terça-feira, 2 de julho de 2013

XIII ANTOLOGIA VIRTUAL JULHO DE 2013


PORTAL CEN - “CÁ ESTAMOS NÓS”

ANTOLOGIA VIRTUAL


XIII EDIÇÃO – JULHO DE 2013




Organizadora, Formatação e Revisão:
 Maria Beatriz Silva (Flor de Esperança)

Idealizador e Divulgação Geral: Carlos Leite Ribeiro


Cumprindo com mais um de nossos compromissos com os ilustres autores e colaboradores do CEN que não é promessa e sim de fato realidade, respeito, dedicação e amizade, concluímos na XIII edição realizada pelo Portal CEN – “Cá Estamos Nós” a VIII Antologia Virtual, por mim organizada.

Com grande orgulho apresentamos aos inúmeros leitores desse majestoso Portal a grandiosa Coletânea Virtual do mês de julho composta por renomados autores. Uma produção literária de talento, oferecendo uma leitura diversificada mostrando o “belo” que cada um tem para compartilhar. Adentre em cada página, desfrute de todo o conteúdo.

 Conheça um pouco mais de cada autor que compõe a Coletânea Virtual, acessando no final de cada texto o link da sua página de Autor no CEN.

Parabéns poetas e Escritores, que através de suas palavras em prosas e versos difundem pelo mundo o perfume do amor! Feliz caminhar!


Sairás vitorioso!
Conseguiste dominar,
vais, não sendo impetuoso,
a vitória conquistar.

***
Cultive sempre a verdade
e chegará à perfeição
virtude, sinceridade
conquista uma boa ação.

***
Suporta com paciência
os obstáculos da vida
e numa nova experiência
a solução resolvida.

(Flor de Esperança)
Trovas extraídas do meu livro “Trovas ao Luar”.


AGRADECIMENTO:


Agradeço imenso a todos que colaboraram para mais esse projeto de “divulgação internacional e direta” dos nossos poetas/escritores.

Sigo a luz do amor! Você vem comigo?


 XIII Antologia Virtual


André Anlub
 Rio de janeiro

CORSÁRIO SEM RUMO

No seu sorriso mais doce
dá-me o sonhar acordado
nau agridoce ancorada
no porto seguro de um réu.

o cerne mais íntimo partilhado
como alado cavalo ao vento
coice pra longe o tormento
traz na crina o loiro do mel.

mil flores a pulsar na razão
vil dor e jamais compunção
cem cores permeiam na libido
sem rumo nem rum no tonel.

pirata na dádiva do amor
com a bússola do autêntico anseio
nem proa, nem popa, nem meio
voando em direção ao seu céu.


André Anlub
 Rio de janeiro

A EPOPÉIA DENISE (CAIXA DE PANDORA)

como se começa uma história?
algo que pode ter acontecido!
e se a mesma não existe na memória
posto que é um fictício ocorrido!
Denise caminha em uma praia
mesmo que o sol não raia...
sua alegria insiste.
se depara com uma caixa
um baú velho e pequeno
o abre, deixando escapar um veneno.

a caixa...

dentro havia um sonho
remeteu-a a outros lugares
voava por entre vales
sentia na face leve brisa gélida.
despiu-se de todos os seus disfarces...
reviu todos que já se foram
todos que por ela eram amados
e ela por eles.
viu a morte, passou tão rápida e inexpressiva
 que, na verdade, poderia se tratar de uma nuvem negra!
nuvem pequena e inútil
dessas que não fazem chuva
mas dependendo do ponto de vista
pode fazer sombra
tirando o reinado do sol
voou sobre a ilha de Páscoa
sorriu para seus mistérios
atravessou alguns deltas de rios
do Parnaíba ao Nilo.
ao anoitecer viu paris, sentiu seus perfumes
por um momento os odores a levaram a campos
como se estivessem presos a uma redoma de vidro.
foi testemunha do nascimento de uma pequena aldeia África
os lugares voltavam no tempo
homens pré-históricos surgiam em grupos
perseguiam mamutes
comiam com as mãos
descobrindo o fogo
violência e pretensão.
ninguém podia vê-la
sequer podia ouvi-la
mas tantas coisas para dizer...
ensinar e aprender.
por fim tudo foi simplificado a um só casal de humanos.
pode ver tanta coisa
estar em tantos lugares
mas ao retornar desse sonho tão real
uma realidade maior a esperava.
ela não pode encontrar quem seria prioritário,
quem responderia suas recentes e antigas perguntas,
que a acolheria, lhe daria afagos e força,
quem a conhecia como ninguém!

Ela mesma!

André Anlub®




António Boavida Pimheiro
 Lisboa/Portugal

E DEPOIS DOS SETENTA...

Quando os setenta passares,
Nesse tempo que perdura,
Estás com teus familiares,
Na idade da ternura...

E se aos oitenta chegares,
Boa idade, quem diria?
Já com poucos dos teus pares,
Idade é sabedoria...

Mas aos noventa, pois bem!
Bate ainda o coração?
Idade da santidade

Pois que se passares dos cem,
Coisa rara..., pois então,
Caminhas para a eternidade...




Antonio Carlos Mongiardim Gomes Saraiva
(mongiardimsaraiva)

SER ALADO

Quero te conhecer
E completar...
Ser gracioso e alado,
Ao meu olhar.
Ter o teu acesso,
Irrestrito...
E poder ousar,
Ao te provocar...
Sem ressentimentos,
Tristezas ou mágoas...
Dizer-te que não minto,
Quando nos imagino
Muito perto...
Ou nos sinto,
Numa tão doce alegria...
Quase sofrida,
Concreta,
Suada e fria...
Pelo desejo
Ou ensejo,
De podermos estar...
E quero,
Para sempre,
Te amar...
Sem nunca,
Poder acabar.

mongiardimsaraiva


O REI DOS ELEFANTES

Não se fala noutra coisa... O rei Juan Carlos teria participado de uma caçada aos elefantes. E não contente com isso, teria posado ao lado de uma presa abatida, empunhando o seu rifle, numa atitude vitoriosa de conquista... Sim, o rei de Espanha ainda caça elefantes, imaginem... Será que caçou mesmo??!...Bom, tudo leva a crer que, pelo menos tentou... As pessoas apontam o dedo com veemência e condenam o rei por essa atitude, tão ignóbil e inesperada... Imaginem, vindo de um rei e já com uma certa idade...  Monarca de um país como a Espanha, com tradições respeitadas e exemplos dados... Isso não pode ser verdade... Mas pode acontecer e aconteceu de verdade, lá no Botswana, a convite de um empresário árabe. A mídia e as pessoas, não o perdoaram e toca de lançar fotos e comentários ácidos sobre o ocorrido, como se toda a gente fosse santa e nunca tivesse planeado e executado uma "caçada" na vida... A sociedade e as pessoas são muito hipócritas e esquecidas das suas manifestações... Principalmente quando lhes convém. Está certo, o rei poderia ter tido mais cuidado ao evitar constrangimentos, já que é uma figura pública e conotado como defensor da ecologia e dos animais... Mas por outro lado, a questão da "caça" em si, é uma atividade que está no sangue de todos nós e muito mais em membros da monarquia ou realeza, fazendo parte dos seus hábitos e costumes desde sempre... Mas voltando a "nós", sociedade recriminadora e contundente, o que fazemos senão organizar constantemente "caçadas" sangrentas e infames, em que o animal perseguido é quase sempre o "nosso semelhante", mil vezes mais pequeno e frágil do que um elefante??!!...

mongiardimsaraiva





Adélia Einsfeldt

CORES

Ontem
no varal nu
despido de cores
despedida
2012

hoje veste
branco, azul, rosa
amarelo e verde

esperanças
balançam ao vento
2013




Antonio Paiva Rodrigues
Fortaleza - Ceará/Brasil

UM NATAL ESPECIAL

Alvitrar caminhos, de esperanças cirineicas,
Não é bordão, mas energias transbordando do coração.
Consciencialmente contributivas e de espreitas,
Cujo deotropismo que enleva nossa dileta missão.

Não somos ególatras, preferimos encômios,
Ensejando bela harmonia entre irmãos.
Não existe enxovia e sim liberdade em sonhos,
Extremo amor, fervor para arrefecer o coração.

Exógena noite deve fruir com luzes coloridas,
Haurida a noite em que um menino nascerá,
Parecendo um heliotropismo de fontes reluzidas.
Hercúlea vibrante onde brindaremos o que virá.

Um natal impertérrito, mais do que insigne,
Uma noite insofismável para cristãos devotados.
Lucigênitos atos de amor, magna noite não se extingue,
O Nazareno vem ao mundo para amar e se amado.


Antonio Paiva Rodrigues
Fortaleza - Ceará/Brasil

FUTEBOL DE VÁRZEA

       Adornado, alicerçado e burilado como redentor do futebol cearense, o Estádio Plácido Aderaldo Castelo (Castelão) metamorfoseou-se num dilema comburente para os clubes (times de futebol) do estado do Ceará. Mania de time pequeno, avalanche para o crescimento, charrua para os fracos dirigentes de nosso pebol. O futebol empresa transformou-se num veneno letal para os que comandam os destinos de nosso futebol, e os times de tradição estão se diluindo em crises homéricas e o destino será convulsivo. A imprensa, a mídia esportiva torce com unhas e dentes que o acostumadinho do Benfica (estádio Presidente Vargas) volte a abrir as portas, para que a senectude do pebol cabeça chata possa sair dos melindres que se encontra. O tão badalado gigante da Boa Vista, virou fantasma para os times cearenses que disputam à série B do campeonato brasileiro de futebol, patrocinado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Um arrazoado reclamo parte dos chefes de torcidas e torcedores apaixonados excogita com o declínio e consequente descida para a famigerada terceira divisão.

       O futebol cearense sai do profissionalismo reinante ingressando friamente nas peladas de várzea. Pobre futebol cearense onde a fraqueza a inexperiência engloba dirigentes, mídia apaixonada, torcedores baderneiros e atletas mercenários. Saudades doridas dos velhos tempos, onde tínhamos profissionais de gabarito. Citar nomes seria cometer injustiças. A continuar assim, nem o gigantinho do Benfica solucionará drástico problema.  Apelar para Deus seria ignomínia. Grandes times faliram e com eles grandes craques deixaram de jogar futebol. Hoje a grande preocupação dos clubes é com a folha de pagamento e as causas trabalhistas.

        É jogador ganhando demais e produzindo de menos. A torcida comparece gasta seus trocados, mas o espetáculo não condiz com a realidade. Troca-se técnico culpa-se juiz, mas, (os pernas de pau) continuam fazendo corpo mole nos clubes, no entanto nas noitadas e no cair da noite se estribam e viram feras. O profissionalismo onde fica? Morre de uma vez. Sepultado no mesmo dia.  Os times de futebol e os torcedores vão sofrer as agruras de um espetáculo capenga, uma peleja ou pelada sem atrações. My God tenha dó do futebol tupiniquim.

 


Beti Ribeiro
(Betimartins)

AS PALAVRAS SILENCIOSAS!

Naquele instante apenas aquele fatídico momento
As palavras ficaram mudas, tristes e confundidas
O manto do desamor vestiu-as de vestes negras
O mundo ficou de luto, a preto e branco apenas
As cores foram embora, juntamente com os sábios
E os pintores, apenas ficaram os perdedores por aqui...

O dia transformou-se apenas na escura e triste noite
O silêncio amordaçou a minha alma de sentimentos
Ah! Malditos sejam todos vós, eu odeio-vos ainda tanto
Inimigos das minhas paixões e deste meu triste poema
Tocou a musica fúnebre na minha porta, lírica e cruel
Revoltados fizeram uma fogueira com os amados livros...

O sol fugiu enamorado pela bela lua sem poder mais declarar
Todos aqueles lindos versos de amor que um dia ele escreveu
A lua chorou arrependida como uma bela viúva de terno luto
As estrelas deixaram de brilhar pela última vez no universo
Os Deuses estão loucos lutando entre eles morrendo lentamente
Sobre a sua espada sagrada, sobre o seu grande arrependimento...

As colinas despencaram, os vales ficaram negros e bem mortos
As folhas sangraram, os rios secaram, os mares viraram a terra
Terra maldita onde ali nada nascia entre a dor cruel dos inocentes
Não digas que não foste avisado, não chores Poesia és imortal
Não importa, não terá tempestades ou buracos negros no universo
Que te amordacem as tuas silenciosas palavras aqui ditas, a ti Poema!


Beti Ribeiro
(Betimartins)

FRAGMENTOS DE UM POEMA!

As palavras parecem estar ainda dormentes, os meus dedos cansados, as teclas do meu computador parecem estar coladas, tudo parece estar inacabado.

Pensei em ti poema, pensei na forma de te falar o que eu sinto e
faltam-me as palavras que furtivamente fogem, sem deixar algum rasto.
Lembrei-me da lua com todo o seu esplendor, deixando-nos sonhar com as suas belas noites de luar, sempre majestosas entre os segredos e noites de amor.

Meus olhos azuis, olharam as flores do campo, delicadas entre árvores, desnudadas e o cheiro intenso a jasmim, sentindo a leve brisa acariciar o meu rosto bem de mansinho.

Cansada do meu poema, refresquei os meus pés na beira do rio, deixando-me curiosa sobre todos aqueles seres vivos, por ali, nadando em direção ao mar, por quê? Por que no poema tudo é tão belo e único!

Deixei-me nadar até chegar ao mar, olhando aquela onda cristalina que refletia o céu azul, entre nuvens inquietas e as sereias abandonadas pelos seus pescadores, nos seus cânticos apaixonados e chorando pelos seus marinheiros.

Quanta a imensidão, quantos são os sonhos sonhados ali, nem os poetas, nem as palavras eram dignas de tanta poesia viva, descrita ali...

Suspirei de amor, olhando-te, és o meu amor onde a poesia não tem palavras para descrever o sentimento que minha alma sente, agradecida a ti a divina inspiração.

