamento de solteira, nua como estava quando adormeceu, mas renovada, bem disposta. E assim foi, também, naquela noite.
      Quando deixava o apartamento para mais um dia de trabalho na manhã seguinte, um dia fresco e ensolarado de outono, abriu a bolsa para guardar as chaves e encontrou um bilhete escrito em papel próprio com o timbre de um hotel chamado Barra Mar, onde estava escrito o seguinte:

 “Obrigada Oriana, pela inesquecível noite de prazer.
Beijos”,
Marcia e Rafael.


ORIANA

      Oriana despertou naquela noite, pouco depois das vinte horas, com a nítida impressão que tinha ouvido o toque do telefone. Sempre tirava um cochilo após o expediente quando tinha algum programa para fazer à noite.
      Psicanalista, solteira, beirando os trinta anos, tinha o corpo perfeito, daqueles que classificamos escultural, chamava para si a atenção quando chegava a qualquer lugar. Levantou-se, nua, como costumava dormir e estava sentindo-se extremamente excitada, melhor assim, o relato de algum paciente daquele dia devia ter provocado a sua libido, pelo que chamam, se não me engano, o mecanismo da transferência.
      Foi examinar a sua caixa de mensagens. Existiam quatro novas: uma da sua mãe que mora no interior do estado, outra de empresa oferecendo produtos, que foi imediatamente apagada. As demais eram mensagens de interessados em fazer programas. Uma delas de um homem de passagem pela cidade, a negócios, que foi indicado por alguém.  Outra era de uma mulher chamada Marcia. Notou que estava repetindo a mensagem três dias seguidos, parecia estar muito ansiosa por conhecê-la. Queria um encontro para aquela noite.
      Preferiu responder à mensagem da mulher, porque ela estava propondo um programa a três, também porque gostava muito quando tinha mulher envolvida, e naquela noite tudo estava acontecendo de maneira muito especial, aumentando as suas expectativas.
      Ligou imediatamente para o número do telefone indicado e combinaram o encontro em um hotel chamado Barra Mar. Informou o número da conta bancária de um orfanato onde deveria ser feito o depósito da quantia combinada e foi logo tomar uma ducha na suíte do consultório, ansiosa pela noite que se anunciava.
      Márcia veio recebê-la à porta do apartamento e a cumprimentou com um belo sorriso e um selinho nos lábios. Era uma morena muito bonita, aparentando cerca de vinte e oito anos. Oriana sentiu, de imediato, o calor que irradiava do corpo sob o vestidinho de tecido fino. Foram para a saleta onde foi apresentada a Rafael. Ele devia ter trinta anos e estava usando uma camiseta que permitia adivinhar o corpo malhado. Era, enfim, um casal bem adequado ao seu desejo, como seu corpo estava pedindo naquela noite.
      Checou o comprovante de depósito, devolveu-o  para Marcia e deu as informações que costumava, relativas ao que ela não permitia que fizessem: apertassem os seios que eram perfeitos ou fizessem marcas de qualquer tipo e que também não praticava sadomasoquismo, de resto, poderiam usufruir do seu corpo que era uma fábrica de prazer.
      Aquela noite foi além das expectativas. Estava exausta quando deixou o casal na cama e foi tomar uma ducha. Despediram-se, e Oriana saiu para a madrugada fria, doida para se enfiar embaixo do cobertor. 




MICHELLE FRANZINI ZANIN
Araraquara(SP) Brasil

BORBOLETA.

Voa leve como o vento, voa com alegria,
Voa como se não importasse o resto,
Mostra para o mundo a beleza contida em cores.
Voa borboleta, leva alegria para os tristes, cores para os cegos, esperança para os que não a tem.
Mostra à humanidade a simplicidade presente em ti e como a vida pode ser leve como o bater de tuas asas.
Ensina ás pessoas que mesmo nas coisas mais simples que passam despercebidas há muito que se admirar e aprender.
Mostra as coisas além das aparências e nos ensina que mesmo nos seres mais feios há beleza, basta apenas se entrega à metamorfose.
Ensina que na vida sempre existem flores mais coloridas, campos mais verdes e com paciência se consegue chegar longe.
Voa pela alma daqueles que se deixaram cegar por não perceber a luz e ensina à humanidade que, sempre, após o inverno vem o verão trazendo raios de sol.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
AMOR ESPETACULAR

Amor de cinema
Amor de novela
Um espetáculo a parte
Quente como o teatro
Pronto para ser vivido
Brota no peito de forma discreta
Como quem não quer nada
De repente toma conta de tudo
Só depende de mim e de ti para ser protagonizado
Sempre sonhei com este momento
Sempre quis saber o significado de afeição
Só sei que te amo
Sei que te zelo
Quero vivenciar este momento
Vamos nos despir
Deixar o amor fluir
Fazer um belo espetáculo com o intuito de ser aplaudido
Estamos escrevendo nosso destino
Vivendo uma paixão de despertar inveja na pobre Julieta
Nosso amor é intenso
Domina tudo ao redor
Ao nos beijarmos conseguimos tocar a alma um do outro
Somos uma obra à parte
Um dia iremos despertar a libido na doce menina

Michelle Franzini Zanin

BIOGRAFIA:

      MICHELLE FRANZINI ZANIN, paulista de Araraquara, nasceu em 1994, é escritora e poetisa brasileira. Recebeu o Título de Cidadã Benemérita de Araraquara como Escritora e Poetisa, pelo seu projeto Cultural Caminhando com a Literatura e com a Paz, que consiste em palestras nas escolas públicas, particulares, instituições filantrópicas e instituições corporativas. Estudante de jornalismo. Autora da antologia poética Vida. Editora Zerocriativa /2012. Membro de várias Instituições Culturais Brasileiras e Internacionais. Delegada Cultural do CONINTER – CONAHCLA. Cônsul dos Poetas Del Mundo.




MAURICIO DUARTE (DIVYAM ANURAGI)

POR MAIS QUE SEJA...

Por mais pesada que seja a mão,
sempre há de afagar algum dia.
Espelhos de nossas desventuras,
as luzes da cidade, à noite,
são apenas mais uma testemunha
da nossa violência.
Por mais excessivo que seja o ódio,
sempre há de amar algum dia.
Milhares já nasceram e morreram
desde que o primeiro homem veio à essa Terra,
mas nenhum deles verá a grande explosão
de alegria e dor, quando do nascimento da paz.
Por mais esquecida que seja a esperança,
sempre há de existir enquanto a guardarmos.
Não há nada que se possa fazer pelo homem
no seu atual estágio de evolução.
Apenas esperar e esperar até que a poeira assente
e, dos escombros do passado, surja o novo.
Por mais desesperada que seja a causa
Sempre há de valer a pena carregá-la,
porque nunca houve um só dissidente
que não sonhasse em voltar para casa
e nenhum sonhador que não sonhasse
um futuro melhor para si e para a humanidade.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
VOCÊ

Você é o engulho que me dá
quando passo pelo mar.
Você é o engasgar que me acomete
quando como apressado.
Você é o tropeção que me surpreende
quando ando sem cuidado.
Você é a topada no pé que me dói
quando esqueço de olhar para baixo.
Você é a mosca na sopa que cai
quando estou a saboreá-la.
Você é a quimera das dores
que se esgarça
por entre as minhas pernas
no meu pênis.
Você é o meu chafurdar na lama
de porcos doentes no quintal.
Você é a fábula de nomes
e datas que, infinda, jaz inerte
quando se desfraldam
a lista dos culpados.
Você é a liberdade vigiada
dos presos em agonia assistida
no cárcere da vida.
Você é o respeito morto
pelos cadáveres de homens públicos
que viram nomes de praça.
Você é o roçagante andar,
trôpego da mulher,
depois de um estupro.
Você sou eu
que esforça-se por ser normal,
enquanto lances de jogadas sinistras
são desferidos no tabuleiro de xadrez
do Deus de barbas longas da Bíblia.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


BIOGRAFIA

          MAURICIO DUARTE é natural de Niterói, RJ. Escritor, poeta, artista visual e ilustrador, é formado em Desenho Industrial – Programação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ. Tem duas antologias de contos publicadas sob demanda: Conspiração Literária e Conspiração Quadrinhográfica, além das coletâneas de poemas, Poesia Brutista, Simultaneísta e Estática ; Pedaços de uma vida . antologia de poesia e O teu silêncio gritou . Antologia de poesia. Concluiu o curso de Produção Textual com a poeta Maria Regina Moura na editora Canteiros. Foi premiado pela ABD com medalhas de prata e de destaque concernentes a sua participação em salões de arte e literatura como poeta. Foi premiado também com a menção honrosa em poesia no XXXV Concurso Hermando Continentes da Argentina. Foi premiado ainda, com a menção honrosa, no XXIV Concurso de Poesia da ALAP em dezembro de 2013. Participa desde dezembro de 2013 da Ordem dos Poetas do Brasil. É membro também da Ordem dos Gregários. Atualmente participa também do desafio Romance Brasil, para mim basta um dia, do Núcleo de literatura da Câmara dos Deputados de Brasília, o site Desafios dos escritores com o romance OS ARCANOS de sua autoria.


MOYSÉS BARBOSA

AINDA BEM...

