XXII EDIÇÃO - TEMA
LIVRE
Realização Portal CEN - "Cá Estamos Nós"
Organização: Maria
Beatriz Silva
(Assessora do
Intercâmbio Cultural CEN - Brasil/Portugal)
Idealizador:
Carlos Leite Ribeiro
(Presidente do
Portal CEN – Portugal)
Parceiro: CCMB
(Centro Cultural Maria Beatriz) de Laje do Muriaé (RJ) – Brasil
O Portal CEN – “Cá Estamos Nós” e o Centro
Cultural Maria Beatriz, agradecem a participação dos autores e colaboradores.
Desejamos a todos uma FELIZ
PÁSCOA!
“Um escritor ou um Artesão que não tenha seu trabalho bem divulgado, poderá ser um diamante que se perde.”
FELIZ PÁSCOA!
Que o amor e a paz infinita de Deus
Estejam presentes em nossos corações
Que possamos refletir profundamente
Preparando-nos para um novo recomeçar.
Maria Beatriz (Flor de Esperança).
Em vídeo:
Trovas I e II - Autora Maria Beatriz Silva ( Flor de Esperança)
Edição Rosangela Oliveira
Música Conquest Of Paradise (Vangelis)
Trovas I e II - Autora Maria Beatriz Silva ( Flor de Esperança)
Edição Rosangela Oliveira
Música Conquest Of Paradise (Vangelis)
AGUINALDO LOYO BECHELI
LÁGRIMA CONTENTE
Tinha cara de Valdomiro e se chamava Valdomiro. Eu o tratava
por Mirinho, nosso canário amarelo-olivácea. Ainda menino, papai incumbiu-me de
tratar dele. Alpiste, água, limpar a gaiola. Mirinho logo pegou intimidade.
Vinha no meu dedo. Aninhei-me com ele. Mas encuquei: como pode um preso
cantar? Afinal, a alma do pássaro é o
vôo. Cantar preso seria prece? Como pode ser canoro na escravidão? Que
inocência é essa? O covarde que aprisiona não merece. E resolvi esquecer a gaiola aberta. De “pena”.
Meu pai não ralhou. Apenas aconselhou a deixar a porta
aberta. Mirinho já não era jovem, não saberia buscar comida. Com efeito, planava perambulando pelas árvores do quintal
e parapeito das janelas. Quem sabe, do nada, tudo: uma companheirinha. Voltava
para se alimentar e conferir os poleiros. Ah, éh! Dormia na gaiola. Virou
ninho. Agora, pássaro livre, com teto. E não perdeu a coragem de ruflar as
asas, voar, desfrutar da leveza ao sentir a brisa, embora em tardia aleluia.
Dei uma vassourada no rabo do Manolo, o gato, lasquei bronca
de estivador. Bastou. Numa mais correu atrás do Mirinho, que em comemoração
caprichou num trinado de soprano ligeiro. Deboche!
Ao flanar pelos telhados, Mirinho observou não ser o único
confinado. É ver: o vizinho tinha a liberdade do leão, podia fazer o que
queria, desde que não saísse de dentro da jaula. O cachorro passeava na
coleira. O motorista dirigia com as portas travadas, vidros pretos, cerrados. A
maioria angustiada, presa ao tempo para não chegar atrasada. E o apito da
fábrica, apenas em intervalos, liberta um montão de angustiados. Eu mesmo,
nesta reminiscência, sinto no peito um pássaro enclausurado que quer voar.
Numa tardinha, ouvi pios que não eram gorjeios. Na gaiola
não estava. Achei-o postado no gramado com o biquinho caído. Seu olhar nunca
foi arguto apesar de luzidio, mas o quadro ali visto mostrava olhos
embaciados. Disperso, parecia desistir.
Levei-o pra gaiola, cobri com um pano. Estava esfriando.
Enterrei-o embaixo da goiabeira.
De manhãzinha eu sempre dava uma espiada na gaiola. De porta
aberta. Quem sabe, uma sombra voante!
Aguinaldo Loyo Becheli
AGAMENON ALMEIDA
A LOUCA
Porque isso acontece?
Que lampejos te cala
Pra arrancar tua fala
Em murmúrios de dor
Será que este pavor
Que partiu o teu peito
É só o trágico desfecho
De um sofrido caso de amor?
Pra ficar tão assim
Tão perdida, sem rumo
A vagar pelo mundo
Sem saber onde vai
Já não olha para trás
Já não vê mais defeitos
O que agora for feito
De nada importa mais
É tudo tão anormal
Te ver despida sorrindo
Ainda assim reprimindo
Os olhares de pudor
Que teu delírio nos cala
E sem entender tua fala
Vejo dos olhos azuis
Correrem lágrimas e dor
E ainda assim tuas mãos
Vai carregando um flor
E por mais que a dor
Queira te destroçar
Não perdestes de tudo
O sinal da esperança
Que ainda vejo, insiste
Em não te abandonar.
Porque isso acontece?
Que lampejos te cala
Pra arrancar tua fala
Em murmúrios de dor
Será que este pavor
Que partiu o teu peito
É só o trágico desfecho
De um sofrido caso de amor?
Pra ficar tão assim
Tão perdida, sem rumo
A vagar pelo mundo
Sem saber onde vai
Já não olha para trás
Já não vê mais defeitos
O que agora for feito
De nada importa mais
É tudo tão anormal
Te ver despida sorrindo
Ainda assim reprimindo
Os olhares de pudor
Que teu delírio nos cala
E sem entender tua fala
Vejo dos olhos azuis
Correrem lágrimas e dor
E ainda assim tuas mãos
Vai carregando um flor
E por mais que a dor
Queira te destroçar
Não perdestes de tudo
O sinal da esperança
Que ainda vejo, insiste
Em não te abandonar.
Agamenon Almeida
ALFREDO BARBIERI
Taubaté (SP) - Brasil
TROVAS
Brilha a gota de um
orvalho
à luz do sol matinal
enche de esplendor o
galho
mostra um quadro genial.
Casamento é loteria?
Há quem diga que é bem
mais
resultado da magia
que eletriza nós
mortais.
Se eu pudesse definir
bem, o fracasso e o
sucesso
este seria o porvir
aquele o duro recesso.
Quando o amor não tem
raiz
é só um fogo de palha,
se incendeia mas num
triz
vira cinza e atrapalha.
Saudade é viver agora
um tempo que já passou
que apesar de ir embora
profundas marcas deixou.
Alfredo Barbieri
AMÉLIA LUZ
MAIO DE MARIA
Maio de anjos rosados
de coroação e de
cânticos,
ave, ave, ave Maria...
Maio, de pétalas de
monsenhor
jogadas na Virgem Maria
De barro, moldada
por mãos escultoras...
Argila entre dedos
hábeis
Criando o semblante de
paz
em profundos olhos
azuis...
Maio, das mães adornadas
de bondade e submissão.
Maio... Ah, maio...
Amai-o!
Vem a noiva inocente,
A marcha nupcial, a
entrada triunfal,
um buquê de flores de
laranjeiras,
uma grinalda de “miguets”,
a noiva vestida de renda
lembrando pureza!
Maio... Ah, majestoso
maio,
das festas na Igreja
Matriz,
da banda tocando nas
retretas
e nos animados leilões
de prendas...
Templos cheios de
convidados,
engalanados em sedas e
casemiras.
Maio, regai-o de
alegria,
é tempo de fantasia.
Maio... Ah, maio...
Amai-o!
É maio, mais uma vez!!!
Os sinos tocam, repicam
nos altares de Minas
repetindo a sua mesma
poesia:
- dilim... dalão...
- dilim... dalão!
Vinde Maria, vinde João,
é dia de missa, de
Menino Jesus
de muita oração.
É dia de maio
É dia de Maria
É dia de Primeira
Comunhão!
Amélia Luz
AURINEIDE ALENCAR
DESCOBERTA
A descoberta é uma ação
De ver o que outro não
viu
E pensando que ninguém
No mundo não descobriu
Mesmo estando enganado
Se sente recompensado
Pensando que contribuiu!
Refletindo sobre a vida
Vi que faltou paciência
Muito talento escondido
Por falta de obediência
Descobertas valorosas
Que conversas prazerosas
Aumentam a inteligência!
E foi depois dos
cinquenta
Que eu pude perceber
Que a vida é uma só
Que nós temos pra viver
Diante a realidade
Aproveitemos a
oportunidade
Até o dia de morrer!
Não é preciso que a
gente
Tenha que a outrem
provar
Por incrível que pareça
Tampouco se preocupar
Ninguém conhece sua luta
Portanto não dê escuta
Quando alguém comentar!
Nesta fase descobri
Alcançando a maturidade
Que é preciso tão pouco
Quase nada na verdade
Antes que venha a morrer
Que é possível viver
Tendo paz e dignidade.
Aurineide Alencar
ANA MARIA NASCIMENTO
Aracoiaba (CE) - Brasil
AUTOESTRADA
Ao longo do caminho da
utopia,
surgem as mais diversas
estações,
afeitas a deixar os
corações
vivendo uma perfeita
sintonia.
Durar a temporada na
harmonia,
leva ao aprendizado das
ações
e, nessas diferentes
mutações,
nenhum vivente jaz em
nostalgia.
Por isso professar
sucintamente
o mais ambicionado dos
apegos
a afável temporada faz
contente.
Assim, naturalmente,
todo ser
encontra primorosos
aconchegos
na estrada que deseja
percorrer.
Ana Maria Nascimento
ANDRÉ ANLUB
VIVER, O CRIME
As solas dos sapatos são
selos de vida...
E, goste ou não, já
estão gastas;
Os pés andam firmes no
pensamento lúdico...
Mesas lisas; mesas
fartas.
Vê-se um filme antigo no
inaugurado cinema novo...
O nada pouco povo pobre
fica de fora;
Encareceram o acesso
público,
Esclareceram que já não
é de agora.
Sendo em suma maior de
idade:
A cachoeira gelada
convida ao banho;
A cachorrada quente
convida ao assanho.
Tanto uma como a outra
fazem parte de um todo,
Do que lambe e limpa o
lodo da desigualdade.
Sendo em sonho menor de
idade:
Vamos queimar gordura e
arrepiar os pelos,
Pelos novelos novos;
pelo não cair dos cabelos.
Os direitos não estão
direitos:
Vai-se o nosso tempo;
Os deveres se graduam a
esmo:
Devora-nos a realidade.
Os pés já andam
descalços,
No encalço da
felicidade.
A igualdade é dinossauro
utópico,
Junto ao ópio de
mediocridade.
O cinema pegou fogo,
Colocando inveja ao
circo.
Tem pão, mas não tem o
ovo,
Fazendo do viver seu
crime.
Olho por olho, dente por
dente
Eles por eles, elas por
elas...
Assim o pobre, o rico
O policial, o cidadão, o
bandido
O conhecido, o indigente
Os do asfalto, os da
favela...
São inimigos, cegos e
banguelas.
Sonha-se e luta-se por
uma vida mais justa a todos
E pela expressiva
redução da desigualdade social.
André Anlub
(30/3/17)
ANDRÉ FLORES
Portão (RS) - Brasil
POETA
Olá velho amigo
Por onde te esconde?
Tem um tempinho para
mim?
Sabe velho companheiro
Andam dizendo que a
poesia saiu de moda
A onda agora é o
computador
Os livros ficaram para
trás.
Saudades dos teus versos
Das tuas rimas
Sonetos soltos ao vento
Embalando os casais
apaixonados.
Acredita que ouvi falar
Que a grande sacada
agora
É um tal YouTube
E os pobres livros
estão empoeirados.
Muita falta, sinto muita
falta
De você meu amigo poeta
Trovando versos
Exaltando o céu e as
estrelas.
Aquele cordel feito de
improviso
Um riso virou rima
Uma tigela se
transformou em festa.
Sabe que eu sonhei ser
Drummond
Mas acordei André
Aprendiz de poeta
Poetando saltitante
feito saci
Querendo fazer arte com
as palavras.
¨¨¨¨¨¨
LAÇOS
(Homenagem aos nossos irmãos Portugueses)
As caravelas atracaram
no Porto Seguro
Trazendo consigo um povo
gentil
Na bagagem veio à
esperança
Traduzida nos versos de
Camões.
De herança nos deixaram seus
costumes
Uma língua de rara
beleza
A poesia das naus
delirantes de outrora
A arquitetura barroca
estampada nas cidades.
Dos lindos fados as
serestas
Madrugadas românticas
Onde os enamorados se
beijavam
Sob a luz do luar.
De mata virgem
transformou-se em nação
Monarquia virou
república
Imperialismo dando lugar
à democracia
Da escravidão a
abolição.
Um País se faz pela sua
história
Pelas suas raízes e
laços
Pelo legado deixado ao
seu povo
Como forma de dizer:
estes somos nós.
Muito do que carregamos
na alma
Deve-se ao povo Lusitano
Homens e mulheres de
valor
Com muita dor deixaram
seu País
Para iniciar uma nova
vida.
Hoje sabemos que:
Muito da nossa cultura
Dos nossos costumes
Da nossa literatura e
poesia
Tem um pouco daqueles
que um dia
Atravessaram o oceano
Em busca de uma nova
vida.
André Flores
Aprendiz de Poeta
ÂNGELO DE SOUZA ROBERTO
Pedro Leopoldo (MG) –
Brasil
VIDAS EM PAR
Que lindo de ver
Um par de amantes
Sublimes instantes
De inocente prazer.
Gêmeas almas
Bailam contentes
Sem pressa alguma
Amam-se entrementes.
Amores vibrantes
Ternura, loucura
Infinitos instantes.
Que lindo de ver
Um par de amantes
Sublimes instantes
De inocente prazer.
Gêmeas almas
Bailam contentes
Sem pressa alguma
Amam-se entrementes.
Amores vibrantes
Ternura, loucura
Infinitos instantes.
Amor que se apura
Remédio, veneno
Que mata, que cura.
Ângelo de Souza Roberto
ANTONIO CABRAL
MEU PRIMEIRO AMOR
Meu primeiro amor...
ah meu primeiro amor!
Partiu no poeirão das boiadas
rumo às cidades grandes
e foi trancada num internato,
desses tantos que servem mão-de-obra
aos conventos franciscanos.
Quarenta anos depois,
quase nos esbarramos,
graças à mana caçula,
mas a razão é mais forte,
embora siga vendo seus passeios,
seu caminhar de menina,
seus longos cabelos negros
realçando sua beleza cabocla
sobre essa pele mais roxa
que jabuticaba -
que incendeia todo meu ser.
Sei que entre nós há um tempo,
tempo cheio de afazeres,
de colheitas, cafezais em flor,
Cascatinha e Inhana,
caminhões carregados de cereais,
carretas de leite rumo aos laticínios,
boiadas e mais boiadas
e tudo pode ser removido
num simples olhar...
assim, sem mais nem menos.
Mas o meu primeiro amor real
supera toda fantasia
e segue comigo rompendo rincões
com aquela disposição guerreira
que habita nossas almas
e nos mantém no front do combate.
Por isso, meu primeiro amor menino,
não posso ser tragado pela força dos sonhos
e prefiro crer que o meu primeiro amor eterno
vem de mãos dadas comigo
sobre o tapete vermelho
ou pelo chão espinhoso.
Antonio Cabral
ANTÓNIO MANUEL PALHINHA
ESTADO DE ALMA
Escrever para mim é um estado de alma. Um
refúgio onde me encanto e restauro. Um porto de abrigo onde desembarco emoções
de caravelas. Onde tornados de ideias me perseguem, ainda que só, no meu
velejar vou além de horizontes infindos. Na escrita, posso viver os meus
sonhos, ainda que não venha a conseguir realiza-los na realidade. Alimento
assim a esperança e o amor! Um romântico, um sonhador dirão. Que seja, os que
me invejam gostariam também de o ser. Pois de esperança e amor vive o escritor,
com esperança e amor definhará o homem, sem esperança e amor nenhum deles
viverá.
António Manuel Palhinha
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa
ANTONIO PAIVA
RODRIGUES-FORTALEZA
Fortaleza (CE) – Brasil
QUERO COMPREENDER O SEU
AMOR
Queria imantar a sua beleza dentro do meu
sofrido coração.
Das psicosferas terrestres tu foste a mais bela parecendo um mar espumante mostrando o seu fulgor.
Das psicosferas terrestres tu foste a mais bela parecendo um mar espumante mostrando o seu fulgor.
O sol desponta no horizonte é mais um dia a
clamar por seu amor...
Quero ser o elo da bondade, da força de vontade
e te amar em profusão.
Não almejo ser prisioneiro e sim companheiro no
dia a dia em que a felicidade fosse o ponto forte da beleza e da gratidão.
Dois seres que se amam se juntam, se anelam numa
corrente de energias fulgurantes belas onde predomina o destemor.
O amor pode incendiar uma relação, mas almejamos
somente apimentar, para que o fogo seja somente o ardor atraente da nossa
relação.
Dois corpos se aprisionam unicamente para
entrelaçar o amor existente e mostrar o quanto é belo a união em reverberação.
É possível morrer de amor, mas desejamos viver
em harmonia, em alegria contigo sentindo o meu carinho e os meus lábios de
encontro aos seus.
As estrelas embelezam o céu, a lua resplandece
ao pôr de um belosol, viver contigo é algo divino, esplêndido, sentir contigo o
amor correspondido é delicioso associado aos beijos meus.
Queríamos voar mostrar a nossa destreza, no
entanto a nossa união é uma beleza que jamais irá sair da memória e do nosso
relacionamento encantador.
Almejo sempre percorrer seu corpo sedento, de
alento brilhante como o sol e tudo que acontece entre nós nada é inventado e
jamais será apagado do nosso órgão pensador.
A nossa união será eterna com beleza descomunal,
pois nos amamos bastante desde o primeiro visual continuamos a querer
frutificar mais ainda nosso amor conjugal e dizer a todos que não existe
carinho e amor iguais aos meus, meu eterno amor.
Antonio Paiva Rodrigues
AMILTON M. MONTEIRO
São José dos Campos (SP)
ETERNA INSPIRAÇÃO
Meu coração,
manteiga-derretida,
não sabe suportar a tua
ausência;
por isso quer parar com
sua batida,
deixando-me da morte na
iminência...
Retorne para mim, oh,
vem querida!
Não me deixe cair em
decadência...
Guardei já muito amor em
minha vida
e quero dar-te todo! Por
clemência!
Vem logo ouvir os versos
que eu te fiz
até nas noites turvas,
sem luar...
Bem sei que são poemas
de aprendiz...
Porém, se algum tocar
teu coração
bondoso, então, quem
sabe irás ficar
e ser a minha eterna
inspiração!
¨¨¨¨¨¨
TIZIU
Ao ouvir psiu, psiu...
esta manhã bem cedinho,
despertou-me um
passarinho
que nem sei de onde
surgiu.
Só sei que dando
pulinho,
cantando alegre o tiziu,
em meu peito descobriu
um lugar para o seu
ninho...
Quando vê que me levanto
para olhá-lo com apreço
em seu negror
reluzente...
Ele mais trina! E eu me
encanto!
E orando a Deus,
agradeço
tão mavioso presente!
Amilton M. Monteiro
ARMANDO A. C. GARCIA
São Paulo (SP) - Brasil
O DOM DA UBIQUIDADE
Tivesse eu o Dom da
ubiquidade
Estaria a teu lado neste
momento, amor!
Mas, por ser um Dom
inerente a Deus
A não ser no pensamento,
ninguém o invade
Esse Dom da ubiquidade
só se impregna
Se representado pelo
pensamento bergsoniano
Jamais materializado no
campo teluriano
Pois a realidade é séria
e não admite ironia.
Quisera eu, meu amor
tê-lo por um só dia
Para minimizar minha
louca fantasia,
De poder beijar-te,
cheio de alegria,
Acariciar teu seio,
sentir teu perfume
Arder de desejos, como
madeira no lume,
Oh! Quem me dera
transpor incólume!
¨¨¨¨¨¨
DO PRIMEIRO
AMOR... (soneto duplo)
Do primeiro amor,
ninguém esquece
É sentimento que na vida
inteira cresce,
Na alma que ama, o
coração floresce
Sentimento intenso que
não perece.
É esse amor eterno,
verdadeiro
Que a alma alimenta no
braseiro
Mantendo na memória do
primeiro
Condição dum digno
cavalheiro,
E este sentimento é tão
profundo
Que em qualquer lugar
deste mundo
O primeiro amor é o mais
fecundo
Feliz daquele que recebe
a benção
Sacramental da eterna
união,
Sentimental desejo do coração!
II
Todavia, por certos
contratempos
Outros, tão divergentes
da vontade
Não que seja por meros
passatempos
Perde-se o amor
primeiro, vem saudade
Esta infinda, trazendo a
nostalgia,
Preso à memória o desejo
aceso,
Querendo o primeiro amor
a cada dia
Como se pudesse voltar
ao que é defeso.
Tristeza, dor e
sofrimentos mil
Ao sentir no peito amor
intenso
Sem puder ser ao grande
amor servil,
É o amor que a alma não
esquece,
Nem o coração o deixa
suspenso
Passa a vida inteira, e
não perece!
¨¨¨¨¨¨
AS CORDILHEIRAS DA VIDA
Parecem intransponíveis
as cordilheiras da vida
Mas pé ante pé, sem
exceder os limites da liberdade
Após ter resistido
corajosamente e enfrentado a lida
Insistindo,
recalcitrando, permaneceu à vontade.
Pé ante pé, transpôs as
abstrusas cordilheiras
Excitadoras de grandes
esperanças futuras
Norteadoras de
probabilidades clareiras,
De trilhar novos
caminhos, sem agruras.
E, finalmente vencidas,
surge a esperança
De novos dias, onde a
luz e a bonança
Serão os fatores de toda
predominância.
E sem meter os pés pelas
mãos, está no caminho
Cruzado o embaraço,
tirou o espinho.
Finalmente, leva a vida
cheia de carinho!
Armando A. C. Garcia
ARTEMIZA CORREIA
Ocara (CE) - Brasil
DIGNIDADE HUMANA
Vejam só quanta nobreza
na origem da humanidade,
o poderoso onipotente
Criador e divindade
preparou todo o ambiente
fez o barro virar gente
e deu-nos a dignidade.
O Deus da imortalidade
antes de ser a matéria
criou sua semelhança
com ideia firme e séria
livre arbítrio e paz
Inteligência e mais
formas contra a miséria
Sendo o centro e o
final
e jamais coisificado
protegido pela lei
tem direito assegurado,
Trato com seriedade
chamamos de dignidade
do homem humanizado
Nossa constituição
Carta Magna Federal
garante a nós humanos
o direito natural
sendo a mesma soberana
a dignidade humana
numa vida liberal.
Artemiza Correia
AUDELINA MACIEIRA
EU QUERO UM MUNDO
DIFERENTE
Eu quero um mundo diferente
Onde os homens sejam um poema e mulheres poesia
onde a fantasia não seja apenas uma fuga da realidade
quero amor, quero sentir saudades.
Eu quero um mundo inteiro, não pela metade
onde os sonhos impossíveis sejam verdade
e a verdade possa ser companheira da vida
alicerce para os pés e alimento da alma.
Quero palmeiras no meu jardim
quero sentir o cheiro das flores
rosas, tulipas margaridas
quero ter calma, quero paz
paciência e reflexão.
Eu quero um mundo, onde eu possa
pedir perdão e ser perdoado
sem demagogias e sem hipocrisias.
Eu quero um mundo diferente
para sentir que sou gente
decente, humano valente.
quero dividir o meu carinho
com aqueles que andam sozinhos.
Quero não ter pressa, aproveitar o tempo
não ter hora alguma, ser livre do momento
e seguir devagar em direção a sabedoria
que me espera lá na minha adulta idade.
Quero ter a certeza que todos têm pão na mesa
e água para beber, pura cristalina assim
como os corações serão se houver
consciência da morte como essência
para renovação.
Quero ser chão, quero ser mato
quero ser um dia ar e beijar
a brisa discretamente e ser semente.
Eu quero um mundo diferente
Onde os homens sejam um poema e mulheres poesia
onde a fantasia não seja apenas uma fuga da realidade
quero amor, quero sentir saudades.
Eu quero um mundo inteiro, não pela metade
onde os sonhos impossíveis sejam verdade
e a verdade possa ser companheira da vida
alicerce para os pés e alimento da alma.
Quero palmeiras no meu jardim
quero sentir o cheiro das flores
rosas, tulipas margaridas
quero ter calma, quero paz
paciência e reflexão.
Eu quero um mundo, onde eu possa
pedir perdão e ser perdoado
sem demagogias e sem hipocrisias.
Eu quero um mundo diferente
para sentir que sou gente
decente, humano valente.
quero dividir o meu carinho
com aqueles que andam sozinhos.
Quero não ter pressa, aproveitar o tempo
não ter hora alguma, ser livre do momento
e seguir devagar em direção a sabedoria
que me espera lá na minha adulta idade.
Quero ter a certeza que todos têm pão na mesa
e água para beber, pura cristalina assim
como os corações serão se houver
consciência da morte como essência
para renovação.
Quero ser chão, quero ser mato
quero ser um dia ar e beijar
a brisa discretamente e ser semente.