Entre os vales e as montanhas bravias sempre inacessíveis, entre as quimeras e a amada poesia, quero escrever-te um poema e eu não consigo...

Despi as minhas vestes do preconceito, uma a uma, desenhei-te sem jeito, numa noite de amor, aquela que nos torna imortais, entre desejos e as nossas vontades sem medo de amar e nem errar.

Escrevo entre a penumbra do nosso quarto, encontro fragmentos de palavras por ai esquecidas, por muitos em cada esquina, mas por mim gravadas neste pobre coração apaixonado pelo teu.

Entre duetos e promessas de amor fizemos da vida um belo poema vivo e ainda realizado apenas pela força do nosso amor.

Hoje! Eu queria te escrever um poema, um belo poema de amor, mas afinal o quem sou eu para te escrever, tudo o que minha alma já escreveu desde a eternidade cravada a letras de ouro deste meu coração, neste meu fragmento de simples um poema...


Beti Ribeiro
(Betimartins)

A ORQUÍDIA SELVAGEM

Há muitos séculos e séculos passados, existiu uma menina que era uma colecionadora de sonhos, em seus sonhos ela apenas imaginou um mundo melhor cheio de amor e muita paz.

A esta menina, eu apenas coloco o nome de Orquídea Selvagem colhida no alto da montanha onde apenas os grandes vencedores, são premiados com tamanha beleza e perfeição.

Nascida numa aldeia bem remota e esquecida pelos vícios do materialismo, Orquídea era uma menina feliz, corria pelo campo, dançava com o vento, se perfumava com as flores e exaltava a paz do seu lindo rosto.

As suas mãos delicadas eram a cura para aos animaizinhos doentes e maltratados, ela jamais os esquecia e os batizava com algum nome de um Santo que ela conhecia claro que os colocava com números, sendo eles tantos a serem curados e tratados.

Ela cantarolava alegremente pela floresta, colhendo as ervas mágicas e as frutas frescas para fazer doces para os pobrezinhos, jamais esquecia os seus amigos, escondidos no escuro da floresta, os habitantes do interior da terra, as aberrações escondidas aos olhos dos humanos.

Ela não tinha medo das deformações, das incapacidades, dos corpos mutilados, maltratados e cheios de fome e doenças, ela apenas sorria e os beijava, dando o seu sopro de amor e da cura.

Não tinha TV, nem telefone, nem mesmo microondas e nem internet e muito menos um PC, não foi à escola e nem mesmo conheceu uma família, ela era apenas sozinha e criada pela mãe natureza e pelo seu Deus Supremo.

Vivia numa gruta com o tempo da impunidade, deixou-se afundar pela solidão da tristeza da terra, viu coisas que eu nem posso aqui falar, pois eram horrores, sofrimento e muita devastação.

Aquela menina tão linda que corria pela pradaria, sentada em seu cavalo branco, com os seus cabelos ao vento, loiros, parecendo o sol, dos seus olhos, o azul do céu e sua pele a brancura das manhãs...

Ela cresceu, ela viveu e deixou escrito na árvore da floresta, a sua árvore da vida, os seus caminhos, os seus sonhos, os seus esforços de um mundo bem melhor, sem ter medo de ser vencida pela escuridão, o seu corpo reluzia como um belo arco-íris, sua mente era como um o mar, fresco, cheio de mistérios, repletos de segredos, onde apenas a terra era sua calmaria.

Ai! Pobre da minha menina que por todos é esquecida, ela cresceu, com ela a esperança aumentou, a doce madrugada apagou sua chama de amor, ninguém mais chorou por ela, nem as fadas, nem os santos, nem os animaizinhos curados, nem mesmo os pobres ajudados e nem os pobres de espíritos iluminados...

A sagrada montanha permaneceu viva nos corações dos homens e a rara Orquídea ainda está por ali viva,  segundo dizem, raramente  são os homens que a alcançam, alguns mestres ainda se lembram da sua historia, outros tiveram o prazer de conhecê-la um dia e com ela aprender seus ensinamentos de amor e gratidão a vida.

A doce menina cresceu, virou mulher, virou lembranças de belas histórias em contos dos avós, alguns a desenharam em um livro por terem visto dela tanta beleza, não se assustem um dia se ela aparecer nos teus sonhos por ti um dia sonhados...

Com seu crescimento ela ensinou a Paz e o dever de cada um, mas nem todos conseguiram a escutar, nem mesmo a imaginar e muito menos deixarem-se tocar pelos seus corações empobrecidos, repletos de ódio,  da sua falta de fé e sem amor.

Quantas! Foaram as lágrimas choradas, que caíram na doce montanha, pois já  ninguém sonhava, nem mesmo agradecia, muito menos srecordava os sonhos doces, os belos sonhos desta menina. Oh! Pobre vida fingida que aprisionou a minha pobre menina, aquela Orquídea Selvagem com o seu perfume da Paz...

Cadê, onde está a tua menina? Onde estará ela? A detentora dos teus sonhos?

Será que no alto da Montanha Sagrada, tu ainda a irás a encontrar?

Os teus sonhos não foram roubados, não, ainda tens tempo de ser aquela menina, a sonhadora, a que te leva ao mundo da justiça, do amor e da tua maravilhosa paz...

Ela te chama e não a temas, corre para junto dela. Acredita que ela estará a tua espera e não te esqueças de lhe agradecer por mim pelos meus sonhos já sonhados e realizados...

Olha que ela ainda corre feliz pelos campos silvestres, no mundo da magia, onde seu limite é Deus o seu Pai que a embala, sorrindo, cheio de amor pela grandiosa Vitoria da sua Orquídea sonhadora...

www.betimartins.prosaeverso.net



Carlos Nogueira de Oliveira


MEU ENCONTRO COM LISBOA

Sempre que posso eu faço uma das coisas que mais amo na vida que é viajar. Já conheço boa parte do Brasil, alguns outros países da América e vários países da Europa. Eu costumo dizer que a França eu conheço mais do que muitos franceses e a Itália, mais do que muitos italianos. Esse ano resolvi retornar à Europa e coloquei no roteiro França ( se eu for na Europa 1.000.000 de vezes, eu vou a Paris 1.000.000 de vezes ), Bélgica, Holanda, República Theca, Áustria e Itália. Queria deixar Portugal e Espanha para uma viagem única, especial. Mas, para a minha surpresa, ao comprar as passagens pela TAP ( minha e de minha esposa ) pude verificar que na ida ficaria 6 horas em Lisboa e na volta ficaria uma noite e o outro dia até 16:30 hs também em Lisboa. Fiquei feliz porque seria uma maravilhosa oportunidade de conhecer Lisboa. Então fiz o meu roteiro da seguinte forma: Como tem vários roteiros, escolhi 2 para fazer 1 na ida e outro na volta. Na ida cheguei no aeroporto, cumpri todos os protocolos para entrar no país, pequei o metro que sai do aeroporto ( que maravilha essa facilidade ) e fui para a praça Martim Moniz pegar o elétrico 28. O dia estava maravilhosamente ensolarado e logo chegou o 28 para me apresentar alguns dos mais belos patrimônios de Lisboa. Fomos para o bairro da graça e pude contemplar o mosteiro de São Vicente de Fora. Continuamos por Alfama e suas ruas medievais como o largo da porta do sol com seu magnífico miradouro e o castelo de São Jorge. Depois passamos pela igreja de Santo Antonio o padroeiro da cidade e depois pelo projeto do Marques de Pombal que é a Baixa Pombalina. Depois subimos por um dos mais famosos lugares de Lisboa que é o Chiado com o antigo convento de São Bento. Depois que retornamos para a Martim Moniz, pegamos o metro e voltamos para o aeroporto. Estava ansioso para no retorno pegar outro roteiro e conhecer o que mais eu queria ver em Lisboa que é a torre de Belém. Ir a Lisboa e não conhecer a torre de Belém, para mim é o mesmo que ir ao Rio de Janeiro e não conhecer o corcovado. Peguei o avião e visitamos Paris, Bruxelas, Amsterdã, Praga, Viena, Salzburg e Veneza. Em Veneza o avião nos levou até Lisboa para no outro dia nos levar até Salvador na Bahia. Chegamos em Lisboa já à noite e fomos para o hotel. Depois saímos para jantar ( para minha tristeza, sem fado ) e retornamos ao hotel. No dia seguinte pegamos na praça dos toros em Campo Pequeno um sightseeing que passaria em Torre de Belém. Passamos por vários pontos da Lisboa nova e antiga. Vários teatros e vários belos parques com o Tejo ao fundo. Passamos por baixo da ponte que foi inspirada na de São Francisco na Califórnia com o Cristo ao lado e finalmente estava na minha frente a Torre de Belém dominando todo o local e querendo abraçar a cidade como se fosse somente dela. Eu pude sentir a torre dizendo “ eu sou o centro das atenções”. Passamos pelo local da 83ª Feira do Livro e lembrei de meu irmão escritor e poeta. Pudemos ver também a Praça do Comércio com seus prédios antigos e conservados e o imponente prédio onde está o museu de arte moderna coleção Berardo.
A torre de Belém é maravilhosa e é um dos mais atraentes retratos de Lisboa.
Terminamos o nosso passeio por Lisboa e fomos para o aeroporto na certeza de que voltaremos a está maravilhosa cidade e também para conhecer as outras.

OBRIGADO PORTUGAL.



Conceição Hyppolito
Poa/RS

Frágil lume em vagas
Singra mares sangra auroras
Sob risco de soçobrar

Segue sigo com ou sem norte/ou sorte
Lanço vela em alto mar
- Navegar impreciso...


Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista

Santo Antônio do Monte - Minas Gerais – Brasil

Correntes

Feito samambaia na fresta dos rochedos
Sem medo cresce-nos a festa da paixão
O horizonte do coração fronteiras não tem
Pingando mel, abertos em açucarado cio
Não nos importa o pavio curto dos mercados
Pois, divinamente, os amantes e os rios
Serpenteantes no macio de seus leitos
Seguem alvadios e livres entre correntes...

  
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista

Santo Antônio do Monte - Minas Gerais – Brasil


MAIOR QUE GENTE GRANDE

      Fazer literatura com pelo menos uma pequena dose de convite à reflexão é o mesmo que apressar a chegada da solidão, que geralmente é a fiel companheira dos que exercitam a arte da palavra escrita.

      Basta uma visita a qualquer feira de livro para detectar que os autores que obtêm a atenção dos poucos leitores são aqueles que se enveredaram pela literatura de autoajuda afora, ou optaram por historinhas de sexo, violência e altas doses de vampirismo banhado em insossa água com açúcar, que alcançam sucesso, a exemplo de tantos best-sellers, que certamente se perderão ao longo do caminho, substituídos por outras páginas igualmente comerciais e descartáveis.

       Resguardado na trincheira da literatura independente, assistimos ao avanço das dificuldades à medida que a visão cultural se restringe ao espetáculo, ao entretenimento de massa que na maioria das vezes (para não sermos radicais) nada soma ou nada deixa de positivo, a não ser latinhas de cerveja, mau cheiro de urina e toda espécie de sujeira pelo chão, além de inevitáveis ocorrências policiais. Contudo, temos que admitir, à medida que o povo perdeu suas raízes culturais e capacidade de manifestar suas tradições por conta própria, o Estado, por intermédio das prefeituras, se viu na obrigação de investir no entretenimento, que se transformou em indústria de alto custo para os cofres públicos.

      Vivemos uma época bem acima ao que no passado chamávamos de mundo cão, com a expressão se transformando numa afronta aos cachorros, cada vez mais, na falta de confraternização social efetiva, amigos do bicho homem, que ao seu turno se nos apresenta cada vez mais animal e animalesco.

       Não faz muito tempo postaram algumas ofensas contra nós em rede social, relativamente ao nosso trabalho literário. E gente que nunca foi sequer a um dos lançamentos de nossos 14 livros veio com jeito e ar de piedade nos dizer coisas como: nossa que injustiça, você não merecia! Contudo, logo em seguida, sem que procurássemos, pois trabalho literário costuma andar com as próprias pernas, fomos bafejados com algumas boas notícias, sobre as quais poucos se manifestaram.

       Para nossa alegria a poetisa Efigênia Coutinho, à qual não conhecemos pessoalmente (ela reside em Camboriú e é fundadora-presidente da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores), levou exemplar de nosso romance “Quando a vez é do mar” até o prestigiado recanto cultural New York Home Poets. Enquanto isto, a revista paulista “zaP!”, conceituada publicação no âmbito das artes, editada por Elizabeth Misciasci, jornalista, humanista, pesquisadora, escritora, palestrante, crítica literária, jurada de diversos concursos de literatura, membro ativo de grupos culturais e intelectos, voltados às áreas de educação, arte-terapia, reabilitação, inserção social e literatura, acoplou nosso nome entre os “Cem mais de 2012”.

       Diante de tais incongruências, onde mais realça a notícia ruim, nós que estamos (pois que de passagem) secretário de cultura de Santo Antônio do Monte, sentimo-nos meio desolados, pois sabemos que não é nada fácil ou até mesmo impossível mudar esse estado de coisas. Acabamos de conseguir junto ao Credimonte, o banco santo-antoniense, na pessoa do amigo Luís Antônio Bolina, patrocínio para implementar um pequeno projeto: o “Leitura Premiada”, uma tentativa de estimular o hábito de leitura entre os jovens. A ideia é que o leitor vá à Biblioteca Bueno de Rivera, retire um livro e, caso queira, faça um resumo de no máximo uma lauda (30 linhas) contando o que leu. Uma comissão julgará as redações, redundando na premiação de mil reais para o primeiro colocado e 500 reais para o segundo classificado. A premiação acontecerá no dia 16 de novembro, por ocasião do aniversário da cidade.