Em julho, dois mil e nove, completei
Meu Jubileu de Ouro de Poesia
Mas tenho andado meio acabrunhado
Não tenho o amor que eu queria

Em Brasília, uma grande surpresa
Requintada e valiosa lauda recebi
Mérito Carlos Drummond de Andrade
Mas foi o dia que muito mais sofri

O amor que sempre almejei, onde está
Fico me indagando, sofro, quero paz
Minhas poesias estão de mal comigo
Por isso versos... não os farei mais

Mas mesmo assim veio outro prêmio
Honra ao Mérito Luis Vaz de Camões
Continuo triste, me sinto abandonado
Quero um amor inteiro e não porções

Ó vida!, pra que servem os meus versos
Tão elogiados em todos os lugares
Por grandes nomes da versificação
Por poetas, mestres, juízes, catedráticos
No Brasil todo e até além dos mares
Se não expulsam de mim esta aflição

De que adianta maior reconhecimento
Me concederam o Prêmio Jorge Amado
Pois não me fez receber o amor dela
Que parece estar longe, passa ao lado

Onde andas? Onde estás? Eis o meu grito!
Não é ouvido, nem mesmo eco produz
Apesar d’ eu ser Doutor em Poesia Barroca
É titulo cobiçado, veio da Universidade
Mas soluçante estou, sem paz, sem luz
Deve ser fraca minha escrita, talvez oca

Dizem, de novo vão me conceder prêmio
De onde vem, o que é, só quero ver
Recusarei – perdoem-me - outra diplomação
Antevejo algo que realize meu desejo
Este o maior prêmio que agora vou querer
Ela me entregando um troféu... seu coração

Ó horrenda ansiedade! Veja se me larga
Pois poderá até levar-me à morte
Sussurrando em meu ouvido: fracassou
Ouço um barulho, acordo que prazer
Tive um sonho, ainda bem, eu tenho é sorte
Ivanir este troféu, o primeiro, já me entregou

Agora vivendo a realidade... que alegria
Retomo meus versos com maior vigor
(Vou esquecer este sonho de agonia)
Pra Ivanir, minha esposa há 40 anos
Nós dois somos um... sem tristeza ou dor
No sonho era ela o amor que eu queria

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Moyses_Barbosa.htm



MARCUS RIOS

OBRIGADO POR ME AMAR

Muitas das vezes
É difícil para mim dizer
As coisas que eu quero
Apenas dizer e não encontro
Ninguém perto de mim para
Poder dizer o que sinto realmente.
O que eu tenho para lhe dar
Meu amor é apenas o meu
Amor junto ao meu carinho.
Obrigado por me amar
Por estar sempre ao meu lado,
Por ser esta mulher que
Tanto luta comigo nesta batalha do
Dia a dia aonde enfrentamos
Diversos tipos de preconceitos.
Obrigado por me amar,
Por serem apenas meus olhos,
Quando na escuridão eu me
Encontrava e você me guiava
Para que eu pudesse vencer,
Obrigado por ter conseguido
Abrir meus lábios quando eu
Mais precisava ali estava
Você me dando força meu amor.
Em minha vida apenas sonho tive,
Mas sonho que me levariam
Até você este sim nunca tive,
E agora quando eu olho
Diretamente dentro de teus olhos,
O céu para mim fica lindo
E eu sorrindo-me encontro
Quando penso em ti meu amor.
A cada caída que dou,
Você me estende a mão e me ergue,
Você marca as mais lindas presenças
A cada dia de minha vida,
E por isto eu sempre te agradeço
De todo o meu coração,
Obrigado por me amar.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

AMOR VERDADEIRO

Eu sempre estarei do teu lado
Mesmo nos momentos tristes,
Não quero ouvir a tua despedida,
Para que o meu coração
Sangrando caia por terra,
E você me fala que o teu amor
Por mim e verdadeiro e que
Não vive sem mim e agora
Vem se despedir de mim,
Sem ao menos eu saber
O motivo desta tua partida.
Você diz que tens chorado
Por mim todos os dias,
E nem perceber que por ti
Quase me afoguei em minhas
Lágrimas pensando apenas
Em nunca te perder e ter
Você somente perto de mim.
estarei sempre perto de ti
Ao teu lado para poder
Dizer esta cinco palavras
Que eu juro ainda vou
Dizer-te para você se sentir
Amada por mim que sempre
Estarei ao teu lado,
Pois descobri que palavras
Nunca podem dizer o que
O amor pode fazer por nos dois.
Você sabe amor que tivemos
Lindos momentos de felicidade
E se você quiser eu quero
Apenas ser teu namorado
Para que juntos possamos
Caminhar lado a lado,
Junto à felicidade de mãos dadas.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Marcus_Rios.htm



MALUDE MACIEL

TROTE É CRIME

          Muitas pessoas têm sido vítimas dessa modalidade de crime, porém nem todas têm consciência da gravidade dessa prática e levam até como brincadeira de mau gosto e só. Tudo pode começar como uma piada, no entanto, cada dia vem se complicando e prejudicando a sociedade.

          Crianças e adultos sem ocupação nem educação passam a usar o telefone ligando para o Corpo de Bombeiros ou para a emergência médica, por exemplo, solicitando aqueles serviços como se houvesse necessidade, fraudando a situação, mentindo, tomando o tempo dos profissionais e causando transtorno nas equipes assistenciais em geral que já são precárias e ainda têm que driblar essa falta de responsabilidade no trabalho cotidiano. Uma viatura se deslocando para atender um falso pedido, deixando de socorrer o verdadeiro necessitado, é um desgaste total de tempo, dinheiro, funcionários, sem falar na frustração geral ao saber que a real emergência ficou ao léu podendo até ter sido fatal.

         É lamentável que exista alguém tão gaiato que ache graça nesse tipo de situação e compartilhe com os incautos como se fosse um ato normal, interessante, dando boas gargalhadas. Inconscientes e inconsequentes, com uma mentalidade que não respeita o outro nem observa o mal que pratica.

         É importante denunciar, levar o caso às Delegacias e encarar isso como pura delinquência que deve ser combatida seriamente, com a punição cabível. Existe o DisK Denúncia para isso mesmo.

        Pior ainda quando meliantes também usam a telefonia para extorquir suas vítimas exigindo depósitos bancários, crédito para celulares e outros benefícios pessoais, através de chamadas onde fingem tratar-se de um ente querido da família que esteja sofrendo uma ameaça que só será extinta pelo cumprimento da exigência criminosa. Celulares dentro dos presídios, mesmo com proibição, são usados para essas façanhas, ludibriando a fiscalização e comandando a delinquência à distância. Caso que ainda não foi solucionado, pois visitantes levam telefones aos malfeitores.

         Inúmeras pessoas têm sofrido desses trotes. Umas caem no golpe e outras, mais espertas, certificam-se da trama, desligam ou tomam outras providências. Porém, todas padecem por tais momentos de aflição porque sentir-se lesado é muito desagradável e mexe com os nervos e as emoções humanas negativamente. É um trauma pra toda vida.

        Noticiário recente publicou pesquisa de que apenas 30% das ligações para o Corpo de Bombeiros são verdadeiras, logicamente mais da metade são alarme falso. Deve haver solução para acabar com esses danos, pois a tecnologia possui dispositivos que podem: rastrear, inibir, detectar e sanar tais atitudes.

      Que as autoridades responsáveis não percam tempo e tratem o caso como prioridade, a fim de acabar com esses delitos antes que a moda pegue e a impunidade prevaleça mais uma vez. Basta de tolerância!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Malude_Maciel.htm



MARINA GENTILE
 Salvador (BA) Brasil

A INDIFERENÇA É DOENÇA

Olho para alguém que amo, emoção,
Tudo perfeito, sintonia, organização,
Penso nos demais sem estrutura,
Cuja vida é tão dura.

Nenhuma mágica, muito trabalho,
Tempos de dificuldade e colheita,
Penso nos demais sem opção,
Dominados por oportunistas à espreita.

Poesia, as garras da ganância,
Nos deixa cegos, mudos e surdos,
O resultado é sofrimento e dor.

Ah poesia, sonho elos de oportunidades,
Em todos os cantos, povos e cidades,
Necessitamos trabalho, paz e amor.

Poesia, a indiferença é uma doença,
A ignorância uniu-se com a hipocrisia,
Ah poesia, falta o abraço da sabedoria.

Marina Gentile

BIOGRAFIA

          MARINA GENTILE, pseudônimo literário de Marina Moreno Leite. Nascida em 06.04.1958. Além de brasileira é cidadã espanhola, descendente de imigrantes vindos de Málaga e Cáceres; reside em Salvador – Bahia (Brasil) desde 1982, onde constituiu família. Participou de livros infantís os quais foram traduzidos para francês, inglês e Braille. Tem diversas participações em antologias, mencionadas em seu blog.

www.marinamorenogentile.blogspot.com.br



MÍRIAN WARTTUSCH

OLHOS SEM VIÇO

Triste a vagar, de noite, pelas ruas,
Alma vazia em solidão sem fim,
Ouço meus passos soando nas calçadas,
E desdigo a vida, por ser crua, assim.

Olhos vidrados na expressão mais fria
-Estranho o mundo, como se apresenta:
Farsas constantes, desenganos duros,
Vida que passa, desilusão que aumenta.