Audelina Macieira
BENEVIDES GARCIA
Maringá (PR) - Brasil
CANTO DE AMOR E DE LUZ
Que os nossos sonhos sejam leves e tintos
como paisagem onde voam gaivotas
de fogo e de luz...
Que os risos sejam doces e mágicos
e que nossas lágrimas vertam
águas da fonte que jorra leite e mel...
Que as janelas sejam abertas
e que as flores cresçam nas sacadas dos rios
cantando rondas de esperança
nas vertentes sinuosas dos moinhos...
Que as lembranças
sejam telas de porcelana
adocicadas nos tapetes
das lendas do tempo...
Que todos os silêncios cantem
louvores de alegria nos encontros
das auroras perdidas...
Que a luz seja presença
ardente
envolta nas cores dos ventos...
envolta nas cores dos ventos...
Que a música seja flauta
doce
nos lábios do amanhã...
nos lábios do amanhã...
Que as ternuras teçam histórias
de candura e luz nos berços que abrigam tesouros de paz...
Que o amor seja na medida certa
em todo tempo e lugar e, de tal modo, que
as paixões brinquem de ‘pique e esconde’
no porto das ilusões...
Vinhedo (SP), Outono de 2008.
de candura e luz nos berços que abrigam tesouros de paz...
Que o amor seja na medida certa
em todo tempo e lugar e, de tal modo, que
as paixões brinquem de ‘pique e esconde’
no porto das ilusões...
Vinhedo (SP), Outono de 2008.
Benevides Garcia
CARLOS LEITE RIBEIRO
Marinha Grande -
Portugal
A
FEIRA DA GRAÇA
Nota: A cena passasse num recinto de uma qualquer feira popular.
Nota: A cena passasse num recinto de uma qualquer feira popular.
1ª Pers.: - Oh freguesas, é comprar, é comprar... É comprar hoje, pois eu estou
muito bem-disposta! É de aproveitar, pois hoje levam tudo quase de graça! Oh
freguesas, quase, quase de graça! E ainda mais, tomem bem atenção: quem levar a
mercadoria hoje, pode usá-la durante a semana e, se não gostar, de hoje a uma
semana podem traze-la, que eu a aceitarei!
2ª Pers.: - Meus senhores e minhas senhoras, a banha da cobra...
1ª Pers.: - Oh seu "banha da cobra", desampare-me cá o
"estaminé". Vá gritar para
outro lado!
2ª Pers.: - Olhem, olhem só para "esta cara de pau", que deve estar a
sonhar!
1ª Pers.: - Estou a sonhar, estou mas não é com você! Seu "borda de
alguidar" - ouviu?!
2ª Pers.: Esta “pirua”quer conversa, mas eu não estou "pardála"! A
banha da cobra, é um produto que cura todos os males... Se tem uma nota de
cinquenta...
1ª Pers.: - Está a ouvir-me, seu "dez réis de gente"?! Vá lá para
baixo, para o fundo da feira, pois é lá que você, seu "pingarelho"
fica bem!
2ª Pers.: - Se por acaso tem queda de cabelo, não use um qualquer shampoo, use
sim a conhecida e centenária banha da cobra...
1ª Pers.: - Agarrem-me, agarrem-me, porque eu vou-me a ele, e desgraço-me.
Agarrem-me!
2ª Pers.: - Imaginei só, uma "pirua" como ela, ainda pensa que alguém
a vai agarrar! áháháh ... A banha da cobra cura todos os males, menos a
paranoia desta mulherzinha! Meus senhores e senhoras, podem formar bicha, pois
eu não sei se terei embalagens para servir todos... mas se as bisnagas não
chegarem, eu irei ao sertão caçar uma cobra, esfolo-a e tiro-lhe a banha, e
assim todos os estimados clientes poderão ser atendidos! Venham cá ver a banha
da cobra, que dá saúde a quem a tiver!
1ª Pers.: - Ai, ai que ainda perco a cabeça... Perco a cabeça com este
“pingarelho”!
2ª Pers.: - A banha da cobra também é boa para encontrar e colar cabeças
perdidas!
1ª Pers.: - O malandro, o malandro ainda me está a gozar comigo! Oh seu meia...
seu meia..."léca de um raio", se eu, lhe ponho as mãos em cima…
Aproxima-se da filha da 1ª Personagem
3ª Pers.: - Oh mãezinha, que termos e propósitos vêm a ser esses?!...
1ª Pers.- Estou assim neste estado, é por causa daquele... daquele
“pingarelho”...
3ª Pers.: - Mas olhe que eu não estou a ver aquele moço fazer nada de mal à
mãezinha... Ele até me parece bastante simpático!
2ª Pers.: - Olhe que a menina até tem muita razão, pois, eu até sou bastante
simpático. Mas a sua mãezinha, como não gosta da banha da cobra...
3ª Pers.: - Oh mãe... Se tu não gostas da banha da cobra, ninguém te obriga a
comprar e muito menos a usar... Olha, faz o teu negócio e deixa lá os outros se
governarem!
1ª Pers.: - Tu, minha filha, é que não sabes, nem calculas, de que qualidade é
este "estupor"!...
Aproxima-se uma cliente
4ª Pers.: - Olhe lá minha senhora, tem cuecas?!
1ª Pers.: - O que você perguntou?
4ª Pers.: - Oh mulher, você está surda? Por acaso não ouviu eu perguntar-lhe se
tinha cuecas?
1ª Pers.
Ouvi, ouvi e muito bem. Claro que tenho cuecas! E tenho estas para vender; olhe
só para esta boa fazenda, e o tom até lhe vai ficar muito bem, pois é o tom que
dá com a sua pele...
4ª Pers.: - Olhe lá, mas isto são meias-calças!
1ª Pers.: - E daí?!... A freguesa leva duas peças e só paga uma. Não hesite
pois, ninguém a quer enganar!
4ª Pers.: - Não sei, estou hesitante...
1ª Pers.: - Olhe lá, vamos fazer uma coisa: a freguesa leva e prova, se gostar
fica com elas, se não gostar, volta a traze-las. Eu para a semana estarei cá
novamente. Oh freguesa, leve a mercadoria que não se arrependerá!
Outro cliente aproxima-se
5ª Pers.: - A senhora tem chapéus para a praia?
1ª Pers.: - Tenho chapéus, tenho. Não quer dizer que sejam para a praia, mas
são de certeza para a cabeça dos clientes. Olhe, este aqui até é bastante
bonito...
5ª Pers.: - Mas, mas este chapéu é muito pequeno...
1ª Pers.: - Você também não me parece que tenha uma cabeça muito grande, mas às
vezes quem sabe. Mas isso não é comigo... Leve lá o chapéu, que lhe há-de ficar
muito bem. Olhe que até lhe dá um certo ar de distinção...
5ª Pers.: - Nem sei o que faça...
1ª Pers.: - Eu hoje estou muito bem-disposta! Olhe freguês, você leva o chapéu,
prova-o, se gostar, fica com ele, se não gostar, volta a traze-lo! Pois para a
semana, estarei cá novamente. Isto hoje é só vender...
Outro cliente
1ª Pers.: - Oh freguês, o que é que procura?
6ª Pers.: - Procuro um cinto de couro, castanho...
1ª Pers.: - Castanho?! Olhe que essa cor é bem capaz de não lhe ficar muito
bem. Veja aqui este cinto, isto é que é um "luxo", e de muito boa
qualidade. É feito de toiro bravo, que foi corrido na Praça do Campo Pequeno, e
era tão bravo, tão bravo, que os forcados o tiveram de pegar de
"cernelha", antes do toiro mandar três forcados para o hospital!
6ª Pers.: - Mas este cinto é preto, e eu quero um cinto castanho!
1ª Pers.: - Castanho, já lhe disse que não tenho. Mas nós não vamos ficar aqui
toda a manhã a discutir a cor do cinto. Como hoje estou muito bem-disposta,
você leva o cinto, prova-o, se gostar, fica com ele, se não gostar, volta a
traze-lo. Eu para a semana cá estarei novamente! Isto hoje é que está bom, pois
toda a gente pode levar o artigo e prová-lo, se gostar, fica com ele, se não
gostar, volta a traze-lo!
Entretanto, o vendedor da banha da cobra aproxima-se da vendedeira de roupa
2ª Pers.: - Olhe lá, minha senhora, eu e aqui a sua filha, estamos a entendermos
muito bem. Já deve estar a compreender que eu lhe estou a pedir-lhe a
pequena...
1ª Pers.: - Oh seu "banha da cobra", você não tem vergonha nenhuma!
Ora tire as suas "galfarras", ou mãos ou o que você tem, de cima da
minha filha, pois ela é fazenda muito fina para você – fina demais!
3ª Pers.: - Mamã... mamãzinha...
1ª Pers.: - Agora até já sou, mamã. “Mamãzinha” (que cinismo)! Olha lá
"querida filhinha", o que é que tu me queres...?!
3ª Pers.- É que eu, e este moço, apaixonámo-nos um pelo outro!
2ª Pers.: - A senhora está a compreender, não está? Foi um amor à primeira
vista!
1ª Pers.: - Olhe lá, você pensa que eu quero um "banha da cobra"
qualquer, para meu genro?!
2ª Pers.: - Mas compreenda... Eu estou profundamente apaixonado pela sua filha,
e só desejo casar com ela!
3ª Pers.
Mamã, não sejas embirrante... faz a vontade à tua filhinha!
1ª Pers.: - Ai, querida filhinha, quando tu queres, és tão meiguinha que até me
estás a “tocar” o coração!
3ª Pers.: - Mamã, é que eu estou apaixonada... Olha que eu ainda morro por
amor... e mais vale teres uma filhinha viva, do que uma filha morta!
1ª Pers.: - Vocês hoje estão com uma sorte incrível! Apanham-me bem-disposta.
Olhe lá, seu "banha da cobra", você vai ter muito juizinho nessa
cabeça, e vai levar a minha filha. Prova-a, se gostar, fica com ela, se não
gostar, volta a traze-la! Eu para a semana estarei cá novamente.
É comprar, é comprar, pois hoje é quase tudo de graça. Freguesas, é comprar!
Carlos Leite Ribeiro
Marinha Grande – Portugal
CARLOS LÚCIO GONTIJO
Santo Antônio do Monte
(MG) – Brasil
COMEMORAREMOS 40 ANOS DE
LITERATURA
COM O LANÇAMENTO
DE DOIS LIVROS
Desde a minha alfabetização na Escola
Waldomiro de Magalhães Pinto, em Santo Antônio do Monte, tomei a providência de
experimentar o uso da palavra na elaboração de versinhos infantis em pleno
acordo com os meus nove anos. Era a chegada de um dom divino a me guiar e a ser
útil em minha caminhada terrestre, caso eu procurasse me empenhar, persistir e
aprimorar. Então, no
ano de 1977, lancei o primeiro livro (“Ventre do Mundo”), sem qualquer noção a
respeito do mercado editorial. Assinei notas promissórias numa gráfica e,
quando me entregaram 1.500 livros, nem sabia o que fazer com aquela papelada,
pois ninguém tem à sua disposição tanta gente para desaguar poesia. Foi uma
tragédia, um desespero, mas também uma grande alegria ter nas mãos o primeiro
livro.
Minha querida e saudosa mãe Betty se juntou a mim com o poder e a entrega
materna. E então passamos a vender livro pelo telefone e de porta em porta.
Naquele tempo, as pessoas abriam suas portas para receber vendedores de livros
– hoje tanto não abrem suas portas, quanto também não são de frequentar
livrarias. Dessa forma, com a adesão de outros amigos, com o milagre da
propaganda de boca a boca, a edição se esgotou. E no embalo, escrevi o meu segundo
livro (“Leite e Lua”), que teve como prefaciador o grande e importante poeta
Bueno de Rivera, que me deu muitos conselhos. Aprendi com ele que o melhor
parceiro de poetas e escritores é a lata de lixo. Ou seja, escreveu, não ficou
bom, jogue no lixo!
Bueno me disse que não bastava ter dom, pois a arte da palavra escrita carece
de constante lapidação e que todo autor deve buscar seu estilo. Pois bem,
fiquei dez anos sem lançar livro algum, mas buscando o aperfeiçoamento e a
construção de algo que pudesse chamar de meu. Daí escrevi o livro de poemas
“Cio de Vento”, ao qual considero o alicerce de minha obra literária, uma vez
que nele alinhavei o que buscava: uma escrita representativa da vida, na qual
amor, desamor, dificuldades, problemas econômicos e assuntos políticos se
misturem, seja na poesia, seja na prosa é assim que deve ser.
Hoje, ao chegar à marca de 20 títulos, com duas segundas edições, e ter feito
tantas boas amizades com pessoas que vieram a mim pelas mãos da literatura, da
poesia e dos artigos que publicava semanalmente em grandes jornais, posso bem
avaliar minha caminhada e, ao mesmo tempo, projetar uma comemoração bem simples
dos meus 40 anos de mergulho na atividade literária. Ou seja, vou lançar dois
livros: uma obra infantil (“Beijoaria”) e um romance (“Desmemória de
Horizonte”), reunindo ao meu entorno amigos e leitores que me acompanham desde
sempre. Nesse momento vêm à minha lembrança muitas pessoas com as quais mantive
contato e que atuaram como efetivas incentivadoras, a exemplo do poeta Carlos
Drummond de Andrade que, em carta, conclamou-me com um ainda sonoro “Parabéns,
e vá em frente, xará”; o gentil Professor Aluísio Pimenta, que prefaciou livro
de minha autoria; o escritor José Cândido Ferreira, que quando tinha a idade de
87 anos foi à redação do jornal Diário da Tarde para me conhecer e nunca mais
deixamos de nos ver, até a sua morte com 100 anos; o Wilson Ricardo de
Oliveira, outro bom amigo que se transferiu de dimensão e que eternizou sua
presença em mim através do apoio que deu à edição de muitos de meus livros; meu
pai José Carlos Gontijo, que sempre se dispõe a investir no sonho do filho;
minha esposa Nina (festejaremos 38 anos de casados no dia 5 de maio), que faz a
revisão final de meus escritos e cuida da organização dos eventos – e tanta
gente mais, que de uma forma ou de outra lançou (e lança) alguma viração
benfazeja sobre o meu navegar literário.
Toda vez que revejo minha caminhada fica clara
em mim a importância de meus professores em minha trajetória, desde a primeira
professora Clélia Aparecida Souto e Couto até os mestres da faculdade, cada um
deles inseriu em mim conhecimentos e maneiras de conviver que se expressam na
minha escrita e em minha vida. Atividade literária é missão difícil em país de
baixo estoque de leitores como o Brasil e certamente eu não teria produzido
tantos livros sem reunir em meu entorno diagramadores e ilustradores de elevado
nível de competência e sensibilidade como Nivaldo Marques Martins, Nelson
Flores, “Quinho”, Ana Carolina Soares, Hamilton Flores, Vilma Antônia da Silva
(a Vilminha), e Antônio Jabur Neto. E tem também a confiança dos prefaciadores:
poeta Bueno de Rivera, jornalista José Egydio Farinha, escritora Therezinha
Casasanta, professor Aluísio Pimenta, jornalista José Carlos Alexandre,
escritor João Silva de Souza, poeta Harildo Norberto Ferreira,
professora Clélia Aparecida Souto e Couto, poeta Antônio Fonseca, jornalista
Sérgio Neves, professora Maria Greco, jornalista Valter Lima, jornalista
Berenicy Silva, poeta Luiz Cláudio, a poetisa portuguesa Carmo Vasconcelos.
Ao longo da vida a atividade literária me levou a academias, ao recebimento de
honrarias, medalhas e diplomas, mas o que conta mesmo são os livros. Em 2015,
por minha própria conta e risco realizei um “périplo cultural”, levando
gratuitamente alguns de meus livros infantis até escolas municipais de ensino
fundamental. Cada unidade escolar das cidades visitadas recebeu cerca de 20
exemplares dos livros “Lelé, a formiga travessa” e o “Guarda-chuva do Simão”,
sob a projeção de que, ao trabalhar com grande quantidade de exemplares de um
mesmo livro, a professora poderia melhor incrementar a leitura junto aos seus
alunos. Então, movidos unicamente pela chama de autor compromissado com a
evolução educacional da sociedade, estivemos nas seguintes cidades: Santo
Antônio do Monte (e seu distrito de São José dos Rosas), Pedra do Indaiá,
Divinópolis (40 escolas), Arcos, Itapecerica, Moema, Bom Despacho, Capim Branco
e Belo Horizonte, onde recebemos no auditório da Associação Mineira de Imprensa
(AMI) representantes de escolas de Contagem, Betim, Tocantins e até da distante
Brasília de Minas, que fica a 556Km da capital mineira.
Por gostar de escrever fiz opção pelo curso de Jornalismo e foi como jornalista que construí minha vida, ao passo que o exercício da literatura e da poesia me ensinou que o sucesso se resume em conhecer o nosso propósito na vida, crescer pra atingir o nosso potencial máximo e lançar sementes que beneficiem outras pessoas. Ou seja, o principal papel do autor é mesmo escrever – todo o resto é consequência, pois na maioria das vezes o bom livro não é o mais vendido e sim aquele que tem o poder de transformar; ainda que seja uma única pessoa. Como dizia Platão, se um livro qualquer tiver um único leitor além de seu autor, já estará justificado o trabalho despendido em sua elaboração.
Por gostar de escrever fiz opção pelo curso de Jornalismo e foi como jornalista que construí minha vida, ao passo que o exercício da literatura e da poesia me ensinou que o sucesso se resume em conhecer o nosso propósito na vida, crescer pra atingir o nosso potencial máximo e lançar sementes que beneficiem outras pessoas. Ou seja, o principal papel do autor é mesmo escrever – todo o resto é consequência, pois na maioria das vezes o bom livro não é o mais vendido e sim aquele que tem o poder de transformar; ainda que seja uma única pessoa. Como dizia Platão, se um livro qualquer tiver um único leitor além de seu autor, já estará justificado o trabalho despendido em sua elaboração.
Trago, tatuadas em meu coração, três cidades: a Belo Horizonte em que
nasci, a Santo Antônio do Monte, da qual sou cidadão honorário e passei toda a
minha infância e parte da juventude, e Contagem, município em que criei meus
filhos (Bairro Eldorado) e que também me contemplou com título de cidadania.
Dia 26 de
abril, em Santo Antônio do Monte, lançarei dois livros em comemoração aos meus
40 anos de atividade literária independente, com a inclusão de várias camisas
com estampa relativa ao evento (Casa da Pizza, a partir da 19h30minh). Depois,
no dia 6 de maio, será vez a de Belo Horizonte (Gamela Bar e Restaurante, rua
Salinas, 1495, bairro Santa Tereza). E claro que não é e nem será fácil. Alguns
dirão que o momento é de crise econômica, mas para a literatura e todos os
demais segmentos culturais nunca houve bom tempo, pois a ignorância sempre
imperou (e impera) e ademais, como grafei no romance “Desmemória de Horizonte”:
Aos que fingem estar dormindo, não há como despertar.
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
FRAGMENTOS
Fragmentos
irremediavelmente soltos
De uma vida que não
ganhou asas
Acorrentada à vontade de
esquecer
Mundos onde não se
construíram casas
Vergonhas sem cabeças
para esconder
É muito triste para um
ser que vai morrer
E que buscou a verdade
fora da existência
Nas alas de um labirinto
escuro sem saber
Entregar tanta beleza ao
abrigo da natureza
Agora já mal existem
traços e contornos
Daquela mulher bela
prateada e apagada
Por traços azuis e
brancos da cor do nada
Algumas partículas
errantes e esvoaçantes
Voaram como pássaros
negros sem ter céu
Espalhando-se na sombra
do seu olhar
De bela rainha deposta e
sem ter lei
Fragmentada pelo desejo
de ser antes
Como na lembrança de
nunca ter rei
mongiardimsaraiva
CÉLIA LAMOUNIER DE
ARAÚJO
Itapecerica (MG) -
Brasil
GENTE e PLANTAS
Não somos belas
plantas... Somos gente
E é muito especial ser bela gente!
E é muito especial ser bela gente!
Plantas crescem
plantadas... Gente não.
Gente cresce livre e tem coração.
Gente cresce livre e tem coração.
O vento brinca com
plantas... O vento
amigo de todos... Não tem assento.
amigo de todos... Não tem assento.
Juntando vento, animal,
gente e plantas
estamos cuidando de vidas... Santas
estamos cuidando de vidas... Santas
Que precisam de água e
ar na terra.
Gente que pensa e anda... Não faz guerra
Gente que pensa e anda... Não faz guerra
Gente CUIDA do mundo e
de animais.
Tudo junto... Para viver bem mais.
Tudo junto... Para viver bem mais.
Célia Lamounier de
Araújo
CAROLINA RAMOS
Santos (SP) - Brasil
CADA VEZ PIOR?!...
Tudo se
repete e, uma vez mais, passa por mim o chamado poema de Rui Barbosa, onde o
mestre expõe, com a clarividência de sua privilegiada inteligência, a total
indignação e vergonha ante os desmandos que naquela época assolavam sua Pátria,
que também é a nossa.
Impressiona constatar, quanto às coisas pioraram durante esse tempo, nem tão
distante assim!...
Ao que parece, o maldito vírus da corrupção, da ganância desenfreada, do
descaramento cínico, que não conseguiu ser extinto, conseguiu, por sua vez,
transformar tão malignos ingredientes, num coquetel maldito que hoje nos
obrigam a beber e tão difícil é de ser engolido sem engasgos! Coquetel
deletério, que nos embriaga e imuniza contra o bem, a ponto de impedir que as
medidas erradicantes, ciosas de propósitos de mudança para melhor, acabem por
não surtir o menor efeito!
Será que hoje, mais do que nunca fortalecido pela impunidade, esse vírus do mal ganhou imunidade plena e com passagem livre avança triunfante rumo à vitória final?!
Custamos a
aceitar! Mas, os efeitos alarmantes aí estão! Sem desdizer o afirmado, desfilam
acintosamente ante nossos olhos, num crescendo, que vai de mal a pior, tudo
quanto desesperaria ainda mais, nosso “Águia de Haia”!
Por onde anda a nossa capacidade de
reação? E os nossos porquês, por onde andam também?! Perdemos a capacidade de
agir?! O mundo avança... claudicante, mas avança. E nós, retrocedemos?! Quem se
conforma com o inexplicável?!
A ciência galopa, esta sim, sem chegar a conclusões maiores,
sempre a esbarrar no inexplicável que procura contornar.
Preocupam-se os cientistas, como sempre, com a origem da
vida... E tardam a chegar lá, porque, estacionam onde sempre falta algo
mais que lhes rouba a convicção absoluta! E perguntas, sem respostas
conclusivas, são adiadas e empurradas, sucessivamente, de uma geração para
outra, insubmissas aos ditames da fé.
Em tempos caóticos, não seria bem melhor se as grandes
inteligências se unissem com igual empenho, na ajuda à posteridade, para que se
esclarecesse, de uma vez por todas, não apenas a origem da vida, mas, e muito
principalmente, o real sentido que essa vida tem?!
Gerações se sucedem e estas questões capitais continuam,
insolúveis, a indagar: - quem somos? De onde viemos? Para que viemos? Para
aonde iremos? – E apesar do contínuo estudo, ainda não há explicações
conclusivas, nem respostas plenas, se dissociadas da fé! E a fé, não faz mal a
ninguém, apenas quer o bem e ensina como chegar ao bem!
Não há mais tempo para divergências nem para passarmos para o
amanhã a responsabilidade dos nossos atos, vazios dessa mesma responsabilidade
que nos cabe e descartamos.
As preocupações mundiais são imediatas! O que dizer das nossas?!
Importantíssimo, seria se nos preocupássemos com o que flui ao
nosso redor, sem medir esforços para alcançar propósitos sadios, dignos,
imediatos, endereçados à pacificação interior e ao bom relacionamento
universal!
Não seria este, por acaso, o atalho mais urgente e louvável? E não
seria este, não mais por acaso, o verdadeiro caminho para a PAZ?!
Paro, antes que minha insensatez tente escrever um texto de
protesto... Onde o inexplicável há de seguir, como até aqui, inexplicável.
Carolina Ramos
CLEVANE PESSOA DE ARAÚJO
LOPES
OS OLHOS DE JESUS CRISTO
Impressionavam-me os olhos
despetalados, arroxeados de Cristo na Paixão... O sangue a escorrer, o brilho
divino semiescondido pelas pálpebras pesadas de cansaço e sofrimento... Olhava
os quadros da Via Sacra e sentia, literalmente, meu coração partir-se (os
cientistas já provaram que o coração pode ter fissuras causadas por dores
morais, espirituais, sentimentais)...
Quando eu morava em Bicas do Meio (cidadezinha hoje chamada Wenceslau Brás) e estudava em Itajubá, sul de Minas Gerais, no colégio Sagrado Coração de Jesus, recebia das freirinhas aqueles ensinamentos sobre a redenção da Humanidade por esse sacrifício - e tudo devia se repetir, alegoricamente, na Semana Santa, embora, para que as pessoas não se esquecessem da verdade incontestável: "Ele morreu por nós"...