       Claro que a proposta é modesta perante tanto sonho de desmedida riqueza que nos rodeia. Todavia temos que trabalhar em conformidade com a nossa realidade. No fim do ano letivo do ano passado (2012), fomos à Escola Waldomiro de Magalhães Pinto, onde cursamos o ensino primário. Lá recebemos uma bela e singela homenagem. Pois bem, recentemente, em praça de Santo Antônio do Monte, quando andávamos ao lado do professor Fernando Gonçalves, nosso indispensável companheiro de gestão cultural na Secretaria de Cultura, encontramos um garotinho de ensino fundamental. Ele me olhou de cima abaixo. “Eu te conheço. Como se chama? – Sou o Carlos Lúcio... – “Ah, já sei. É o Carlos Lúcio Gontijo, escritor do Duducha, que me deu um autógrafo!

       Emocionado abracei o menino. Era o pequeno Ítalo, maior que muito adulto por aí. Veio-nos à mente frase do romance “Quando a vez é do mar”: Sem a grandeza de criança, adulto algum consegue ser gente grande.



Cler Ruvver
S. Pedro do Florido – Paraná

 QUISERA

Quisera ser a música, que tocou teus ouvidos.
E hoje como um hino, sentes louvar o amor.
Quisera em cada nota, tocar os teus sentidos.
Poder abraçar sonhos, mesmo os não vividos.
E dos que estão perdidos, estancar toda a dor.

Quisera ser a flor, que encantou teu olhar.
Aquela delicada que um dia pensou furtar.
Ou mesmo ser o espinho que a viu desabrochar.
Para discretamente, a tua mão tocar.
Ensinando que as flores, também podem machucar.

Quisera ser a fruta, madura e esquecida.
Para que as tuas mãos pudessem acolher.
E caso o teu olhar, achasse descartável.
Por sorte poderia, cheirosa e agradável,
Adentrar teu olfato, com gosto de prazer.

Quem sabe uma hortaliça, que com delicadeza.
Misturando as cores, fizesse um lindo arranjo.
Para que quem passasse, vislumbrasse a beleza.
Ser verdura ou legume, jamais será tristeza.
Se for para enfeitar a vida de um anjo!




Dhiogo José Caetano
Uruana – Goiás - Brasil

Recordando Amor

Amar você é tudo!
Tudo é amar você...
De coração pra coração.
Estou feliz só por que te encontrei.
O que sinto por você nunca vai se resumir
 em apenas 140 caracteres.
Eternamente amor...

Dhiogo José Caetano
 Professor, escritor e jornalista
Comendador da Academia de Letras de Goiás.
  

  Donzilia martins
Paredes
24/12/12
  
PRECE AO MENINO JESUS

Faz hoje um ano que foste “Anunciação”
Que no meu presépio pousaste tua mão.
Desce hoje menino, traz-me de novo a paz, o amor e a luz
Escreve no meu corpo teu nome “Jesus”.
Dá-me o fogo das pedras, o pólen dos caminhos, o riso do sol,
O perfume das roseiras bravas que davam flores vermelhas,
O murmúrio dos ribeiros a alisar os seixos,
O aroma fresco das manhãs a nascer.
Acende no meu peito morno a chama da tarde
Transforma a seiva outonal no frescume da primavera.
Vê como nas minhas mãos o vazio arde!
Quero enchê-las de famílias vivas, cânticos de amor divinal.
Dá-me os meninos da luz,
Cinge nosso coração e faz cada dia, ser natal.
Traz-me de novo os caminhos frios das madrugadas,
O cantar das alvoradas,
O toque das trindades,
O pó silente das tardes.
Vem menino, nas pétalas das rosas a rasar a noite,
No perfume dos lírios em cima da mesa.
Perdi-me nas brumas dum tempo magoado.
Quero encontrar-te hoje bem acordado
Prender-te nos rios do meu olhar, em teus veios navegar,
Apoiar em ti meus braços cansados de tanto agarrarem sonhos,
Ter a força da montanha, a teimosia do rio para contornar as pedras e o vento.
Peço-te Jesus: jorra flores no caminho, harmoniza o tempo,
Acende as luzes da sabedoria, da bonança.
Faz que minhas mãos rasguem auroras, desenhem caligrafias no meu corpo
Esculpindo na minha alma a esperança.

  

  Dalton Luiz Gandin
São José dos Pinhais (PR) Brasil

 SONHADOR

seu amor vem
lá de trem

quem me dera
desceu a serra

acordei




Elizaete Ribeiro
 São Paulo


A VIDA

A forma de como vejo a vida é engraçada... Eu a vida vejo de forma diversificada...

Cheia de cores e ardores, a vida nunca termina, apenas muda de estágio...

A óptica nem sempre é o que parece ser, mas a sensação, essa não se engana.

Os passos que trilhei, tem história, tem luta, tem essência, tem lágrimas, tem alegria, tem conquista, tem pesar, mas nunca desisti de caminhar... Da vida não me abstenho, pois carrego no peito um coração saudoso e cheio de sensibilidade.

nesta visão já amei
enganei-me...
Já corri e me fadiguei
acreditei e fui iludida
abracei o vento, me apaixonei por um beijo
vivi um momento no calor da intensidade

Já vi os anos indo embora, sem esperança de voltar, já vi menino virar homem feito, já lamentei de saudade, mudei de cidade, esqueci o passado, recomecei, me perdi no caminho, voltei tentei novamente, muitas vezes sem alegria e sem alento, mas nunca deixei de ver a vida de como ela é.




Eda Carneiro da Rocha “Poeta Amor"
Araruama-RJ

SAGRADO

Sagrado!
te tomo em meus braços
nada falo...
Emudeço!
sinto-te nesta paz divina
que me enlouquece...

Amor, o que fizemos da vida?
Desta mesma vida vivida,
intensamente
calmamente
desesperadamente,
só em teus braços
de aconchego
de querer
de amar
fugir
ir e vir...
v, agora.
nesta hora
em que tudo é sagrado!

À tarde se  despede do dia.
Tomo tua cabeça na minha,
e contemplamos apenas
o sagrado que tu és em mim,
que eu sou em ti!..


Eda Carneiro da Rocha “Poeta Amor"
Araruama-RJ
  

NADA ME DERRUBARÁ!
  
Nada me derrubará!
se a doença chegar, eu clamarei ao Pai!
se as vicissitudes da vida me derem rasteira,
me levantarei e saberei caminhar de novo.
se for pega de repente por algo que não sei ainda explicar,
aceitarei tudo, como uma catarse de meu corpo e alma.
nada me tirará a Fé que tenho em Vós, meu Jesus!
jamais estareis sozinho, pois estarei ao Vosso lado, escutando-O,
e seguindo Vossos Mandamentos.
só Vós, Jesus, sabeis a causa de tudo.
nada sou.
nada!
mas convosco, sou tudo!
sou capaz de vencer o mar, a tempestade de minh'alma,
as tristezas que possam me invadir.
sou capaz de tudo fazer pelo bem de meus irmãos,
na Vossa Santa Paz.
serei sempre Vossa serva, fiel, benevolente, compassiva
e eterna, como Vós O sois!
serei o Raio de Sol, para esquentar muitos corações empedernidos.
serei o Raio de Luz que entra sorrateiramente, em cada alma.
serei flor e fruto, para dar beleza aos caminhantes, e para alimentar
os que passam na estrada da vida!
não cruzaremos este caminho outra vez.
se o cruzar, quero vir como pássaro, para galgar as alturas
e de lá poder Vos ver mais de perto e recolher minhas asas
perto das Vossas.
hoje, Meu Jesus, só tenho uma palavra:
" Obrigada"!
aconteça o que me acontecer, jamais negarei Vosso Santo Nome
e estarei, esperando sempre um olhar compassivo,
derramado em mim!
aleluia!
feliz Natal ao Rei dos Reis, Jesus Menino,  Flho de Deus Pai!
a Vós todas as homenagens.
todas as Orações.
todas as Missas.
e, sobretudo, todo o " Amor" que sinto por Vós!

Amém!



  Fátima Mota
Cidade: Natal (RN)/Brasil

A MENINA E O RIO

Corre o rio sobre as pedras
 livre, impetuoso
 arrasta feixes, gravetos
 nas águas da enxurrada.

 Acomoda-se o rio
 entre colunas de ferro
 joga-se com burburinho
 entre represas e margens.

 Caudal e majestoso
 o rio segue
 cantante entre as pedras
 compondo sons
 poesia subliminar.

 Sob a ponte
 outras águas
 o mesmo rio.
 Sem reprise
 sem retorno
 movem-se
 sem despedidas.

 Sobre a ponte
 uma menina
 outros sonhos
 outros diques
 vontade de ser livre
 como o rio, como os pássaros
 que no alto voam livres.

 Sob a ponte o rio
 leva nas águas
 os olhos de uma menina
 olhos calados de sonhar.

 "Navegar é preciso”
  Viver também!



  Genha Auga
Jornalista MTB 15.320
São Paulo/Brasil

SEMENTE DO FUTURO

           Mostre a sementinha para uma criança e explique sua função...

           Certamente ela a colocará na terra e com encantamento a verá brotar, cuidará dela, acompanhará seu crescimento, aproveitará sua colheita, entenderá o que representa essa pequena vida e sua importância para o desenvolvimento do ser humano.

            Explique-lhe sobre o lixo e ela dará o destino certo a ele separando-o adequadamente.

            Mostre maneiras simples de viver a vida e, naturalmente, excluirá os shoppings, televisão, computadores do confinamento tecnológico e consumista a que está submetida.

             Leia junto todos os dias com a criança e ela gostará de poesias, se distrairá com histórias e não com supérfluos. Ensine-a comer e sentirá, com prazer, o sabor da comida.

             Deixe-a ter vida de criança e se tornará um adulto consciente e responsável. Sem infância, será “criança grande”, exigente, carente, insegura e os pais, geralmente ausentes, indiretamente, a tornará vulnerável aos apelos avassaladores da vida.

              Os adultos querem salvar a Terra dos males que causaram a ela, mas são escravos do próprio corpo e do que tem. Querem viver cada vez mais, porém, não sabem o que fazer com seu próprio lixo, não se respeitam e não tem limites. Vivem discursando que não fazem nada de mau, mas não conseguem fazer o bem.

             É necessário treinar o olhar para desenhar o futuro de uma criança e ela poderá contribuir para a preservação da natureza.  Aprendendo, ela será o exemplo e cobrará atitudes dos seus governantes e de seus pais.

             Precisamos de uma nova geração, que cause impactos, mostrando caminhos para a prática de medidas satisfatórias e que resultem em mudanças que assegurem a preservação do meio ambiente. Dê a criança doses de atitudes ao longo da vida e irão tirar da caldeira nossa fauna e flora e a esperança se renovará a cada dia.

           Mudando hábitos, encerraremos esse ciclo que é uma máquina de moer gente, pois a Terra, ao contrário do homem, não morre, recupera-se.

           Essa é nossa esperança para acabar com a “política hipócrita” que tenta impedir o verdadeiro equilíbrio da natureza com atitudes imediatistas que visam apenas o lucro, sem medir consequências.

Hoje, a humanidade está tomada pelo medo do que vem pela frente.
           O futuro, minha gente, é para se esperar e não para se temer.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_g/Genha_Auga.htm



 Glória Marreiros
Portimão

ANO PASSADO

No ano passado, em penumbra de riso,
senti os teus beijos, em sonho secreto,
traziam volúpias com falta de afeto
por longos receios, sem margens de aviso.

No céu das ausências, tivemos o siso
de pôr as estrelas coladas no teto
das curvas da mágoa, sentindo o mais reto
caminho, onde a chuva destrói o que é liso.

Já é Ano Novo. Tecemos vitórias,
fizemos registos das nossas memórias
na cor do poente, onde estão novas sinas.

Amor, já não sei do meu ano passado…
Invento esperanças, dum novo reinado,
Mas temo leis densas que tragam neblinas.

  
Glória Marreiros
Portimão

AS CHEIAS E SUAS CAUSAS

      Os graves acontecimentos ocorridos recentemente na Madeira, que causaram quase meia centena de mortos, muitas dezenas de feridos, a perda total de muitas casas com os seus bens e a destruição de estradas e pontes, resultaram de um mau aproveitamento dos solos pela concentração abusiva do urbanismo. A ganância que atacou e enlouqueceu a indústria da construção civil, ajudada pela corrupção, conduziu à ocupação dos leitos das linhas de água e à consequente revolta da Natureza. Com efeito, todas as formas de escoamento das águas pluviais, levadas, córregos, ribeiras e rios, que conduzem as águas para o seu destino final, o mar, existem por força da Natureza, que ao longo dos milhões de anos que a Terra possui, as construiu de forma racional, para que não ofendessem os ecossistemas.


O conjunto desses caminhos naturais das águas da chuva constitui a rede de drenagem, aberta nos terrenos pelas próprias águas, que seguem um caminho de acordo com determinadas regras. O estado actual da ciência humana permite prever já as condições meteorológicas para um período de uma dezena de dias, com muito boa segurança, e conhecer as condições de escoamento em determinada linha de água de uma maneira bastante aproximada.

Um dos factores que são importantes para o escoamento das águas é a inclinação do terreno, a qual se reflecte na velocidade. Outros factores são a largura do leito, a natureza geológica do terreno e a altura da corrente líquida. Nos terrenos em estado selvagem, onde as águas podem correr livremente, sem obstáculos, a Natureza, em geral, faz com que as correntes escolham os melhores caminhos para que a inclinação, a largura do leito e a altura da corrente se harmonizem entre si, de modo a evitar a erosão, quer do leito, quer das margens. Quer dizer, a corrente deve ter uma descida moderada e doce.