Meus claros olhos, antes tão felizes,
Olhos beijados com o mais puro amor,
No olhar de agora, se petrificaram,
Brilho apagado em sua morta cor.

Envelhecidos, perderam todo o viço,
Foram tão lindos! E o que são agora?
Alguém diria, que esses mortos olhos,
Foram belíssimos, vivendo, outrora?

Teus olhos que se acendiam pelos meus
-Lenta agonia, pensar que tive tanto -
Hoje meus olhos já não podem ver,
A beleza da vida, todo o seu encanto!

Tanta magia vivi, fáceis amores,
Uma existência de banal prazer.
Sentença cruel, agora, nos meus olhos,
O meu imenso desejo de morrer!

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

PORQUE FUJO DE MIM...

Não quero me encontrar jamais... Tenho pavor
Da criatura sofrida, triste, acabrunhada e sem amor!
Nem olho no espelho a minha imagem...
Não quero me ver, não tenho essa coragem.

Das vezes que comigo eu bati de frente,
Pensava me encontrar de forma diferente.
Não gostei da criatura em que me transformei...
Assim, me abandonei e nunca mais me procurei...

Se me encontrares por aí, pelas esquinas,
Fujas, pois do contrário, como eu terminas.
Ando fugindo sempre doidamente,
Mas é estranho... Me persigo incansavelmente.

Não tem explicação porque fujo de mim,
Mais estranho ainda é eu me perseguir assim...
Se por acaso eu conseguir me encontrar,
Podes saber que outra tomou o meu lugar.

Essa não sou eu, pois não me deixaria achar...
Sei me esconder, fugir de mim, ludibriar...
Mas é inevitável esse encontro... Ai meu castigo!
A minha consciência me achou... Falou comigo...

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Mirian_Warttusch.htm


MADALENA MÜLLER

ABRAÇO...

... Sinto, sinto quando pressinto
ou vejo a sua expressão,
lançando em minha face o sorriso
que faz flutuar meu coração...
... sinto seus braços me conduzindo
em diferentes sons e tempos,
aconchegada desejo ficar
manhosamente, por muitos e muitos momentos...
... sinto sua latente energia
e só, entrelaçada ao seu colo
bem suave fico, ao aconchego que irradia,
aninhada neste instante eu me consolo...
... sinto ter de desapegar de sua brilhante sintonia,
tenho... Tenho de aterrissar neste solo
onde sempre estará na imensidão de alegria,
em cada dia que nosso filho está há crescer...
... sinto e nele vejo seus detalhes há cada compasso,
imensurável graça, aqui por tempo ainda vou permanecer...
... dançando com ele e por ele eu terei sempre, seu eterno abraço!!!

http://www.caestamosnos.org/Autores/Madalena_Muller/


MARIDÁSIO MARTINS

"CACOS"

Passos mal dados, eu sei!
Que me levaram à dor que alcancei...
Passos firmes, bem calcados
No lodaçal pútrido dos desgraçados!

Na convicção plena da razão
Avançava por um caminho vão,
Orgulhoso de minha grandeza
Acercava-me de falsa realeza!

Passos mal dados, eu sei...
Só eu os sabia dar, e dei!
Sobre tudo, sobre o céu, sobre gente
Eu, insensível, cruel; inteligente?

Desfigurei d'alma a leveza
Despedacei-a  inteireza!
Pago hoje por tudo isso;
Junto os cacos: meu compromisso.

Maridásio Martins

MAGALI OLIVEIRA

ME ACEITA COMO SOU...
03/03/2014

Quando esquecer meu beijo
Lembre-se do meu abraço
Dê-me um amasso
Que eu me enrolo em seus braços.

Em seu peito
Como uma centopeia
Envolvo-me...
No teu abraço...

Sua voz soa
Como um som de chuva fina
Caindo em minha pele
Misturando ao suor de meu corpo
Fazendo um combinado de amor.

Seu tato me arrepia
Deixa-me de quatro
Querendo afago
Trazendo-me alegria.

Olhe-me dentro dos olhos
Por dentro como um rx.
Me aceita como sou
Por dentro e por fora
Com olhos de amor.

Degusta-me com todo sabor
Da magia do amor
Envolvida em um laço
A você
De presente me dou.








NIDIA VARGAS POTSCH
Rio de Janeiro

O VENTO
 Out/2012

Caminha a esmo, como prefere,
Transforma rochedos,
Colhe tempestades...
Ao sabor do vento, me deixo ficar!
Não vou nem saio do lugar.
Balanço pra lá e pra cá
Pensando na doce ilusão
Que a Vida nos prega...

O vento carrega consigo
A temida e insuspeitada solidão.
Leva-a até nós que desarmados,
Deixamos que finque morada à revelia...
Suas marcas e cicatrizes são então colocadas
Como placas de identificação: passei por aqui!

O vento ri do tempo passado
E sobre ele se debruça nas lembranças
Mais difíceis que retornam e nos machucam
Vezes sem conta...

Ah! Vento! Vente, sim,
Mas traga somente
Boas e alegres emoções.
O cansaço já não nos permite
Ter novos e duradouros sonhos
E duvidamos de nós mesmos
Quase sempre, a percorrer novos caminhos...

Vento, precisamos muito
Desses bons augúrios
Pra sobreviver às ventanias
Que certamente poderão ainda
Vir a acontecer...

Venta suavemente, por favor!

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
A VOZ!
Mar/2014

      Envolta em diáfano véu, sensual como uma gueixa com seu leque, sentindo-se livre e bela, volita numa dança mágica, ao som da melodia de fundo,  deixa sua imaginação fluir ao compasso da música, à luz que resta do sol poente. Sente as lindas flores perfumadas exalando oníricos odores enfeitando o aparador e o jardim... Coincidentemente, neste momento, a música pára! A interrupção faz com que ouça um alarido. Toca uma campainha e voz conhecida grita do outro lado da porta:  - Querida, esqueci a chave!

@Mensageir@

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_n/Nidia_Vargas.htm



"NATO" AZEVEDO

UM DIA FELIZ

          Continuo minha solitária "viagem" ao Passado, aos tempos de infância, enquanto aluno do Seminário Menor, de Araucária / PR. Os amigos que recentemente "surgiram das cinzas" não têm interesse em rememorar aquela época, até porque a maior parte "estudava para ser padre" à contragosto, obrigados pelas Famílias cristãs daqueles tempos, sonhando com a glória (?!) de ter um padre ou freira com seu sobrenome.

         Penso sinceramente que todos deveriam registrar suas memórias, algumas passagens pelo menos, para conhecimento pelos filhos e, adiante, pelos netos. Meu amigo (de escola) Augusto Spisla acha desnecessário saber quem cortava os cabelos ("gadelha", na época) de mais de cem internos, 149 segundo um texto que li. Discordo... se o Seminário fracassou em formar padres, pode ao menos ter incentivado a profissão de barbeiro em 2 ou 3, no tempo da tesoura e da máquina manual, um suplício parecido com o de ir ao dentista. Os mais esnobes podem ter inaugurado um salão de "coiffeur" (lê-se "quafér"), que sequer era unissex, só as mulheres podiam frequentar, com o marido ou namorado esperando no carro ou no bar da esquina.

      Nosso Seminário não tinha o menor atrativo, não havia rodas de conversa após as refeições, nem dominó ou xadrez -- baralho, nem pensar! -- só mesmo a mesa de pingpong e o futebol, nos fins de semana. Nunca ouvi falar de uma Biblioteca, talvez os padres tivessem a sua, na ala deles, ao lado da cozinha.  A vida dos "guris" era um tédio só e eu, "galalau" com 13 anos, me sentia deslocado entre crianças de 8 ou 9 anos, cuja "vocação sacerdotal" (?!) surgira tão cedo. Nos dias atuais, um colégio qualquer dirigido nessas bases seria um fracasso total. A piscina, imensa, foi inaugurada quase no fim do ano de 1965, mas o verão paranaense de 18 ou 20 graus de calor não animava ninguém a mergulhar do alto trampolim.

        Mas, afinal, do que trata essa crônica?! De um dia feliz, de algazarra, de risadas cristalinas, momento certo para se rodar o casaco no ar, gritando a plenos pulmões. A foto me enviada pelo ex-aluno Aloísio Cansian Segundo retrata o dia 22 de abril de 1966... meu derradeiro ano no Seminário Menor. (Para não voltar menti para minha tia sobre a data de reinício do ano letivo.) À contra-luz, lá estão sonhos mirins "naufragados" sob a obediência cega a que fomos instruídos a praticar. Os raros "picnics" apagavam as tristezas, afogavam a melancolia, enterravam por instantes a monotonia diária da vida escolástica (epa, de onde tirei isso?!).

       Aí está, em mil tons de claro & escuro, a alegria "comme il faut", como ela deve ser, cavaleiros à serviço de "El Cid" Campeador... e lá estou eu, com um discreto sorriso, vestido em roupas menores que o meu tamanho, coisa de pobre. Bem à esquerda, um menino desfralda o "estandarte" do esquadrão da Cavalaria americana e nós todos nos preparamos para "defender o Forte" de granito milenar, felizes como nunca.