Quando eu morava em Bicas do Meio (cidadezinha hoje chamada Wenceslau Brás) e estudava em Itajubá, sul de Minas Gerais, no colégio Sagrado Coração de Jesus, recebia das freirinhas aqueles ensinamentos sobre a redenção da Humanidade por esse sacrifício - e tudo devia se repetir, alegoricamente, na Semana Santa, embora, para que as pessoas não se esquecessem da verdade incontestável: "Ele morreu por nós"...
Crenças à parte, nas relembranças desta quaresma , vejo as ruas da
cidade (chamada hoje Itajubá - Tecnópolis) bordadas com pétalas e folhas -
serragem colorida, às vezes, como se usa em certas cidades mineiras, mas lá, eram
mais flores que tudo mais...Artistas anônimos, na sua maioria, desenhavam
símbolos sacros, rostos de Jesus, de Maria,de anjinhos... Uma lindeza. Dava-me
pena pisar toda aquela arte e artesanato, na procissão. Vestíamos, as alunas, o
lindo uniforme de gala, com mangas compridas e meias três-quartos e lá nos
íamos, a cantar hinos e desfiar o rosário...
Foi então que a paixão irrompeu-me no
peito. O rapaz era nissei, irmão de uma colega de sala, e ele seguia, por fora,
como bom descendente de orientais, com sua máquina fotográfica, a registrar
meus passos. Eu levantava os olhos, sob o véu de cassa e lá estava ele,
encarapitado em muros, posicionando-se em degraus, torcendo-se pelo melhor
ângulo. Foi por essa época, que a sacralidade da Páscoa se diluiu, pois ela
significava agora chance de flertar com o moço Mikio... Mais tarde tivemos
muitos episódios encantadores, trocamos muitas cartas, mas ele tinha uma
prometida e tudo era muito platônico...
Anos mais tarde, em Juiz de Fora, eu desenhava
centenas de faces de Cristo, para vender, para capa de trabalhos, e numa
ocasião, para Madalena, uma colega do INAMPS que trabalhava na Dermatologia.
Talvez pela força do nome, dizia-me das suas intimidades com Ele, a quem
chamava “O MEU Jesus"... Todos os meus desenhos eram colados por ela na
porta do seu armário, por dentro, por fora, outros levava para casa, uns queria
para presentear. Certa feita, desenhei uma face sofrida do redentor, para ela
levar ao então senador Itamar Franco, que mandara para sua casa material
necessário à construção de uma gruta onde a figura de Cristo seria devidamente
reverenciada...
No final do curso de normalista, o Colégio dos santos Anjos fez a
exposição anual -e além do material didático que criei, participei com um
Cristo em Mil Cores- um desenho sobre papel camurça preto... Muitas faces desse
Jesus sofrido, feições vindas do meu imaginário de artista...
Talvez nem tanto: muitas das vezes, ouvi das pessoas a observação:
"Esse seu Jesus tem uns olhos amendoados, como de japonês..." Passei
a prestar atenção às espirais do inconsciente e a abrir, em sã consciência,
bastante, os olhos pisados do homem-Deus... Somente assim, a face de Cristo
deixou de parecer aquele nisseizinho lindo de minha adolescência...
Clevane Pessoa de Araújo
Lopes
CIDA MICOSSI
CANSAÇO
O corpo se recusa
Quer cama e descanso
Ao som da mansa chuva
Sensação de paz
Com tudo no lugar
Até a tarde inerte
Contribui pra relaxar
Cida Micossi
CONCEIÇÃO HYPPOLITO
Porto Alegre (RS) - Brasil
DESEJO
Escrevo para exorcizar a
fome
que se cumpre
por(tanto) desejo de
justiça feita
a cada história
recontada
com "final
feliz"
para não morrer da mesma
fome
que nos alimenta
que nos define
que nos definha
a cada dia vivido no
mundo
da vida real
com todas suas guerras
de poder
riquezas
de ter sempre e muito
mais
do que ser;
- Falta prato cheio para
alimentar
tamanha fome
de tanta gente
Para encher os olhos, as
bocas,
barrigas
e mentes...
Conceição Hyppolito
CEZAR UBALDO
ACOLHIDA
Acolhe-me
em tua matéria,
em tuas entranhas,
em teu corpo sã
e verás meu espírito
em carne,desejando-te,
amando-te
mais do que se fosses anjo,
mais do que toda imensidão!...
Cezar Ubaldo
DALTON LUIZ GANDIN
São José dos Pinhais
(PR) – Brasil
SÉCULOS DOS SÉCULOS
[...]
Deus!
"Jesus Cristo nunca ria".
Mais um acidente (?)
no ocidente cristão
do século XIII até
o século XVIII.
Séculos de culpa.
Séculos de vergonha...
História do pecado e do medo.
Esses olhos de morte e de infernos,
que fitavam homens podres,
sob um deus-corvo.
Esse mau cheiro que acabou
impregnando os espíritos
ocidentais.
A morte, a fome e as guerras
já profetizavam o fim do mundo...
Pânico na Europa!
Pastorais do medo! Padres e pastores...
Grandes mestres em pedagogia da morte.
Morte-mulher.
Morte-tema.
Morte-poder-do-clero. É claro!
E viva Santo Agostinho (entre outros)!
Santo da culpa.
Santo do pecado.
Santo versus sexo-pecados-do-corpo-mulher,
de tantos pecados que a vida se fez
um grande pecado.
Original.
Criança podre...
Inferno demais.
Pouca paz, pouquíssimo céu.
Deus!
Ninguém suportava confessar
tantas faltas sexuais,
e tantas outras (que não me lembro mais!),
como meus versos malfeitos.
Feito que termino dizendo:
apesar das pedras da morte,
do medo...
Da culpa, cimentada
em nossos espíritos,
desses tempos de ferro,
uma herança cultural,
nada igual
para os séculos dos séculos. Amém!
"Jesus Cristo nunca ria".
Mais um acidente (?)
no ocidente cristão
do século XIII até
o século XVIII.
Séculos de culpa.
Séculos de vergonha...
História do pecado e do medo.
Esses olhos de morte e de infernos,
que fitavam homens podres,
sob um deus-corvo.
Esse mau cheiro que acabou
impregnando os espíritos
ocidentais.
A morte, a fome e as guerras
já profetizavam o fim do mundo...
Pânico na Europa!
Pastorais do medo! Padres e pastores...
Grandes mestres em pedagogia da morte.
Morte-mulher.
Morte-tema.
Morte-poder-do-clero. É claro!
E viva Santo Agostinho (entre outros)!
Santo da culpa.
Santo do pecado.
Santo versus sexo-pecados-do-corpo-mulher,
de tantos pecados que a vida se fez
um grande pecado.
Original.
Criança podre...
Inferno demais.
Pouca paz, pouquíssimo céu.
Deus!
Ninguém suportava confessar
tantas faltas sexuais,
e tantas outras (que não me lembro mais!),
como meus versos malfeitos.
Feito que termino dizendo:
apesar das pedras da morte,
do medo...
Da culpa, cimentada
em nossos espíritos,
desses tempos de ferro,
uma herança cultural,
nada igual
para os séculos dos séculos. Amém!
Dalton Luiz Gandin
DINORÁ COUTO CANÇADO
Taguatinga (DF) - Brasil
Taguatinga (DF) - Brasil
PERTO DO CÉU
Não há mesmo quem resista
e é bom que repita e insista...
Visitar terras portuguesas
e encantar com suas belezas.
Atravessar o oceano por seis vezes
sonhando antes e depois por meses.
Junto com Lisboa, tudo seduz
Fátima, Cascais, Sintra, Queluz
Já outras cidades, mais distantes
Porto, Braga, Vila Verde, cativantes!
A bela Portalegre em um evento
Passagem por Évora, que momento!
Senti-me perto do céu, em Marvão
Que cidadezinha, haja coração!
Montemor, Viana do Castelo... Quanto prazer
Em terras portuguesas, o céu parece florescer...
Não há mesmo quem resista
e é bom que repita e insista...
Visitar terras portuguesas
e encantar com suas belezas.
Atravessar o oceano por seis vezes
sonhando antes e depois por meses.
Junto com Lisboa, tudo seduz
Fátima, Cascais, Sintra, Queluz
Já outras cidades, mais distantes
Porto, Braga, Vila Verde, cativantes!
A bela Portalegre em um evento
Passagem por Évora, que momento!
Senti-me perto do céu, em Marvão
Que cidadezinha, haja coração!
Montemor, Viana do Castelo... Quanto prazer
Em terras portuguesas, o céu parece florescer...
Dinorá Couto Cançado
DECIO ROMANO
Navega na noite a
cantiga
E calma leva consigo
O brilho de cada
estrela.
Entoa seu hino prateado
Como um cometa já vago
De realidade e quimera.
Não fosse o poema de
agora
A última nota que entoa
Diluiria em silêncio.
E não faria despertar
Sequer os sonhos de amor
Sequer o desejo de amar.
Decio Romano
DEOMÍDIO MACÊDO
MISSÃO: GERAR VIDA
Seu corpo modifica ao bel prazer da gravidez;
A alegria transborda o coração materno;
O primogênito ou primogênita chegará em breve ao
seio familiar;
Sua missão inicia-se ali na primeira gravidez;
O amor maternal brota dentro de todas as
células, e o coração pulsa sangue com mais energia vital, para irrigar o corpo
em formação.
Mais um exame médico, pré-natal, é realizado
para acompanhar a gestação do bebê;
A notícia não é das melhores;
A mãe se aflige no primeiro momento;
O que fazer?
A missionária tem uma resposta para dar a
sociedade:
O seu filho viverá e terá o seu amor, o amor de
mãe, de mulher, missionária, que nunca desiste do filho que Deus lhe confiou.
A criança nasce, com a cabeça pequena:
Microcefalia provocada pelo mosquito aedes aegypti, que transmite a Zica Vírus;
A mãe não sabe se a criança vai andar ou falar!
Não importa! A missionária vai viver um dia de
cada vez. E naquele exato momento, ela embala seu bebê no colo, beija-o,
abraça-o, acaricia seus cabelos, numa cena, que só um amor pode interpretar:
O amor materno!
Deomídio Macêdo
DIONI FERNANDES VIRTUOSO
AMADO MEU...
Que se beijem nossos lábios,
ó amado meu
e que nossos braços fortemente se abracem!
Que seja eu, pois, a tua Julieta e tu, meu Romeu
e nossas almas eternamente se entrelacem!
e que nossos braços fortemente se abracem!
Que seja eu, pois, a tua Julieta e tu, meu Romeu
e nossas almas eternamente se entrelacem!
Que os deuses jamais
interfiram
em nosso tão puro e doce amor,
que os nossos corações nunca se firam
no fuso da maldosa e triste dor!
em nosso tão puro e doce amor,
que os nossos corações nunca se firam
no fuso da maldosa e triste dor!
Que o Amor, teu sonho
real me eleja,
no livro da vida nossa história reescreva
como paixão que o ódio venceu!
no livro da vida nossa história reescreva
como paixão que o ódio venceu!
Seremos sementes do amor
que floresceu
e entre os espinhos da vida nada temeu.
Pediremos sempre à Força Maior que nos proteja!
e entre os espinhos da vida nada temeu.
Pediremos sempre à Força Maior que nos proteja!
Registro Nº: T5925829
Dioni Fernandes Virtuoso
DONZILIA MARTINS
BEIJO
Dava-te um beijo
Pedia os teus
Com lábios cerrados
Tocavas os meus.
-“Quero um beijo mole”
Dizia-te eu
Teus lábios de novo
Molhavam os meus.
Um beijar de alma
Um carinho teu
Hoje a paz me acalma
Num beijo pro céu.
¨¨¨¨¨¨
NA MINHA PELE
Na minha pele morde a
comichão nas costas
à espera que as coces!
Mas a ansia morre
na espera dos teus
dedos.
Na minha pele devastaste
montanhas,
alisaste arestas,
lavraste a terra
e nela semeaste a tua
semente.
A minha pele morre cada
dia
esfarelada como areia
fina na confusão dos medos.
Na minha pele vivem
moléculas mortas.
Vivo, só o teu cheiro,
tu inteiro e os teus dedos.
¨¨¨¨¨¨
OITO E MEIA DA MANHÃ
Era uma manhã de
esperança
a anunciar o outono que
em breve viria.
Na estrada lavada uma
chuva miudinha caía
escurecendo a natureza
que parecia chorar.
Não eram sete horas da
manhã,
ou talvez fossem no teu
coração,
pois às oito e meia
deixaste de falar.
Roubaram-te o ar tão
necessário ao teu único pulmão.
Teu corpo cansado, agora
mais exausto,
apanhava da vida o
último hausto.
Sem palavras, sem um
grito ou gemido quase a sorrir,
a conduzir, partiste no
teu posto, de pé, como os heróis
baixando apenas teus
lagos azuis, quais faróis
que se apagam, deixando
a mais negra escuridão.
Nesse dia, passaram sem
bater as sete horas da manhã:
Serenas, escondidas,
cada uma soando vã
Apenas deixando no ar
ecos de solidão.
Donzilia Martins
DILERCY ADLER
AMORES HUMANOS
Amores possíveis
desperdiçados
nunca vividos
por se deixarem
imperceptíveis
amores impossíveis
sonhados
nunca concretizados
mas intensa e
doloridamente
desejados
amores platônicos
tão intensos em
desejos
impregnados de
angústia
que brotam do peito
e sangram
sangram
sem esperança ...
de se completar
plena e vorazmente
... no sexo
amores previsíveis
tão claros
-às vezes chatos-
com início
e
fim
doce e amargamente
prognosticados...
amores imprevisíveis
que surpreendem
quando chegam de
repente
parecendo surgir
do nada
mas com intensidade
assustadoramente
inexplicável!
amores sofridos
que fazem doer
a dor de senti-los
tirando o prazer
perduram às vezes
na vida de quem os
tem
tanto...
tanto tempo!!!
amores tão calmos
pobres de emoção
cheios de pudores
que aborrecem até
os mais tímidos
e desencantados
corações!
amores tão tórridos
como o teu
que deixa a minh'alma
ardendo em paixão
jamais tive igual...
... jamais terei
igual!!
Dilercy Adler
EDA CARNEIRO DA ROCHA
“Poeta Amor"
ELA É POESIA...
Ela é Poesia
Nos ares, nos mares,
Em meu coração!
Ela é Poesia
Em forma de canção.
Ela é Poesia na
minh'alma cansada
Que espera uma unção...
Uma unção de beijos,
abraços
Sacrossanta Poesia
Em forma de emoção!
Ela é tudo o que sonhei
Sai de meu coração
Em letrinhas pra dizer
Do meu Amor por Ela
Por Ela sou feliz
Canto e decanto meus
Poemas,
Nas Asas da Imaginação.
Tudo me dá
Sem nada cobrar
É Poesia da Alma
Em forma de Oração!
E a Este Jesus Amado
Agradeço esta Inspiração
Que chegou de mansinho
No meu verdadeiro ninho.
********
UM OLHAR DE ESPERANÇA
Enquanto tiveres olhos,
para olhar e não para ver, saberás que a Vida
está aí, para ser
vivida!
Olha, com estes lindos
olhos que Deus te deu e saberás que não tens
um olhar cansado,
desesperançado, pois ainda tens muito para viver.
E, a cada dia,
descobrirás, com Alegria, novas coisas
que ainda não tinhas
percebido, pelo caminho da Vida,
esta estrada sinuosa, às
vezes, complicada, que nos leva à Tristeza,
à Dor e não queres mais
enxergá-la.
Não!
Não é assim!
Deves insistir e ver,
olhar, enxergar, se perscrutar o que ainda
não fizeste e o que
gostarias de fazer.
Este teu olhar me diz
tanta coisa...
E eu vejo alguém, que,
às vezes, baixa os olhos e sente vontade de chorar.
Mas é um choro de
emoção, por tudo de bom que escuta, vê e entrevê,
nas linhas de seu
coração.
Não é mais um ser
cansado.
É antes, alguém que quer
ser feliz, e quer que a Felicidade vá lhe fazer companhia.
E ,ela ,sorrateiramente,
vem chegando de mansinho, quer se aninhar em teus braços e aí fazer morada.
É preciso que contribuas
com ela e a deixes ficar.
Sou Utópica?
Talvez...
Mas, se não tivermos um
pouco de Utopia o que será de nossa Vida?
Vive, Sente, Olha, Ama a
tudo e a todos, fazendo da tua vida um
Porto Seguro, onde
outros seres te darão a mão.
Então, não estás sozinho
(a) como o pensas.
Estás amparado (a) por
esta Lei Divina que é a Esperança.
Então: Vê, Olha, Enxerga
e Sê Feliz.
*******
Agradeço o Carinho do convite da
Antologia do Portal CEN - ”Cá Estamos Nós” e Centro Cultural Maria
Beatriz. Há muitos anos, tenho o prazer de escrever neste Portal de literatura
Usófona.
Um
abraço de gratidão da amiga
Eda Carneiro da Rocha
“Poeta Amor"
ELIANA ELLINGER
AH! QUANDO ME OLHAS...
No teu olhar refletindo
as ondas verdes do mar,
veio a ternura emergindo
para fazer-me te amar...
Hoje, quando me olhas,
um forte imã me atrai
e deixo-me ir navejando
na onda que vem e vai...
Eliana Ellinger
ELCIANA GOEDERT (CIÇA)
Curitiba PR) - Brasil
RESILIENTE
Sempre sigo em frente,
meu bem
A vida assim tem me
ensinado
É o que sei fazer de
melhor
Ergo a cabeça, nem olho
pro lado
Pareço até tratá-lo com
desdém.
Mas não, não sou fria!
Nem vem...
Aprendi a (sobre) viver
sozinha
Minha presença não é
imposta
Nem me faço de
coitadinha
A dor que sinto é só
minha
Essa eu não mostro a
ninguém.
¨¨¨¨¨¨
A TERMO
Palavras...
Palavras...
Ao vento...
Ao léu...
Lançadas pela janela
Chegaram ao meu céu.
Mas, eram só palavras...
Sem sentimento...
Palavras apenas...
Sedutoras
Alucinógenas
Convenceram-me
Agora cessaram,
Emudeceram.
Elciana Goedert (Ciça)
FÁTIMA GONÇALVES
São Gonçalo do Amarante
(RN) – Brasil
QUEM FUI E QUEM SOU?
Minhas raízes são de herança
Quando nasci e ainda criança
Fui fundamentada no tradicional
Num contexto nacional e internacional
Meu pai me fez e me criou
Para o ensinamento do senhor
Tinha que cumprir uma missão
Educar uma nação com foco na religião
Cumprir, bem ou mal eu fiz
A arte de ensinar bem feliz
Meu pai, ah! Meu pai, mal sabia
Que não só a ele eu pertencia!
Fui crescendo e se desenvolvendo
Fui além da visão de Coménius
Rousseau por mim se interessou
E me transformou na arte de ensinar amor!
Meu pai Coménius, protestante calvinista
Fez da filha uma técnica e idealista
Que usasse a educação de Cristo Jesus
Para tornar o homem mais próximo de Deus!
Final do Sec. XVIII a 1920, fase de consolidação
Das Ciências Modernas e confusão
Pois eu, Didática, não fui aceita como Ciência
A mim só restava ter paciência!
Mas, entre 1920 a 1960, enquanto ideologia
Saí do Tradicional, mas não da Pedagogia
Ainda sou uma disciplina da área pedagógica
A Ciência da Pedagogia me dar sentido e lógica!
Sou autónoma, mas não sou ainda Ciência
Enquanto progressista ou escolanovista tive influência
Do mundo do progresso onde não cabia mais ensino tradicional
Era preciso ensinar "aprender fazendo" como foco fundamental!
Como tudo nesta vida, mudei mais uma vez
Deixei a ideologia humanista de vez
A era industrial não foi o meu mal
Porém, me fez ser tecnicista formal!
Dos anos noventa à atualidade
Sinto na pele os desafios da produtividade
Vejo-me em constante transformação
Preciso ser um processo de articulação
De técnica, ideologia e política
E cada vez mais me identificar
Com o ensino da teoria e prática
Para finalizar vou eu me demarcar
Sou a Didática diferente de metodologia
Não sou educação nem pedagogia
Usufru delas para me fundamentar
Eu simplesmente sou a arte de ensinar!
Fátima Gonçalves
Minhas raízes são de herança
Quando nasci e ainda criança
Fui fundamentada no tradicional
Num contexto nacional e internacional
Meu pai me fez e me criou
Para o ensinamento do senhor
Tinha que cumprir uma missão
Educar uma nação com foco na religião
Cumprir, bem ou mal eu fiz
A arte de ensinar bem feliz
Meu pai, ah! Meu pai, mal sabia
Que não só a ele eu pertencia!
Fui crescendo e se desenvolvendo
Fui além da visão de Coménius
Rousseau por mim se interessou
E me transformou na arte de ensinar amor!
Meu pai Coménius, protestante calvinista
Fez da filha uma técnica e idealista
Que usasse a educação de Cristo Jesus
Para tornar o homem mais próximo de Deus!
Final do Sec. XVIII a 1920, fase de consolidação
Das Ciências Modernas e confusão
Pois eu, Didática, não fui aceita como Ciência
A mim só restava ter paciência!
Mas, entre 1920 a 1960, enquanto ideologia
Saí do Tradicional, mas não da Pedagogia
Ainda sou uma disciplina da área pedagógica
A Ciência da Pedagogia me dar sentido e lógica!
Sou autónoma, mas não sou ainda Ciência
Enquanto progressista ou escolanovista tive influência
Do mundo do progresso onde não cabia mais ensino tradicional
Era preciso ensinar "aprender fazendo" como foco fundamental!
Como tudo nesta vida, mudei mais uma vez
Deixei a ideologia humanista de vez
A era industrial não foi o meu mal
Porém, me fez ser tecnicista formal!
Dos anos noventa à atualidade
Sinto na pele os desafios da produtividade
Vejo-me em constante transformação
Preciso ser um processo de articulação
De técnica, ideologia e política
E cada vez mais me identificar
Com o ensino da teoria e prática
Para finalizar vou eu me demarcar
Sou a Didática diferente de metodologia
Não sou educação nem pedagogia
Usufru delas para me fundamentar
Eu simplesmente sou a arte de ensinar!
Fátima Gonçalves
SOU MULHER, E DAÍ?
Sou mulher, e daí?
Quando precisei ir à luta, eu fui...
Quando precisei ficar acordada,
embalando o filho que chorava, fiquei...
E daí? Sou mulher...
Mas qual a diferença em ser mulher?
Só porque uso vestidos,
calço sapatos altos,
me pinto e sou vaidosa?...
Afinal, ainda sou mulher,
mesmo quando trabalho dia inteiro,
volto pra casa e ainda tenho o que fazer:
lavar, passar, cozinha, ajudar nas lições...
Sou mulher, e daí?
Quando precisei ir à luta, eu fui...
Quando precisei ficar acordada,
embalando o filho que chorava, fiquei...
E daí? Sou mulher...
Mas qual a diferença em ser mulher?
Só porque uso vestidos,
calço sapatos altos,
me pinto e sou vaidosa?...
Afinal, ainda sou mulher,
mesmo quando trabalho dia inteiro,
volto pra casa e ainda tenho o que fazer:
lavar, passar, cozinha, ajudar nas lições...
Ainda continuo sendo
mulher,
e daí?
Quando tenho que trocar lâmpada,
consertar algo em casa,
ainda assim, sou mulher, e daí?
Fui mulher em todas as horas,
na cama, na rua... E daí?
E continuo sendo mulher!...
e daí?
Quando tenho que trocar lâmpada,
consertar algo em casa,
ainda assim, sou mulher, e daí?
Fui mulher em todas as horas,
na cama, na rua... E daí?
E continuo sendo mulher!...
Nada me tirou o brilho,
nem o sorriso dos lábios cor carmim...
Se tiver que arregaçar as mangas
e ser o arrimo da casa,
não deixarei de ser mulher,
e daí?...
O que é, mesmo, ser mulher?...
nem o sorriso dos lábios cor carmim...
Se tiver que arregaçar as mangas
e ser o arrimo da casa,
não deixarei de ser mulher,
e daí?...
O que é, mesmo, ser mulher?...
Fátima Mello (Fofinha)
FRANCISCO FERREIRA
Conceição do Mato Dentro
(MG) Brasil
PERPETUAÇÃO
Nos desvãos do chão
formiga fincou casa
e ergueu nação.
Nos devaneios da árvore
sabiá fêmea plantou ovos
e raiz de pura cantoria.
No embaixo da pedra
besouro rolou tesouros
e construiu novos
escaravelhos.
Nas revoadas de lodo
mandis babam e desbabam
novos cardumes.
O sol desdobra a manhã e
estende,
rega a raiz do dia
e da corda no carrossel
da vida.
Francisco Ferreira
GILBERTO CARDOSO DOS
SANTOS
Santa Cruz (RN) - Brasil
LAMPIÃO
Virgulino Ferreira,
Lampião,
Nordestino valente,
aventureiro,
Foi herói e poeta,
bandoleiro,
Que ganhou na história
projeção.