Em princípio, quando o Homem apareceu sobre a Terra, a Natureza já se tinha encarregado de abrir todas as necessárias redes de escoamento das águas pluviais e os humanos depressa aprenderam a respeitar os seus limites e a sua força, através da própria experiência. Eles descobriram que as águas correntes dos rios ou as paradas dos lagos continham peixes comestíveis, que podiam ser apanhados e utilizados; que se podia morrer afogado e era preciso ter cuidado com a altura da água; que aquela água podia substituir a da chuva na rega dos campos de cultura, de onde obtinham os vegetais da alimentação, bem como para se lavarem e tomarem banho; que, em certas ocasiões, as águas dos rios e ribeiras não cabiam no rego que lhes servia de leito e corriam por uma faixa marginal, normalmente conservada em seco.

Mais tarde, quando começou a construir casas e a aglomerá-las em aldeias, procurou não ocupar a tal faixa marginal por onde a água corria ocasionalmente. Se as casas se situavam em encostas, tinha a preocupação de não interferir com as depressões que se dirigiam para a ribeira e que eram córregos ou riachos. Embora esses terrenos estivessem secos durante a maior parte do ano, o Homem aprendeu que, quando chovia, era por ali que as águas se escoavam. Aprendeu ainda que a água da chuva se infiltrava nos terrenos e que podia ser retirada do subsolo por meio de poços ou de minas, porque, na sua descida, a água parava ao encontrar uma camada de barro e aí era reservada pela Natureza em bolsas ou lençóis subterrâneos. Verificou ainda que era só algum tempo depois de começar a chover que os regos, córregos ou arroios começavam a correr, uma vez que as terras já estavam encharcadas e recebiam menos água.

A certa altura da longa carreira de milénios da sua aprendizagem, o Homem descobriu que a água contida nas nuvens provinha do mar, por efeito de evaporação da água salgada, devida ao aquecimento do ar. Foi então que, maravilhado, se apercebeu de que a água tinha um ciclo. Toda a água que existia em terra vinha do mar e para lá voltava, depois de chover, levada pela rede de múltiplos e variados canais, tal como as nervuras de uma folha correm todas para o pé, que é apenas um. O vapor que se formava à superfície do mar elevava-se para o céu e aí se aglomerava em nuvens. Estas eram empurradas pelo vento e, mais tarde, se desfaziam em gotas líquidas, que caíam. Recolhidas estas pela terra, eram chupadas até que o excesso corria pela tal rede de canais, até alcançar o mar de novo.

Desde os tempos em que andava com a nudez coberta por peles de animais, até que começou a usar as roupas finas, delicadas e belas, dos estilistas das grandes metrópoles, o Homem nunca deixou de se maravilhar com a Natureza, pela sua perfeição, sua harmonia, sua lógica, sua diversidade. Ela lhe dá tudo o que precisa para viver e para ser feliz. Toda a aprendizagem assentou na observação e na experimentação. O que terá pensado o primeiro humano que meteu na terra duas sementes iguais e viu depois nascer delas duas plantas exactamente iguais? Por isso, durante milénios, o Homem respeitou a Natureza, que era sua mãe.
O desenvolvimento do conhecimento humano foi crescendo muito lentamente e, até há pouco mais de um século, a actividade económica predominante era a agricultura, sendo a posse da terra o que distinguia os pobres dos ricos. A mais-valia obtida pelo capital era notoriamente flutuante, pois dependia dos constantes caprichos das condições climatéricas, com a ameaça permanente das secas, das enxurradas, dos ventos, do granizo, da bicharada, etc.
De repente, a descoberta da força do vapor de água e do seu aproveitamento para mover máquinas deu um extraordinário e inesperado empurrão na marcha do desenvolvimento, que passou da ancestral lentidão de milénios para uma escalada acelerada, em pouco mais de dois séculos. Foi o princípio da industrialização, que proporcionava a multiplicação da produção, até então artesanal. Foi, também, nessa altura, que o Homem começou a desrespeitar a Natureza. As fábricas de tecelagem gastavam lenha e carvão para aquecer a água e, consequentemente, soltavam no ar fumos e gases da combustão. Uma maior produção levou a um maior consumo de água potável e à descarga nas ribeiras e rios de enormes quantidades de águas sujas, que passaram a inquinar as correntes. Por outro lado, foi o início do abandono das terras, em troca de um salário, que até aí não existia na agricultura, onde os serviços eram pagos com produtos agrícolas.

Foi em meados do século XIX que o êxodo maciço das populações rurais para as vilas e cidades, em busca de trabalho remunerado, nas fábricas e nas minas, se tornou mais importante para a mudança da sociedade e do seu estilo de vida. Os aglomerados urbanos foram crescendo a olhos vistos, ao mesmo tempo que a agricultura era abandonada, levando os nobres e ricos a empobrecer. Assim, o capitalismo nascente foi acabando com o poder da nobreza, que passou para as mãos da burguesia industrial.

O abandono do mundo rural continuou durante mais um século e, no ocidente, as vilas passaram a cidades e as cidades a grandes metrópoles. O desenvolvimento trouxe mais fumos e gases, degradação do ar respirável, esgotos a correr no subsolo, em canalizações que os levam para as ribeiras, rios e mar, consumo de água potável até consideráveis capitações, produção de lixo cada vez maior.

Então, de repente, o Homem vê-se afogado pelo desenvolvimento, e sente-se incapaz de controlar as situações provocadas pela estrutura complexa que ele próprio criou. Permanentemente chamado a tapar buracos, ficou sem tempo e calma para pensar e para programar o futuro.


A extraordinária concentração urbana, sempre em crescimento, obrigou à criação de uma estrutura administrativa, que, rapidamente, se enredou nas malhas da burocracia, que tudo empata e demora. Tecnocratas e burocratas emperram a marcha das iniciativas, que vão aparecendo nos meios industrial e comercial. Quanto maior é o desenvolvimento, maior e mais complexa é a rede administrativa.

Uma das consequências económicas do crescimento urbano é que a terra é cada vez mais escassa e mais cara. O Homem, em nome da rentabilidade do capital, aumenta o número de pisos nas casas e o número de apartamentos por piso, com a consequente degradação da qualidade de vida, porque os prédios urbanos se transformaram em colmeias humanas, onde poucos se conhecem e convivem entre si. Por outro lado, a dureza cada vez maior da luta pela existência, a concorrência, a ambição desmedida, o vício do consumo e a pressa contra o movimento dos ponteiros do relógio tornaram o Homem num ser egoísta, insensível e indiferente à existência do próximo.

A degradação continuou. As casas construídas pelas fábricas, para ceder aos seus operários eram do tipo “social”, em banda contínua, dispostas em fiadas paralelas, de paredes simples, sem arrebiques na arquitectura. Eram até bastante boas para quem vinha da província, melhores do que as que tinham lá na terra e com mais largueza e comodidade. Eram erguidas dentro dos terrenos da fábrica, na sua proximidade, pelo que a socialização das famílias fora do âmbito dos operários da mesma fábrica era difícil. As pessoas viviam numa comunidade praticamente fechada, fazendo o convívio e as festas entre si.

As habitações constituintes das povoações, independentes das fábricas, eram do tipo isolado, com quintal em toda a volta, onde era possível ter árvores de fruto ou de sombra e fazer alguma cultura hortícola. A partir do último quartel do século XX, com a escassez e o alto custo dos terrenos, os quintais foram abolidos e as casas encostadas umas às outras. As largas avenidas ocupavam muita terra e, então, as vias passaram a simples ruas, o mais estreitas possível. O mesmo aconteceu aos passeios, que, antigamente, eram largos e com árvores. Agora não permitem a passagem simultânea de duas pessoas e, em certos casos, nem sequer existem.

Mesmo assim, as ruas eram em terra batida e a chuva encontrava amplos espaços para ser absorvida. Mais tarde, foram revestidas de calçada e ainda era possível a passagem das águas da chuva para o terreno através das juntas das pedras. Depois veio o macadame e ainda o betuminoso, que impermeabilizaram as ruas, pelo que toda a chuva escorre pelo pavimento em busca de caminho para o mar. Então, as cheias, que sempre existiram, passaram a ser mais gravosas, mais caudalosas e com maior velocidade.

Como se tudo isto não bastasse, o Homem cobiçou a própria superfície das linhas de água, para fazer ruas ou mesmo construções. Por isso, canalizou as águas das ribeiras, que passaram a correr subterraneamente. A ganância, a inconsciência, a ignorância e a irresponsabilidade levaram-no a esquecer a tal faixa de margem por onde corria a ribeira em altura de cheias. Assim, quando as águas não cabem na canalização, saltam para a superfície e correm pelas ruas ou pelas encostas, levando tudo à sua frente, em chuvadas excepcionais.
Voltando à catástrofe da Madeira, depois desta breve e simples exposição, é mais fácil perceber as razões do sucedido. Em duas décadas, a cidade do Funchal estendeu-se para o dobro da área. As casas e as ruas treparam pela encosta Sul a perder de vista, com ruas de grande inclinação. Toda essa área foi revestida e impermeabilizada com casas e alcatrão.

As chuvadas têm uma intensidade variável, conforme a duração e a quantidade de água despejada pelas nuvens. Então, acontece que certas chuvadas são excepcionalmente intensas, a que se chama tromba de água, ocorrendo só de vez em quando. A pouco provável possibilidade de acontecer uma chuvada destas levou o Homem a pensar que isso nunca acontece e a ferir o ecossistema em prol dos seus interesses.

No Funchal, as águas vieram correndo pelas ruas inclinadas, engrossando o caudal com as provenientes de outras ruas, até atingir, no troço final da sua carreira, uma altura e uma velocidade devastadoras.

A questão é que a Natureza, por vezes, se revolta contra os ataques dos homens e, nessa altura, tal como acontece na Terra, desde os primórdios da sua existência, a água procura atingir o mar pelo caminho mais fácil.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_g/Gloria_Marreiros.htm


Hiroko Hatada Nishiyama
São Paulo/Brasil

DANÇA

Eu danço e canso,
Danço a dança
Do descanso
De um abraço
Numa tarde de mormaço.
Não faço caso
Do teu cansaço,
Quero espaço
E um abraço
Para um
Descanso lasso.
Passo...
  

Hiroko Hatada Nishiyama
São Paulo/Brasil

INDAGAÇÃO

       De quê vale a flor que ninguém apreciou, ou cheirou, ou colheu? Fundida no cosmo, é como uma partícula biotesimal perdida, diluída, não vivente.

        Mas aí está: é matéria palpável, com forma, com cheiro, com cor, tudo consequência de ajuntamento de partículas já decidido há milhões de anos. Se era para ser assim, de quê vale essa luta secular em busca da perfeição. De quê vale essa procura do início de tudo?

        Início de tudo ou tudo no início?

        A diferença é fundamental: é como um embrião que traz em si a herança de milhões de embriões. Esse germe poderia ter-se perdido no início de tudo, ou então ser metade sã e outra metade insana.

        O quê restaria? Estaríamos nós aqui, ou não existiríamos por uma questão de taras ou gases putrefatos? Ou ainda a metade insana geraria outro mundo em tudo semelhante à metade sã, mas sem o principio vital. Vida?

        Metade sã e metade insana. Seríamos herdeiros de qual metade? E por
quê julgar vida produto da metade sã. As duas metades são irmãs; quem ganhou, quem perdeu? Nós que escrevemos ou nós que pensamos?

        Esta mão é matéria sã enquanto escreve, caso contrario perder-se-ia em gestos inúteis.  Mas quando pensamos com a metade sã, há explosões de luzes que indicam e clareiam os caminhos a percorrer, caso contrário perder-se-ia em ondas que morreriam ao primeiro obstáculo, ou morreriam de cansaço mesmo. Já temos de tudo isso uma resolução: a metade sã é produtiva. E para tudo há a anti matéria, o reverso.

       Entretanto se o início é tudo, o início não era um mero germe: era algo mais que lutou, errou, caiu, levantou, dormiu e acordou até que se firmou no cosmo como um recém nascido, trazendo na bagagem surpresas, alegrias e dissabores para dividir com quem esteja disposto a participar desse movimento que não sabemos desde quando, de onde, para quê, por que e nem como:

      Desse movimento, a vida, que nasce ao mesmo tempo que uma flor e morre ao mesmo tempo que nasce outra flor.

       Assim no vôo da imaginação, o sonho alante fez-se ideia e, nunca mais o homem teve paz...

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_h/Hiroko_Hatada_Nishiyama.htm 



 Humberto Rodrigues Neto
 São Paulo

MESCLA

A vida é um trilho de ínvio sofrimento,
marginado de amarga nostalgia;
se raras são as horas de euforia,
extensos são os dias de tormento.

Vivendo de ilusões e fantasia,
sequer nos passa pelo pensamento
que é preciso arrostar um mau momento
pra sentir o valor de uma alegria.

Cumpramos, pois, a lei dessa mistura,
mesclando os risos que nos sejam dados
aos lancinantes ais de uma amargura.

E hão de ver os que carpem duros fados
como é doce o retorno da ventura
depois de termos sido desgraçados!

  
Humberto Rodrigues Neto
 São Paulo
  
EVANGELHOS APÓCRIFOS

                                                 
          Além dos quatro Evangelhos oficiais, existem inúmeros outros, chamados apócrifos.

          Desses, segundo Léon Denis, são conhecidos cerca de 20. No século III, todavia, Orígenes os citava em maior número, tendo Fabrício elevado esse número para 35. Já Edgar Armond, em O Redentor, cita 40 deles, atribuídos à autoria de outros apóstolos de Jesus, tais como André, Bartolomeu, Tomé, Matias, Judas Tadeu, Pedro, Felipe e Tiago Maior.

          Esses Evangelhos, hoje desprezados, não eram, contudo, destituídos de valor na conceituação da Igreja, pois foi num deles que ela foi buscar a crença da descida de Jesus à mansão dos mortos - o inferno, impondo-a a toda a cristandade, não obstante inexistir, dela, qualquer referência nos Evangelhos canônicos tradicionais.