        Quem são os demais alunos? Talvez eu nunca venha, a saber... Serão todos da Segunda Série ginasial? Também não é possível responder! E, meio isolado dos demais, temos um galã, um "Justin Bieber", um astro mirim "condenado" a ser padre, quando ficaria melhor numa fotonovela. Pobres beatas, torturadas Filhas de Maria, tendo na sua Paróquia um semideus loiro, no lugar de um "padreco" qualquer.
"A Vida passa, qual trem, / com variado itinerário, / andando num vai-e-vem / sempre no mesmo cenário"... Rabisquei eu numa trova. Este cenário de alegria, que me arrancou discreto sorriso, nunca mais se repetiu em minha vida, DIA FELIZ registrado com maestria por um retratista anônimo. Uma foto em que eu estou sorrindo é documento raro, que guardarei com carinho.

        "Nato" Azevedo


NEUSA MARILDA MUCCI
Valinhos/ S. Paulo

JANELA, MIRANTE ANTIGA...

Janela, mirante antigo,
de onde via o tropel dos cavalos
em louca disparada, empinando-se em meio à poeira,
puro sangues agitados, relinchando em vozes alegres
prestes a seguirem para a cavalgada ao sol da manhã,
descendo barrancas, rompendo os matagais abaixo,
violando a terra com seus cascos fortes e escuros

Janela, mirante antigo,
na centenária terra dos sonhos bordados na infância,
das noites claras de luar e das serenatas de sapos
que coaxavam no brejo rompendo o silêncio,
ali tudo era belo entre relinchos, mugidos, toque de sino,
vozes da natureza em meio à
solidão daqueles caminhos

Janela, mirante antigo,
onde aprendi a cismar fazendo imagens nas nuvens,
com a chuva conversar, mesmo nos temporais,
a orar de mãos postas observando o horizonte
esperando respostas do vento sul,
também cantando as primeiras melodias
pela amplidão daqueles ermos

Janela, mirante antigo,
moldura perfeita de minha infância
que ainda lá está desafiando o tempo,
como que à minha espera sempre
para enlevar-me e curar a saudade doída,
breve ficarei aí contigo novamente
Janela... Mirante de minha vida

Poema escrito em homenagem ao aniversário de um irmão, sempre comigo na Janela

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             SIBILOS

               Sibilam ventos
                   em acalantos,
                   neste cinza tempo
                   de intensos prantos,

                   Sibilam gritos
                   rumores estranhos
                   de seres malditos
                   monstros tamanhos

                   Sibilam dores
                   nos corações,
                   já sem ardores
                   nem emoções

                   Sibilam vozes
                   em sons e miragens,
                   são atrozes
                   em cruéis passagens,

                   Sibilam os astros
                   no céu parados
                   regendo os gritos
                   dos assustados

                        Neusa Marilda Mucci

           NEUSA MARILDA MUCCI, nascida e criada em fazenda tem amor incondicional pela natureza: fauna e flora que preserva. Professora, escritora e poetisa. É organista e tecladista no estilo litúrgico e popular e também dedica-se ainda a estudos de piano. Apelido: Marilda Lavienrose: Poetisa da Flor, da Música e do Amor. Publica em vários sites, dentre eles:

http://www.recantodasletras.com.br/autores/Lavienrose



 NADILCE BEATRIZ ZANATTA

UM MENDIGO EM PARIS
(para um amigo especial)

Contou-me feliz
de um amor total, quase fatal.
Queria viver ao lado do tempo,
como se o acaso não existisse,
e sempre que a névoa
encobria sua dor,
ele dizia: assim estou oculto
sob mil luzes de neon,
ou sobre uma montanha de neve
onde sou pedinte do nada.
Meu corpo é andarilho
sorve a saudade
da alma que se desprendeu-me...
Sua sede era um sorrido,
sua fome enraivecia  o asceta,
sua felicidade residia num cadinho de sonhos.
E quando a lua cruenta
pousava sobre a Torre Eiffel,
seu pensamento gritava
junto ao silêncio da distância:
não sou pobre, nem miserável,
sou uma fênix em extinção.
Narrou-me infeliz
com um amor outonal, quase imortal,
este mendigo de Paris.

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AVENUE DES CHAMPS ÉLYSÉES

Ontem aconteceu o passado.
Um improviso com data marcada,
de rosto choroso
ele perguntou:
já estivestes num paraíso
onde transitam mortos?
Não, caro andarilho, estamos
na Avenida Campos Elísios...
Invejei sua desventura,
a perda da causalidade do agora
porque felicidade não tem tempo
somente uns trapos de perdas...
Numa Avenida luxuosa
encontro este mendigo,
mas ele não quer encontrar-se.
Como está límpida
sua vontade de viver!
Aponta-me os pássaros
Como se todo diálogo ali existisse.
La vie est une guerre,
disse ele.
Incauto, venceu sua guerra
mesmo chegando atrasado,
para jogar a última cartada
num cassino inexistente e lotado...

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_n/NADILCE_BEATRIZ.htm



ODENIR FERRO

ELA

Ela tudo viu - no quanto lhe pode. Agora,
Os seus olhos secaram-se de ver: parando-se
De olharem para a vida; que dela, se separou.
Transportando ou sobrepondo-a para alguma
Outra possível dimensão? Passível de existir?
Agora os seus olhos secaram-se. Por tanto verem
A vida vibrando-se - dentro, em torno dela mesma.
- Aos poucos, muito embora na velocidade cruel -
- Do Tempo! Os seus olhos cegaram-se, querendo
Não mais ver - todas as oportunidades certeiras,
Ou muito falhas - dos tons, sobretons, sugando o
Dom da plenitude da existência de toda uma vida!
E, mediante a esta atual continuidade do Tempo,
A sua existência, já não mais por aqui, se atina.
Ela não mais por aqui, se pertence - neste meio.
E nem mesmo, - ela, - não mais pertence a todas
As diabruras e excêntricas esquisitices tão naturais,
Pertencentes às maluquices - que são deste mundo.
Ela não mais atua na vibracional esfera pertencente
Às eletrizantes vibrações que são tão perceptíveis,
A este mundo. O mundo dela agora é de outro mundo.
Agindo dentro das esferas das dimensões que são Ela!
E neste mundo, que ela de tudo um pouco ou de muito
Um quase nada, - ela viu, - foi possível que ela mesma
Vivenciasse a sua história - enquanto foi admirando,
Ou repudiando - amando ou ignorando - neste tudo
O quanto lhe coube viver a sua vida neste mundo:
Que é este mundo tão apaixonante mundo daqui!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_o/ODENIR_FERRO.htm



OLGA MARIA DIAS FERREIRA
Pelotas (RS)

MENINA TRISTE

Aquela menina triste
que ainda existe,
em meu coração,
nutre os mais belos sonhos,
os mais candentes,
os mais risonhos,
a alegrar-lhe a visão...
Aquela menina triste
que em mim, ainda persiste
e teima tanto em sonhar,
é uma menina encantada,
um quê de brejeira,
um  tanto enamorada,
sempre disposta a amar...
Aquela triste menina
perfumosa como a bonina,
que vive sempre a sonhar,
traduz minha alma plena,
numa cantiga pequena,
numa canção de ninar...

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_o/olgaferreira.htm



OLYMPIO DA CRUZ SIMÕES COUTINHO
Belo Horizonte(MG) Brasil

Eu creio na honestidade,
na justiça clara e reta,
no fim da desigualdade...
Não sou louco... eu sou poeta!

Ao homem Deus deu a Terra
e veja o que o homem faz:
cria as hienas da guerra
e mata as pombas da paz.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_o/OLYMPIO_DA_CRUZ_SIMOES_COUTINHO.htm



PAULO SILVEIRA DE ÁVILA

BAÚ DE SAUDADES

Quem me vê, quem me conhece,
prisioneiro dos meus sonhos,
ando em busca de um milagre,
neste final de tarde.
Minhas mãos estão vazias
e minha vida incompleta,
ecoou no meu universo contido, surtido,
diante do mundo da realidade,
uma fantasia para devanear.
De repente,
revolvendo meu baú de saudades
sinto emoções já experimentadas,
hoje já deletadas do meu navegar.
O sol que banha meu interior,
não é o mesmo de outrora,
olho para ele com certa intimidade,
não parece querer uma relação profunda,
ele vem, se esconde e volta.
Penso que o sol está apreensivo,
afastado dos relacionamentos assumidos,
esvaecido com a futilidade do egoísmo humano.
Acho que ele esqueceu tudo de mim,
desprezou nossos encontros anteriores.
Volto a encarar sua majestade... O rei!
Ele está imponente, radioso, imperial,
aquecendo o coração dos pobres mortais
como sempre vem fazendo ao remanso do tempo.
Talvez um pouco entediado e triste.

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ALVORECER

O sol desponta rubores no alvorecer distante
Há clarões de lanças, cores,
espadas ao sol, na poesia
Um tropel de cavalos passa em disparada,
como um vendaval
Melodias de águas fluidas no riacho,
são como músicas serenas.
Silêncio absoluto, pausas enormes, céu límpido,
que só a amplitude e os devaneios sabem colorir.
Esvoaça um sentimento esmaecido e nostálgico,
que procura encontrá-la nos sonhos pintados de luar.
São soluços de amor na quietude silenciosa,
que te busca no clímax platônico e distante.
Ah! Furacão selvagem aspirando meus suspiros
Ninfa... Feiticeira, satânica, mulher
amada e desejada.