A princípio, era só um
artesão
Que alpercatas fazia,
costureiro
Muito hábil com o couro,
sanfoneiro
De destaque na sua
região.
No entanto um soldado, o
Benedito
Caiçara, no auge de um
conflito
Ao pai dele sem dó
assassinou
Tal soldado, metido a
justiceiro,
Sem querer deu à luz um
cangaceiro
Que lendário com o tempo
se tornou.
Gilberto Cardoso dos
Santos
GILBERTO NOGUEIRA DE
OLIVEIRA
Nazaré (BA) - Brasil
NUVENS NORDESTINAS
Hoje é uma linda noite.
Um foguete pipocou no ar.
O céu está cheio de
nuvens semelhantes a ilhas.
Parece um mapa.
A lua se esconde e tudo
escurece,
As nuvens se assemelham
Às terras secas e
quebradas
Dos sertões nordestinos.
Agora elas se separam
Cada vez mais e mais.
Vão se desintegrando,
Deixando o domínio para
a lua.
Neste momento, o céu é
uma paisagem.
A lua clareia o infinito
Que se torna azul
escuro,
Azul puro dos oceanos.
O azul do céu que é um
oceano,
Vão invadindo as nuvens
que são as ilhas.
O bravo e pacífico
oceano
Vão destruindo as ilhas
que também são resistentes,
Bravas, fortes e
pacíficas.
Agora, o oceano afundou
algumas ilhas.
As que restaram se
uniram
Formando uma grande
ilha,
Com a forma de uma
baleia.
E a baleia era viva.
E por ser viva, espirrou
seu jato d’água
E molhou a terra.
Era chuva para os
nordestinos
E eu acompanhei tudo
Do meu posto de
observação.
Gilberto Nogueira de
Oliveira
18-08-1968
GISLAINE CANALES
Glosando Flávio Roberto Stefani
(Glosando uma trova sem verbos)
NÓS DOIS...
MOTE:
Meia luz... noite... a vidraça...
A cama... o beijo... e depois...
Um brinde... o champanhe... a taça...
O amor... o sonho... nós dois...
Meia luz... noite... a vidraça...
a lua... o céu... o
luar...
o encanto... o vento com
graça...
o sereno... a flor... o
lar...
O quarto... lençóis...
cetim...
A cama... o beijo...e depois...
volúpia... desejo
enfim...
eu e você juntos... pois...
Beleza... as flores... a
praça...
brisa... seresta... canção...
um brinde... o champanhe... a taça...
Magia... vida... afeição...
O enlace... a paixão... o
verso...
hoje... amanhã... o
depois...
o infinito... o
universo...
O amor... o sonho... nós dois!...
Gislaine
Canales
HELOISA CRESPO
SER (PENTE)
Gente
Que mente.
Infelizmente,
Maledicente.
Provavelmente
Presente-ausente.
Delinquente
Carente.
Ente
Impunemente
Agente.
Profundamente
Descontente.
Visivelmente
Conivente.
Naturalmente
Insolente.
Escandalosamente
Incoerente.
Socialmente
Doente.
Ser pente!
Heloisa Crespo
HERALDA VÍCTOR
Florianópolis (SC)-
Brasil
QUISERA
Trocar as folhas verdes
do meu colo
Pelo azul celeste dos
teus olhos
Cavalgar na tua pele
passo a passo
Embriagar-me em cada
onda de suor
Ficar presa no aconchego
de um abraço
Degustar o doce dos teus
lábios
Colher e saborear o teu
melhor.
Quisera possuir na
madrugada
Teu gemido satisfeito
aos meus apelos
Entrelaçando de beijos
meus cabelos.
Quisera num embalo
apaixonado
Ao murmúrio da melodia
dos amantes
Fazer de ti meu homem
ser tua mulher
Amar até o fim de e te
fazer adormecer em mim.
Heralda Víctor
HUMBERTO RODRIGUES NETO
CONTRA-SENSO
Quem dera, oh... Deus, o
ser humano fosse
mais fraternal e mais
cristão, de sorte
que não herdasse o
instinto de Mavorte,
contrário à vida, que é
tão bela e doce!
Quanta alma pura fez de
Ti o suporte,
e ao mal que nos judia
contrapôs-se!
Quanta alma vil, de Ti
distante, pôs-se
a criar engenhos de
tortura e morte!
Estranha grei de gênios
e estafermos,
num conúbio de crentes
com pagãos,
eis o que é o homem nos
exatos termos!
Sujeito a instintos
nobres ou malsãos,
concebe a Ciência pra
salvar enfermos
e inventa a Guerra pra
matar os sãos!
Humberto Rodrigues Neto
IRAÍ VERDAN
Magé (RJ)
PRISÃO
Rondel
Tua prisão pode ser uma
sala,
Um quarto, ou um banco
de jardim...
Prisão sem grades, tal
senzala!
De algemas invisíveis, e
solidão sem fim.
Perguntas a todo
instante: o que fizeste a mim?
Deixaste-me na cela
fria, onde a voz se cala!
Tua prisão pode ser uma
sala,
Um quarto, ou um banco
de jardim...
Agora, prisioneiro do
coração, soltas a fala,
No aconchego da tua
sala, entre cortinas de cetim...
A recordar o amor
perdido, sem garbo, sem gala.
Entre grades, esquecido,
dizer: existe exílio assim?
A tua prisão pode ser
uma sala...
Iraí Verdan
ISMAEL MACHADO
Campo Grande (MS) -
Brasil
Ah! Por que razão?...
Eu não sei das flores qualquer traição. Eu nem sei sequer por onde elas, depois de mim, ressequidas, se vão...
Eu não sei dos mil flertes os seus descasos, que em instantes desfizeram inteiros romances. Não sei desse amor maltrapilho, aos frangalhos e em relações de portas abertas ao sussurro de quaisquer ventos.
Possíveis amores sem as bodas de papel, nem de algodão, amores fáceis, amores vãos, triturados pelos dias e pelas cruéis rotinas.
Não vigorará a falsidade em lábios torpes, sequer o que se contrapõe ao mais sincero sentimento, corrente em melodia nest'outras veias inocentes.
Ah! De fato, eu não gosto disso, dessa falta de compromisso. O amor em si não é livre, posto que se prende por vontade ao cântico poético e sob a luz da lua em plenilúnio.
Contudo, liquidificado nesses dias maus, o amor escorre aparentemente livre, em decepções, pela máscara do rosto, segue coalhado de confusões e de desilusões concretas depositadas no assoalho dos corações.
Entretanto, eu sei quão bem aquelas belas quanto singelas flores me caem, me cairão, colocadas sobre o madeiro do meu caixão, cujas tábuas foram tombadas com lágrimas.
Ismael Machado
LEÃO SOMBRA DO NORTE
FONTES
Silêncio
O silêncio absoluto
Anuncia o nome
Do poeta de mão cheia
Verbo que se pronuncia
Sombra que clareia
Palavra que se cria...
Cantiga de amigo
Brotando da fonte leonina
Norteia o verso que abrigo
Na grande nação nordestina
Leão amansa o coração
Que alcança a poesia
Do Riacho Branco da canção
O sonhador de chapéu
De terno azul
Presente da fina ternura do amor
As almas sentem seu calor
Além muito além do Sul
Zenilde sabe muito bem
Da arte do cantor
Sua alegria diamantina
Vem lá da Bahia
É tão bom voar com o nosso condor
Voar Piauí Brasília Brasil
Universo em cantoria
É tão bom cantar
Com o verso do amor.
Silêncio
O silêncio absoluto
Anuncia o nome
Do poeta de mão cheia
Verbo que se pronuncia
Sombra que clareia
Palavra que se cria...
Cantiga de amigo
Brotando da fonte leonina
Norteia o verso que abrigo
Na grande nação nordestina
Leão amansa o coração
Que alcança a poesia
Do Riacho Branco da canção
O sonhador de chapéu
De terno azul
Presente da fina ternura do amor
As almas sentem seu calor
Além muito além do Sul
Zenilde sabe muito bem
Da arte do cantor
Sua alegria diamantina
Vem lá da Bahia
É tão bom voar com o nosso condor
Voar Piauí Brasília Brasil
Universo em cantoria
É tão bom cantar
Com o verso do amor.
Ivan Braga
IVONE BOECHAT
RECLAMAÇÃO
Dei de cara com a
poesia,
fui logo perguntando:
- por que tanta
covardia,
me acordar assim,
noite e dia,
pra escrever coisas
que vem
voando pelo ar,
que nem posso entender ?
A poesia se defendeu,
-se você não entende,
nem eu!
é meu destino atrever,
nasci pra inspirar,
sou despertador
de emoções,
toco nos corações,
sou mensageira
do amor.
Ivone Boechat
ISABEL C S VARGAS
Pelotas (RS) - Brasil
RECADO DO SOL
Amanheceu e o sol
apareceu
Com toda sua intensa
beleza
E, sem se fazer de
rogado,
Mandou avisar que todos
levantassem
Para aproveitar todas as
suas benesses.
Seus raios dourados para
aquecer os corpos,
Sua luz para enfeitar o
planeta,
E as mil outras
possibilidades
De ver a vida acontecer:
As sementes crescerem,
Os tons das coisas se
destacarem,
A água do mar aquecer
E nos proporcionar a
limpeza do corpo
E da alma de toda a
negatividade.
O sol os ensina lições.
Todos os dias se doa
gratuitamente,
Para todos que dele
dispõem
Com sabedoria e
sensatez.
Às vezes, se recolhe,
atrás das nuvens
Para nos dar a
oportunidade de percebermos
Sua grande e eterna
importância em nossas vidas.
¨¨¨¨¨¨
Crônica do dia a dia:
Salva-Vida
Meu dia parecia que não teria nada de
excepcional. Só as tarefas rotineiras. Entretanto, quando se tem seis cães em
casa, sendo dois ainda bebês não dá para garantir que assim será. Na realidade,
tenho cinco, mas estou hospedando uma de minha filha que tem apenas um ano e
chama-se Sol. A princípio deixei separada das outras que andam na área da
piscina. Depois fiquei com pena e a soltei, deixando-a junto da Brisa e da
Nenê, meu encanto sem raça definida, mas de uma formosura sem igual, perfeita,
com as cores preto e branco dispostas simetricamente, nas quatro patas e no
lombo em forma de coração.
Era anoitecer de sexta – feira quando fui à
cozinha e ouvi um barulho de água nos fundos. Abri a porta, rapidamente, e vi a
Sol se debatendo perto da escada, Brisa correndo em minha direção e a Nenê
correndo em direção da Sol. Gritei para ela esperar que já ia tirá-la de lá,
embora ainda tivesse que subir a escada de três degraus do deck.
Só aparecia sua cabeça baia. Quando dela me
aproximei ela já estava com a metade do corpo para foram sendo puxada pela
coleira pela Nenê. Amei ver o instinto solidário. Puxei-a para fora, de
imediato.
A seguir, ambas pularam alegremente em meu peito
e até ganhei uns beijos da agradecida Sol.
Isabel
C S Vargas
ISABEL FURINI
ORIGEM
o vento da vida
transita sobre os
jardins
e agita as cores
de todas as flores
os seres humanos
observam as flores,
mas são aprendizes
e ignoram
que a fraternidade
e a crueldade
dormem nas raízes.
¨¨¨¨¨¨
MONÓLOGO DO FILHO DE
PEDRO PÁRAMO
foi minha mãe que me
disse para ir a Comala
até personagens temos um
passado
de traumas e às vezes de
fracassos
o ontem
nunca é completamente
abandonado
memórias opacam
percepções
(sempre restam entulhos
de emoções)
e eu continuo neste
povoado empoeirado
de ódio e solidão
prisioneiro do tempo
nas palavras exprimo o
ontem
e o amanhã
mas temo o açoite do
ódio e dos leitores
esse vento de Comala
roça as mortalhas
e se pode perceber o
rompimento
das frases e dos ecos
e a carta já foi lacrada
e marcada pelo destino
nada mais falarei - nada
minhas palavras não
quebrarão o gélido alento do destino.
Isabel Furini
IZABEL ERI CAMARGO
ÁGUA
Água corre no leito
deitada no mesmo lugar
lava o rosto lava a alma
hidrata o corpo e a
mente
energiza o vivente
cura protege
alimenta sem sabor
acalma a vida
tira a dor
sacia a sede com amor
água da hidrosfera
água da atmosfera
água geocêntrica
cristalina sorridente
presente em todo mundo
do Jordão ao Amazonas
fluida abençoada
da saúde é convidada
dá brilho e beleza mil
à riqueza do Brasil!
Izabel Eri Camargo
JACÓ FILHO
SANTA POESIA
À luz da poesia Deus me permite,
Trazer de volta teu amor perdido...
E de tanta alegria, tua alma grite,
Mas te silencie um beijo merecido...
Da benção poética, que partilhas,
E para isso, sem nenhum esforço...
A libertação dum angu de caroço,
É a nova senha que na lua, brilha...
Pedidos secretos e céus em juras,
A cada verso dizendo que te ama,
Reafirma ilusões de eterna chama,
Pra tanta tristeza sucumbir à cura...
Mudando atitudes, lençóis e cama,
Nos braços do poeta, que declama...
À luz da poesia Deus me permite,
Trazer de volta teu amor perdido...
E de tanta alegria, tua alma grite,
Mas te silencie um beijo merecido...
Da benção poética, que partilhas,
E para isso, sem nenhum esforço...
A libertação dum angu de caroço,
É a nova senha que na lua, brilha...
Pedidos secretos e céus em juras,
A cada verso dizendo que te ama,
Reafirma ilusões de eterna chama,
Pra tanta tristeza sucumbir à cura...
Mudando atitudes, lençóis e cama,
Nos braços do poeta, que declama...
Jacó
Filho
JANETE SALES DANY
São Paulo - Brasil
CORAÇÃO NA MÃO
Eu vou dormir na solidão
Sonhar com uma paixão
E acordar com o coração
na mão!
Eu vou seguir por árduos
caminhos
Fingir uma alegria,
sorrindo
Vou rir e caçoar do meu
destino!
Eu vou subir a mais alta
montanha
Lá em cima, eu vou
comemorar a minha façanha
Ah...se depois eu não
conseguir descer,
eu vou morrer de
vergonha!
Eu não vou deixar uma
lágrima sequer sair do meu olhar
Vou fazer de tudo para
esquecer o meu pesar
Difícil será carregar no
meu intimo todo este mar!
Janete
Sales Dany
JANSKE
NIEMANN SCHLENKER
MÃOS
Tuas mãos
minhas mãos
nossas mãos
Ontem
tuas mãos inquietas
minhas mãos saudosas
nossas mãos ensaiando
gestos
Hoje
tuas mãos mais longe
minhas mãos mais frias
nossas mãos desejando um
toque
Amanhã
tuas mãos talvez
indiferentes
minhas mãos mais
desamparadas
nossas mãos para sempre
na saudade
Janske Niemann Schlenker
JÚNIO LIBERATO LUZ
Taquaraçu/Piranga (MG) –
Brasil
SEPULCRO DE SORRISOS
Muitos sorrisos que eu
conheço,
Há muito já criaram teia de aranha,
Enferrujados em meio a tristeza,
Trancafiados na imensidão da melancolia,
Verdadeiros reféns desta trama.
Lábios amargurados e atrofiados...
Maltratados, sem mais razões para sorrir...
Pois lá no fundo, sentem vergonha!
Há muito já criaram teia de aranha,
Enferrujados em meio a tristeza,
Trancafiados na imensidão da melancolia,
Verdadeiros reféns desta trama.
Lábios amargurados e atrofiados...
Maltratados, sem mais razões para sorrir...
Pois lá no fundo, sentem vergonha!
Lábios que ainda beijam,
Porém, sem nenhum vestígio de amor,
Que lamentam os pesares,
E expõem a sua dor,
Que se calam, sem querer...
Lábios frios, sem sabor.
Sem valor. Desfigurados.
São lábios tão tristonhos,
Tristinhos, estilhaçados...
Como cacos de vidro quebrado,
Que dá pena, que dá dó!
Porém, sem nenhum vestígio de amor,
Que lamentam os pesares,
E expõem a sua dor,
Que se calam, sem querer...
Lábios frios, sem sabor.
Sem valor. Desfigurados.
São lábios tão tristonhos,
Tristinhos, estilhaçados...
Como cacos de vidro quebrado,
Que dá pena, que dá dó!
Lábios avermelhados,
Secos, rachados...
Talhados pelas lembranças amargas,
Traçados por um caminho sem volta,
Perdidos em meio às tantas tragédias,
Sem esperança de boas novas...
Secos, rachados...
Talhados pelas lembranças amargas,
Traçados por um caminho sem volta,
Perdidos em meio às tantas tragédias,
Sem esperança de boas novas...
Lábios que não sorriem
mais,
Que não têm mais motivos para o fazer,
Que talvez, pela falta de amor,
Ou pela fartura de saudade,
Se perderam do real prazer:
De sorrir, de cantar, de falar...
Se afastando da felicidade,
Em função da dura realidade,
Que é a vida de quem já se esqueceu de viver...
Que não têm mais motivos para o fazer,
Que talvez, pela falta de amor,
Ou pela fartura de saudade,
Se perderam do real prazer:
De sorrir, de cantar, de falar...
Se afastando da felicidade,
Em função da dura realidade,
Que é a vida de quem já se esqueceu de viver...
20 de março de 2017
¨¨¨¨¨¨
BADERNA INTERIOR
Entrei em seu coração,
E me surpreendi:
Teias de aranha espalhadas,
Dependuradas pelos cantos das paredes!
Um mal cheiro forte,
E uma bagunça tremenda,
Uma confusão infernal!
Um verdadeiro coração de pedra!
Tão fechado e frio,
E ao mesmo tempo vazio...
Semelhante a uma noite escura,
Ou será um dia sombrio?
Bem, a certeza que tenho,
É que causa em mim tamanho arrepio!
E me surpreendi:
Teias de aranha espalhadas,
Dependuradas pelos cantos das paredes!
Um mal cheiro forte,
E uma bagunça tremenda,
Uma confusão infernal!
Um verdadeiro coração de pedra!
Tão fechado e frio,
E ao mesmo tempo vazio...
Semelhante a uma noite escura,
Ou será um dia sombrio?
Bem, a certeza que tenho,
É que causa em mim tamanho arrepio!
A trilha sonora até que
não é tão ruim,
Um solo de metal pesado,
Sinfonia fúnebre aos meus ouvidos,
Melodia auspiciosa?
Talvez...
Seu interior é mesmo uma baderna,
Bem diferente do meu!
Mas nem tanto!
Dentro de mim há uma rebelião gigantesca!
Coleciono lá meus desejos,
Sinto também alguns medos...
Medo de escuro,
Dos espinhos de rosas,
Que perfuram meus dedos,
Sem piedade!
Dos estilhaços espalhados,
Das taças de vinho quebradas,
Dos retalhos ao chão jogados,
Das costuras mal-acabadas do meu destino!
Há um cheiro de álcool,
E também de pólvora!
Xícaras de café cheias,
Do antigo porcelanato de família,
Há fotos, e antigos livros de história!
Um solo de metal pesado,
Sinfonia fúnebre aos meus ouvidos,
Melodia auspiciosa?
Talvez...
Seu interior é mesmo uma baderna,
Bem diferente do meu!
Mas nem tanto!
Dentro de mim há uma rebelião gigantesca!
Coleciono lá meus desejos,
Sinto também alguns medos...
Medo de escuro,
Dos espinhos de rosas,
Que perfuram meus dedos,
Sem piedade!
Dos estilhaços espalhados,
Das taças de vinho quebradas,
Dos retalhos ao chão jogados,
Das costuras mal-acabadas do meu destino!
Há um cheiro de álcool,
E também de pólvora!
Xícaras de café cheias,
Do antigo porcelanato de família,
Há fotos, e antigos livros de história!
Às vezes tudo se perde!
Depois acho de novo,
Mas tudo com o mesmo cheiro de velho,
Nunca há novidades por aqui!
E agora, o que me resta fazer?
Acho que farei uma faxina!
Organizar tudo,
Há muita tralha aqui...
Lembranças que não somam,
Saudades que assombram,
Fome de justiça,
Sede, rancor, lágrimas... Suor, saliva...
Mal humor, isenção de amor...
É tudo o que eu tenho!
Mais que você até!
São minhas tralhas,
Meu patrimônio! Meu "tesouro",
É o que me resta!
Já que nada mais me importa...
Depois acho de novo,
Mas tudo com o mesmo cheiro de velho,
Nunca há novidades por aqui!
E agora, o que me resta fazer?
Acho que farei uma faxina!
Organizar tudo,
Há muita tralha aqui...
Lembranças que não somam,
Saudades que assombram,
Fome de justiça,
Sede, rancor, lágrimas... Suor, saliva...
Mal humor, isenção de amor...
É tudo o que eu tenho!
Mais que você até!
São minhas tralhas,
Meu patrimônio! Meu "tesouro",
É o que me resta!
Já que nada mais me importa...
Júnio Liberato Luz
30 de março de 2017
JAX
A VIDA QUE LEVA
O despertador acordou-o pontualmente para mais
um dia.
A refrescante pasta dental, conjugada com a
escova de fios de nylon macios, deixou em sua boca um delicioso sabor de
hortelã.
Foi, então, a vez do chuveiro, que o banhou numa
ducha vigorosa.
O fogão a gás esquentou a água para seu café
matutino.
O espelho lembrou-lhe, a tempo, de que sua barba
estava por fazer. A ação pronta do barbeador elétrico, novidade do gênero,
sanou o problema.
A seguir, camisa, terno e gravata vestiram-no
elegantemente, com a pronta ajuda dos confortáveis sapatos de cromo
alemão.
Seu automóvel o conduziu ao escritório, onde os
papéis do dia já o esperavam.
O microcomputador, recém comprado pela
companhia, foi extremamente eficiente na execução do serviço.
O refrigerante bem gelado saciou sua sede
durante o almoço, na lanchonete próxima.
Às cinco da tarde, o relógio de ponto avisou-o
de que podia retirar-se do trabalho e o fiel automóvel o reconduziu de volta ao
lar.
À noite, a televisão cuidou de contar-lhe tudo
que ocorrera de interesse ao longo das últimas horas pelo mundo afora, enquanto
o ar condicionado minimizava o calor forte que fazia.
A luz apagou-se enfim, para que o colchão
ortopédico embalasse seu sono.
E ele pôde então sonhar. Era só o que lhe
restava a fazer.
¨¨¨¨¨¨¨¨
MANHÃ DE SOL
Muitos acordaram cedo naquele lindo dia em que
os pássaros acompanhavam, com seus trinados, o canto do despertar. O sol, claro
e brilhante, mas ameno, convidava os personagens matutinos a ganharem a rua.
O leiteiro corria, a puxar sua carroça com as
garrafas a tilintar, e mais parecia flutuar, graças a seus inaudíveis calçados
de borracha macia. O velho padeiro murmurava bons dias roucos a seus clientes
madrugadores enquanto puxava os pães do grande cesto acoplado à bicicleta.
A poucos metros dali, o carteiro, assustado,
esquecia o sagrado lema de sua profissão para fugir do boxer rabugento da casa
41. Empregadinhas riam da cena, do outro lado (seguro) da calçada.
O primeiro choro logo cessou, trocado pelo
sorriso da criança ao avistar o gato que corria em direção ao terreno baldio.
Sua babá também sorriu, pois seu “gato” caminhava em sua direção, trazendo
flores.
O apito do mestre-de-obra apressava os homens
que chegavam à construção, ainda a discutir os resultados esportivos do final
de semana.
O vaivém das gentes aumentava cada vez mais.
Chegou a hora do vendedor ambulante que gritava, ou melhor,
cantava: COLcha de CHIINIIIIR! A ele já se somava outro
conhecido anunciante: GARRAFEEEEIIIIRO!
Alguns paravam momentaneamente, como a contemplar
e avaliar aquele momento, talvez em busca de verdades e conclusões que logo
ficariam esquecidas.
Os minutos corriam, virando horas. Horas
agradáveis em que o brilho do sol e os rostos ainda descansados da manhã faziam
acreditar no esplendor da vida. Tudo tão belo e aprazível que o jornaleiro nem
se atreveu a pôr na banca o jornal, cuja manchete denunciava, gritante:
“Massacrada toda uma família!”.
Textos extraídos do
livro "Traços e Troças",
publicado em 2015 pela
editora Lamparina Luminosa (SP)
Texto original de
3/1/72, modificado
Texto original, sem
título, de 12/1/74
Título introduzido em
junho de 201
Jax
JOÃO COELHO DOS SANTOS
NA PENUMBRA DAQUELE BAR
Na penumbra daquele bar,
Versátil, sedutor,
Usa, mais que
indiferença, hostilidade.
A fatalidade não é um
dom
De combate ao
derrotismo.
Na penumbra daquele bar
Não sabe como controlar
Lágrimas, emoções,
esperanças,
Hesitações, delírios do
coração.
Triunfante, via tocar o
eterno fantasma,
Esse incerto ídolo
longínquo
De fogosas especulações,
Excessivamente confiante
na sua estrela.
Na boca gulosa mantinha
um desprezo hostil
Pelo pó do passado e
anunciava o futuro
Na penumbra daquele bar.