          Na verdade, muitos desses Evangelhos apócrifos eram  recheados de fatos tão miraculosos, que a Igreja não podia, mesmo, aceitá-los como verídicos.

          Dentre os chamados apócrifos, registram-se dois manuscritos falsos, escritos por um tal Mateus, já que o de autoria do Mateus autêntico, escrito em aramaico, desapareceu, provavelmente, durante a destruição de todos os escritos sacros ordenada por Diocleciano, imperador romano, que proscreveu os livros cristãos através do Édito Imperial do ano de 303. Aliás, nenhum dos escritos sagrados, nem mesmo os evangelhos oficiais escaparam da destruição, motivo por que não são senão cópias dos originais.

          Num dos evangelhos do falso Mateus, vemos Maria dançar sobre os degraus de uma igreja, ser alimentada por um anjo e, na idade de 12 anos, ser expulsa do templo pelos  sacerdotes, ocasião em que José a leva para sua casa, numa viagem de 4 anos! A caverna onde dá à luz é iluminada por luz ofuscante e a parteira constata maravilhada, através de toque da  mão, que Maria é realmente virgem! Como outra parteira duvida do fato, toca também em Maria para certificar-se, mas sua mão fica murcha, voltando ao normal quando ela toma Jesus no colo! Isabel, mãe de João Batista, esconde-o numa montanha, que se abre para recebê-lo e onde há luz como se fora dia! Herodes, julgando ser João Batista o Cristo, vinga-se matando o pai deste, Zacarias!

          Noutro Evangelho deste Mateus, Maria não dança sobre os degraus da escada, mas galga-os de um pulo, suspensa no ar! Os anjos a obedecem, e a uma simples ordem sua, curava doentes! Como deve zelar por Maria, José dá-lhes, por amas, cinco virgens.. A caverna onde Maria tem o parto é funda e escura, mas ilumina-se com sua presença! Quando ela foge para o deserto com o menino, este é adorado por cobras, leões, lobos e leopardos! Ali Maria tem sede, mas a um gesto de Jesus, uma palmeira curva-se, de cujo pé  ela apanha os frutos, e de cujas raízes  brota água, da qual todos bebem! Ao entrar num templo, os 365 ídolos ali existentes desmoronam à simples presença de Jesus, o qual, zangando-se com um companheirinho, mata-o! Maria suplica e o morto é ressuscitado mediante um pontapé e um puxão de orelhas! Jesus faz pardais de barro, que vivem, cantam e voam!

          Desses Evangelhos apócrifos, entretanto, muitos foram escritos por  apóstolos de reconhecida probidade, como Judas, Barnabé, Tiago e Pedro.

          No Concílio de Nicéia, 3l8 bispos e arcebispos, colocaram os 30 Evangelhos existentes, tanto os oficiais, como os apócrifos sob o altar da Igreja, concentraram-se e, numa sessão que só podemos chamar de mediúnica, invocaram  o espírito do próprio Jesus (!) a fim de lhes indicar quais os merecedores de crédito. Depois de certo tempo, apareceram sobre o altar os quatro Evangelhos tradicionais.

Fonte: “Casos Controvertidos do Evangelho” - Paulo Alves Godoy.




  Hilda Persiani

RETRATO

Hoje, revendo seu retrato
Que o tempo impiedoso desbotou,
Constatei com tristeza, que de fato,
Da mocidade só saudade me restou.

Por um momento tive a ilusão
Que o seu retrato criou vida,
Sorriu, chamou-me de querida
E fez acelerar meu coração...

De repente o sonho se desfez...
Ele novamente foi descorando
Voltando a ser só um retrato outra vez,

Mas, nesse breve sonho de momento,
Eu me senti feliz e então chorando
O seu retrato beijei  com sentimento!...




 Heralda Víctor
Florianópolis


ÂNSIA LOUCA

Ah! Se ele soubesse
O que desperta em mim
O vendaval que forma quando chega,
O turbilhão que deixa quando vai.
Minha alma grita, o meu corpo arde.
Uma represa de desejo explode
Quando sorri com tanta formosura.
Se ele soubesse
Talvez agisse diferente
Não passaria assim,
Tão displicentemente.
Chegar-se-ia com propriedade
Para apossar-se do que tem direito.
Transformaria o oceano do meu peito
Numa cascata que deságua satisfeita,
Dominaria a onda que esbraveja nas alturas,
Como se fosse um rio, repousaria no meu leito.




 Ivone Boechat

APELO


Diz ao mundo
que ainda existe amor,
acorde a esperança,
abrace a certeza,
tome muito cuidado
pra não despertar
a tristeza.
Avança,
grite,
não fique parado
que ainda há tempo
de começar.
Busca os aflitos,
dê seu alento,
afasta pecados,
fantasmas, mitos.
vem,
amar, amar, amar.


Ivone Boechat
Niterói

OBRIGADA, SENHOR!

 É doce e maravilhoso, Senhor!
Levantar no início da alvorada
e afinar o canto da alma à
sinfonia da natureza,
louvando e bendizendo
Seu Santo Nome.

É grandioso sentir
o aroma das manhãs,
oferecendo o melhor culto de gratidão,
no silêncio harmonioso
dos cantares do amor.

É lindo
decifrar a intenção das cascatas,
no canto suave,
sobre as pedras que encontram no caminho.

Obrigada, Senhor,
porque a felicidade maior
e o significado profundo da vida,
não se traduzem no conforto ou nas riquezas.
Estão guardados,
como tesouro precioso e infinito,
na presença inconfundível
da Tua paz.


 Ivone Boechat
Niterói

ESCOLA DE CRISTO E A ESCOLA DOS HOMENS

                           Hoje, fala-se na educação moderna, discutem-se leis e métodos que poderiam socorrer os "cansados e oprimidos" da escola dos homens, todavia, os especialistas da educação se esqueceram de estudar e analisar a estrutura e o funcionamento da escola que Jesus propõe à humanidade.

                         O Serviço de Orientação Educacional tem funcionado, na maioria das escolas, como delegacia de polícia, para onde são encaminhadas crianças com problema; depois, por falta de pedagogia, são transferidas, expulsas, discriminadas, reprovadas e registradas no rol da evasão.

                        Cristo fez tudo diferente.

                         Certa vez, o Mestre estava na Galiléia e as crianças, como sempre o rodearam, porém, os discípulos (agentes de disciplina) ficaram preocupados e começaram e levá-las para longe. Só que foram severamente advertidos: "Deixai vir a mim as crianças" (Lc. 18:16).

                         O conselho de classe geralmente consiste no encontro periódico do corpo docente para "avaliar" o desempenho dos alunos na aprendizagem. É um julgamento apressado. O aluno é culpado por todo tipo de fracasso. Só ele falhou, só ele mora longe, ele é mal educado, não se interessou e não aprendeu. Sob a batuta de "especialistas", vem o resultado, ano após ano: reprovação em massa. O réu é condenado e, se algum professor "bonzinho" erguer sua voz em defesa, quase é massacrado:

- Assim a educação não vai pra frente!

- Você vai aprovar todo mundo?

Cristo fez diferente.

                         Um dia, Ele estava no templo, ensinando, quando "professores, escribas e fariseus" lhe trouxeram uma aluna que havia cometido uma falta grave. Já haviam realizado o conselho de classe entre eles e resolveram reprová-la. Uns citavam artigos da Lei de Moisés (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), outros alegavam seu comportamento, porém queriam ouvir a palavra final do Mestre. Perplexos, viram quando Ele se dirigiu não a eles, mas a ela: "Vai e não peques mais" (Jo. 8:11).

                        Jesus criou o conselho de classe para avaliar o processo educacional, onde destaca, sobretudo, o professor. Isto ficou muito claro, principalmente, no dia em que se colocou no meio de seus discípulos e perguntou: "E vós quem dizeis que eu sou?" Estava criada a auto avaliação.

                       Nem seria preciso dizer, mas a gente diz que o sistema de recuperação que se implanta por aí não recupera. Na Escola de Cristo é diferente. O aluno Pedro estava em recuperação e o Mestre preparou um teste oral, com apenas três perguntas:

- Pedro, amas-me?

- Senhor, tu sabes que te amo.

- Pedro, amas-me?

- Senhor, tu sabes que te amo.

- Pedro, amas-me?

- Sim, Senhor, tu sabes que te amo.

                       Foi uma prova duríssima, mas Pedro foi aprovado e ainda levou o dever de casa: "Apascenta minhas ovelhas" (Jo. 21:16). Jesus criou a recuperação para recuperar o aluno e não a nota. O aluno recuperado recupera a nota!

                      Os estudantes da Escola Profissionalizante de Cristo saem habilitados como "pescadores de homens". Líderes para atuar em todas as Eras.

                       O problema da evasão é tratado com muita firmeza: "Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, perdendo uma delas, não deixa noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida, até que a encontre?" (Lc.15:4). Jesus orava preocupado com a estatística de um aluno perdido na turma de 100. E nós? De cada 100 alunos matriculados na 1ª série do Ensino Fundamental, somente oito chegam ao Ensino Médio.

                      Jesus se mostrou preocupado não só com alunos perdidos, que abandonam a escola, ao contar a parábola dos que se perdem dentro da escola: "varrer a casa, buscando-o até encontrá-lo" (Lc. 19:5).

                      Quem fundou a obra educacional de recuperação dos meninos de rua foi Jesus (Mc. 9:42). Ele criou também o Centro de Estudos Supletivos. Havia aulas durante todos os dias da semana: manhã, tarde e à noite. Zaqueu, chefe dos publicanos, cobrador desonesto de impostos, fez sua matrícula de cima da árvore e começou a estudar, naquele mesmo dia, em casa (Lc. 19:5). Nicodemos, príncipe dos judeus, preferiu estudar à noite, levando no caderno de anotações as suas dúvidas. Após a primeira aula, levou a resposta de tudo e uma advertência: "Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?"

                     Na Escola de Cristo, estudavam ricos e pobres. Quando fundou a Educação Especial, após a aula, curou a todos. Não temos esse poder, todavia, temos o dever de respeitar os deficientes físicos e também a obrigação constitucional de fazê-los parte integrada do sistema educacional (Mt. 15:31-32). Estava criada a educação inclusiva.

                    E a merenda escolar?  Basta ler a narração bíblica da multiplicação dos pães para responder a pergunta. Todas as vezes que o Mestre ministrava suas aulas, ele mesmo providenciava a merenda (Mt. 14:17; Mt. 15:36; Lc. 15:32).

                   Jesus sempre trabalhou em equipe, não fazia o que os discípulos podiam fazer. Em Betânia,  choravam pela morte de Lázaro e ele mesmo chorou, quando chegou à cidade.

Seguido por grande multidão (suas turmas eram enormes), foi visitar o túmulo, mas uma pedra o impedia de ver o aluno-defunto. Com seu poder, bastava ordenar e a pedra se tornaria pó. Não. Preferiu trabalhar em equipe: "Tirai a pedra" (Jo 11:39).Jesus sempre fazia a chamada.

                 Dentro do cemitério, se não fosse feita a chamada nominal do aluno Lázaro, seria uma ressurreição em massa: Quem deveria “sair para fora?” Sairiam todos!

                 Na prova final de Pedro, Jesus lhe deu "cola" ao aluno. Ele errou a última questão:

cortou a orelha do centurião romano. Não foi reprovado nem ficou em recuperação.

Continuou na Escola, porque o Mestre sabe que o erro é pedagógico.

                Quem foi que criou módulos para o ensino à distância? E os módulos foram escritos pelos próprios alunos, Mateus, Marcos, Lucas e João, observando o universo vocabular...

                 Os alunos da Escola de Cristo são tratados com justiça e igualdade. Judas que tanto lhe perturbou o magistério não foi expulso nem transferido: estudou na sua escola até o fim.

                Cristo implantou a inclusão digital: "Pedro, tudo o que ligares na Terra será ligado no céu." Providenciou a globalização do ensino: "Ide por todo o mundo"... para que os homens se religassem na Internet divina e navegassem na mídia celestial: fé@graça.comJesus
               A palavra rede(web) “hoje” é ultra moderna, todavia, Jesus a usou como palavra chave na Sua Escola e deu aula aos discípulos de web: “Lança a rede para o lado de lá”. Ou seja, para o lado do Bem.

                Ao criar seu twiter, olhou para Pedro e disse-lhe: segue-me. Hoje, o Mestre tem milhões de seguidores ao redor do mundo.




 Izabel Eri Camargo

LIBERDADE

Voando no pensamento correndo na Redenção
vivendo à luz da consciência com sentimento de irmão
livre na direção abraçando a liberdade
os filhos do Universo escolhem  seu caminho
respeitam as transversais as paralelas as iguais
liberdade limitada tem  a vida desejada
ação compartilhada livre na seleção
ilumina o coração mantém a vida serena
semeia grão de esperança  nas montanhas do amor.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_i/Izabel_Camargo.html 





Ina Melo
Recife

A MUSA

Diáfana vestida de hálito de vento ela
passa indiferente ao tempo! Seu coração
é uma ostra e ninguém pode arrancar dele
as pérolas de amor adormecidas!
preciso de um sopro de vida para amar
nesta cidade fria onde as estátuas são
interlocutoras da minha consentida solidão.
a musa és tu paris, cidade que me faz feliz!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_i/INA_MELO.htm




Isabel C S Vargas
Pelotas-RS- Brasil

MEU SEGREDO

Tentei esconder das pessoas
O que vai em meu coração
Percebi que foi tudo em vão
Pois o amor que sinto por ti
Não cabe em meu ser
É um amor tão imenso,
Que a terra se torna pequena
Para contê-lo,
Por isso deixou de ser segredo
E explodiu na imensidão do universo.