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1601628

BIOGRAFIA:
PAULO SILVEIRA DE ÁVILA, advogado, jornalista e poeta, vive em Florianópolis, SC, venho construindo meus escritos aos poucos, publicando em vários sites, grupos, antologias poéticas. Na net, minhas poesias percorrem um vasto universo no Recanto da Letras,  encontra-se a maioria das minhas poesias, que já ultrapassam: 141.000, leituras.


PENÉLOPE LSTEAK

MULHER

Amo ser MULHER
Sem falsos parâmetros
Sem balizes
Transcendendo os seus limites
Sem restrições,
Medos ou invasões
Em período total
Fantasiosa ou lasciva
Sempre fatal e se preciso letal
Mimosa ou intensa
Sentimental ou radical
Tenho fases como à lua
Que na noite se insinua
Com dilúvios ou trovões
Candente num dia ensolarado
Como as notas das canções
Ser mulher é sensacional
No alto de seus saltos
Sempre bela e literal
Ou a beira-mar de canga e descalça
À noite com seus decotes
No trabalho de saia justa
Bem resolvida sem fricotes
Na cama nua com seu amor
Ou sozinha se satisfazendo
Carente ou abastada
Importante é ser Mulher
Que seja linda aos 20 anos
Loba aos 40,
inteligente e fogosa Aos 60
fêmea gostosa
Que com o amor sabe lidar
Regra de ninguém nunca vai acatar
Que saiba dispensar
Quem venha lhe afrontar
Formosa, guerreira... realizada
Não teme nada,
sempre de coração aberto...despojada
e quem se acha o centro das atenções
não merece seu amor...
muito menos suas aflições
Se não for por amor saia da minha vida por favor...
E muito menos queira minha alma transpor.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
MADRUGADAS NUAS

Nosso amor é como
um tremor de terras.
A noite chega trazendo
você perdido nas madrugadas,
com atesto de afeto e desejos
esperados , ah você sabe dos meus segredos
guardados no peito, juntos ficamos
sem palavras
transportados onde a noite é sempre
cheias de desejos mais forte.
Chega do nada com sua pele cheirosa,
onde me deito, despencando em dilúvios,
pois juntos somos um solo
previsto a grandes tempestades,
agitando outeiros e rochas.
Menino agora que te encontrei
não mais te deixarei.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_p/PENELOPE_LSTEAK.htm



REJANE MACHADO

MEU AMIGO, UM POETA ESTRANHO...

          O poeta pede que o leiam. Realmente, em nosso contexto, e em tempos precários de Internet é quase como pedir que o amem. No “espírito” do pedido há uma espécie de desespero contido. Parece ser esta a condição do homem: a necessidade de comunicar-se em primeiro lugar, depois vêm as terríveis consequências. (Tenhamos cuidado com as nossas palavras, não revelemos a ele as nossas preocupações; ele parece pedir algo bastante difícil- vamos com calma, expliquemo-nos, não deve restar nenhum mal entendido). Vejamos. Em nossa realidade há um complô contra a leitura. Ela é perigosa. Provoca idéias E ai reside o maior risco. Em seguida refletimos sobre a época que exige coisas rápidas, pensamentos: fora! Tudo o que provocar reações deve ser evitado, e a leitura, sabemos, pode ser altamente letal. Convém evitar-se, repito. Nem todos têm por natureza o equipamento defensivo.

          Ele justifica as razões do porquê desejar ser lido; não pede um julgamento, pede apenas que o leiam. E nesse apelo tão patético provoca-nos um desejo imenso de tomar-lhe a mão entre as nossas, e dizer: descanse, homem. Sente-se aqui ao nosso lado, aqui lhe oferecemos uma bilha d´água e a sombra desta árvore. Feche os olhos, repouse, descanse. Após o que, fale.

        Seu pedido expressa a solidão que o acomete. Deseja tão somente um pouco de calor humano, e nesses tempos de egoísmo supremo quem lho concederá? Este o seu temor.  Mas há de encontrar uma alma irmã, a quem o seu difícil e sofrido texto chegará. Leiam-me por favor- pede ele. (E que carências revela neste pedido: Por favor?) Pois se é dotado pelos deuses do poder da escrita, é um poeta! Há uma profunda inversão nesta necessidade revelada com tanta simplicidade...Você está errado!  Os leitores é que deveriam implorar seus favores. Ser gratos à atitude desprendida de mostrar sua alma, de estender suas mãos! Não entendem a sublimidade de praticar de modo tão altruísta este desvelamento imenso, que o faz revirar pelo avesso a sua ânima e exibir suas cicatrizes?

        Poderá até não se dar a empatia; você aceitará e ainda se sentirá grato, a quem o ler, tão modesto é, mas desfastio? - jamais! Quem se aventurar não sairá perdendo. Ao contrário. Terá a oportunidade rara de vislumbrar um mundo estranho quão maravilhoso, diverso de tudo o que conhece ou que poderia imaginar. Uma realidade outra, densa, muito aquém do que poderia intuir. Um mundo às vezes cruel, mas apresentado com a delicadeza ímpar que é a marca mais característica deste fidalgo tão cuidadoso com as palavras, tão organizado na apresentação do seu mundo que se pode revelar desumano. È um momento penoso, tenhamos caridade para com quem sofre. Vejam como descansa, como se entrega, confiante como uma criança que se aninha no colo de sua mãe.

       Nesses versos, repare, você que o lê,- ele expôs a sua alma. Respeitemos isso. Tenhamos cuidado e carinho com ele. Recebâmo-lo bem, com sorriso suave de aceitação: Seja bem-vindo, irmão! Pode dizer agora os seus poemas, nós o ouviremos com unção religiosa, porque estas são as lágrimas de um ser que sente. E que se doa, não guarda para si o tesouro que os deuses lhe confiaram. Tenhamos compreensão. (Se a sua voz fraquejar, eia, vamos, continue! Estamos aqui. Sabemos avaliar quão difíceis e sofridas são as suas lembranças. Ajudêmo-lo a desembaraçar-se do seu sofrimento) Diga, irmão, revele-se, nada esconda de nós. Porque a muitos de nós suas revelações não parecerão tão surpreendentes. Porque- você perceberá- pisamos solo idêntico, o mesmo território. O Sol também se põe do nosso lado. E as sombras nos alcançam com a mesma intensidade.

         Mas há uma pequena diferença: você recebeu dos deuses a chave dourada da revelação. E o seu livro não será jogado ao vento. Ficará na nossa estante e na nossa memória. Para sempre.

BIOGRAFIA

REJANE MACHADO é carioca, Professora de Literatura e Crítica literária. Tem 9 livros publicados, entre ficção(romances, contos e crônicas) e não ficção(ensaios históricos e literários) Tem diversos prêmios literários, pertence à UBE, REBRA e CIFEFIL.

RAYMUNDO SALLES

Se a prosa boa é, na sala,
um bolo bem fermentado,
poesia então, nem se fala,
é um bolo confeitado.

¨¨  ¨¨  ¨¨
UMA RAIZ DOMINANTE
16/03/2014

Ao tomar a decisão
De ser feliz, confiante,
Plantei no meu coração
Uma raiz dominante.

Ela cresce firme e forte,
Até flores já está dando,
Os frutos, não pedem sorte,
Pouco a pouco irão brotando.

Depende muito de mim,
Do carinho dispensado,
De atenção, de zelo, enfim,
Depende do meu cuidado.

Eu colhi um pedacinho
Do amor de Jesus, de Deus,
Aqui plantei direitinho,
No centro dos erros meus.

Espero vá enramando,
Vá estendendo seus galhos,
Pouco a pouco sufocando
Os meus atos muito falhos.

Domando meus sentimentos,
Sufocando os mais daninhos,
E aos bons dando alimentos
Como a ave aos seus filhinhos.

Jesus chega de repente,
Quando a gente manda entrar,
E muda dentro da gente
Nossa forma de pensar.

Pouco a pouco a gente cresce,
Passamos a enxergar mais,
Não é porque se merece,
É pela graça eficaz.

Estou bem certo que quando
Qualquer coisa me acontece,
É Jesus que me está dando,
Atendendo à minha prece.

E já sei de antemão,
Que, se nem tudo são flores,
Temos também um Paizão,
Para aplacar nossas dores.

Destarte vou, doravante,
Ficando muito feliz,
E o fruto é o meu comprovante
Que vem daquela raiz.



REGINALDO COSTA DE ALBUQUERQUE

O FANTASMA

Ressona a moça bela em leito branco,
aviva a ebânea pele a luz tremente
do círio que flameja sobre o banco,
onde há pouco a oração corria o ambiente.

Indiscreto ranger surge de arranco...
Mexe as pernas... Alonga o corpo quente...
Breves suspiros e um sorriso franco,
o sonho a furta e nada vê nem sente.

Da escuridão do guarda-roupa ao lado,
salta ao quarto um fantasma descarado...
Seu vulto cresce... Gira e se insinua

para o quadro que o pasma num segundo...
Ah, mas ele não veio de outro mundo...
É um lençol!... Beija e cobre a jovem nua...