Não ouvia senão sua
própria voz
E frases inacabadas.
Sem tristeza disse adeus
As grotescas esperanças,
À banalidade da
existência,
Ao idílio escrito no
céu,
Na doçura de crepúsculo
Na penumbra daquele bar.
Cruelmente decepcionado
percebeu
Que era falacioso seu
álibi.
¨¨¨¨¨¨
SE EU FOSSE
Se eu fosse
Dono desse sorriso
travesso,
Se eu fosse
O grito do silêncio em
garganta rouca…
Se eu fosse
Poema que não morre e
corre ao vento,
A todo o tempo
conheceria as idades
De meu corpo e de minha
alma.
Se eu fosse
Paisagem alagada de sol,
A cada madrugada
sucederia novo dia.
Se eu fosse
Vaporoso fantasma de
diáfana palidez,
Apagaria as chamas
Do olhar com que me
chamas.
Se eu fosse
Quimera dolorosa,
Sentiria renascer a
paixão da mocidade.
Se eu fosse
Só e voasse como pássaro
perdido,
Saberia que, depois da
perda,
Se escutam vozes que se
calaram.
Se eu fosse
Como a borboleta
Que levita de flor em
flor…
Se eu fosse
Porto sem barcos sem
água
Sem docas nem gaivotas…
Se eu fosse Prometeu
Que ambicionou o fogo do
céu…
Se eu fosse
Feiticeiro e alquimista,
Não queria tanta gente a
chorar,
Nem que lhe restasse só
a solidão.
As lágrimas também
padecem.
João Coelho dos Santos
JOSÉ ERNESTO FERRARESSO
Serra Negra (SP) -
Brasil
COBRIR-TE COM
BEIJOS!
Na penumbra dum quente
anoitecer
quero te aconchegar e te envolver
para ouvir palpitar teu coração,
pleno de anseios e voraz tesão!
quero te aconchegar e te envolver
para ouvir palpitar teu coração,
pleno de anseios e voraz tesão!
Não tenhas medo de eu te
abandonar
e permitir possa alguém desfrutar
desse obsceno e sensual prazer
que gostas tanto de me oferecer!
e permitir possa alguém desfrutar
desse obsceno e sensual prazer
que gostas tanto de me oferecer!
Nesses momentos de
eróticas magias
satisfarás em mim tuas fantasias;
pra saciar do teu corpo os desejos
darás em mim os mais proibidos beijos!
satisfarás em mim tuas fantasias;
pra saciar do teu corpo os desejos
darás em mim os mais proibidos beijos!
Que ocasiões alegres,
meu amor,
teremos ambos em total furor,
e então alheios à tristeza ou pasmos,
teremos voluptuosos orgasmos!
teremos ambos em total furor,
e então alheios à tristeza ou pasmos,
teremos voluptuosos orgasmos!
José Ernesto Ferraresso
JOSÉ CARLOS DE ARRUDA
PÁSCOA
Na correria de todo dia
ninguém imagina a
importância
que a data significa.
Crianças a brincar
lambuzando-se de chocolate
cansadas ao fim da tarde
família reunida ao redor
da mesa.
Terminou a quaresma
tudo se adaptando
novamente,
vida que segue.
Vai acabar o domingo!
Domingo de Páscoa!
Fertilidade, essa a
palavra chave.
Nesta data tão
importante para a família.
Feliz Páscoa.
Que a fertilidade possa
renascer
em cada coração.
Paz para a humanidade.
José Carlos de Arruda
JOSÉ HILTON ROSA
FOGO NAS PATAS DO
INIMIGO
Caminhando como cobra
Procurando alimento
Na escuridão do
pensamento
Enxergando como dragão
O cheiro ríspido vindo
com o vento
A cor da alma lhe
convalesce
Reino animal
Fonte de todos os servos
O silêncio lhe faz presa
Falso grito de ódio
Fechando os olhos para
atacar
Planta que não dá
semente
Fino tato nas presas
Ataca como fogo em mato
seco
Fenda inútil do saber
É o inimigo da vida
¨¨¨¨¨¨
ABANDONO DE CIDADÃO
Caminhei, caminhei
nunca cheguei
cansado, chorei
gritei, para ninguém
O sol me queimou
a chuva me molhou
o tempo secou minha
roupa
esqueci e caminhei
Sobrevivi com o tempo
gritei, ninguém ouviu
fui barrado, quando
queria
meu coração quase parou
Sem força, perguntei
para mim mesmo
onde posso chegar?
resolvi caminhar
caminhar sem cansar, não
gritar
Perguntei meu pai no céu
ou no inferno
não obtive resposta
apenas lembrei seu
exemplo
esqueça filho, esqueça
Resolvi parar e deitar
dormi sob o tempo
era claro não vi
escurecer
recebi a noite como
companheira
Vida faceira
permaneci ali
enquanto o latifundiário
deixou
com ameaça me expulsou
José Hilton Rosa
JOSE LUIZ DA LUZ
EU TE DESEJO
Desejo, se ímpios
plasmarem tua cruz.
Com exato fardo ao teu
suor verter.
Que esmeres bem tua alma
ao oferecer.
A certeza do perdão, e
tua luz.
Que haja feito na pira
do coração.
O fulgor justo de um
verdadeiro irmão.
Desejo que tenhas o
discernimento.
Que pondera quem desliza, e quem odeia.
Que pondera quem desliza, e quem odeia.
Para que a sabedoria que
permeia.
Dê ciência, e que exales entendimento.
Dê ciência, e que exales entendimento.
Que não morra de tua
alma esta ternura,
que possa afagar o afã
de outra alma impura.
Desejo, se as tuas lágrimas furtarem,
dos teus mistérios o amor do coração.
Que tu interpeles tua
própria razão.
Tendo ânimo para teus
pés palmilharem.
Que tu ouças a voz que
te fala em segredo.
De quanta vida virá após
o degredo.
Desejo que sejas jovem
no plantar.
Maduro na ceifa, tendo o
joio e trigo.
E ancião no atar boa
colheita ao abrigo.
Cada idade tem sapiência
ao trabalhar.
Que saibas da força que
abre uma semente.
Que entre as pedras
explode folhas contente.
¨¨¨¨¨¨¨¨
TEMPORAL
Taça transbordante às
nuvens alçadas,
que lava o chão, que
roça os panteões.
Só não lava as doridas
ilusões.
Só não apaga as chagas
abrasadas.
Exaure o temporal, mas
deixa o frio.
Que mirra as tênues pétalas das flores.
Só não mirra do peito aflito as dores.
Que mirra as tênues pétalas das flores.
Só não mirra do peito aflito as dores.
Só não gela da alma o
fogo bravio.
Vai-se o temporal, fica a aluvião.
Que carrega as flores, agita o mar.
Só não carrega as vagas do pesar.
Só não exime do sangue um tormento.
Vai-se o temporal, fica a aluvião.
Que carrega as flores, agita o mar.
Só não carrega as vagas do pesar.
Só não exime do sangue um tormento.
Mas ficam os nimbos de
brisas pálidas,
no plúmbeo céu,
escurecendo o mundo.
Vem trazendo agonia ao
moribundo,
embebido das cidades
inválidas
E da torrente a névoa se levanta.
Faminta sonhando com o arrebol.
Fitando a abóbada, querendo o sol.
Dorme nas nuvens que o vento balança.
Se esconde a estrela, desvairando o céu,
que luzia às chagas do desabrigo.
É senda que esconde o reluz amigo.
Ficou solidão nas sombras do véu.
A aluvião da lagoa incha a campina.
Às flores silvestres, mostra seu lodo.
Lava as pétalas com o seu engodo.
Leva o perfume, e as deixa a ruína.
Nos telhados a chuva é fresquidão,
mas o sono do silêncio descora.
Aos seios nus, o coração devora,
na tremente casa de solidão.
José Luiz da Luz
JOSÉ ODMAR DE LIMA
Fortaleza - Brasil
O ZUMBIDO DA PAZ
Apreciei receber a paz
em vida,
bem amim, por ti
encaminhada,
dir-te-ei quão sincera
foi sentida,
receber essa paz
acalentada
Mesma paz te devolvo
embevecida,
com desejos de quem o
bem te faz,
pois, o bem traz a paz
não esquecida,
esquecimento, em bom
coração não jaz.
É assim, nessas épocas
natalinas,
todos, ao outro, o bem
maior se faz,
depois tudo fica mesmo
para traz
Até parece ser tudo
traçado pela sina,
porque o homem, em si,
não é capaz,
somente pede, agradecer,
nunca faz
¨¨¨¨¨¨
O TANSPORTAR DO SONHO
Ainda ontem estive com
você,
Foi bom demais, eu não a
via,
Quando acordei, catei
você na cama,
Era mentira, você não
existia.
Adormeci, tentei sonhar
de novo
Pra ter certeza que você
me queria,
Quanta tristeza, tive a
certeza,
Neste retorno, você não
me sorria
Agora quero sonhar de
novo,
Porque no sonho, você me
acaricia
Vem, vem, que eu te louvo,
Tamanho amor, assim
virou mania
Ainda ontem estive com
você,
Foi bom demais, eu não a
via,
Quando acordei, catei
você na cama,
Era mentira, você não
existia.
José Odmar de Lima
01 de janeiro de 2016
LE MELO
SAUDADES DE MIM
Saudades...
Dos lugares que não
conheci
Das palavras que não
ouvi
Saudades...
Dos sonhos que desisti
Das pessoas que nunca
mais vi
Saudades...
.
Das lembranças que no
tempo perdi
Ando com saudades...
.
De mim...
Le Melo
LEOMÁRIA MENDES SOBRINHO
MALÍCIAS
Ousada e atrevida boca,
Preenche o mundo e
expele,
Como chuva que cai na
pele,
Gotas de saliva que
toca.
Desejos que invadem a
alma.
Carícias que distorcem
as imperfeições.
Basta o sentido que se
acalma,
Corpos e corações.
Em ritmo do vento são
carícias,
Peças que conseguem se
acoplar.
Conceito de natureza e
amar.
Seres que se somam
parecidas.
Os gêneros que somem
destas vidas,
Unindo o sentimento a
gozar.
¨¨¨¨¨¨
INCERTEZA
Viver de beleza
É não ter a certeza
Qual o futuro virá.
Explorar toda a mídia
Em sinal de perfídia
Jamais prevalecerá.
Em nosso tempo limitado.
Que passa livre e
destravado,
Somos cobaias que
desvanecerá.
Para que tanta besteira,
Passar no amigo a
rasteira,
Se sozinho padecerá?
Prejudicar o seu irmão,
É que nem pegar a contra
mão,
Pois, em meio ao caminho
fenecerá.
Leomária Mendes Sobrinho
25/03/2017
LILIAN ROSE MARQUES DA
ROCHA
Porto Alegre- Brasil
Porto Alegre- Brasil
RITMO INTERNO
Pulsação de corpos
Enovelados pela moeda da vida
A cada pulsar uma respiração...
A cada inspiração
Um ressoar de sensações...
Eu te olho,
Tu me olhas
E nós trocamos olhares.
A dança começa,
E a cada bailar teu
Meus olhos brilham,
Incendeiam e vibram em ti.
Respondes com um sorriso
E assim... Sinto-me grata,
Por mais uma vez
Encantar-me contigo.
Lilian Rose Marques da Rocha
LUIZ OTÁVIO OLIANI
Rio de Janeiro (RJ) -
Brasil
O POETA E O OPERÁRIO
A MAIAKÓVSKI
o que difere
o poeta do operário?
o poeta do operário?
na maquinaria
o trabalho braçal
dá lugar à escolha
de substantivos
verbos
metáforas
o trabalho braçal
dá lugar à escolha
de substantivos
verbos
metáforas
se um carrega cimento
terra areia
o outro esculpe o ser
talha a essência
terra areia
o outro esculpe o ser
talha a essência
se um usa espaçador de
piso
espátula roldana
o outro opera em silêncio
na construção do poema
espátula roldana
o outro opera em silêncio
na construção do poema
Luiz Otávio Oliani
LUIZ POETA – LUIZ
GILBERTO DE BARROS
MEU OLHAR DE SONHADOR
Menção Honrosa do Concurso do Jornal SEM
FRONTEIRAS em 2016.
Luiz Gilberto de Barros – às 10 h30min do dia 18
de fevereiro de 2015 do Rio de Janeiro
Não tenho tempo de olhar
roupas alheias,
Coleciono abstrações e
conteúdos,
Carrego sonhos e emoções
nas minhas veias;
Não tenho lanças, mas
possuo alguns escudos.
Sou um ser vivo e como
tal, tenho fraquezas;
É na leveza que construo
meu poder,
A cada sombra minhas
luzes são acesas
E é assim que busco,
enfim, sobreviver.
Vivo meu tempo, ganho
mais velocidade,
Quando a ansiedade me
renova e energiza,
Amar implica ser feliz
com liberdade
E mesmo quando alguém me
traz alguma dor,
Minha vontade de amar
sempre harmoniza
E suaviza o meu olhar de
sonhador.
¨¨¨¨¨¨
JARARACUÇU
Segundo Lugar no Concurso de Crônicas da União
Brasileira de Escritores - Prêmio José Olintho – 2016.
Era a década de 70. As ambulâncias
não eram UTIs móveis, mas os profissionais de medicina eram muito mais atuantes
e, mesmo primitivamente, usando o conteúdo de uma rústica mala de
madeira, com direito a gavetinhas que acomodavam os mais variados tipos
de medicações emergenciais e seringas de vidro envoltas em páginas de listas telefônica
esterilizadas em dinossáuricos autoclaves, os auxiliares de enfermagem eram
franco-atiradores quando se tratava de primeiro atendimento e os médicos,
normalmente do oitavo ano de medicina, tinham um eficiente estágio pragmático.
Eram excelentes e tinham a humildade
para aceitar conselhos até de um motorista de ambulância, cuja responsabilidade
era praticamente a de voar para o ponto zero, que eram as unidades
hospitalares, com as quais comunicavam-se através das cabines de rádio, num
transmissor do mesmo tipo que o da polícia militar.
Segundo o paciente em estado
semicomatoso, o mesmo havia ido pescar e, no retorno, parou-se com uma
jararacuçu, um tipo de réptil que habita principalmente o serrado brasileiro,
que pode atingir até três metros de comprimento, possuindo presas de até três
centímetros. Seu veneno, sempre em grande quantidade, produz sintomas que vão
desde o inchaço no local da picada, até a paralisação neurológica.
Não há estudos que informem sobre a
possibilidade de uma ingestão alcoólica antes de algum acidente com esse
temível réptil, tornar-se um antídoto natural, porém, milagre ou não, apesar
das 12 horas ocorridas entre a picada, o atendimento e a aplicação do soro
monovalente, o paciente recuperou-se após uma estada de sete dias na UTI do
hospital Carlos Chagas (a propósito, não havia, naquela época, soros
polivalentes, isto é, destinados a diversos tipos de ofídios, por isso era
preciso – literalmente – capturar e levar a cobra para que o médico soubesse
que antiofídico utilizar). E a tal da jararacuçu era enorme!
Bem, voltemos ao nosso etílico
herói: como os peixes apenas beliscavam, o pseudopescador acabou
ingerindo pelo menos uma garrafa e meia de cachaça.
Quando desistiu da pescaria e
retornava pela lamacenta estradinha do rio à sua casa, deparou-se com o réptil
em questão.
Bem que e ele poderia mudar de
caminho, porém, trôpego e sem noção como estava, optou por desafiar o perigoso
animal, que foi mais rápido que um raio e o bote foi certeiro: as oleosas
presas cravaram-se na extensa bota de borracha do atrevido alcoólatra,
sem, todavia atingir-lhe a epiderme.
O veneno escorria como um vermífugo
daqueles da década de 50 e os apavorantes e odiosos olhos do predador não
se desviavam do desvairado transeunte que ria às gargalhadas, ofendendo-o com
também venenosas obscenidades
O bêbado dançava, pulava e
divertia-se com aquela cena chocante e ao mesmo tempo esdrúxula, quando a cobra
finalmente soltou-se. Ato contínuo, diversos chutes – a maioria deles a esmo –
foram desferidos e o viperino posto a nocaute.
Sentindo-se super-herói de si mesmo,
o homem apontou o indicador na direção da cabeça do réptil, que num
suposto último estertor, cravou-lhe as presas praticamente sem veneno no dorso
da mão direita.
Os palavrões multiplicaram-se,
seguidos de mais alguns chutes e a cobra finalmente foi posta, a custo, no
embornal que teria peixes como bagagem e encaminhados, ambos, ao hospital mais
próximo daquele pedacinho de roça a pelo menos uns cem quilômetros.
Feitos os procedimentos emergenciais,
o precocemente anestesiado cidadão foi direto para o Centro de Tratamento
Intensivo, onde ficou entre a vida e a morte durante os sete dias supracitados,
quando teve alta, livre, leve, solto e pronto para mais um antídoto a base de
etanol.
Posteriormente à internação do
alcoólatra envenenado, algo inusitado aconteceu no pronto-socorro. A cobra, que
era a sensação da emergência estava ali mortinha dentro do embornal, até que um
ilustre e novato acadêmico que parecia ter como especialidade a medicina
veterinária, resolveu fazer uns testes no mínimo estranhos naquela paciente
especial, jogando-lhe desde água oxigenada a soro fisiológico na escamosa
cabecinha.
Ele não conhecia as reações daquele
ser e, por fim, não satisfeito com as insensatas e tolas ações que praticara,
pingou-lhe éter sulfúrico e o bicho, num átimo, para estarrecimento
geral, levantou-se como uma naja e começou a desferir voadoras em todas as
direções.
A sala de emergência virou um
pandemônio. Naquele dia, os cardiopatas sobreviventes jamais enfartariam.
Correu todo mundo: cirurgiões, enfermeiros, maqueiros, o pessoal do banco de
sangue e todo o tipo de pacientes que ali estavam atendidos ou aguardando atendimento:
foi uma alta geral sem prescrição médica!
De resto, a pobre jararacuçu
finalmente no Edem, sonhando encontrar a jovem Eva para oferecer-lhe –
carinhosamente – uma linda maçãzinha. Afinal, foi lá que ela começou a ganhar
diabólica e metafórica notoriedade.
Luiz Poeta – Luiz
Gilberto de Barros
LUCAS ALVARES HAYASHI
Penápolis (SP) - Brasil.
POESIA
é o tapa
Na cara
Do cara
Poesia é o que a doença
Sara
Poesia é o que o
ferimento
Cura
Poesia é o grito de dor
É o amor que não é amado
como desejado
Poesia é tudo
Poesia é nada
Poesia é um absurdo
Poesia é o grito
Do mudo
Poesia é
O absurdo
Do simples
Lucas Alvares Hayashi
MAURA SOARES
Florianópolis (SC) -
Brasil
SAUDADE DA PAIXÃO
O tempo gera a saudade
que a gente teima em
acalentar
no fundo do coração fica
a verdade
daquele amor que não
quer sossegar
As coisas do amor
acontecem sempre assim
a paixão se instala
com juras de amor sem
fim,
mas por dá cá aquela
palha
o tempo da paixão fica
ruim
No calor da paixão
juras não devem ser
trocadas,
pois ao final de tudo
quando o amor acaba
resta o vazio, mais
nada.
Maura Soares
19 de março de 2010
MAURICIO DUARTE (DIVYAM
ANURAGI)
MÁSCARAS
Tudo é máscara, homem!
Máscara rubra, do falso
e demagógico clamor
pelos mais
necessitados...
Distorcido arremedo
de vontade poderosa,
mas sem força, sem
caminho...
Máscara blue, muito azul
profundo, que busca a
verdade, inútil hoje.
Metas de justeza que
nunca chegam a contento,
naufragando, alto-mar...
Máscara amarelada,
escrúpulo diligente
que torna velhos, os
jovens.
Insensatez travestida
de precaução, retirando
toda espontaneidade...
Tudo é máscara, homem!
Máscara violácea, ainda,
dos que se perdem por
trás
de práticas aberrantes.
Góticos umbrais de umas
catedrais mortas a dizer
as mesmas e poucas
frases...
Máscara verde, também,
de tantos que querem a
preservação, mas abusam.
Fazem escudo, balela
do discurso da Mãe
Terra,
sugam dinheiro com
Ongs...
Máscara branca da paz,
várias vezes enfocada,
tão pouco guardada
dentro.
Pacíficos mares nunca
navegados e apenas
citados por
hipócritas...
Tudo é máscara, homem!
Mauricio Duarte (Divyam
Anuragi)
Nota:
(Este poema foi criado e divulgado na Academia Virtual de Letras António
Aleixo, por ocasião do evento Apogeu Poético – Tema: Reflexão, tendo como
Patrono, o escritor Paulo Coelho na figura do acadêmico, Mauricio Duarte, eu
mesmo, na cadeira 18, da referida Academia.)
MARDILÊ FRIEDRICH FABRE
VITÓRIA DO AMOR
Início do ano letivo.
Entrei na sala de aula. Primeira série do 2º
Grau. Alunos novos. Notei curiosidade nos olhos que me fitavam.
- Bom dia, cumprimentei-os.
- Bom dia, professora, responderam em
uníssono.
- Antes de começarmos, vamos nos conhecer.
Meu nome é Natália e, como consta no horário que receberam, vou partilhar com
vocês meus conhecimentos de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Durante
a chamada, à medida que digo o nome de cada um, por favor, diga de que escola
veio. Muitos vieram de outras escolas, mas também havia os que estudaram na
nossa escola (portanto, me conheciam de nome e de fama).
Observadora (faz-se necessário na minha
profissão), notei que um rapazinho moreno, olhos vivazes, não parava de olhar
para uma menina do outro lada da sala. Isso durou o ano inteiro. A menina não
parecia interessada nele.
Antônio (esse era seu nome) fazia de tudo
para ficar perto de Aline. Descobria com as amigas em que festa iam, no recreio
parava de modo que ela pudesse vê-lo, nos grupos formados para trabalho, dava
um jeito de participar do mesmo grupo. E ela... Pouco interessada...
No ano seguinte, de novo, professora da turma de
Antônio e Aline. Ela sentava-se no fundo classe, e Antônio, no meio (não havia
mais lugar no ”fundão”). Escolheram-me como conselheira da turma (uma espécie
de professor responsável).
A queixa dos professores era geral:
Antônio não prestava atenção, ficava de costas para o quadro–verde. Só tinha
olhos para Aline. E ela... nem aí... Pediram-me para eu tomar uma atitude,
porque as notas dele estavam baixas.
Antes de dar a minha aula seguinte, fiz uma
preleção, dizendo que, para melhor aproveitamento deles, eu faria umas
modificações de lugares. Coloquei Antônio e Aline na primeira fileira, no meio
de “essa, não!” “por que, profe?” “logo eu!”, fui determinando os demais
lugares. Se Antônio melhorou? Sim. E Aline? (Não havia como) Também. Afastei-a
das conversas com as amigas. No início do segundo semestre, qual não foi minha
surpresa: os dois entraram na sala de mãos dadas. Sorridente, ele me disse:
- O meu amor por ela é tanto que ela não
resistiu e finalmente enamorou-se de mim.
Mardilê
Friedrich Fabre
MARÇAL FILHO
Itabira (MG) - Brasil
AGONIA
Fiz da beleza do verso
um crepúsculo lilás,
pus na agonia do tempo,
teu cheiro e mais.
Um chafariz desenhei
no jardim da ilusão
e entre acordes e notas
combinei a canção.
Hoje me chamo e talvez
nunca vá encontrar,
o elo do encanto perdido,
que o sonho desfez.
Nossos dizeres é certo
exprimem a razão
e dessa busca contida,
não tenho saída,
senão seu perdão.
Marçal Filho
Fiz da beleza do verso
um crepúsculo lilás,
pus na agonia do tempo,
teu cheiro e mais.
Um chafariz desenhei
no jardim da ilusão
e entre acordes e notas
combinei a canção.
Hoje me chamo e talvez
nunca vá encontrar,
o elo do encanto perdido,
que o sonho desfez.
Nossos dizeres é certo
exprimem a razão
e dessa busca contida,
não tenho saída,
senão seu perdão.
Marçal Filho
MARINA GENTILE
São Paulo (SP) - Brasil
A PAZ
O anseio de paz deveria
se expandir,
tirar a dor das crianças
maltratadas,
a fome dos animais
abandonados,
o frio de quem não tem
um cobertor,
as lágrimas dos
injustamente agredidos,
as armas de quem não se
coloca no lugar do outro, sem amor.
A paz que começa em mim
tem o desejo de contagiar,
quem vive próximo
ou além-mar, gente de toda crença,
não é justo viver com a
maldade, sofrimento,
é preciso
pessoas com um mínimo de harmonia,
para que tudo seja
agradável, desde o nascer do dia.
A chance de viver tem
sua trajetória,
um caminho de
realizações, aprendizados,
a paz é o vetor
para tudo, na vida,
até que chegue o momento
da despedida.
Se a vida é tudo,
a paz um privilégio,
e só a paz permite que a
vida valha a pena,
as atitudes não podem
ser mesquinhas,
devem ser
grandiosas, nunca pequenas.