Isabel C S Vargas
Pelotas-RS- Brasil


CRIATURAS
                                                                                            

          São Francisco de Assis é o autor de Cântico das Criaturas. Ao tomarmos contato com seu poema somos levados a pensar que o santo já se preocupava com o planeta, além de todo seu amor pelos animais. Quem são as criaturas louvadas por ele em sua oração? Podemos afirmar que Criatura é todo universo. Extrapola o Planeta Terra. Pois se ele cantava as Criaturas e por elas demonstrava amor e estas criaturas abrangem o universo e até os seres menores, então ele amava o universo, E quem ama cuida. Logo o universo deve ser cuidado e respeitado.

       Ele falava no sol que clareia o dia e nos ilumina, o Irmão Sol, na lua que com as estrelas são preciosas e belas e o céu enfeita. É belo seu dizer. Louva o ar, o vento, as nuvens. E não só, exalta a água, humilde, simples, casta e limpa. Vejam que modo terno de referir-se à natureza. Como alguém conhecedor e familiarizado. Com carinho, com respeito e sem distância.

       Exalta o irmão o fogo, alegre, forte, vigoroso e belo que às noites clareia. E, também enfeita.

       Todos estes elementos são obras magnânimas de Deus, Senhor Criador do Universo e neste universo ele cita a Irmã Terra. Nosso Planeta. A Mãe Terra - na qual vivemos, e nem sempre temos o cuidado devido em preservar- que nos sustenta e governa, produz flores, frutos e ervas.

       São Francisco não deixa escapar nada em sua oração de amor às criaturas.

        Devemos cuidar da terra, do solo que é fértil e nos sustenta, das águas, do céu, das nuvens, do ar, porque tudo é parte de um mesmo sistema que deve permanecer em equilíbrio para a preservação de todos.

       Aquilo que for jogado no universo será o que ele nos devolverá. Não existe ação sem reação, mesmo que essa não se produza de imediato. Catástrofes ocorrem após dezenas de anos em virtude de agressões absurdas ao meio ambiente. E quando se fala em meio ambiente é de modo amplo. O que fazemos aqui pode repercutir do outro lado do planeta e vice e versa.

       Logo, somos todos responsáveis- ou, pelo menos, deveríamos ser.

       Salvemos a Mãe Terra, Salvemos o Planeta, Salvemos o Universo.

        Principalmente de nossas ações impensadas. Não podemos só exigir dos demais. Façamos a nossa parte, mesmo que seja cuidando do riacho no fundo de nossa casa. Compromisso, respeito e amor pelo Planeta.

       E isso se faz evitando desmatamento, cuidando do lixo , não poluindo, cuidando da água, do solo, da atmosfera, evitando a destruição das camadas protetoras da terra, evitando o descongelamento das geleiras, evitando destruições de continentes, preservando a flora e a fauna, evitando derramamentos de petróleo que comprometem a vida marinha, evitando a pesca e a caça predatória. Enfim, é um conjunto de ações, com envolvimento de muitos, pois nada se faz sozinho.



José Luiz da Luz
Paraná/Brasil

VISÃO MECANICISTA.

No moderno mundo mecanicista,
o humano é apenas um maquinista.
Como um relógio que nunca parou,
gira a Terra e desgastada ficou.
Somente engrenagens movem o mundo,
visto que Descartes nunca morreu.
Foi-se o homem, mas a idéia ascendeu,
e ecoou dentro de um túnel profundo.

A Terra é uma máquina automática;
a rosa é uma equação matemática;
sentimentos são peças descartáveis,
o coração é um ship programável;
a vida apenas é uma bateria;
e a alma é uma simples fantasia.
Deve-se torturar a natureza,
como bruxa na fogueira dos medos,
a fim de que revele os seus segredos,
em nome da ciência e riqueza.

Oh Descartes, pensaste em engrenagens,
mas criou humanos mecanicistas.
Foram os olhos espiritualistas,
que diante dos mistérios das paisagens,
viram a lógica que tudo ascende.
Há em tudo uma alma que transcende:
alma do mundo, do homem e da flor.
e o que anima a matéria é o amor!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_j/Jose_Luiz_da_Luz.htm


  
José Hilton Rosa
Belo Horizonte - MG – Brasil


DESPEDIDA DE UM ENCONTRO

O mundo gira
o sono não me procura
o choro aparece com lágrimas de sangue
relembro o parto que me trouxe
pacto de dor ou alegria na caminhada
estrada real
pele e osso que me cobre
sem o frio da noite
pobre ser que adormece com o cantar matutino
verde das folhas cobre minha visão
chega outro dia


http://www.caestamosnos.org/autores/autores_j/Jose_Hilton_Rosa.htm



Lailton Araújo
São Paulo - SP


A VIAGEM... SEM CIGARRO, PILEQUE OU PORRADA!



Na longa viagem ao encontro das novas descobertas, conseguimos fotografar novas galáxias,
 e o Universo, tornou-se pequeno... Ficou chato, comprido, alto, largo!

Colocamos uma sonda na barriga e outra no planeta Marte - somos os novos marcianos
 - vermelhos, brancos, negros, amarelos, sem cor ou raça: metal barato, cachaça, cigarro!

Tomamos posse sem violência, sem cara feia, com os pés de aço ou de lata, e a aparência 
- na forma de robô. Lunáticos: nunca mais seremos! Bebemos etanol; cheiramos fumaça!

E a Lua e Marte são velhas histórias ultrapassadas... Viva o Homo sapiens!

Derrubamos algumas torres. Levantamos outras. Talvez as que erguemos sejam mais altas
 que a bíblica Torre de Babel, ou mesmo: de papel... Estamos na batalha diária!

Não somos terráqueos malucos... Aprendemos as lições de casa. Nos novos edifícios existem
 as vozes do diálogo e da tolerância... É samba, rap, reggae, rock!

Nossas asas metálicas continuam evoluindo. Algumas quebraram! Caímos... Quem não cai? 
Pássaros também caem no primeiro vôo... É a lei da gravidade, Newton, Isaac...

A asa e o vôo são relações já dominadas... Viva o Homo sapiens!

Bebemos todos os vinhos possíveis. Brindamos em homenagem às novas conquistas 
profissionais, à saúde, à paz e à harmonia... Da literatura, do cinema, da música, da política!

Superamos várias tragédias humanas. Furacões, terremotos, tsunamis e Titanics, agora são 
roteiros do moderno cinema comercial. É trash, é atual, é over, é animal!

O pódio ficou pequeno para tantos atletas e suas vitórias. Homens e mulheres 
conquistaram novos recordes... Alguns, com anabolizantes! Outros com Anas, aborígines,
 antes e depois...

Os limites - físico e emocional - já não entram em conflito com a ética... 
Viva o Homo sapiens!

As fotografias coloridas e digitais mostram os continentes globalizados. 
Será que não
 existem conflitos religiosos, comerciais ou políticos? É viagem... Sem cigarro, pileque
 ou porrada!

Será que caminhamos para uma nova era? Calma internauta! É um sonho! Continuamos
 na velha e complicada rotina terrestre... Correndo, comprando, comendo, cagando!

Estamos mais velhos, mais confiantes, mais tolerantes e humanizados... 
Viva o Homo sapiens!

E os viajantes da nave Terra seguem sua jornada... Até o novo Big Bang ou nova Big Band, 
ao som de Ray Charles, Cauby Peixoto, Ângela Maria e Frank Sinatra!






 Luis da Mota Filipe

(Sintra-Portugal)


RETALHOS DE UMA ALDEIA

Aqui…

Onde o bom dia baila de boca em boca numa dança natural, as manhãs brindam-nos com a 
pureza das gotas de orvalho.

Há cheiro a campos viçosos e a perfumes que vivem nos estendais de roupa sempre que se
 encontram povoados.

Os beirais acolhem sinfonias, anunciando a estação dos amores.

O toque do sino na torre é o orientador fiel para os que andam mimando as suas fazendas.

Diariamente, em cada morada, fumegam iguarias saloias compondo buchas, merendas e ceias.

Postigos gastos são enfeitados com a brancura da arte rendilhada.

O rossio, o mirante, a sociedade, o chafariz, o rio e o poço, são os padrinhos briosos de algumas 
ruas e largos. Enquanto os pátios namoram com as travessas e os becos cobiçam as ladeiras, 
bancos improvisados, aquecidos pelo sol, são testemunho dos temas da vida alheia.

Agosto é mês de branquear casas e muros, para que possam combinar com a pureza dos jardins 
de fé que se carregam aos ombros.

Neste canto saboreia-se a tranquilidade, respirando-se das marcas seculares.

Nesta terra que beija o céu, os dias morrem mais depressa e as noites nascem mais cedo.

Na aldeia, todos são primos e primas. Os sorrisos e as lágrimas são comunitários, partilham-se 
dores e alegrias.

Não se fantasiam sentimentos. Tudo é mais autêntico e a vida brota… ao sabor dos versos 
apinhados de rimas de verdades.



Luis da Mota Filipe
(Sintra-Portugal)

O FADO É PORTUGAL

Este cantar lusitano,
Aqui, agora, sempre, além,
É partida e chegada,
O adeus magoado,
O regresso sonhado,
São choros, ais, mas também gritos calados,
São beijos, sorrisos e abraços apertados;
Esta alma apaixonada,
É gemido, pecado e passado,
A mocidade, verdade e saudade,
É alegria e desilusão,
O Amor ou a paixão;
Uma gaivota ou canoa,
No Tejo da Capital,
Um destino a ser cumprido,
Do jeito mais natural;
Um soneto de Camões,
Um poema de Abril,
Um trinado de guitarra,
Numa Amália imortal,
Uma rosa de Severa,
Um xaile negro franjado,
Um quadro de Malhoa,
Vida, melancolia, sentimento sem igual;
O Fado é Portugal!




Luiz Carlos Leme Franco
luizcarloslemefranco
Curitiba – Paraná/Brasil.

SUBIDA
 
O preço do combustível sobe,
 o valor do salário não sobe.
 O elevador desce, e sobe,
 o nível do termômetro não sobe, só desce.
 O volume da corrupção sempre sobe,
 a qualidade moral não sobe, não melhora.
A taxa do dízimo também sobe,
 A frequência aos templos não, baixa.
A quantidade  de dejetos sobe, aumenta  muito o monte;
o indicador de saúde não sobe e ela só piora.
O número de violência sobe, todos aplaudem U. F. C.
A existência do amor não sobe. Todos têm ódio de algo.
O consumo sobe, está de mais,
 a qualidade do estudo não sobe; ninguém quer saber dele.
 A extensão da algazarra sobe, todos fazem fuzarca.
 O tamanho da família não sobe, aumentam os pedidos de divórcios.
A classe da miséria sobe: o “chifre” da África que o diga e
a presença dos filhos não sobe; jogam – nos no lixo.
A edição de livros sobe, há muitas feiras de.
O padrão da leitura não sobe, ninguém lê mais nada sério;
A altura do barulho sobe, todos fazem gritarias á toa.
O teto da tolerância não sobe, revidam qualquer ato.
A incidência da desgraça sobe, todos somos irresponsáveis –
- a qualidade da natureza não sobe, ‘tadinha.
 O pânico sobe; não vês os sequestros?
 A vergonha não sobe, diminui, diminui.
 Será que a havência de vida sobe? Sabe?


 Luiz Carlos Leme Franco
luizcarloslemefranco
Curitiba – Paraná/Brasil.

O PANO


Um historiador, que se achava místico, curioso por antiguidades, certa feita,viajou   a África
 para  oferecer, no Cairo, uma palestra  sobre mapas antigos, sua esperteza.
 
Tinha conhecimento de uma história, que nunca pode investigar, da existência de cartogramas viquingues que escapara da queima da biblioteca de Alexandria em cavernas d’A´frica 
setentrional.

Dr. Helton – seu nome - aproveitaria o ensejo para  tentar  saber  algo, além do que conhecia, 
á respeito destes mapas. Reservara um tempo para tal.

Afinal, mapas antigos era a busca que sempre lhe agradava.

À sua aplaudidíssima explanação compareceu um marinheiro curioso por este tipo de
 documentos e com ele trocara conversas sobre o assunto.

Após a cerimônia, foi com ele á cara de seu interesse.

--O que o senhor pensa sobre estes mapas de navegação? Foi à pergunta primeira ao Sr.
 Hobim, o marinheiro curioso que o ajudaria.

O coringa aposentado, morador e conhecedor da região sabia também da lenda envolvendo
 tais cartas navegadores antigos na região, mas apático, preferiu irem à procura sem muita 
expectativa .

Vasculharam bibliotecas, livrarias, portais na Televisão, museus oceanográficos, lojas de 
antiguidades, escutaram pastores  perdidos na áreas onde pesquisariam.

Soma juntaram tudo o que conseguiram e com dados daqui, informações de acolá, anotações 
várias, e  tentando adivinhar o que estava garatujado numa tabuinha irregular, meio 
apodrecida  que lhe ofereceram alhures embrulhada em um  trapo velho,   como sendo 
um mapa do local que procuravam, chegaram a um  antigo porto do Rio Nilo, hoje enterrado.
Segundo todas as suas calculações era ali que poderiam estas as suas suspeições..

Lá  com auxílio de moradores  antigados, alguns mapas, cavaram e reburadaram. Em muitas
 frustradas procurações.

Após meses de labutas cansáveis, recomeços e reconsultas à ininteligível tabueta
 à qual limparam tudo o que puderam  até que o escrito na madeira quase se apagou, e o trapo
 esgarçou-se de tanto enrola e desembrulha, depois  de rabiscarem e refizerem  no pedaço 
de pau  os trajetos que pareciam perceber , sentiram que estavam num lugar  há muito 
desertiárido sem nada que poderia sugerir que ali algum dia tinha tido água. 

Desistiram.

Anos depois o pesquisador soube que a tábua era disfarce, que o mapa estava no pano.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_l/Luiz_Carlos_Leme_Franco.htm






Luiz de Carvalho Pádua
Sorocaba (SP)


CERTO OU ERRADO?
                                                                                   
          Muito difícil saber quem esteja certo ou errado. Tal dilema persiste 
eternamente na mente dos povos, todos querendo ser  donos da verdade...