Reginaldo Costa de Albuquerque

REGINALDO COSTA DE ALBUQUERQUE, 50 anos e campo-grandense-MS de coração. Possui considerável premiação literária em concursos de poesias, sonetos e contos. Participação em mais de cem coletâneas. Autor dos livros Sonetos no azul da tarde e O santo que não tinha os pés.

RUI DE OLIVEIRA LIMA


APENAS ALGO NA ESPERANÇA DE UM DESEJO

Ter calma
ou apenas esperança
ânsia, desejo
vontade de um verso
quanto não perco em tentar-me manter sereno
quanto não sonho
tento mas não posso
anseio e verborreio
por algo que não entendo o nexo
mas sinto que talvez me saiba melhor que sexo
não quero mais
apenas porque não entendo
só quero aquilo que defendo
mas sabe-me bem
preciso, necessito, anseio
um verso, uma palavra, um sorriso, um som
algo... Apenas algo no fundo da razão.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

A VIDA NUM SONHO

Vibrar entre dentes
Aqueles momentos inebriantes
Gloriosos
Que se esperam constantes

Titubear aquela cantilena...
Aquela... A que nos trás paz amena.
Momentâneos desejos
Sonhos... Apaixonantes
Crenças... Desejos

Mirabolantes encontros
Desencontros
Anseios... Beijos
Compactuantes vontades
Alegrias... Ensejos

Sorrisos amenos
Risos avultados
Entre-abrir dos sonhos à vida
À alegria... Energia querida 

 ROZELENE FURTADO DE LIMA
Teresópolis (RJ) Brasil

DÁ-ME MAIS UMA CHANCE

Sei quando escolhi esse atalho
e enveredei por caminho errado.
Sei que errei cometi um ato falho.
Por favor, perdoa o meu pecado!
Foi por ignorância ou ingenuidade,
Que arrependimento pela discórdia!
Se foi por ciúme ou vaidade,
sei que estou sofrendo, misericórdia!
Dá-me mais uma chance
Tolice tem preço muito alto; já paguei.
É mais difícil confessar do que perdoar.
Acreditei numa miragem e me entreguei.
Preciso urgente resgatar sua confiança.
Repensa nos dias da nossa convivência,
e liberta-me das torturas da vingança.
Me ame!
O eco do meu soluçar
vai mostrar a você a urgência
que tenho de nos seus braços me aconchegar.
Mendigo migalhas de amor.
Rastejo, beijo seus pés,
dói em mim, dó de mim.
Amor ferido e curado
se torna mais forte, com mais ardor
e completamente apaixonado
Vamos dar essa chance ao nosso amor!
Me chame!

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

MANDALA DA VIDA

Rapunzel viveu até eu cortar as tranças.
Chapeuzinho da cor vermelho sangue
Ficou até lobo me pegar
E sonhar com o sapatinho de cristal.
Alice, onde está meu anel?
E aí... Acordei.
Na forma do violão adolesci,
Solfejos de amor eu escrevi.
O salto do sapatinho quebrou
O príncipe me abandonou.
E aí...  me desiludi.
Fiz novos amigos: Ceci e Peri,
Helenas, Inês, Luisas, Kareninas,
Arthur e Merlin, Capitu, Bovary,
permeados por poetas e Coralinas
E aí...  me permiti.
Escalei pirâmides de sonhos.
No chão escorregadio do amor
Andei, dancei, patinei e cai.
Na mandala da vida me perdi.
E aí... Chorei.
Descartei farrapos e desfiz emaranhados.
Foquei em personagens com nova visão.
A luz da alma refletiu nos meus olhos banhados
Transmutando gotas aperoladas em jóias de perdão
E aí... Encontrei
Paixão à flor da pele e à raiz dos pelos
Que transcende livros e modelos
Tecido no coração, gerado no ventre do querer
Alimentado nos seios da vida para crescer
amor como eu sempre quis.
E aí... Sou feliz!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_r/Rozelene_Furtado_de_Lima.htm


SAMUEL FREITAS DE OLIVEIRA
(SÁ DE FREITAS)
Avaré-SP-Brasil

O POETA É ASSIM

O poeta a si mesmo não compreende,
Pois sua mente inquieta tudo explora,
Vai ao passado, volta no agora,
E  deste mundo, às vezes, se desprende.

Busca o poeta tudo o que pretende:
Dores, desilusões, a luz da aurora;
Canta, lamenta, ri, reflete e chora,
Mas sempre a chama da esperança acende.

O poeta é um ser que não desiste,
De tornar esse mundo menos triste,
De tornar a existência menos feia.

Suporta os desenganos sem revolta,
Com os sofrimentos seus pouco se importa,
Mas padece demais com a dor alheia.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
COM O TEMPO...

Com o tempo o próprio tempo se evade,
Levando o tempo que já não espera
Eu ter, dentro do tempo da quimera,
Um instante só, da minha mocidade.

Há tempo eu perco tempo na saudade
Que, com o tempo, a alma dilacera...
E o tempo não dá tempo e nem libera
Em tempo, o coração que a dor invade.

O tempo nenhum tempo mais concede,
Ao tempo que me leva - em voo terno -
Ao tempo que - no tempo - retrocede.

Com o tempo o tempo vai, vai-se o viver,
Mas quando eu for - com o tempo - um ser eterno,
Bem sei que o próprio tempo vou vencer.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_s/Sa_de_Freitas.htm



SANDRA GALANTE

MARCAS DA VIDA...

Em cada ruga, uma história vivida.
Marcas que marcaram e tatuaram
Em tantas e tantas duras despedidas
Marcas sofridas que não se apagaram... 

Marcas que contam suas histórias
Que marcaram o corpo e o espírito
Marcas de tantas dores e angústias
Que em tênue silêncio foi um grito.

Grito, de quem só almejava ter paz.
Que plantou o amor de forma audaz
Silente viu e ouviu os desencantos...

Lutei muito sim de forma contumaz
Mas notei que não foi nada eficaz
Cada qual precisa dos seus acertos.




SIDNEI PIEDADE

SEU OLHAR

          Seu olhar tem feitiço encanto e magia me fascina de um jeito que não sei explicar. Olhos de desejos, inocência gostosa basta um toque e tudo em você me dá prazer... Pois faça de mim o que quiser, sou seu brinquedo em suas mãos mulher... Quero ser a palavra que você disser, quero ser sua roupa despindo da cabeça aos pés, me abrace me beije... Busque em mim o prazer que deseja. Seu olhar me encantou, quero um pouco desse amor... Pois respiro você e posso te enxergar no escuro porque conheço seu cheiro. Vejo você em tudo que desejo, seu olhar cruzou meu caminho e a vida me deu você de presente. Seu olhar me fez entender eu quero você... Vem e me traga o sol, a ilha, céu e mar mesmo com as ondas que vem e vão com ciúmes do nosso bailar. Seu olhar foi de encontro ao meu... Pois o meu destino está junto com o seu. A dança, o som, faz de mim o teu violão, toca no meu corpo e faz de mim tua canção... Pois a fonte desse amor veio do seu olhar direto pro meu coração.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_s/Sidnei_Piedade.htm



SONIA NOGUEIRA

MULHER, UM UNIVERSO

          Sob o sono de Adão nasceu à mulher osso do seu osso e carne da sua carne e serão dois numa mesma carne. Pela desobediência estarás debaixo do poder do teu marido, e, ele te dominará. (Gênesis, cap.14 v 16).
           Viveu a mulher escrava e submissa por longos e tenebrosos anos, parindo, cuidando da casa e filhos.             As regras podaram-lhe o direito do saber, a liberdade da palavra, o direito sagrado de pensar.
           Os ventos, submissos ao tempo, rolaram lentos até que o sopro da liberdade roçou ora num pensar, ora num querer, e surge a nova mulher do século: A maior percentagem nos estudos, minimizou a prole, trocou o fogão pela caneta, alçou voo nas mais variadas profissões, pensa, discute, age, cria, escolhe o companheiro, grita a liberdade.
        As mazelas, não as citarei, nem as barreiras e pontes que ultrapassa com aranhões e espinhos lhe perfurando corpo e alma, para não apagar o brilho da conquista. Falo, porém, dos inúmeros degraus que pisou com ou sem salto, caminhando todas com o mesmo objetivo: arregaçar as mangas, mexer no barro, montar tijolo a tijolo e construir com suor e coragem a nova missão, liberdade, igualdade e liderança.
       Neste universo de disputas braço a braço, saber por saber, e culturas diferentes, tem a mulher se inteirado da força que a domina, ultrapassa fronteiras, sobe em palanques, discute decisões, sujeita a ganhar ou perder, mas, muitos troféus e vitórias lhe chegam às mãos.
         Sem deixar de lado a maior das missões, ser mãe, e profissional em tempo e singularidade, no abraço, no sorriso e feminilidade destacável. Falo da mulher que faz da vida estrada de conquistas e do amor direito natural e intransferível.