MARINA MOREIRA PEREIRA
BALADA DA CARIDADE
A caridade aguarda todos
nós
desde o momento que aqui
aportamos.
Da nossa mãe ouvimos sua
voz
e no seu colo nos
aconchegamos.
Na escola, seguiu-nos
logo após,
na professora, que nós
muito amamos.
Com carinho, tirou-nos
tantos nós,
pro entendimento, logo
despertamos.
Ela cuida da nossa alma
ferida,
do desespero, da nossa
opressão,
pois alivia o nosso
coração.
Vai nos seguir por toda
nossa vida
a nos dizer:
" Queridos meus amigos,
seque as lágrimas e cale
os gemidos! "
Marina Moreira Pereira
AMOR
VERDADEIRO
Arde no peito dos
amantes,
Mágica chama que não se
apaga,
O fogo que consome em
paixão,
Reluz e inflama, atiça,
estimula e faz
Venerar, devorando e
seduzindo
Em relação mesclada de
desejo e ternura.
Realizado desse jeito,
cada um é parte do outro,
Dominando no enredo dos
pensamentos,
A irresistível vontade de
conjunção,
Deleitantes e românticos
encontros carregados de emoção.
Enfim, o prazer de amar é
coisa de louco e,
Invariavelmente, é prêmio
valioso como poucos,
Receber e dar a quem se
ama, permitindo
O usufruto de uma vida
feliz a dois.
Mario Rezende
MARIZETH MARIA PEREIRA
UM OLHAR SOBRE
O TIETÊ
Emocionei-me,
Quando vi com esperança...
O Jardim que o cerca... Trazendo-me a lembrança...
Do Tietê de outrora...
Pois quando aqui cheguei com Aurora...
Passeamos de barco rio afora...
Haviam peixes, que pulavam...
Festejavam...
Nadar nas águas que confiavam...
Mas hoje, o Tietê esta sujo triste e deserto...
Nenhum peixe por perto...
Relutei
Quis encontrar...
Alguma vida no rio que desse-me alegria...
Algum pássaro ou animal...
Mas confesso, fiquei mal...
Quando só avistei... dentro de um
canal...
Um homem sujo...
Dormindo sobre um jornal...
Pobre homem!
Pobre Rio Tietê!
Marizeth Maria Pereira
Emocionei-me,
Quando vi com esperança...
O Jardim que o cerca... Trazendo-me a lembrança...
Do Tietê de outrora...
Pois quando aqui cheguei com Aurora...
Passeamos de barco rio afora...
Haviam peixes, que pulavam...
Festejavam...
Nadar nas águas que confiavam...
Mas hoje, o Tietê esta sujo triste e deserto...
Nenhum peixe por perto...
Relutei
Quis encontrar...
Alguma vida no rio que desse-me alegria...
Algum pássaro ou animal...
Mas confesso, fiquei mal...
Quando só avistei... dentro de um
canal...
Um homem sujo...
Dormindo sobre um jornal...
Pobre homem!
Pobre Rio Tietê!
Marizeth Maria Pereira
MORA ALVES
AS ESTAÇÕES
Quando caem as folhas de
outono
É sinal de que surgirá
em breve
Uma doce primavera
Um novo tempo, uma nova
estação
São os ciclos da vida,
celebrando
O tempo divino da existência
Repara na chegada da
primavera
Das flores que
desabrocham
Anunciando mais uma
etapa da vida
Repara na beleza dos
pássaros
Que voam livremente, é o
Tempo de chegada e de
partida.
Em cada destino na
trajetória de cada existência
Haverá uma certeza no caminho
Foi no tempo em que se
propôs
A liberdade de escolher
Viver a tua própria
vida.
Uns dizem que é a sina
que se
Destina, outros dizem
que é
Apenas o livre arbítrio
Porém sendo o tempo
O maior aliado das
vitórias
E das derrotas, segue
confiante
Pois a caminhada é
constante.
Mora Alves
MARIA MENDES CORRÊA
OS IDOSOS
Tem no olhar a sabedoria
De quem já viveu
intensamente
Descobre os segredos da
vida
Pois caminhou por ela
longamente.
Deixa sempre muito amor
Por onde passa e quer
encontrar
Pessoas que escutem seus
feitos
Porque lindas histórias
querem contar.
Seus passos certos e de
vitórias
Querem que todos possam
trilhar
Passos incertos e
desenganos
Procuram com conselhos
desviar.
Pena que muitos não têm
tempo
De escutar suas
maravilhosas histórias
Certamente descobririam
com os idosos
Um tesouro oculto, cheio
de glórias.
São tão amáveis estas
criaturas
Precisam do carinho de
quem amou
Pra sentir que são ainda
amadas
Apesar dos anos que o
tempo levou.
Deus abençoe sempre os
idosos
Ilumine a vida ,
alivia-lhe a dor
Que encontre sempre em
sua vida
A família, os amigos e
muito amor.
Maria Mendes Corrêa
NADILCE BEATRIZ
TALVEZ
Talvez...
É tão talvez que não se pode colorir o dia do mesmo jeito que o dia seguinte.
Não
há meios para se usurpar as cores que a natureza criou, tampouco a luz que o
sol derrama, mas há tanta atividade em nosso pensamento que, ninguém quer fazer
comparações de si para com as horas, pois elas andam ou voam?
Todos
os dias são dias, assim como todas as noites são noites, mas nada, nenhum e
ninguém se repetem.
Isto
é tão divino! Tão onipresente que faz questionar um ‘talvez’, posto que nada
define, só resume.
Ninguém
quer viver resumidamente.
Aos
que crêem que o mundo é imenso, veja como as estações procedem.
Tudo
é tão rápido! Aos que crêem que o mundo é pequeno, tente então correr para o
horizonte.
Irá divagar até descobrir que o Universo está tão perto e tão nosso que,
não há necessidade de se olhar para o alto, basta observarmo-nos.
E
sim, talvez refletimos as dúvidas alheias, choramos as lágrimas dos outros,
sentimos o que nos convém, e talvez negamos a realidade porque a certeza tem um
passaporte para a finitude.
Ninguém
é feliz sozinho porque a vida é uma morada de passados.
Nem
nunca ninguém ficará na solidão, porque neste passado há tantas memórias que,
nem todos os ‘talvez’ que existam no mundo conseguem afastá-las.
Nadilce Beatriz
NELSON FONTES CARVALHO
(Nelfoncar)
A BALADA DO TEMPO E AMOR
(António Feijó)
Não tenhamos pressa,
Mas não percamos tempo.
Mas não percamos tempo.
-José Saramago-
O tempo que você gosta de perder não é tempo perdido.
-Bertrand Russell-
"O verdadeiro amor é como os fantasmas.
Todos falam nele, mas ainda ninguém o viu. "
- Fide da Roche-
- Fide da Roche-
O amor e o desejo são as asas
do espírito das grandes façanhas."
-Goethe-
-Goethe-
"O amor é a asa veloz que Deus
deu à alma para que ela voe até o céu."
- Michelangelo Buonarroti-
- Michelangelo Buonarroti-
Recordo “O AMOR E O
TEMPO” d’António Feijó,
Em cinco trovas de
recheio, fenomenais,
O tempo n’uma cavalgada,
dando sinais,
Deixar pra trás o amor,
ligeiro sem dó!
O amor dizia: - Devagar,
não corras demais
Assim sem minha
companhia, vou ficar só…
Porém o tempo não admite
qualquer quiproquó,
Deixa tudo pra trás,
entre todos os mortais!
Contudo o amor, fugiu
co’o tempo irado,
Como é costume quando se
vê neste estado,
Voa, procurando outros
amigos seus…
Amor e tempo! Tempo e
amor, andam paralelos,
O tempo implacável co’os
momentos belos,
O amor, com tempo diz a
todos: Adeus! Adeus!
Nelson Fontes Carvalho
(Nelfoncar)
http://novacalliope.blogs.sapo.pt
http://novacalliope.blogs.sapo.pt
NEUSA MARILDA MUCCI
Valinhos (SP) - Brasil
SE POETA FOSSE
Ah... Se poeta
eu fosse,
quanto e tanto escreveria!
fazendo odes à lua,
sonetos em melodias
Ah... Se poeta eu fosse,
a minh'alma rasgaria!
em versos pequeninos, pedaços,
que ao vento soltaria
Ah... Se poeta eu fosse,
ao mundo todo espalharia,
sementes de amor em palavras
plantando muita alegria
Ah... Se poeta eu fosse,
ao meu amor, suspirando diria,
que a minha vida sem você,
nem mais um minuto, teria !
quanto e tanto escreveria!
fazendo odes à lua,
sonetos em melodias
Ah... Se poeta eu fosse,
a minh'alma rasgaria!
em versos pequeninos, pedaços,
que ao vento soltaria
Ah... Se poeta eu fosse,
ao mundo todo espalharia,
sementes de amor em palavras
plantando muita alegria
Ah... Se poeta eu fosse,
ao meu amor, suspirando diria,
que a minha vida sem você,
nem mais um minuto, teria !
Ah... Se poeta eu fosse,
aqui sem pejo confessaria
esse amor carregado em segredo
preenchendo-me noite e dia
aqui sem pejo confessaria
esse amor carregado em segredo
preenchendo-me noite e dia
Ah... Se poeta eu fosse
viajaria até uma estrela
e de lá, eternamente,
luziria apenas em poema
!
Neusa Marilda Mucci
NEYD MONTINGELLI
Curitiba (PR) – Brasil
Abandonado
Jovem, esperto e
brincalhão
era amado, encantado,
abraçado.
Encontrou a velhice,
perdeu os encantos,
ficou pelos cantos.
Largado foi, lá fora,
abandonado o cão, agora,
esquecidos os dias de
outrora.
O velho cão não serve
mais.
Neyd Montingelli
NOELI TARACHUKA
Curitiba (PR) – Brasil
Curitiba (PR) – Brasil
QUEM SABE UM DIA
Queria fazer poemas, mas,
poemas não sei fazer,
escrevo estes versos
tentando aprender.
Com palavras que rimam
ou não, escrevo em cada
linha
o que sinto no coração.
Alegrias, tristezas,
felicidades
e decepções, fazem parte
dos
sentimentos inspirando
as criações.
Quem sabe um dia
escreverei
poesia com
maestria!?
Noeli Tarachuka
Noeli Tarachuka
ODENIR FERRO
UNIVERSALIDADE FEITA DE
SONHOS E FANTASIAS!
Não, eu creio que não. Não mesmo... Nunca
saberei nem exprimir e nem mesmo expressar-me, mediante a – ao menos, pelo
menos – tentar descrever em palavras, toda a magnitude dos meus sentidos
envolvimentos com os meus caminhos emocionais, os quais vão se aprofundando
cada vez mais, dentro das memórias emotivas – concentradas dentro do universo
(cada vez mais expansivo) da alma do meu coração...
E, que vai pulsando, pulsando, intensamente...
Numa procura ininterrupta, para tentar expressar os teores e os valores
emocionais do Amor, e assim, criar condições ideais, para poder exprimir-me,
através da Grande Arte, impregnando, plasmando, dentro Dela, as belezas mais
expressivas, mais sensíveis, mais espirituais, que se projetam da Divindade da
Criação... E que são ou estão, concentradas nos Sonhos – os geradores
ininterruptos – desta força intensa, imensa, e, que se faz presente –
continuamente – dentro das Fantasias, quando, seja em êxtase ou não,
transportamo-nos, todos, dentro dos carismas indefiníveis dos momentos felizes,
provenientes das resultantes, acontecendo e sucedendo-se ininterruptamente,
através da Comunicação expressada através de todos os gestos de todos os atos,
de todos os encantos, de todos os arrebatamentos, gerados através das
expressões e atitudes, decorrentes desta Grande Arte...
Produzida ou reproduzida, a partir da
concentração do nosso interior, voltado ou voltando-se ou revoltando-se, de
corpo e de alma – para a busca e realização incansável – cujos valores
incalculáveis, os extraímos destas forças tridimensionais que se concentram
dentro destas Universalidades feitas de Sonhos & Fantasias!
E, dentro desta Maravilhosa e Grande Arte, os
nossos sonhos e as nossas fantasias, vão intermediando-se e nos infiltrando,
dentro do inconsciente coletivo... Onde, cada qual de nós, seres humanos que
somos (e porque não dizermos, também, o mesmo se sucedendo com os animais?
Creio que isto seja possível...) – e assim sendo, vamos todos atravessando
estas belíssimas Pontes que conduzem-nos a todos, para os Portais Metafísicos,
os quais, eleva-nos a Todos, através destas projeções artísticas...
Realizadas nas dimensões intercalando-se entre
realidades materiais e imateriais, espirituais, mediúnicas, metafísicas,
transcendentais, nas quais, ou através das quais, vivemos... E, que são
projetadas e produzidas ou reproduzidas, através dos corpos e almas, mentes e
espíritos artísticos, aptos a expressarem-se e a demonstrarem-se, através dos
seus shows, sendo no qual estilo for, exibindo todas as belezas da Grande Arte
produzida no Éter da Criação Eterna, produzidas pelas Mãos do Criador...
E, que são as Expressões resultantes, sempre
inéditas, e, inspiradas, assopradas, projetadas, manifestadas para nós,
humildes seres humanos que somos, através de todos os nossos sonhos
e fantasias... Provenientes no interior e no viver de cada um de nós, e, os
quais, ou através dos quais, todos os aptos artistas, incansáveis artesãos da
imitação do Criador, vão gerando as mais diversas, as mais carismáticas e as
mais belíssimas e sofisticadas interpretações – sejam elas pessoais, sejam elas
de transcendências universais, – a todos nós: através desta Coletânea do Todo
deste Tudo Universal!
O qual, está infinitamente sendo, demonstrado
através das benevolentes expressões Eternas – através da Grande Arte –
produzida e gerada pela sabedoria inquestionável de Deus e de Toda a amplitude
da Sua grandiosa e valiosa Criação!
Somos todos semideuses humanos! E, imitadores do
nosso Criador que somos, através das mais diversas e sensíveis variações dos
nossos sonhos e fantasias; recursos estes, os quais, sendo dons individuais, os
usamos como ferramentas pessoais e interpessoais, para expressarmo-nos, através
das nossas produções resultantes comunicabilidades com os nossos irmãos
humanos, animais, e vegetais... E estas cognições de comunicabilidades
interpretativas, nós as extraímos da Grande Arte...!
Seja em qual sentido for, seja por quais
Ferramentas Comunicativas (ou tecnológicas, como resultantes de reproduções das
veiculações em massa, das nossas produções artísticas) pudermos
expressarmo-nos: seja ela, no sentido Literário, seja ela no sentido Teatral, no
sentido Plástico, seja no sentido Poético, enfim, seja no qual sentido for –
vamos todos nós, voluntários ou involuntários, manifestando e manifestando-nos
todos, artesãos intermediadores, através dos nossos mais belos anseios
inspirativos: Sendo eles todos, projetados e expressos dentro da alma emotiva
oriunda na nossa mais humilde pureza de sentimentos, no sentido de imitarmos,
de expressarmos, de aprendermos, de realizarmos, todas as evoluções amorosas
infinitivas...
Vindas até a todos nós, através das resultantes
das Luzes da Sabedoria Eterna do nosso Criador e Produtor do Tudo e de Todos: O
Grande e Inconfundível Maestro, o qual o denominamos de Deus!
Somos as imitações mediúnicas (e caricatas)
desta Grande Arte: e, através dos nossos Sonhos, geramos as nossas Fantasias.
Para produzirmos um pouco, ao menos um pouco que seja, desta Grande Arte... E
assim, deixarmos a nossa marca pessoal na História da Humanidade,
expressando-nos através das nossas sensibilidades, das nossas emoções, e, das
nossas extremadas vontades, de abraçarmos o nosso próximo, de amarmos o nosso
próximo, o nosso irmão, os nossos animais, as nossas plantas, o nosso chão, o
nosso Planeta, o nosso Universo... Através destas forças as quais, não podemos
– nem ao menos medi-la, e, nem muito menos questioná-la (e sim, aceita-la!) – e
então, somente, instintivamente, sabermos projetá-las, no sentido emocional e
espiritual mais profundo, no qual nos damos permissividade de podermos
passarmos ou repassarmos, os Shows Interpretativos de um Amor Universal e
Transcendental, para toda a Humanidade!
Odenir Ferro
OLGA MARIA DIAS FERREIRA
Pelotas (RS) - Brasil
MEUS OITENTA ANOS
Por entre
dias bem ensolarados,
oitenta anos eu vou
comemorar,
com alegria pelos tempos
passados,
vitoriosa, quero
festejar.
Vivi a vida, nos anos
dourados
da juventude querendo
abarcar
belos desejos tão
acalentados,
da minha infância,
sempre a relembrar.
Nestes tempos, muitos
deles bem risonhos,
concretizei os meus mais
belos sonhos,
como uma guerreira, a
buscar crescer...
Lindos momentos, em nada
tristonhos,
a tornar meus dias, inda
que bisonhos
em bela aurora, neste
entardecer
Olga Maria Dias Ferreira
ASBL cad. 27 - Mons.
Landell de Moura
PRISCILA DE LOUREIRO
COELHO
NOSSA FÉ, DE CADA DIA!
Quem caminha pelas ruas de nossa cidade, pode observar as mais diversas
paisagens urbanas. Avenidas, praças arborizadas, calçadas, que apresentam
peculiaridades pitorescas, como a que vemos na rua do correio... Enfim, uma
gama de cenários interessantes, inda que se encontrem, muitas vezes, compostos
de elementos que destoam da natureza e maculam a singular beleza que se nos
oferece aos olhos, pois a limpeza das ruas anda deixando a desejar...
Em minhas caminhadas matutinas chamou-me a atenção um personagem constante, uma
figura que diariamente cruzava meu caminho. Deve andar pela casa dos cinqüenta,
porte pequeno, possui a desenvoltura e agilidade característica de quem sabe
bem para onde está indo.
Durante meses observei-a perambulando pelas ruas; óculos, boné e roupas
apropriadas. Mantinha uma cadência constante, um ritmo quase monótono no
caminhar e a cabeça sempre ereta, a postura adequadamente alinhada e um quê de
serenidade ao movimentar-se.
Chamou-me a atenção o fato de que na maioria do
tempo, andava de olhos fechados. Diversas vezes, ao andar lado a lado, observei
este detalhe, e me intrigava sobremaneira este comportamento atípico.
Era uma pessoa atenta, pois jamais deixou de cumprimentar-me quando nossos
passos nos colocavam emparelhadas, por alguns minutos, o que ainda mais me
intrigava.
Um dia, não resistindo, ao aproximar-me dela, cumprimentei-a e, aproveitando o
ensejo, puxei conversa com a intenção clara de indagar-lhe sobre seu
comportamento. Em dado momento o fiz, e deixei que a curiosidade me vencesse,
perguntando-lhe abertamente, porque, na maioria do tempo, caminhava de olhos
fechados.
Não me surpreendi com sua simpatia e
espontaneidade ao responder-me, pois tudo nela transmitia autenticidade e
franqueza. Assim, com naturalidade disse-me que enquanto caminhava, ia orando e
conversando com Deus, e como já conhecia de sobejo o caminho, podia dar-se ao
luxo de assim proceder...
Ouvi atenta sua explicação singela e despretensiosa, e me admirei com sua
lógica, que de certa forma esbarrava com a minha. Um pouco mais prática e
realista...
Continuei observando-a dia após dia, encantando-me com sua inocente presença,
que parecia enfeitar o caminho por onde andávamos, e a cada manhã, lembrava-me
enternecida da razão de seus olhos se fecharem...
Semana passada, andava eu como sempre, quando avistei a razão de minha
admiração matutina, que caminhava a minha frente. De repente, percebi um
movimento estranho e em questão de segundos atinei espantada com o que
aconteceu. Meu personagem predileto havia colidido de forma abrupta com um
poste!...
Apressei-me ao seu encontro para ajudar e quando estava a poucos passos de meu
destino, parei ao observar a cena que se desenrolava a minha frente e ouvi
surpresa minha amiga.
Enquanto pegava o boné, que havia caído, e recolhia os pedaços dos óculos
estraçalhados, ouvi quando ela dizia em voz indignada:
Puxa vida Senhor! Estava a falar contigo, o que custava avisar-me sobre o
poste!
Vejam vocês!
Priscila (cill)
RAYMUNDO DE SALLES
BRASIL
Pitanga - Brasil
MATÉRIA PRIMA DE QUEM
FALA E ESCREVE
Eu amo a língua
portuguesa mais,
Muito mais, do que dela
aprender pude,
Sou o seu apaixonado que
não faz
O que ela quer de mim,
somente ilude.
Ela é rica e perfeita e
a mim me faz
Um bem enorme só de
vê-la amiúde
Na palavra dos grandes
que me apraz,
E até na minha, este
estudante rude.
Matéria prima de quem
fala e escreve,
Generosa demais ao dar
de si,
Vai lapidando o texto
grande ou breve.
Merece ser tratada com
cuidado,
Façam dela bom uso, aqui
e ali,
Pois ela foi nosso maior
legado.
Raymundo de Salles
Brasil
18/03/2017 – 20h08min
REGINA BERTOCCELLI
ATRAVÉS DA VIDRAÇA
Através da vidraça vejo o céu nublado,
E os respingos da chuva na calçada.
Sozinha, penso no meu amado,
Com a alma triste e angustiada.
Em breve virá à madrugada,
E muito já terei chorado.
Através da vidraça vejo o céu nublado,
E os respingos da chuva na calçada.
Sopra um vento forte e gelado,
Que estremece a janela molhada.
Com o coração triste e encarcerado,
Repouso minh'alma extenuada.
Através da vidraça vejo o céu nublado...
Regina Bertoccelli
REJANE MACHADO
O DOCE DE ABÓBORA
(crônica)
(fait-divers)
Era janeiro, e o tempo estava bastante fresco. À noite, bem
entendido; durante o dia
fazia calor. Não este forno do
Rio, com o qual nunca me acostumo, apesar de ter nascido nele; eles, porém, reclamavam o tempo todo. Naquela
zona montanhosa das Gerais a gente usa um cobertorzinho nos meses em que à beira-mar se precisa ligar o ar condicionado, ou
ventilador, e tem
horas que nada nos alivia.
Havia chovido e a tarde se aproximava do fim. Seu Juca,
sentado num toco- uma árvore que fora cortada, deixando um assento muito
original, espécie de trono destinado ao dono da fazenda, comandava uma operação de colheita de legumes, que se
destinariam à nutrição do gado e outras criações. O carreiro- para nós, o
chofer do carro de bois, manobrou com eficiência e despejou uma grande carga de belíssimas
abóboras, imensas. Meu olho brilhou. Perguntei o que iam fazer com tantas
cucurbitáceas. Naturalmente, para
alimentar os porcos, Seu Juca me respondeu, penalizado da minha ignorância das
coisas da roça. E ironicamente devolveu minha pergunta, a seu ver, ingênua:- E
para que mais serviriam?
Acostumada
a fazer feira toda semana, e nem sempre encontrando tão boa mercadoria, eu lhe passei a minha
perplexidade: que desperdício! Uma coisa tão boa, para os porcos? Foi a piada
melhor do dia, a turma
me gozou.
Bondosamente ele me esclareceu: aipins, batatas doces, abóboras e
algumas frutas se destinavam à engorda dos animais. A bem da verdade, a
mandioca e a batata até que são bem aproveitadas, comestíveis, mas abóboras!...
Então lhe pedi de presente uma daquelas, e nem precisava ser das maiores. Ele quis saber porque cargas d`água queria
eu “ uma abóbora”? Ao saber que: para
fazer um doce- ele riu, compreensivo, e me esclareceu:- Isto não serve para
comer, minha filha! Amanhã vou colher
uns figos para você fazer o seu doce.
Nessa altura, o público abafava risadas. (Esse povo da cidade é bobo,
mesmo, imaginem só, dar tanta
importância a “um trem” tão sem graça! Só mesmo porcos podem comer uma porcaria dessas).Argumentei com
ele, é um vegetal rico em fibras, vitaminas, etc e tal, e muito saboroso,
servindo a variados pratos da culinária brasileira. Ninguém acreditou. E quando
mencionei o preço que se costuma pagar
por ela, nos meses de entre-safra, além
da dificuldade de se encontrar um artigo daquela qualidade, o público rolou de
rir (o publico eram os empregados da fazenda e alguns familiares). E as gozações cresceram. Acho
que poucas vezes terão ouvido piada mais engraçada: alguém comer comida de
porco, e ainda pagar uma fortuna por ela. Ah, esse povo do Rio é muito pateta.
Imagine comer esse trem. Uma droga dessas!
Acho até
que duvidaram da minha sanidade mental. Como já estava ficando tarde, anunciei
que no dia seguinte eles teriam uma
sobremesa de fechar o comércio. Teve gente que se engasgou de tanto rir.
A partir
daí fui vigiada por muitos pares de olhos. Mas pedi e obtive. Conseguiria também uma
desconfiada
ajuda, e uma baita expectativa
por conta da minha esquisitice.
Dia seguinte, após o café, pedi que trouxessem a minha
abóbora, que lá ficara no sereno, junto a uma boa dúzia que seria levada para
os animais à proporção que as fossem devorando.