          A certeza de quem estará certo ou errado, dependerá exclusivamente
 da subjetividade de cada um. A interferência no assunto tomando partido 
de uma parte, ou de outra, acaba fatalmente mascarando a realidade dos fatos.

         Na tentativa de elaborar uma análise superficial sobre o que seja certo
 ou errado poderíamos chegar a algumas conclusões sobre o polêmico tema.

        Entendemos que o “certo”, bem como o “errado”, só pode ser encontrado 
nos cálculos matemáticos, onde ao calcular dois mais dois, sempre será quatro 
em qualquer parte do mundo; ao somarmos dois mais dois e o resultado for cinco, certamente estará errado.

       Fora da lógica matemática será muito difícil afirmar com convicção 
que alguém estaria certo, ou errado, pois o questionamento do assunto 
é feito sob influência da parcialidade subjetiva do indivíduo, o qual procurará
sempre defender a sua “verdade”, ou atacar o “errado” do próximo,
 ignorando as “verdades” de outros que vêem o mesmo assunto 
por ângulos diversos.

       Tanto o indivíduo A, como o indivíduo B, poderá sustentar opiniões 
contrárias sobre o mesmo tema, e mesmo assim estariam certos segundo
 suas razões, ou ângulo de visão contrário.

      Em uma discussão onde dois indivíduos expõem opiniões contrárias, 
dificilmente chegarão a acordo se eles permanecerem irredutíveis,
 isto porque 
cada um estará  enxergando o problema em pauta, pelo ângulo de visão 
de sua mente, e jamais se colocará do lado oposto. Neste caso, o melhor 
a fazer é cada um tomar o seu rumo e meditar melhor sobre 
o ponto de vista do outro.

      Um exemplo de certo, ou errado, são as partidas de futebol: cada torcedor 
interpreta a mesma jogada de um jogador de forma diversa, cada qual 
tentando convencer o outro as suas razões.

       Desta forma, diríamos que o lance de uma jogada também é visto por cada
 canal de TV de forma diversa, devido ao ângulo de visão do cinegrafista.
 O Árbitro por sua vez também pode ver o lance de outra forma, dependendo 
do local aonde ele se encontra no campo. Os comentaristas esportivos também 
têm opiniões diversas e às vezes, recorrem aos diversos canais de TV para 
ver o mesmo lance, tirar suas dúvidas e chegar à novas conclusões.

     Assim, resguardadas as devidas proporções, pode-se dizer que ninguém 
nunca estará totalmente errado, ou absolutamente certo, mas todos 
estarão certos e errados, dependendo do ângulo de visão, ou subjetividade
 de cada um.

Fim






Luiz Poeta
Luiz Gilberto de Barros
Rio de Janeiro


A MÃO QUE AFAGA A FLOR

A mão  que afaga a víscera não sente
A dor... há certas mãos muito sutis
Que afagam certas flores tão carentes
Do amor de outra flor bem mais... feliz.

A mão que afaga a mão mais incompleta,
Preenche, no vazio, a própria mão;
Assim é o vazio do poeta,
Que habita a dor do próprio coração.

A pétala da flor é como a pele
Que treme ao toque que acaricia,
Porém, se um vento mau,  a flor impele,
A pétala, da flor se dissocia.

Se a flor afaga a mão, a fantasia
Se solta, é na flor que se sublima
A essência mais sutil da poesia,
No instante em que o amor produz a rima.

O espinho, sem mover-se, nos ensina
Que é na solidão da própria flor
Que está a emoção mais cristalina
Que brota quando a alma sente dor.

Direitos Autorais reservados ao Autor - BNRJ


Luiz Poeta
Luiz Gilberto de Barros
Rio de Janeiro

PROJÉTIL  PEDAGÓGICO
Texto premiado pela Academia Brasileira de Letras

O professor está assumindo sua primeira turma numa escola municipal. São alunos repetentes,  de uma sexta série complicada, oriunda de áreas de risco...

Ele é novo naquela unidade, mas já dá aula há bastante tempo e acredita que  não terá nenhuma dificuldade em ministrar o seu trabalho e passar suas experiências para o seu corpo discente; procura ser simpático, brinca com sua clientela didático-pedagógica, 
elogia a beleza das meninas e a simpatia dos garotos. A algazarra é inevitável. 
Eles se divertem e até exageram nos gestos e movimentos buliçosos. 
O professor pede silêncio. Repete a solicitação com a energia da autoridade.
 Eles se aquietam gradativamente.

Alguns o olham desconfiados, outros parecem ignorá-lo, mas os sorrisos que 
recebe do restante da turma sinalizam para uma relação empática com o grupo. 
O mestre  precisa conquistá-los. A primeira aula é decisiva. Inicia seu discurso 
e fala do mundo, da dificuldade de sobrevivência no planeta, da necessidade 
que as pessoas têm de se sentirem protegidas e da importância da união entre elas. 
– Eu sou como vocês – diz ele – posso rir, chorar, ficar feliz  ou me entristecer com determinado fato... Nossos uniformes não são necessariamente nossas identidades, porque nós temos capacidade de amar e de ser amados uns pelos outros...

Os alunos, a princípio arredios,  parecem magnetizados. Sorriem, divertem-se, dão opiniões, sentem-se livres, à vontade para falarem de suas vidas, dos seus sentimentos, dos seus desejos. Contam histórias, mostram-se personagens importantes de cada uma delas, fazem um teatro espontâneo de suas próprias alegrias.  O professor 
sente-se efetivamente um deles, é o mais feliz de todos eles, entende suas alegrias, 
senta-se alegremente no meio deles.

Num determinado momento, no clima da evidente euforia coletiva gerada 
pela aceitação mútua, ele vira-se para a turma e diz: - Eu adoro balas.
 Alguém aí tem uma para me dar?

Um aluno  sentado numa das últimas carteiras,  chama o professor, observado atentamente pelos colegas...

-O senhor gosta de balas?

-Adoro.

-Que tal  esta aqui?

Trata-se de uma bala de escopeta (não deflagrada, intacta!).

O professor está perplexo, visivelmente abatido. Pega a o pesado projétil numa das mãos, hesita e percebe que toda a turma silencia. Somando-se ao primeiro, mais dois alunos levantam-se e se colocam ao lado do professor.

Sorridentes, insistem:

-E aí, mestre, gostou da bala?

A  pausa é pesada e  inevitável,.. Parece eterna, mas a resposta é intuitiva e inespontânea.

-Prefiro halls.

A inércia é quebrada, todos riem, a turma se alvoroça. Nem o professor esperava sua própria reação. A custo, ele indaga, misturando solenidade com simpatia:

-Querido, posso continuar o meu trabalho?

-Claro, professor – o aluno senta-se desconfortavelmente.

A aula é reiniciada. A bala de escopeta está na mão do professor. O silêncio é tumular. Em sua boca, as palavras esgueiram-se. Tentando aparentar naturalidade, ele usa o quadro-de-giz e começa a  ministrar o conteúdo.

A sirene toca, todos se retiram ruidosamente, cumprimentando o professor com gestos típicos de estudantes de uma comunidade carente:

-Aí, professor, o senhor é maneiro!

-Professor, até amanhã!

-Valeu, professor!

-Tchau, mestre, sangue-bom!

-... Professor... E a minha bala?

-Ah, tinha me esquecido.

O professor olha fixamente para o aluno. Há no seu olhar um misto de  
desapontamento, tristeza e extrema afeição. No seu coração,  a sensibilidade
  mescla a necessidade da manifestação do amor de um pai com a necessária
 atitude de um educador em exercício.

-Você já pensou na  possibilidade de  a diretora da escola pegar essa bala?

-Já.

-Se ela pega, o que acontece com você?

-Sou expulso da escola.

-Você acha isso legal?

O aluno abaixa a cabeça.

-Não.

O professor insiste. Em cada palavra, a sinceridade evoca a idéia permanente da confiança:

-Meu filho, esta vida tem dois lados: o seu e o do mundo. O seu é de sonhos, de realizações, de conquistas... O outro é o do poder, do medo, da hipocrisia, da covardia... Crie seu território, delimite-o; mostre o que você pode fazer de bom para 
sua própria sobrevivência e liberdade...  Seja feliz, querido... 
Você é um vencedor! Você não precisa provar isto pra ninguém! 
Prove para você mesmo!
Pausa.

-... O senhor vai me devolver?

- Ah, sim, à bala. Vou. Toma.

- Valeu, professor, o senhor é sangue-bom.

O menino sorri e se retira, deixando no ar uma nervosa sensação de impotência e medo. Há, entretanto, um silencioso pacto entre eles, marcado pela  tímida iminência  de uma lágrima e  pelo poder de um sorriso que se dilui volátil, dentro dela.

Na semana seguinte, mais uma aula. O professor reinicia suas atividades, mas percebe uma inquietação diferente. Está absorto no seu trabalho, quando alguém 
o chama lá do fundo sala. É o mesmo aluno que lhe oferecera a bala de escopeta.

-Professor... Quer bala?

Um calafrio percorre cada poro, mas a inicial  estupefação cede gradativamente.

-Depende da bala.

A turma ri.

O professor sente-se seguro com a espontaneidade coletiva dos sorrisos.
-Vem aqui pegar. Pode confiar na gente.

O professor caminha na direção dos alunos. Os mesmos três que lhe ofereceram a bala de escopeta.

Eles entregam três sacos de balas ao professor. Hortelã, tamarindo, mel, coco... Uma infinidade delas.

O coração se abre como um botão numa flor.

Todos aplaudem a cena.

As balas são distribuídas. A alegria é geral.

Os alunos cumprimentam o professor. Alguém escreve uma frase com letra bonita no quadro:       “Nós amamos o senhor.”

A lágrima agora é inevitável. Desliza sem pudor pelo rosto num riso sublime que mistura  surpresa com euforia. Eles a percebem. Choram e riem com o professor. Que aula!

O sinal toca. Todos se despedem e saem. O aluno da bala de escopeta fica.
-Gostou das balas, professor?

-Claro.

Pausa.

-... Mas ficaria mais feliz se...

- Se eu jogasse aquela bala fora?

-É.

-Eu já me desfiz dela, professor.

-Por quê?

-Porque descobri que sou uma criança ainda, professor.  Prefiro balas de hortelã.

Direitos Autorais reservados ao Autor – BNRJ







Luiza Alves
Iguatu


A - Aqui quero homenagear todos os
M - Meus amigos do Grupo “Cá Estamos Nós”
I - Interagir com o mundo virtual, é
G - Gostoso e não me causa espanto
O – O jovem está sempre ligado, mas, mesmo
S - Sendo idosa, acompanho a evolução

V - Venho com muito carinho
I - Irmanar-me com todas vocês
R - Reconhecendo que o dom é
T - Talento pra ser dividido
U - Uma vez aqui chegando, encontrei
A - As pessoas mais queridas
I - Isto eu posso afirmar
S - Seremos sempre grandes amigos




Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira

UMA TRISTE ESPERANÇA...

 Acalento em meu peito uma triste esperança...
Sonho com o dia em que o desamor
Se tranforme em estima e importância
E que, num forte abraço, eu possa esquecer a dor

A dor da indiferença daquele de quem carrego o sangue nas veias
A dor pelo abandono afetivo e por ele ter me ignorado a vida inteira
A dor por eu nunca ter recebido uma explicação
A dor por ele ter gerado uma ferida em meu coração

De pai, eu não posso chamá-lo,
Visto que ele nunca esteve ao meu lado
Dele, eu nunca recebi amor
Apenas seus genes, ele me doou

Ainda assim, eu desejo encontrá-lo um dia...
Mesmo que ele nunca queira me chamar de filha
Mas ele não pode negar que me gerou
Pois sua aparência, em mim, ficou

Tão semelhantes, tão distantes...
Ele nunca me procurou
Eu tentei me aproximar, vacilante,
E um muro de indiferença se levantou

Agora, choro sozinha...
Como num eterno luto
Pois, desde criancinha,
Sonhei que era doce quem, na verdade, é um bruto


 PS: o texto acima é como uma forma de lutar contra o abandono
afetivo e de tornar visível o sofrimento daqueles que
são órfãos de pais vivos.
 
 

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira

AMOR, O ESPETÁCULO DA VIDA!

Amor ágape, sem igual, incondicional...
És o supremo sentimento que significa
A manifestação do amor divinal;
Amor, o espetáculo da vida!

Felizes são os que atuam nesse espetáculo sagrado
No qual o amor jamais é limitado pelas circunstâncias.
Esse é o amor que, por Jesus Cristo, nos foi deixado
E que nos torna puros como as singelas crianças.

Esse amor é o que vence todas as guerras,
Esse amor é o mensageiro da paz,
Esse é o amor pelo qual o planeta espera
E pelo qual as pessoas se humanizam mais e mais.

Entre pais e filhos, entre amigos e irmãos,
Entre cada ser humano, em cada obra da Criação
Esse amor é o elo perfeito, é a divina harmonia,
É o valor universal que nos traz paz, justiça e alegria.

O amor se multiplica ao ser partilhado;
O amor à misericórdia de Deus anuncia;
Que possamos compartilhá-lo com quem vive ao nosso lado.
Amor, O Espetáculo da Vida!


  
Maria de Lourdes Scottini Heiden
Blumenau


TRÉGUA

Peço trégua...
Tenho urgência de alimentar a palavra
Com a maresia da dor.
Peço trégua...
Tenho  urgência de nutrir o verbo
Com a fé dos homens em romaria.
Peço trégua...
Tenho urgência de escorar o poema
Com os esteios do amor.
Quebro o ritual e sigo no comboio.
Sou mistura
Do que vem e do que vai.
Não quero despedidas.
Nem cânticos...
De cada palavra apago  a névoa
E rompo a inércia do vir a ser
O que eu quiser.