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨

DIA NACIONAL DA POESIA
14 de março

Estou aqui despida da palavra
Descobrindo a alma, olhares risonhos
Abrindo as portas retirando a trava
Sou poesia compartilhando sonhos.
Quisera ter a força dos atalhos,
Arrancar a angústia dos solitários,
Juntar pedaços na colcha de retalhos,
Proibir os adeuses unir solidários.
Gritar bem alto, eclodir meu eco
Fazer da lei um poema decreto,
Mas nunca registrado em livreco,
Nem aboná-lo em descaso, abjeto.
Aos poetas deste recanto de encanto,
Quer sejam líricos ou modernistas,
Meu saudar e para cada canto
Seja a explosão do campo ativista.
Que escrevamos a vida, a saudade,
Amor, alegria, a tristeza, o exotismo,
O sertão, a cidade, o luar, a liberdade
Façamos todos, da poesia o lirismo.
Aos poetas que cantam o amor,
Meu saudar neste recanto e graça,
Que a vida seja glória e louvor,
A inspiração como o vinho na taça.

http://www.caestamosnos.org/Autores/Sonia_Nogueira/


SONIA SALETE (SoniaS)
São Paulo – Brasil

NESTA "ONDA..."
16/04/2014

Cada flor que se abre,
cada dia que amanhece,
cada sorriso que se alarga,
todo coração que bate,
tudo que existe no universo
homenageiam Aquele
de Quem tudo procede!

Você, eu,
aquele que tua amas
e aquele que tu não amas...
Dele tudo procede!

O dia, a noite,
o mar, o tufão, o vendaval ,
até o temporal,
tudo tem significado
mesmo que não entendamos...

Estamos na mesma Onda,
no mesmo mar
e até mesmo,
no mesmo temporal!

Feliz quem já alcançou o entendimento...
Somos parte desta Onda,
deste mesmo Mar!

SUELI BITTENCOURT

          Melhores estímulos e educação pelo exemplo. Não só a família e a escola mas também políticos e autoridades devem agir com inteira integridade, demonstrando respeito, justiça, honestidade, trabalhando realmente pelo bem de seus compatriotas e de sua pátria. 

         Os bons exemplos irão influenciar inclusive nossos educandos, quer na escola, quer fora dela.

       Torna-se imprescindível combater também energicamente outros estímulos perigosos, como drogas, álcool, brinquedos e jogos violentos, filmes, noticiários, propagandas e tudo que induza à violência e ao vício, inclusive a não punição.

          Estímulos positivos geram atitudes positivas, estímulos negativos geram atitudes negativas!



SAAVEDRA VALENTIM
FIM DE NOITE...

Última taça, último olhar, o abandono, a saudade;
Sua ausência, este imenso vazio,  mais uma noite infinda;
Como aliviar o meu peito,  se lágrimas já não tenho,  crueldade!
Como um castigo, deixou-me o seu cheiro,  o seu perfume percebo ainda.

Cada vez, que se vai, não sei se volta, se a estou perdendo,
Tamanha é a insegurança nessa relação, onde o sigilo se impõe, nosso segredo;
A angústia de não sabê-la segura, de não a estar protegendo,
Me leva ao desespero, fico recluso, me imponho um alto-degredo.

Às vezes tomado pelo ímpeto dos heróis, devaneio em invadir seu castelo,
Enfrentar seu algoz, sequestrá-la, como num conto de fadas;
Mas a prudência tolhe-me de agir sob emoção, sem domínio da razão, revelo,
Assim, minha repulsiva covardia e continuo vivendo na sombra, nas noites caladas.

Em meu quarto me refugio, o meu leito vazio ainda guarda o cheiro do amor, tentação!
Rolo na cama rogando pelo sono que não vem, tento sua lembrança dissipar,
Mas é tudo em vão, ela é o meu céu e o meu inferno, adentrou o meu coração,
E nada, que eu faça, irá amenizar a dor da distância; mais uma noite de solidão, meu penar!

Uma bebida, um cigarro, uma música, ambiente propício ao delírio continuar.
Imaginá-la em outros braços, se entregar aos abraços, só em pensar aterroriza-me,
E em cada lamento meu, um suspiro de prazer dos lábios seus, outro nome pronunciar.
Você infiltrou na minha mente a semente do ciúme, que germina, cresce, inferniza-me.
Deitado o teto a fitar, mente confusa, os pensamentos se fundem,
A fadiga de uma noite em claro, mais um cigarro, um último gole, atos lentos.
O sol se desperta, raios de luz penetram no quarto, meus olhos, ao sono se rendem;
Mais tarde, novo encontro, novo abandono, outra noite insone, os mesmos tormentos!

¨¨¨¨  ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
SEXO OPOSTO

Amor! Ah o amor!
Afeição tão velha, tão jovem,
Às vezes tão intensa, ou tão branda!

Esse sentimento genético, inato,
Inexplicável à luz da razão!
Manifestação virótica, agente infeccioso,
Que se esgueira sorrateiro.
Contagioso ao toque, ao roçar dos lábios,
Às palavras doces e sutis,
Ao som aveludado, envolvente.

Vírus sedutor, ardiloso, mal-intencionado!
Transmissível ao olhar, ao cheiro,
Ao odor inebriante de pele, de perfumes.
Contamina até ao leve roçar de corpos,
Dos pelos, infiltrando pelos poros.

Inoculável, por vezes, por palavras enganosas,
Quase inaudíveis, sussurradas ao ouvido,
Acompanhadas de arrepios, corpo febril, tremores.
Assintomático no início, de alta periculosidade,
Sem cura em curto prazo.


Penetra em nossa corrente sanguínea,
Em busca de um órgão frágil, vital,
Por vezes debilitado, recém cicatrizado,
Mal curado de infecções recentes, ou antigas.

Multiplica-se e se instala por todo o corpo,
espalhando-se de forma incontida,
Ora como um doce espasmo,
Ora como uma praga, uma fatal convulsão!

Perda do nosso autocontrole,
Liberação de nossas mais primitivas emoções,
Apetite voraz, desejos fantasiosos,
Coração arrítmico, impetuosidade juvenil.
Experimentação de prazeres superlativos,
Sublimes, divinos, nirvânicos!

Pode ter um ciclo breve, como uma gripe,
Simples mal-estar, leve dor de cabeça,
Ou mais agressivo, de forma duradoura,
Progredindo para uma de suas formas mais graves:
Dilaceração da alma! Fase terminal!

Outros sintomas comuns a este mal,
Vou enumerá-los todos, fui vítima,
Com inúmeras recaídas, recuperações sofridas.
Efeitos recorrentes:
Alcoolismo, visões, corrupção moral,
Esperança, saudade, perda de rumo,
Irritação dos olhos, lacrimação!

Pessoas mais suscetíveis, de alto risco:
Jovens, velhos, brancos, negros,
Amarelos, pardos, pobres e ricos,
Verdadeira epidemia, sem controle,
Almas sem saneamento, poluídas, doridas.
Incontrolável peste! Terrível mal!
Sujeito a sequelas, recaídas ou nova contaminação.

Mas, apesar de muitas pesquisas, cientistas alertam:
Detectado, batizado de "sexo oposto", efeito devastador!
Mas por ser um virus imprevisível,
Mutante, vacina não há de haver!

Adorável e incompetente ciência!!!!!!!!!!



TÉKA CASTRO

Francisco da Silva Mendes

In memoriam ao meu pai que partiu no último dia 14 de março – Dia da poesia.

Francisco nasceu de Júlia e Emídio, Portugal, aos 30 de julho de 1935.
Resplandeceu num dia lindo em São Paulo, Brasil.
Aprendemos a conviver com seu jeito português de ser.
Naturalmente hoje está a descansar nos braços do Pai (DEUS).
Cismado, enciumado, cauteloso, vendedor de guloseimas.
Imaginava em seus poemas versos de Maria.
Saudoso de sua Terra Natal, queria ter voltado mais a Portugal.
Carinhoso ao seu modo, amava aos 5 netos vivos.
Obviamente, se encontrou no céu com o neto Gabriel.
Devidamente resumo de tristeza a sua perda.
Assim é a vida, um Trem que pegamos em alguma estação,
Sentamos do lado de pessoas, e vemos outras entrarem e saírem.
Imaginamos a dor da partida, que alguns deixam saudades.
Lamento a tradução da palavra – saudades- um sentimento forte.
Vagando em nosso coração.
Assim, é a dor, uma perda que se transformou em amor.
Muitos filhos que não falam com seus pais, procurem repensar
Espera sempre que ela pode chegar a qualquer momento.
Nesse momento você pensa que jamais disse: - O quanto o amava.
Depois que parte a saudade é dolorida, mexe com as emoções.
Esperanças que renascem no perdão de Deus.
Saudades Francisco, meu querido pai.


Téka Castro, SP 25 de março de 2014.

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REPARTIDA

Sonhos nos sonhos sonhados do tempo,
Faço do meu fado, o canto triste e alegre d’alma.
Canto nas paredes secretas do tempo,
Não quero mais me expor como outrora.
Repartida com a vida agitada,
Quero o calor do meu amado,
Sonhar com bons filhos,
Sem a loucura das drogas que tomo
Para acalmar meu psique.
Quero um buquê de rosas em meu jardim.
Das mágoas sou a vida,
Que nasci das águas e envelheci fora do ventre.
Quero renovar as cores,
As dores deixar de lado.
E, ao escutar meu fado,
Numa alma portuguesa, certamente me envolvo no ventre.
E torno criança.
Essa mulher, que ama imensamente,
Que se envolve agora, nos dias atuais,
A paz de seu companheiro a quem ama.
E, das bênçãos que geraram,
Mesmo nos conflitos,
Os gritos de uma nova geração.