Nem deixaram que a coitada entrasse dentro de casa. Tinha mais é que
ficar do lado de fora, como um traste sem valor. Escolhi uma bonitona,
amarelinha por dentro, de grã muito macia, e casca muito dura. Consegui ajuda
para descascá-la. Guardei as sementes, nova leva de risadas. Quem seria o maluco que ia querer estragar
terra plantando aquilo? Elas nascem por si, espalham-se por enorme extensão, os
pássaros as comem, e também os tatus e outros bichos que a gente não conhece e
nem vê.
Minha sogra me forneceu um tacho de cobre, que, lavado com
limão e sal brilhava lindamente. Ali coloquei os pedaços da dita cuja, açúcar
por cima e uma boa porção de cravo e canela, e fogo na canjica! Peguei a colher
de pau, coloquei lenha no “caminhão”, e fiz plantão ao lado do tacho. Com pouco tempo o cheiro
agradável varava os espaços e provocava
curiosidade. E perguntavam, uns aos outros: o que é que ela está fazendo aí?
Trem cheiroso pra danar!
Mas
ninguém queria se afastar. Até que o doce ficou pronto. Lindo, cremoso, e a receita da minha
mãe sempre me fazia colocar, ao tirar do fogo, uma colherada de manteiga
fresca. Quase afirmo que as bocas se encheram d´água.
Sempre
vigiada pela curiosidade
do povo de casa, empregados e
alguns curiosos que frequentavam o terreiro, coloquei o doce, depois de esfriado, em belas e antigas
compoteiras que me foram franqueadas, solenemente, Eu deveria agradecer a
distinção, porque somente no Natal aquelas compoteiras saiam do
“guarda-comidas”. Alguém comentou a impropriedade, parecia até um sacrilégio,
cruz! Usar peças tão bonitas, antigas, supimpas! Diminuindo a importância
delas com uma coisa que...
O jantar
decorreu em paz, alegremente, mas eu
podia perceber nas rugas da testa de cada um a expectativa: e o doce? O cheiro
contaminava
toda a cozinha.
Então,
servi em primeiro lugar ao meu pai, que me acompanhava na visita que fazíamos à
família do meu noivo, para conhecê-los; em segundo para ele, que freqüentador da cozinha da minha mãe, e
morador da cidade, já conhecia a famosa iguaria, e em terceiro lugar para meu
irmão menor que ficaria uns dias lá conosco, um enjoado “de galocha” que gostava mais de doces que de
comidas de sal.Todos nos observavam atentamente em suas menores reações. E me
sentei para saborear
aquela obra prima. Estava divino!
Notei que precisariam de babador, tal a
gula que os fazia, a todos, salivarem.
E, maldosamente, coloquei uma colher, -somente uma colherinha de
sobremesa- de doce num pratinho e o passei ao patriarca. Prove, seu Juca! Fazendo de contas que ele me faria um favor,
ao provar, a dignidade dele estava salva. Então ele esnobou. Fez que não
queria, já sabia que aquilo não podia prestar. Mas, para me agradar, disse ele,
provaria, para que eu não ficasse magoada. Só um pouquinho, minha filha (mais tarde me confessou
que morreu de vontade de me dizer: não
acredito no seu doce! Isso é comida de porco! – mas não disse nada.) Caprichei negativamente na quantidade: uma colher
mal cheia, de sobremesa. Magnanimamente, e com estoicismo, ele se dignou provar
o doce. Todos
os
olhares o acompanharam, e alguns se moveram, chegando mais para perto para
testemunhar sua ojeriza, seu horror ao provar “um trem tão ruim”.
Ao primeiro bocado, que durou séculos, ele ficou muito
sério, com uma expressão pensativa. O silêncio pesou, podia se ouvir um
besouro. Afinal
resmungou: É. Não é
mau! E ficou olhando para o prato vazio, doido de vontade de repetir. É até agradável! – nunca vi um
adjetivo desses para um doce de abóbora. (Agradável? Aquilo era uma delícia!). Fiquei firme, fiz de conta que estava
encerrada à hora da sobremesa,
desconhecendo cunhada,
sogra, empregados. Então
alguém lhe perguntou: E aí, pai? , Que
tal? Presta?
E ele, raspando o prato, não agüentou: Ainda nem senti o
gosto... Essa menina é tão sumítica!– E olhando para mim: Você botou tão pouquinho!...
Serrei de cima:
-Ah, Seu Juca, isto não serve para comer. É comida de porco.
Ele
resolveu soltar a franga, e me estendeu o prato: - Bota mais um pouco, minha filha!
Não! Enche mais a colher! Que pão-durismo
é este?
A cara dele, de felicidade, me pagou de todas as
“humilhações”.
E foi
aumentando aos pouquinhos, à medida que repetia o doce: é gostoso, deveras! Muito bom! Quem diria, hem? Uma
coisa tão sem importância! Vivendo e aprendendo! Ponha mais, ponha mais!
Foi à deixa para o avanço geral.
Todos se aproximaram da mesa onde jazia a compoteira pela metade. Encheram pratos fundos, comeram até fartar-se, os empregados
queriam levar um bocadinho para a
mulher provar, porque se contassem, elas não iriam acreditar. Dali em diante
instituiu-se solenemente o doce de abóbora no cardápio. E quando eu prometi que na próxima vez misturaria coco
ralado, - como aconteceu, mais tarde, - ninguém queria parar de comer.
Aí eu anunciei que amanhã faria uma
sopa-creme de abóbora. Nova leva de
ironias, de gozações, de piadinhas. O patriarca mesmo sentenciou que: doce,
tudo bem, vá lá, porque leva açúcar, qualquer coisa que leve açúcar é bom ( Vê
lá!)- mas sopa!? Comida de sal!? Não, não dá.
E
precisavam ver a cara daquele povo, numa noite fria e gostosa, tomando uma
linda sopa cremosa, que levou um fio de azeite e um pouco de salsa e cebolinha
cortadinha de fresco! Um dos rapazes colocou umas gotas de pimenta, e aí,
descobriram a pólvora. Bão pra danar!
Em breve
teriam que comprar ração para os animais, espantar os gambás, tatus, aves, sei
lá que mais, e começaram a guardar as sementes, aprendendo a plantar abóboras,
e cuidando da plantação das preciosas
cucurbitáceas.
Rejane Machado
RITA DE CÁSSIA CÔGO
Guaçuí (ES)
O MISTÉRIO DA VIDA
Uma árvore tem o
poder de mudar a sua folhagem a cada nova estação, mas não tem o poder de mudar
o seu próprio fruto.
Assim somos nós
diante da vida, podemos mudar os nossos pensamentos, nossas atitudes, nossos
sentimentos; mas não temos o poder de mudar o fruto do nosso próprio viver,
pois, afinal, o mistério da vida se faz presente nele.
- Extraído do livro O Voo da
Águia -
Rita de Cássia Côgo
ROZELENE FURTADO DE LIMA
Teresópolis (RJ) -
Brasil
REFÚGIO
Saudade é refúgio dos
sofredores
Herança dos fortes e grandes amores
Só sente saudades quem já amou
Viveu sem medidas e se entregou
Navegou nas águas da paixão
Voou no paraíso com os pés no chão
Construiu sonhos e fez castelos no ar
Tem uma música que faz lembrar
Guardou papéis de bala que viraram pó
Teve o coração afinado numa nota só
Se recordar ainda dói, com certeza é ela
O amor vai embora, a saudade é sequela
Para ter saudade tem que ter chorado
Tem que ter sofrido por muito ter amado
Saudade é a única sobrevivente da guerra
A esperança morre e a saudade a enterra
Herança dos fortes e grandes amores
Só sente saudades quem já amou
Viveu sem medidas e se entregou
Navegou nas águas da paixão
Voou no paraíso com os pés no chão
Construiu sonhos e fez castelos no ar
Tem uma música que faz lembrar
Guardou papéis de bala que viraram pó
Teve o coração afinado numa nota só
Se recordar ainda dói, com certeza é ela
O amor vai embora, a saudade é sequela
Para ter saudade tem que ter chorado
Tem que ter sofrido por muito ter amado
Saudade é a única sobrevivente da guerra
A esperança morre e a saudade a enterra
Rozelene Furtado de Lima
RONALDO
VIEIRA
POETINHA
E em face de teu enorme
encanto
A vida rende-se
apaixonada.
Mais uma conquista – Sem
espanto, olhos vedados,
Boca eterna e paixão por
ti poeta.
Homem de rimas certas e
eterna paixão.
Entrando por teu coração
brando,
Por teu olhar inspirado
em pulsante canção,
Inovaste o tão conjugado
verbo amar.
Foram atos, canções e
confissões latentes,
Amigos, wisques e porres
monumentais...
Foi à vida acima de tudo
e sob a força de amar
Das deusas venerando tua
presença desejada,
Da amizade muda e o
constante parceirinho,
Que ao contrário do que
pensavas,
Morria de dó, mas não de
ti, dele mesmo,
De privar-se, de
privar-nos a vida de ti...
Então entra Vinícius,
entra o poema!
Canta, gira e eterniza o
verso sob meu olhar!
Verso feito imperfeito,
a ti distante
E com desejo boêmio de,
quem sabe um dia,
Aprender contigo mestre,
a forma correta de realmente amar...
Ronaldo Vieira
SÉRGIO DINIZ BARROS
GUEDES
ENAMORADOS PARA SEMPRE
Nasce uma flor,
linda, sorridente,
a tudo encanta,
esse é o amor!
Entre beijos e abraços
a raiz se espalha,
é como o pegar fogo
em um telhado de palha.
Expande-se na felicidade
total,
tudo é lindo, nada faz
mal,
é o anjo homem
e o anjo mulher,
soltos, bem juntos,
fazendo o que quer.
O amor saboreia a vida,
a vida presenteia o
viver,
o viver na máxima emoção
a emoção junta o corpo,
a alma e o coração
na sinfonia do amar...
Sérgio Diniz Barros
Guedes
SIDNEY FERREIRA DE
CASTRO
PROFESSORA ILDÉRICA
Vai, vai ficar na História
Esse dia feliz
Esse tempo de vitória
Esse tempo é tudo de bom
Que eu sempre quis
Que eu sempre sonhei...
Professora Ildérica, muito obrigado
Eu acordei com sua nobreza
Acordei com sua grandeza
Acordei com seu chamado
Muito obrigado, muito obrigado
Por sua calma, por sua paciência
Em todas as aulas
Seu esforço faz toda diferença!
Só quem ama a profissão
Quem ama as pessoas
Quem ama a Terra
Trata a educação
Com tanto cuidado, com tanta atenção!
Professora Ildérica, muito obrigado
Fiquei triste, só de ouvir
Que vai se aposentar
Sinto um vazio, aqui
No seu lugar, no nosso lugar
Só um cego entende minha falação
Minha situação, agora
Eu sei do valor da Professora
Eu sinto muito mais amor
Porque sou baixa-visão
Eu lembro de minha infância
Do ensino no Brasil, do destino do povo
Do índio na floresta, da África que não desistiu
Me lembro muito bem
Da primeira Professora falando do português
Que descobriu o Brasil, nosso grande Brasil!
Professora Ildérica, muito obrigado
Seu nome de Professora Amiga
Vai continuar na Dorina Nowill
Vai continuar pelo Brasil amado
Muito obrigado!
Vai, vai ficar na História
Esse dia feliz
Esse tempo de vitória
Esse tempo é tudo de bom
Que eu sempre quis
Que eu sempre sonhei...
Professora Ildérica, muito obrigado
Eu acordei com sua nobreza
Acordei com sua grandeza
Acordei com seu chamado
Muito obrigado, muito obrigado
Por sua calma, por sua paciência
Em todas as aulas
Seu esforço faz toda diferença!
Só quem ama a profissão
Quem ama as pessoas
Quem ama a Terra
Trata a educação
Com tanto cuidado, com tanta atenção!
Professora Ildérica, muito obrigado
Fiquei triste, só de ouvir
Que vai se aposentar
Sinto um vazio, aqui
No seu lugar, no nosso lugar
Só um cego entende minha falação
Minha situação, agora
Eu sei do valor da Professora
Eu sinto muito mais amor
Porque sou baixa-visão
Eu lembro de minha infância
Do ensino no Brasil, do destino do povo
Do índio na floresta, da África que não desistiu
Me lembro muito bem
Da primeira Professora falando do português
Que descobriu o Brasil, nosso grande Brasil!
Professora Ildérica, muito obrigado
Seu nome de Professora Amiga
Vai continuar na Dorina Nowill
Vai continuar pelo Brasil amado
Muito obrigado!
Sidney Ferreira de
Castro
SIDNEI PIEDADE
Você foi a primeira eu também o amor entrando em
minha vida, és encanto, magia e prazer, tudo que pedi a Deus. Você é a parte de
mim que não posso deixar ir embora... Que seja eterno nosso amor. Você é a lua
eu o sol, juntos vamos refletindo nosso amor além do horizonte, muito mais do
que alguém possa imaginar. Estrelas brilham e vaga-lumes dançam ao nosso redor
onde as ondas vem e vão com ciúmes do nosso bailar e na primeira luz do dia
o sol a brilhar. O amor que sinto por você vai além das palavras, me
encanta e me fascina... Pois somos idênticos em pensamentos e sentimentos, um
completando o outro... Caça e caçador. Você é tudo em mim onde meus pensamentos
são teus, é desejo eu paixão. Quero passar toda minha vida ao seu lado... Pois
você é o melhor presente que a vida me deu.
Sidnei Piedade
SÍLVIA MELLO
ENSINA-ME A VOAR
Está amanhecendo!
Já consigo definir ao
longe os primeiros raios de sol
Está amanhecendo!
Ainda não elaborei minha
rota, meu plano de voo
Está amanhecendo!
Vislumbro a linha do
horizonte a convidar-me
Está amanhecendo!
Olho para ti em
desespero
Uma das minhas asas está
quebrada e não sei como voar assim!
Está amanhecendo!
Toca-me, por favor, uma
vez que tu tens o dom da cura...
Só tu podes me curar!
Está amanhecendo!
Já há muito não voava
E fitando os céus
convidativos, descobri que não quero seguir sem ti
Está amanhecendo!
Toca minha asa esquerda
e corre a estender as tuas
A imensidão de azul nos
espera
Se dor eu sentir,
cura-me ao longo da nossa jornada
Se tu cansares,
desceremos n' algum vilarejo
Lá te amarei até que
seja madrugada
Até que amanheça outra
vez
Partiremos quando tu
quiseres
Sempre juntos
Lembra-te de curar-me a
asa esquerda... Ensina-me a voar outra vez!
Sílvia Mello
SILVINO POTÊNCIO
QUANDO EU NASCI CÁ NO
CEN!
Quando eu nasci cá no CEN...
Quando eu nasci cá no CEN...
Logo um exame me foi
feito.
Antes eu não era
ninguém,
E agora?!... eu estou cá do mesmo jeito.
Aqui me abriram o meu coração,
Para ver o que lá dentro eu tinha?...
E agora?!... eu estou cá do mesmo jeito.
Aqui me abriram o meu coração,
Para ver o que lá dentro eu tinha?...
Era sangue azul?!..
“omessa”! não era não.
Tinha só a Lingua Lusa
que é esta Al’maminha!
Pois foi assim, eu ali
de faca no peito,
E o meu fluido a escorrer pelas veias,
E o meu fluido a escorrer pelas veias,
Que eu fiquei por muito
tempo no leito
Até que o “Ribeiro” se
encheu com as cheias!
E do “Carlos” e das
graças ali recebidas,
Das suas Amigas,
todas!... sempre tão queridas,
Recebi muitas flores
alegres garridas.
Rosas perfumadas e até
“Margaridas”!
(in: "POESIAS
SOLTAS")
Silvino Potêncio
Delegado CEN - Natal/Brasil
Emigrante Transmontano - O Homem de Caravelas - Mirandela
Emigrante Transmontano - O Homem de Caravelas - Mirandela
SONIA ANDREA MAZZA
AMIGAS
Sei que existem os anjos porque já tratei com
eles. Caminham pela Terra e passaram por minha casa. Os quânticos falam que
somos feitos de partículas e de ondas.
Chegou à sua casa naquela tarde dentro de um
carro de aluguel, trazia na cabeça um lenço floreado, enfeitado com
passamanaria, com o qual eu a havia presenteado no dia do amigo. Notei-a um pouco
mais pálida que da última vez, quando tive que a ajudar para descer do carro,
no entanto, seu sorriso parecia mais esplendoroso que de costume e seu olhar
mais doce, porque assim era você, pura doçura, e enquanto as partículas de seu
corpo se deterioravam irremediavelmente, a energia que irradiava era
magnificente, como as grandes estrelas com seus explosivos finais.
Passamos a tarde lembrando-nos de nossa
adolescência, dos rapazes que nos paqueravam, dos primeiros amores, dos livros
que líamos, dos sonhos que tínhamos, das canções de moda e das cartas que nós
escrevíamos enfeitadas com flores e corações que diziam:“amigas for
ever”.
Passamos a tarde decifrando como foi que
havíamos ficado em nos ver “um dia destes” e nos perdemos na vida durante vinte
anos. Agradecendo que você tenha entrado naquela tarde por pura casualidade
para comprar no local onde eu trabalhava, porque era perto do consultório de
seu médico e queria levar alguma lembrancinha para as recepcionistas, que
sempre acomodavam os horários, e foi estranho que alguém me chamasse pelo nome
e que me reconhecesse com vinte anos e vinte quilos a mais, com o cabelo
vermelho.
E passamos a tarde contando sobre nossas vidas,
os naufrágios, os sonhos reciclados, as coisas que nos faziam rir, as coisas
que nos indignavam. Eu acho que você veio para se despedir...
Já faz um ano que você foi embora, levantou sua
âncora de dor e marchou para outro plano de existência. Ontem encontrei no
armário um pacotinho de açúcar especial, desses que preparava para me dar, e o
colibri continua vindo à minha janela para me cumprimentar.
Sonia Andrea Mazza
SONIA NOGUEIRA
RENOVAÇÃO É A PALAVRA
CHAVE
Estamos
numa confraternização, amigos reunidos, idades variadas, sorrisos largos,
abraços fraternos, como se naquele momento tudo fosse vitória, a vida navegasse
num mar tranquilo e o barco deslizasse sem tormentas.
Observando o grupo pensei: em cada coração
estará oculto, minúsculos ou grandes problemas para serem resolvidos de
maneira, às vezes, corriqueira ou sem solução. Há inúmeras entradas com portas
largas oferecendo grátis, propostas duvidosas que as pessoas se embrenham num
segundo e para saírem o caminho é longo e penoso. Problemas com vícios os mais
variados, conflitos familiares, escolhas enganosas, cura de enfermidade e por
aí se vai...
Mas,
é de praxe nos costumes dos povos, desde o mais rudimentar grupo o encontro
para comemorar quaisquer eventos, rituais, os mais variados, aniversários,
casamentos, batizados, término de cursos etc. etc.
Enquanto as datas de aniversário comemoram o
nascimento e a vida futura, o aniversário do nascimento de Jesus comemora os
anos percorridos de uma existência que se foi. É como um marco eterno para que
os cristãos não apaguem da memória a história do cristianismo, ano um, a partir
do nascimento, 2007 anos dessa história, Jesus. Para outras religiões,
islamismo, judaísmo o calendário é diverso do nosso.
O
clima Natalino, no entanto, estava nos cartões distribuídos, com palavras de
amor, saúde, paz renovação.
Renovação
é a palavra chave, renascer, que deveria ser diário em cada deslize que damos a
cada fraqueza e fracassos, em cada momento que precisasse de conserto. Mas é
neste momento que as preces se voltam num recolhimento de oração, para uma
virada de ano mais promissora e promessas feitas de arrependimento, reinício e
restauração...
E
somos nós os próprios transformadores do nosso destino. Está em nossas mãos o
xeque mate...
Sonia Nogueira
SOCORRO CAVALCANTI
O RIO...
O rio da minha infância
agia de forma profunda,
exibindo seus contrastes de beleza e medo!
Ele trazia tudo... Parecia querer virar o mundo,
cantando, assobiando com a voz linda e fecunda!
exibindo seus contrastes de beleza e medo!
Ele trazia tudo... Parecia querer virar o mundo,
cantando, assobiando com a voz linda e fecunda!
Oriundo do rochedo, ele
trazia um segredo,
enfrentando o arvoredo, como se fosse um brinquedo,
derrubando barreiras para lavar o lajedo,
espumando, gritando, só para mostrar seu enredo.
enfrentando o arvoredo, como se fosse um brinquedo,
derrubando barreiras para lavar o lajedo,
espumando, gritando, só para mostrar seu enredo.
Ele manifestava ao
mundo, num segundo,
o medo do arrastão para a lama, o nada, o fundo!
o medo do arrastão para a lama, o nada, o fundo!
Imponente, descortinava
as paisagens
do sol e da chuva, refletindo nas suas margens,
na correnteza da água, em direção ao mar celestial.
do sol e da chuva, refletindo nas suas margens,
na correnteza da água, em direção ao mar celestial.
Altivo, anunciava para
todos, necessidade do sobrenadar,
para ver a beleza da terra molhada,
trabalhar e colher os frutos que ela poderia dar.
para ver a beleza da terra molhada,
trabalhar e colher os frutos que ela poderia dar.
O rio da minha infância
demonstrava, a quantos queriam ver,
a existência do belo e do feio, do bem e do mal,
para ver com qual desses caminhos, valeria a pena conviver!
a existência do belo e do feio, do bem e do mal,
para ver com qual desses caminhos, valeria a pena conviver!
Socorro Cavalcanti
SUELY SABINO
NA CASA AO LADO
Estão festejando algo
Algo que não sei
Sei que o barulho vem
Vem da casa ao lado,
Lado direito do peito bate
Bate sem conter o ritmo
Ritmo que faz festa
Festa no meu coração,
Coração anda confuso
Confuso com tanta festa
Festa que nos envolve
Envolve sem nos abraçar,
Abraçar eu quero
Quero sim uma festa
Festa para meu coração
Coração bate,
Bate na casa ao lado
Lado bom parece festa
Festa que vem
Vem pedindo lugar,
Lugar para ficar
Ficar sempre em festa
Festa devo continuar?
Continuar inventando algo?
Estão festejando algo
Algo que não sei
Sei que o barulho vem
Vem da casa ao lado,
Lado direito do peito bate
Bate sem conter o ritmo
Ritmo que faz festa
Festa no meu coração,
Coração anda confuso
Confuso com tanta festa
Festa que nos envolve
Envolve sem nos abraçar,
Abraçar eu quero
Quero sim uma festa
Festa para meu coração
Coração bate,
Bate na casa ao lado
Lado bom parece festa
Festa que vem
Vem pedindo lugar,
Lugar para ficar
Ficar sempre em festa
Festa devo continuar?
Continuar inventando algo?
¨¨¨¨¨¨
BALADA PARA UM VERSO
Desde o começo sou
Sou a melodia
Melodia que ele canta
Canta enaltecendo a vida,
Vida simples ganha
Ganha versos e harmonia
Harmonia eu sou
Sou o complemento,
Complemento da voz
Voz que sei sibilar
Sibilar versos sei
Sei suavizar o tema,
Tema sou
Sou sua musa
Musa que ele canta
Canta com versos,
Versos perfeitos sou
Sou seu amor
Amor desde sempre
Sempre sua sou.
Desde o começo sou
Sou a melodia
Melodia que ele canta
Canta enaltecendo a vida,
Vida simples ganha
Ganha versos e harmonia
Harmonia eu sou
Sou o complemento,
Complemento da voz
Voz que sei sibilar
Sibilar versos sei
Sei suavizar o tema,
Tema sou
Sou sua musa
Musa que ele canta
Canta com versos,
Versos perfeitos sou
Sou seu amor
Amor desde sempre
Sempre sua sou.
Suely Sabino
SUELI DO ESPÍRITO SANTO
AS HORAS
Na escuridão noturna
As horas passam
Às vezes tão
lentamente
Outras vezes, tão
rapidamente
Perdida nesse vazio
imenso
Sinto meu coração
tenso
As horas passam
Mas não levam a
saudade
De um passado vivido
No presente sem
sentido
Sem nenhuma vontade
Eu fico assim,
taciturna.
Sueli do Espírito
Santo
TAMIRYS MORAIS
Conceição do Mato Dentro (MG) - Brasil
TROVAS
Do momento em que te olhei,
meu coração se alegrou,
senti que me apaixonei,
e nosso amor prosperou.
meu coração se alegrou,
senti que me apaixonei,
e nosso amor prosperou.
Hoje admito que mudei,
esperava este momento,
pois desde quando te olhei,
não me sai do pensamento.
esperava este momento,
pois desde quando te olhei,
não me sai do pensamento.
Se brilham tanto ao me ver,
são olhos de apaixonado,
meu pensamento a querer,
ter você sempre ao meu lado.
são olhos de apaixonado,
meu pensamento a querer,
ter você sempre ao meu lado.
A saudade é engraçada,
por mais que nós a matemos,
não perece, a desgraçada,
com mais vida ainda a temos.
por mais que nós a matemos,
não perece, a desgraçada,
com mais vida ainda a temos.