São Paulo, 8 de março de 2014. Escutando fado de Macau- China.
Aos meus familiares a quem tanto amo e respeito.

¨¨¨¨¨ ¨¨¨¨  ¨¨¨¨
TERRAS ANCESTRAIS

Fecho os olhos, a chuva cai e a música dos meus pais
O Fado que outrora ouvia
Agora me fascina.
Torno-me a ser menina.
E, me encanto aqui,
Sou da Terra uma poetisa,
Como tantas que deixaram suas obras,
Morreram e agora tem valor.
Quem sabe um dia,
Na minha vida ainda verei viajar pelas letras d’alma,
E, assim, poderei conduzir a literatura,
Pois se a batida qualquer que desvaloriza a mulher,
Gera lucros, por que não gera aquele poema que enobrece?
É mais fácil falar das genitálias do que do amor verdadeiro?
Inversão de valores, isso, ocorrendo no mundo inteiro.
Um dia, pode mudar, e o Amor verdadeiro sempre reinar.

São Paulo, 8 de Março de 2014.
Aos meus familiares, alunos, e amigos.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_t/TEKA_CASTRO.htm


THAIS ARRIGHI
São Paulo (SP) Brasil

COMO OS BALÕES
Março 2014

Como os balões soltos no céu
Nos sentimos
Quando nos apaixonamos!
O amor é lindo e nos faz renascer
A cada dia... A cada hora
E sempre nos pegamos
Sonhando... Imaginando um encontro!
Assim no silêncio do vazio
Entre a terra e o mar!Mas
Olhando um balão colorido a flutuar
Paro para pensar!
Não temo mais tempestades
Assim como também a maldade!
O por do sol é lindo
E talvez é lá que o balão se aninhe
Se escondendo da infelicidade
Por ter que cumprir sua maldade
Ao maltratar a natureza!
Com seu fogaréu... Acaba caindo e
Fazendo com que as matas
Se incendeiem...
Os animais morram queimados
E ate casas e pessoas sofram
As consequências de quem não pensou
No mal e na tristeza...
Que um lindo balão
De cores vivas
Possa trazer e marcar vidas
Por isso tudo...
Não soltem balões
Salve uma vida... Salve os animais...
Salve o meio ambiente
Os rios... As matas...
E viva em um maravilhoso mundo
Com o colorido natural
Das matas, das flores e também o som
Dos pássaros e
Os beijos das cascatas!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_t/Thais_Arrighi.htm


TÂNIA DINIZ
Belo Horizonte (BH) Brasil

vôo dos pássaros!
 fio costurando ligeiro
o céu ao mar.

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 REQUINTE

           Sentia-se inspirado esta noite. Aprontou-se com apuro. O espelho devolveu-lhe a imagem perfeita em black-tie. Com um sorriso sensual, passou a mão pelos cabelos e, cantarolando, desceu as escadarias.

          O imenso salão do castelo estava primorosamente arranjado, com flores e velas entre fugazes cortinas e espessos tapetes. A grande mesa ao centro, bem preparada.

           Deixou a rubra taça sobre o aparador. Um gole lhe bastava.

           Sentou-se no único lugar, a ele destinado, bem em frente à imensa salva de prata ao centro da mesa. E, ajeitando o guardanapo de linho branco, com elegante gesto, destampou-a.

            Delicioso aroma flamejou-lhe as narinas. Maravilhou-se com o refinamento do cardápio. Entre perfeitas cerejas, cachos de uva, alguns dourados pêssegos afundados em ninhos de fios de ovos e salpicados fígados de pombos, estava a mais delicada iguaria que já lhe fora servida: esplêndida mulher jazia em repouso, apenas coberta a pele de marfim por seus cabelos de ébano.

            Educadamente, secou os lábios de vinho e iniciou o ritual do banquete.

         Com sábias mãos, percorreu o macio corpo, sentindo que seu calor atingia, assim, quase a elevada temperatura desejável. Envolveu os seios com mãos conhecedoras. Não resistiu, fugiu a todas as regras de etiqueta: provou-os com leves mordidas. E como a carnuda boca o tentasse também, lambeu-a e explorou-a por dentro.

          Ao discreto pigarrear do mordomo que entrava, caiu em si. E, de faces coradas pelo deslize, ou talvez, pelo apetite, com finos gestos, tomou dos talheres de prata.

        Abriu-lhe delicadamente o peito e devorou-lhe o coração, com tanta elegância, que sequer um pingo de sangue lhe comprometeu a bem aparada barba azul.

         TÂNIA DINIZ, natural de Dores do Indaiá(MG), vive em BH, onde se graduou em Letras pela UFMG (português, francês, italiano, espanhol). Poeta e contista premiada, tem publicações impressas e virtuais, no país e no exterior. Participa de várias antologias e é citada em diversos Dicionários de Escritoras, como o de Nelly Novaes Coelho (USP). É haicaísta. Idealizadora e editora do mural poético Mulheres Emergentes (1989).

www.mulheresemergentes.com

VÍDEOS - ENTREVISTAS:

25 Tons de Tania Diniz - 1ª Parte 
https://www.youtube.com/watch?v=coyTW-TkxHQ

25 Tons de Tania Diniz 2ª parte
https://www.youtube.com/watch?v=DEcQpeTavJc


VIVIANE REZENDE

CONFESSO

Mas é chegada à hora...
De me despedir dessa festa...
Onde as pessoas
Se sentem sozinhas...
E invadem espelhos infinitos...
Dentro de mim...
Parece incrível
Mas consegui me fazer nuvem..
Diante das ventanias...
E dos absurdos...
E sepultando emoções!
Eu só queria...
Que você soubesse...
Daquelas saudades...
Aquelas saudades...
Que a gente não esquece...
E nem quer esquecer...
Hoje...
Eu sou muito de você!
Eu queria que você soubesse...
Que guardou o branco...
Nas minhas manhãs...
Nas águas mansas de seu porto...
No branco de seus dentes...
Mastigando a noite do meu espanto...
Despertando meu outro lado do ser...
É como inventar...
Uma nuvem para seu passeio...
É guardar segredos...
Em verdades ocultas...
É roubar um lírio do campo
para enfeitar seu sorriso...
É sentir vontade
De parar o relógio
Na hora da despedida...
É tudo assim...
Você sabe?
Sabe... Você sabe...
Sabe do dia...
Em que a gente vai voltar a sonhar...
A arrumar o jardim...
A tratar do telhado...
Do jardim, já seco pelo tempo distante...
Um dia...
Quando deixarmos de enxergar
Através da verdade de cada um...
Vamos sentir que acabamos sós...
Eu só queria...
Que você soubesse
Do poema que escrevi ontem à noite...
E deixa-me fingir...
Que não senti muito sua falta...
Mesmo que já esteja cansada de saber...
Que senti...
Deixe tudo acontecer... Deixa...
Sobre as manhãs de ontem...
Do sol, da arte, da poesia...
Do encanto das mãos que falam...
Do gosto pela vida...
E você sabe...
Como é importante sentir solidão...
Não peço muito...
Quero...
As mãos livres...
O voo quieto...
E teu sorriso no meu caminho.
Só isso...


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AUSÊNCIA

De tudo que já vivi e senti.
De tantos amores vãos
De tantas idas e partidas.
Barcos sem portos.
Estrelas sem céu...
Dor... Solidão...
De tantos risos e vazios.
Amor forte e até quase doentio.
Você foi a minha maior perda
Meu amor mais sentido
Simetria perfeita
Almas em sintonia
Corpos ardentes
Química. Frenesi...
De tantos amores e ilusões
Você foi meu maior querer
O mais forte...
Aquele que envelhece com a gente...
Fica na alma.
Escondido no tempo
Guardado no pensamento
Sentimento desvairado que o coração acolheu
Talvez o mais sofrido
O mais sentido. O mais amado
Mas também o mais eloquente.
O mais doce. Mais companheiro.
Maior perda. Maior pecado.
Amor maior...

De tudo que já vivi e senti...

Viviane Rezende

BIOGRAFIA

VIVIANE REZENDE, natural de São Paulo (SP). Participo das Antologias Mulheres Fascinantes I, Café Com Versos II, Emoções Poéticas e participará da Antologia Café Com Verso III na Bienal de São Paulo em agosto/2014.



WILSON DE OLIVEIRA JASA

MEU CASTELO

Na vida já me jogaram muitas pedras,
e com essas pedras construí um Castelo,
e nesse Castelo construí muitos cômodos
onde abriguei muitas pessoas queridas,
e ainda sobraram muitos cômodos vazios,
e nesses cômodos vazios eu reservei
para aqueles que necessitarem de um abrigo;
e por ironia do destino muitos daqueles,
que me atiraram pedras, vieram procurar abrigo
em meu Castelo o qual eles me forneceram as pedras
e não tiveram como construir o próprio abrigo.

 Wilson de Oliveira Jasa


Selo de participação