E só o calor de meus braços
pra esquentar seu coração
e dar fim, com meus abraços,
em tamanha solidão.
pra esquentar seu coração
e dar fim, com meus abraços,
em tamanha solidão.
Tamirys Morais
TÂNIA TONELLI
APENAS UM SONHO
Um dos grandes desafios das pessoas principalmente dos mais jovens é ser
aprovado no vestibular. Assim poderão entrar na universidade e fazer o curso dos
seus sonhos. Infelizmente muitos não são aprovados porque a limites na
quantidade de vagas. Alguns argumentam que os alunos deveriam ter estudado
mais. Outros comentam para irem estudar em faculdades particulares. Mas a
maioria não tem dinheiro para pagar as mensalidades. Na universidade os
estudantes devem se comprometerem com os estudos e aprendizado porque serão
profissionais exemplares depois de formados.
Inúmeros autores e poetas estão divulgando as
suas obras. Parte deles não tem dinheiro para fazerem publicidade. Ainda mais
se não descrevem cenas de sexo e violência. Os leitores já possuem os seus
heróis, a maioria deles enfrentam os seus problemas com competição e violência.
A competitividade faz parte do mundo atual, exemplos: arrumar empregos,
conseguir vagas em universidades e ser aprovado em concursos. Aliada ao
individualismo muitas pessoas estão se tornando frias, indiferentes aos
problemas e sofrimentos dos outros. Impulsionadas pela ambição gostam de vestir
roupas da moda e dirigirem automóveis do ano. Mas a sua vaidade sempre será
maior e nunca ficará satisfeita com os elogios. Pois, o dinheiro e poder jamais
preencherão o vazio do seu interior.
As pessoas precisam sonhar e lutarem para realizarem os seus sonhos.
Devem estar conscientes que a vida real não é como filmes e novelas. Onde os
malvados são punidos, a moça conquista o príncipe encantado e obtem sucesso nos
seus planos.
No mundo existe fome, miséria e violência. Construiremos uma sociedade
mais justa se usarmos a importante arma chamada amor. A alegria esta nas
pequenas boas ações dos nossos dias. Incluindo o respeito às diferenças e ao
diferente. O aprendizado nos traz a oportunidade de aprendermos algo novo,
principalmente se for utilizado ao bem comum. Os nossos sonhos destinados em
ajudar o próximo é que dão sentido a nossa vida.
Tânia Tonelli
THAIS ARRIGHI
São Paulo-Brasil
COISAS QUE EU SEI
Coisas que eu sei...
É que Deus existe
Mesmo dentro de um
coração triste!
Coisas que eu sei...
É ter que lutar para
conquistar
O meu despertar nesta
vida
Um dia... Ainda com você
Coisas que eu sei
É o poder mágico
Que possui a natureza
Com seus rios, mares e
cascatas
Abrigando nas matas
Os animais e os pássaros
Que com suas cores e
cantos
Levam-me ate onde quero
ir
Com meus sonhos e
devaneios
Com todo esse encanto!
Coisas que eu sei...
É amar... É querer...
É deixar a vida me levar
Ate onde seus segredos
me encontrar!
Coisas que eu sei... É
acreditar
Que Jesus
Veio para nos salvar
Morrer na cruz...
Ressuscitar... E na
Páscoa
Entre nós... Ficar...
E... Lembrar
Que o amor se faz
necessário
Para um mundo de PAZ!
Feliz Páscoa 2017
Thais Arrighi
TEREZA CRISTINA
GONÇALVES MENDES CASTRO
(TÉKA CASTRO)
Ofereço
aos profissionais da Educação e Saúde que estão sendo massacrados pelas
ideologias políticas atuais.
ACONTECENDO
O mundo perdeu valores,
somos seres inferiores.
Somos seres que apesar
da semelhança com o Criador,
Queremos ser autores dos
atos mais vinis.
Somos senis.
Extrapolamos nossa
liberdade, somos conduzidos pela maldade.
Fazendo nosso irmão
sofrer.
Perdemos a decência,
queremos ostentar sem ter.
O mundo se perdeu as
guerrilhas,
E os valores de outrora
nada valem.
Somos mesquinhos em
nossos lugares.
Queremos a perfeição
escravizando nosso irmão.
Igrejas lotadas,
pastores de toda espécie,
Muitos demandam a
politicagem local,
E, nosso irmão mais
humilde fere-se por ganância dos demais.
Pedimos a Paz e
provocamos guerras.
A Terra sendo uma escola
expiatória,
E, nós ainda sem
aprendermos a amar verdadeiramente.
Somos deleite da
frustração,
E, no coração do Criador
Lágrimas sangrentas.
Filhos que não respeitam
e amam seus pais,
Mães que abortam em vida
seus filhos.
E, nos trilhos de tudo
O mundo parece diferente
do original.
Afinal, somos seres
humanos,
Mas, nossas atitudes se
resumem a de um animal.
Tereza Cristina
Gonçalves Mendes Castro
TRISTÃO ALENCAR
PEREIRA OLEIRO
Pelotas (RS) - Brasil
A VIDA
Estive pensando na
vida
Efêmera, mas sempre
feliz.
Nunca armazenei
rancores
Dos momentos difíceis
e nas dores.
Só colecionei amores,
Lembranças dos amigos
que fiz.
Vida boa que se leva
Ao longo de muitos
anos,
Sei muito bem o
tanto,
Mas a quantidade de
amigos,
Nem sei quantos...
Quero enganar o tempo
Para que ele não me
engane
Pois a vida viaja no
tempo,
Nós viajamos pela
vida
Construindo o retrato
do que somos.
Tristão Alencar
Pereira Oleiro
MULHER MARCADA PELO AMOR
Encantou-me com a maneira de falar
E com seu jeito de ser
Encantou-me com tamanho transparecer!
Encantou-me com a maneira de falar
E com seu jeito de ser
Encantou-me com tamanho transparecer!
Soou como algo intrínseco na veia de homem
que desejou apenas amar e ser amado!
E na conjugação de tal verbo
O amor também
Foi parte integrante desse ser amado!
Deixou evidências no tom de voz
Sentidos, desejos e momentos
E assim permaneci lânguida por dentro
E com tal fitar permanente
E dentro do meu silêncio de mulher querida e amada
Fiquei num diálogo comigo mesma
E de forma incandescente
Desejá-lo em mim foi o que me fez viver esse amor!
Fez de mim um ser manipulável
A ponto de querer permanecer grudada
Nesses tamanhos braços!
E ficar coberta de leveza
Adormecida como se fosse uma princesa
No abraço desse herói e que fez de mim
Uma mulher com interior de rara beleza
Sua presença aqueceu e floriu minha vida
Lágrimas de amor derramei na sua partida
E louvo ao Senhor onde estiver
Louvo pela tua vida e pelo que exaltou em mim
nesses momentos de amor & despedida!
Sabe, penso que o ser humano é responsável
Por aquilo que cativa
Por ser instrumento de renovação e crescimento
E, para mim, representou o que pude sentir aqui dentro
Despertou algo que pensei estar falecido
Ou mesmo esquecido
E levantou algo que aqueceu meu próprio infinito
Tua marca de amor
Com ternura e encanto
Foi como uma real afinidade.
Valdira Ferreira
VARENKA DE FÁTIMA ARAÚJO
Salvador (BA) - Brasil
OLGA AMAZONA
Ela é fascinante
parece a outra Olga
e de improviso
lá vai defendendo
por mistérios outras
mulheres, em tempos
lambuza sua telinha
entre os dedinhos
palavras certeiras
piruetas faz pra valer
ligeira e inteligente
se mostra calminha
sendo um vulcão
faz da profissão sua
lida
segura cabeças pontudas
muitas quadradas
umas fora de órbitas
outro talento possui
uma poeta brilhante
o seu corpo em riscos
cresceu formoso
continua pequenina
dentro do meu coração
minha querida sobrinha.
Varenka de Fátima Araújo
VERA LÚCIA JACINTHO
Londrina(PR) - Brasil
DESPERTAR DO SER
O despertar do Ser
inicia
Trazendo a psicossomática.
Buscamos em Dr. Groddeck
e Dr. Costardi
A essência do Ser que
contagia.
Coloquei meus verbos em
ação!
Construí versos
diversos, contidos
Na emoção do meu Ser,
que despertou
Para o prazer em ler e
escrever.
Na reflexão despojei
meus desejos,
E na arte me fiz poeta.
Assim, descobri meu
potencial criador!
Não importa se o que
escrevo é amor ou desejo!
O que importa, é que na
poesia me vejo
Um novo Ser em busca de
mim mesmo.
Mesmo que seja em
metáforas...
Meus verbos pulsam! E
nos símbolos
Dou asas à imaginação!
Converso com Seres
animados e inanimados,
E o Universo me responde
trazendo minhas indagações.
Refleti buscando a razão
de minhas dores.
Caminhei pela praia,
peguei conchas e,
Percebi a flexibilidade
das ondas
E de toda a natureza.
E assim fui ao longe
conversando com meu Eu.
Cheguei ao encontro do
rio com o mar,
E ali adentrei, fechei
meus olhos
Para sentir cada
molécula, cada átomo
Do meu corpo e a energia
contida entre eu e o Universo.
Meus pés se afundaram,
e percebi a flexibilidade da areia
Se adequando ao meu peso
corporal.
E assim tive a resposta
através dos símbolos.
Se a onda se faz de
acordo com o vento,
A areia se move ao meu
pisar...
Porque eu tão minúscula
diante do Universo
Não me adapto na vida
para tornar meu corpo mais flexível?
E as vozes do Universo
entoaram:
A rocha é dura, mas com
o tempo dissolve-se tornando areia.
A concha é hidrato de
carbono, rígida, quase inquebrável.
Mistura do mar e rio,
água doce e salgada,
Resulta em soro
fisiológico, onde a maior quantidade é o açúcar.
Portanto, equilíbrio.
É isto que você precisa
equilíbrio e flexibilidade!
Suas dores são geradas
pela sua inflexibilidade.
Seja doce e flexível e
será feliz!
Se adapte!
Resta-me modificar meu
modo de agir.
Grande és Tu Dr.
Costardi!
Que nos ensinou fazer a
leitura
Do próprio eu e do outro
através dos símbolos.
Assim escrevo em prosa a
emoção do sentir e do querer!
Da Luz do Além que me
tocou sem saber
Despertando-me para uma
nova visão;
Iluminado agora está meu
novo Ser.
Vera Lúcia Jacintho
VERA MARIA CÂNDIDO
SANGIORGI
MALENA
3h da madrugada, gelada, o telefone berra na
sala. Aparelho do meu quarto pifado há meses e toda vez que o som invade a
sala, relembro- me que, ainda, não comprei o substituto. Há muito não faz tanto
frio, como nos últimos três dias.
Fico mais lerda do que usualmente sou, custa-me chegar até a sala. Telefonema há essa hora, certamente, não é para me avisar que sou a feliz ganhadora do liquidificador, rifa que comprei dez números, para ajudar, nem me lembro o que...
Alô ouço a voz de Malena, audivelmente alcoolizada, aos prantos.
----Oi Malena tô aqui, han, han, han, é horrivel, sim..Você está agasalhada? Não se esqueça da pneumonia do mês passado... han, han, han... Não é facill , sim, sim, deixe- me falar...
Em quarenta minutos estarei aí. Deite- se, bem aquecida. Sim, sim, você me deu a chave... é , é , imagino, me dê um tempinho que chego aí...Vou desligar, oi, oi, estou desligando...
Essa mania que tenho de morar, tendo a natureza como vizinha, passarinhos cantando, corujinhas, miquinhos, dá nisso. Moro afastada de todos os meus caros. Enfrentarei mini estrada, marginal e outros quetais...
Estou um espantalho, olhando- me no espelho, mas, sem batom, não saio de casa. Dou um jeito na cara que permanece péssima, calço tênis, casacão, chaves do carro e de casa, na bolsa, cachorros latindo, entro no carro e me mando...
No silêncio escuro, dou graças, graças, porque o cigarro saiu da minha vida.
Não só o cigarro, mas deixa pra lá...
Malena, tão lindinha, mignon, franja, sempre bem aparada, farta cabeleira chanel, continua menina. Estamos na mesma estrada há séculos... Crianças vizinhas, juntas no colégio e faculdade. Todos os meninos babavam por ela e mesmo, agora, quando em bom estado, é encantadora.
Está em frangalhos, situação devastadora, adoecendo e se quebrando a toa...
É só mais uma vítima, como quase todas nós já o fomos.
Casada há trinta anos, filhos fora de casa e o ex-marido se manda com uma garota trinta anos mais jovem...
Êpa, atenção, bêbados atravessando a marginal a pé. Esqueci-me, é terça, último dia de carnaval...
Breco o carro, quase num cavalo de pau, freio na mão, cachorro atônito cego pelos faróis. Saio espaventada e graças, graças, não atingi o pequenino, onde enxergo costelas sem carne, quase sem vida... Coloco-o, entre o casacão e meu corpo. Ele, ou ela tirita de frio. Volto acompanhada para o carro, meu companheiro está desnutrido, machucado, necessitando emergencialmente de um veterinário
Onde encontrar, na madrugada da terça gorda de carnaval, local para ser atendido. Lembro- me do PS na República do Libano, naquela escuridão, não tarda a mão de Deus, encontro caminho para chegar lá.
Há luz acesa e saio do carro com meu novo amigo colado em mim.
A campainha não funciona e grito: doutor, doutor, doutor, ajudem- me...
Rapaz bonito abre a porta, não sei se ele entende a quem deve atender: ao espectro de mulher ou ao cachorro. Explico a situação... Com muito carinho, aplica soro no Bob, já nomeado, examina-o inteiro, RX, medicamento nos machucados, facha numa das patas e Bob já é outro. Aguardamos o final da aplicação do soro, conversando. O dr está fazendo seu PHD e não lhe é sacrifício passar as noites na clinica, atendendo e estudando...
Iche... Malena me esperando, sofrendo porque assistiu na tv, o ex e a atual desfilando numa escola de samba, no Rio de Janeiro...
Agradeço a eficiência do dr, e ao pegar o talão de cheque, na minha bolsa só está a chave de casa, porque é fixa nela. Esqueci-me de pegar a chave da porta da Malena. Preciso comprar ração para Bob . Há supermercado sobrevivente 24 horas, perto da minha casa, longe, longe...
Celular para Malena... Não atende... Com certeza adormeceu babada em lágrimas...
Não estou cometendo nada que desagrade minha consciência.
Quantas não estivemos, estamos e estaremos na situação dela
Apesar de estar cercada de amigas, nenhuma apareceu na minha casa em madrugada fria para me consolar. Ajudaram-me muito, ouvindo a mesma estória, zilhões de vezes. Cuidaram-me, levaram-me a cabeleireiro, esteticista, igrejas diversas, centro espírita.
Rolou de tudo no enorme suporte que recebi.
Estou ótima, devo muito do carinho recebido, terapeuta recomendado e espiritual bem trabalhado. Amanhã irei até Malena, ouvirei a mesma estória, com novo adendo. Casal na pista, trajados de índios e aquela descarada, seminu...
Chegando em casa, apresento Bob a seus nove irmãos.Inteirei 10!!!!!
Será uma farra brincar com todos eles, amanhã!!!!!
Ôbaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!
No
meu texto é inverno durante o carnaval
¨¨¨¨¨¨
A MELHOR MESTRA
Vida, mestra antiga, milênios de janela, platéia
que não aplaude, ensina que nos desapeguemos dos inimigos, reinventemos o
principal, desatemos dúvidas, esqueçamos o sucesso, tão passageiro, cortemos
errados atados, livremo-nos dos arrependimentos, cultivemos a rotina da
delicadeza e solidariedade, a curiosidade pelo novo, comuniquemo-nos pelo falar
e não: sim, jamais, quem sabe, talvez... E porque vivemos em comunidade,
mimemos os animais, os nenéns e amigos, o que nos faz muito bem!!!
Vera Maria Cândido
Sangiorgi
VERA PASSOS
AH! SE EU PUDESSE...
Se eu pudesse...
Mergulhar no vento e
varrer a dor
Viajar como as folhas
secas no outono
Seguir as passarelas da
Terra nas alvoradas
Dobrar esquinas em linha
curva
Sem impedimentos, sem
espinhos
Visitar a mais tenra
idade desse paraíso
Se fosse preciso,
refazer as linhas das estradas
Seguir as correntezas de
um rio ainda menino
Onde pudesse levar vida
ao semi-árido
Escalar montanhas nos
desertos
Sem rumo certo fugir na
luz
Na velocidade do tempo
Voejar nos campos
Elísios nas madrugadas
Semear vidas onde a
morte chega cedo
Deletar o medo dos
bosques, salvar os duendes
Onde a fantasia pudesse
hibernar na infância
Voltasse à coerência dos
sítios, a pasmaceira
Onde o Brasil de novo,
fosse à terra da PAZ
Se eu pudesse...
Construir um cais tranquilo à beira mar
Voar como as águias aos
píncaros dos montes.
Lá no alto sobrevoar as
nuvens, em novos horizontes
Derreter os corações
ímpios, com o rio dos olhos
Embriagados de
esperança, um sonho de criança,
Eu sei que as
turbulências ainda não tragaram.
Criaria pontes onde
houvesse lacunas
Sobre as dunas dos meus
sonhos, emergir feliz
¨¨¨¨¨¨
APENAS UM RIO
Nasce aqui dentro do
peito um rio
Antes disparava buscando
a vida e abria caminhos
Hoje segue o silêncio da
caminhada observando a brisa
Se embriaga polindo
pedras rudes
Encanta-se com os
peixinhos brincando de corre - corre
Esse rio trouxe a
infância e hoje deságua no coração
Muitas vezes atravessou
desertos, caatingas e subsolo
Fugiu da intempestiva
maldade humana
O meu rio já não tem
pressa de avançar
Segue coerente no seu
viajar
A ansiedade de outrora
fez sua história
Nos dias de hoje meu rio
traz as flores
Que um dia semeei nas
margens
Como aquele ingazeiro
que abraçava as águas
Na correnteza do rio
como serpente.
E eu no meu desvario,
tentei me agarrar, para sempre.
E minha Vó me dizia: não
queira ser semente...
Semente é só.
Vera Passos
WASHINGTON LUIS LANFREDI
DIAS DOS SANTOS
HISTORIA DE AMOR SEM FIM
Numa cidade pequena sem
rima
Onde vivi por toda a
vida
Nada acontecia comigo
Até que estive contigo;
Minha vida teve sentido
Conheci um ombro amigo
Que me deu carinho
E me deixava sorrindo;
Comecei a trabalhar
E a vida começou a rimar
Nada me faltava
Então pensei em casar;
Casamos em um dia
especial
Que nunca esquecerei o
luar
Pois após esta data
querida
Fui seu por toda a vida;
Os anos passaram muito rápido
Mas sempre estive do seu
lado
Em momentos felizes
E até dias infelizes;
Nunca esquecerei seu
melhor presente
Nossos filhos contentes
Que animavam a vida
E a rotina da gente;
Eles cresceram felizes e
fortes
E nós tivemos muita
sorte
E nossa historia assim
Poderia chegar ao fim;
Mas nunca faltou amor
Que sempre nos
acompanhou
Sempre com ternura
E muito fervor;
E o fim enfim chegou
Sem nenhuma dor
Pois tínhamos muito amor
E assim encontramos o
Senhor;
Nosso amor continuou
Por toda a imaginação
Que possa ter numa
simples canção
Obrigado por essa
emoção.
Washington Luis Lanfredi
Dias dos Santos
WENDERSON CARDOSO
Contagem (MG)
RODA DO TEMPO
Da janela de minha vida sinto o oxigênio fluir e
a luz do sol acariciar ardentemente a minha pele enrugada.
Do silêncio emanado da viela, de movimento
parado e lento...
Vejo o mundo ligeiramente devagar girando em
ruídos silenciosos do avançar da roda do tempo.
Vejo na pequena praça com poucos bancos de pedra
e algumas árvores estrondosas...
Dois enamorados com mãos entrelaçadas em íntimas
juras falsas de amor.
Que saudades do meu tempo de mocidade!
Gira ligeiramente devagar em ruídos silenciosos
a roda do tempo!
Vejo de olhos fechados cada instante se
passar...
Os peraltas de calças curtas soltar pipas feitas
com bambus surrupiados...
Que saudades do meu tempo de mocidade!
Mas a roda do tempo insiste girar em ruídos
silenciosos.
Vejo ainda com os olhos cerrados tudo e muito
mais daquele tempo bucólico...
Vejo ainda com os olhos cerrados tudo e muito
mais daquela época de mocidade...
Sinto o oxigênio fluir e a luz do sol acariciar
ardentemente a minha pele enrugada.
Vejo o mundo ligeiramente devagar passando em
ruídos silenciosos...
Da roda do tempo, implacável e pujante a girar.
Hoje, em meio às lamúrias e limitações dos meus
ossos, músculos e carne...
Sinto ainda a brisa de minha janela que a tudo
permitia eu ver e nada enxergar.
Que saudades do meu tempo de mocidade!
A roda do tempo, implacável e pujante, continua
sempre e sempre a girar.
Quero chamar os peraltas das pipas coloridas de
outrora
Quero sentir minha pele sendo queimada
refrescantemente pelo sol...
Quero, novamente, ouvir o ranger das fechaduras
e girar novamente a taramela para a vida...
Que saudades do meu tempo de mocidade...
Que a roda do tempo insistentemente deixa...
Deixa... E deixa para trás.
Wenderson Cardoso
02 de abril de 2017
WILSON DE OLIVEIRA JASA
MOVIMENTO POÉTICO EM SÃO
PAULO
O Movimento Poético
em São Paulo já
nasceu,
como uma grande
entidade,
e bem rápido cresceu;
é conhecido no mundo,
muitas batalhas venceu.
Teve reconhecimento,
no Brasil e
mundo afora;
mostrando nos
seus Poemas,
a beleza que vigora;
com seu passado de
glórias,
e que perdura no agora.
Movimento bem Seleto,
que na vida só nos traz;
momento-felicidade,
e nossas forças refaz;
pois nos serve de
alimento,
e também nos traz
a Paz.
Poesia é como
a Rosa,
deixa a vida perfumada;
mostrando
em Versos beleza,
deixando a alma
aveludada;
sendo
o Poema o jardim,
da canção apaixonada.
Sintonizando palavras,
na cadência dos
seus Versos;
segue
o Movimento assim,
com seus temas mais
diversos;
deixando sábias
mensagens,
em todos
os Universos.
Décadas já se passaram,
prevalece a Poesia;
o Movimento assim
cresce,
com muito encanto e
magia;
e ilumina corações,
com
tanto Amor que irradia.
Wilson de Oliveira Jasa
(01-07-2014)
YNA BETA
DUVIDAS?
Olhando as chamas da
nossa lareira
O fogo espelha a ardente
maneira
Do calor que crepita em
meu coração...
Duvidas?
Relembre aquele amor
constante
Que dizias para nós ser
bastante.
Que jamais iria eu
sentir solidão...
Duvidas?
Jamais olvides daquele
meu amor
Que te entreguei com
tanto ardor
Mas duvidaste e
afoguei-me em paixão...
Yna Beta
ZzCOUTO®
PÁSCOA!
Luz do Amor e da Paz!
Celebrar a Páscoa é
celebrar na fé
a certeza da vitória, a
certeza de que
temos um destino: a
eternidade com
Deus, porque o Amor
D'Ele por nós é
mais forte do que os
nossos pecados.
Seu gesto foi de Luz,
salvou toda a
humanidade da condenação
eterna.
Fomos libertados das
"algemas" do
pecado, porque Ele
aceitou e fez a
vontade do Pai, nos
convidando a fazer
a experiência de passar
da escuridão
à Luz, por amor ao
próximo.
A Paz de reconhecer que
Cristo veio
até nós, morreu por nós
e ressuscitou
para abrir as portas do
Paraíso para
todos aqueles que o
seguirem, nos
ajuda a enfrentar
quaisquer obstáculos
que se interponham entre
nós e a verdade.
E a Paz de Cristo tomará
conta
do nosso ser e nada
poderá abalar nossa
caminhada rumo à morada
junto a
Deus Pai.
Deus Pai.
Feliz Páscoa!
ZzCouto®
É com imensa satisfação e prazer que mais uma vez, participo de Antologias para "Cá entre nós", e cada dia mais a beleza dos textos/poemas/sonetos dos colaboradores se destacam na "revista".
ResponderExcluirParabéns Carlos Leite e Maria Beatriz pelo belíssimo trabalho.
Beijos em todos.
Parabéns a todos pela coletânea! Fico muito feliz em poder participar e ajudar a disseminar um "tantico" de poesia pelos quatro ventos.
ResponderExcluirSds poéticas!
Parabéns á organizadora desta antologia. Muitos textos bons!
ResponderExcluirParabéns por esta obra maravilhosa! Obrigado por ajudar a divulgar as obras de inúmeros escritores aos leitores do mundo.
ResponderExcluirParabéns! Mestra Maria Beatriz Silva, seu trabalho é magnífico... Amei...Que Deus a abençoe e a ilumine... Sempre...
ResponderExcluir