Maria de Lourdes Scottini Heiden
Cidade: Blumenau

O HOMEM  COM TÉDIO...

O cair da tarde  estava lindo... Deslumbrante. Um sol de despedida no céu.
Um vento suave alisava a areia da praia, afagava os cabelos, impulsionava os nossos passos.
Sorrisos. Brincadeiras de bola, mergulhos, conversas aqui e ali...
Somente ele, o homem com tédio, sentado na cadeira, o queixo apoiado nas mãos.
Nada via. Nada parecia  tocá-lo.
Apenas o tédio,  letras imensas registradas em sua face.
Por que o tédio se o dia respira vento, sol e mar?
Conjeturas...
Talvez as férias  sejam para ele apenas areia, vento, sal, sol,  horas intermináveis 
na praia, olhando as pessoas sorrindo, bebendo e comendo todas aquelas coisas
 que são oferecidas nas praias.
Alegria das crianças. Terror dos adultos.
Passei por ele, olhei... Tentativa inútil de entender a sua solidão.
O seu desinteresse pela vida.
Olhei o céu. Gaivotas no ar...
Olhei para areia. Homens pescando. Anzóis  esticados,  pescaria de fim de tarde.
Mas lá na areia, alheio a tudo, continuava o homem.
O homem e seu tédio.
O tédio e o homem.
Fiquei pensando  nas coisas de que padecem os homens...
Hoje   o conforto nos é oferecido,
Os remédios prometem curar tudo.
Os  laboratórios  têm receitas para todos os males da humanidade.
Os bares milhares de artifícios para espantar a tristeza e trazer a alegria.
Boates oferecem danças...
Agências de viagens... Cruzeiros maravilhosos, pacotes turísticos, enfim, milhares de coisas  capazes de  dar ao homem a tão sonhada felicidade.
E por que o tédio se apresenta?
Por onde  a depressão se instala?
Talvez tenhamos perdido o sentido da felicidade.
As coisas não podem nos fazer felizes, porque felicidade é opção.
Eu me decido e pronto.
O tédio que se vá.
Faltam olhos para vida.
Faltam olhos de deslumbramento diante das manifestações da natureza.
Estamos ficando automáticos, frios e...  infelizes cheios de tédio.
Por isso, caro homem solitário e tedioso,  erga a cabeça...
Levante-se e pise no tédio  antes que ele acabe com você.




Maria José Fraqueza
Fuseta


AURORA BOREAL

Ao romper da manhã começa o dia…
Quando o sol acorda  a madrugada
Eu sou a eterna musa enamorada…
Do quadro de beleza  além da ria!

Na linha do horizonte quem diria!
O sol linda estrela em alvorada
Vestiu de colorido a maresia…
Como é linda minha  terra iluminada!

O sol - estrela luminosa da manhã
Na imensa trajetória divinal
Faz da bela moldura um talismã
Em fachos de luz banha meu Portugal!

Dessa maré que vem beijar a areia
Bebedeiras de azul no mar afora…
Que avisto da minha branca açoteia
Beber a luz de cada aurora!





Maria João Brito de Sousa

Oeiras - Portugal

PARA TE AMAR, POEMA...

- Nenhuma montanha
será demasiado alta
para te amar, poema,
para te amar, tão só…

e decido-me a deixá-lo tombar…

Na queda se confundem
flor e pássaro,
tempo e modo,
metáfora e urgência real de não chegar ao fim

Porém,
tudo não dura mais do que a palavra
que,
num súbito recuo,
decido não deixar cair…

Salvo “in extremis”,
no segundo imediatamente anterior
ao impacto derradeiro,
devolvo-o às asas a que sempre pertenceu
e enfrento,
mais só do que nunca
porque consciente e lúcida,
o maior de todos os riscos
no suave declive das banalidades…

É tempo de dormir.
Amanhã será um novo dia
para te amar, poema, para te amar, tão só…

Maria João Brito de Sousa – Poema manuscrito a 24.12.2012 – 02.00h



Maria João Brito de Sousa
Oeiras

"HOJE FALO-TE DE AMOR..."


Tem calma, não desesperes que eu, hoje, falo-te de amor!
“Já não era sem tempo!”, pensarás. Mas foi assim mesmo que as 
coisas se passaram e se me foram desdobrando, como se o tempo 
usasse, para mim, ponteiros de uma dimensão que te não diz respeito.
Que fazer? Erguia-me, no despontar dos dias, disposta a vergar os ramos 
desta minha segurança emocional na direcção daquilo que esperavas e logo 
se me enchia o coração de alegrias e tristezas e as mãos de milho, areias
 e rações que me ocupavam corpo e alma numa distribuição vertical, 
absorvente e estranhamente gratificante… esforçava-me por ter saudades 
– pelo menos por conseguir evocá-las… - de um beijo daqueles que aparecem
 descritos, às centenas, cheios de suspiros, gemidos e anseios rebuscadamente
 incontíveis, e logo as mãos e os olhos se me apaziguavam na maciez do
 pêlo de cores simples e cativantes dos meus animais, nos seus quatro focinhos expressivos e expectantes. Uma mulher não é de ferro! Tanta paz, tanto carinho, 
tanta dedicação partilhada, tanto bom poema para escrever e logo tu me 
vinhas com essas imposições da explanação gongórica dos desejos e das 
rebuscadíssimas metáforas ensalivadas, paroxísticas, desgastadas… uma mulher
 não é de ferro, repito, e eu já passei por aquilo que tu não podes nem sonhar na indigestão de ser exactamente igual ao que esperavam de mim. Mas hoje,
está prometido! Dá-me só mais uma hora… ou duas. O Beethoven olha-me com 
olhos de mel e eu sei que é um olhar de despedida. Oiço os primeiros acordes
 da sinfonia do nono miado e terei de largar estas teclas mudas. Por uma hora… 
duas…  três… eu sei lá por quanto tempo poderei ainda ouvi-lo!

Calma! Eu sei que as duas ou três horas já passaram, no mostrador ansioso 
por que te deixas guiar, mas… que queres? Esta harmonia tem o seu 
contraponto e o Kico, tal como o Beethoven, já ultrapassou o seu tempo de
 vida biológica. Os órgãos disfuncionam-lhe e eu tenho de limpar o produto
 dos seus períodos de incontinência… que pena não serem momentos daqueles
 que se transcrevem num cio ensalivado e gemente, não é? Não são nada sensuais
 estes gestos da recolha dos dejectos e o vaivém da esfregona no chão não 
deve fazer evocar nenhum dos desgastadíssimos coitos que por aí andam descritos,
 mais ou menos metaforicamente… estou cansada destes contrapontos mas em
 verdade te digo que muito mais me cansa a banalidade levada à exaustão. 
Uma mulher não é de ferro!

E agora que o Sigmund me chama no seu miado rouco para uma sessão de 
brincadeiras e ferozes lutas fingidas… não resisto mesmo! Peço desculpa 
por voltar com a palavra atrás. Afinal ainda não é hoje que te falo de amor…

Maria João Brito de Sousa – 24.08.2011 – 13.40h




Maria José Zovico

 Limeira- São Pulo- Brasil

AH! COMO EU QUERIA!...

Ah! Como eu queria... Acordar do teu lado!
O sol se derramando na janela,
Na sinfonia de um jardim encantado,
Sentir que a vida, pode sim ser bela!...

Ah! Como eu queria flores na janela,
Perceber o aroma do dia acordando...
Ouvir a passarada tagarela,
A vida simples se desenrolando!...

Ah! Como eu queria acordar de manhã
Trazer-te café com muito carinho,
Um pedaço de torta de maçã,
Acordar-te aos beijos... Devagarinho!...

Ah! Como eu queria na manhã radiante,
Caminhar de mãos dadas pelo prado...
Sentir no rosto a alegria esfuziante,
Ouvir de ti um "Te amo!" Apaixonado!...

Queria numa manhã de primavera,
Esquecermos tudo o que é passado!...
Mas não posso viver só de quimera!...
Me imaginando  feliz do teu lado!...

Nestes parcos dias de minha vida,
Como eu gostaria de acordar contigo em paz!
Transformar em retorno tua partida...
Ah! Como eu queria! Como eu queria! Mas...





Maria Mendes  Corrêa
 Mateus Leme (MG)

A LENDA DAS FASES DA LUA

          Conta–se que no início dos tempos, logo que Deus fez o mundo e toda a beleza do universo, a lua só aparecia á noite e não existiam as estrelas.
Um dia, a lua sentiu-se muito sozinha e resolveu sair um pouco mais cedo, para ver se encontrava um amigo. Assim fez. Eram aproximadamente dezessete horas quando a lua apareceu, e a primeira coisa que viu foi o sol. Ela ficou fascinada com seu brilho e seu calor. Não cansava de admirar tamanha beleza!

          Sempre que podia, ela dava um jeitinho e aparecia ao entardecer, para admirar o deslumbrante sol. Foi nascendo, sem que ela percebesse, um grande amor. O sol também notou a presença da lua, ficou encantado com o seu brilho e sua beleza.  Iniciou entre eles um grande amor.

         Começou uma confusão no espaço celeste: o sol queria aparecer a noite para namorar com a lua  e queria aparecer de dia, para encontrar-se com o sol.
Então o sol resolveu procurar o Verão, seu melhor amigo e suplicou:
        _ Amigo, me ajude, quero aparecer no mesmo horário em que a lua surge e me pôr juntamente com ela. Estou apaixonado, quero ficar sempre junto a minha amada.

      _ Seu pedido é impossível. Você é o responsável pela vida na Terra por todos os seres vivos. Homens, plantas e animais morreriam se você aparecer á noite.

        Eles precisam do oxigênio para respirar e isto acontece durante o dia com o auxílio da fonte de energia dos seus raios e a  ação da fotossíntese. Percebe sua grande responsabilidade? Seria o fim do oxigênio na Terra!

       O sol se entristeceu, sabia que teria que renunciar ao seu grande amor.

       A vida na terra precisava existir e sua missão estava acima de tudo.

        Jamais colocaria a vida dos seres humanos, plantas e animais em risco. Teria que sufocar seu grande amor.

        A Primavera tudo ouviu, ela que è uma estação muito sensível sentiu a tristeza do maravilhoso astro e resolveu ajudá-lo.

         _Rei sol, se você aparecesse á noite, a lua certamente morreria, seu calor é muito intenso e seus raios ofuscariam a beleza e o brilho do luar. Iria prejudicar também sua amada. Mas prometo falar com o planeta Terra e iremos encontrar uma solução.

       _ Minha missão está acima de meu grande amor, serei sempre triste. Não mais verei a lua, jamais pensei em causar tanto mal. Disse o sol amargurado!
A lua também sofria, as raras vezes que ela aparecia de dia, o sol se  escondia  e tudo ficava frio .

        O Inverno percebeu que o sol enfraqueceu e ficou tudo gelado na terra.

        O Outono também notou que a tristeza dos dois poderia prejudicar também os frutos.

         A Terra notou a transformação do astro e do satélite que sempre a acompanham. Estavam muito tristes.

         A Primavera chamou o Verão, o Inverno e o Outono para uma reunião com a terra. Tinha que haver uma solução...

          Encontraram a terra muito preocupada com a situação. 
       
          Um grande amor celeste não poderia ter um fim.

           A Terra teve então uma brilhante ideia:

          _ O sol nunca poderá sofrer qualquer mudança, é um astro vital a todo sistema planetário. Mas a lua pode, ela orbita em minha volta e tem sua face sempre voltada para mim. De hoje em diante ela terá fases, será assim:

 * Lua Nova: nascerá as 6h e  18h se recolherá Não receberá a luz do sol, pois eles estarão na mesma direção. Poderão nesta fase viver o grande amor que os une.
* Lua quarto - crescente: Nascerá ao meio dia e se recolherá a meia noite. Nesta fase poderão se ver e estarão separados a 90°.

* Lua cheia: O sol e a lua estarão separados a 180º. A lua nascerá ás 18h e se recolherá ás 6 horas. Nesta fase eles não se verão ,quando a lua nascer , o sol se recolherá.
  
* Lua quarto-minguante: A lua nascerá meia noite e se recolherá  meio dia.
          E afirmou: é tudo que posso fazer!!!

         As estações aplaudiram a inteligência da Terra e foram correndo contar aos enamorados a grande ideia.

        Os dois não sabiam como agradecer a Terra e ás brilhantes estações do ano.

O verão disse:
_ Sol, como sou seu grande amigo, vou dotá-lo de raios mágicos, quando você se pôr ,vai deixar um abraço fascinante para a lua com seus raios, nos dias em que não poderá vê-la.

A primavera intercedeu:
_ Vou dotar estes raios, de beleza e perfume das flores. A lua vai ficar encantada!

O Outono disse:
_ Hei, eu também vou presentear. Todas as vezes que a lua receber estes magníficos raios, brilhantes e perfumados, irá beijá-los e jogá-los no céu e aparecerá uma estrela. As estrelas serão o fruto do amor do sol e da lua.

O Inverno disse:
_ A lua nunca mais ficará sozinha, o céu ficará todo iluminado pelas estrelas, filhas do sol e da lua. Nas noites frias, o brilho e o calor das estrelas farão os namorados se unirem, acreditando que um amor verdadeiro, mesmo impossível, nunca pode ter um fim.    

       E desde este dia, o sol e a lua se encontram, com a ajuda de suas fases. O sol não pode aparecer á noite, mas a lua pode aparecer de dia sem prejudicar a nenhum ser vivo desta terra. E o amor aconteceu.

Dizem que quando os dois combinam um encontro furtivo, há na Terra um maravilhoso eclipse lunar.
 
 http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/MARIA_MENDES_CORREA.htm





Maria Moreira
Belo Horizonte MG Brasil

PARTIU E LEVOU SONHOS

De corpo e alma?

De corpo e alma em circulo
Ao estender as mãos
Soltou mares sobre os ares
Com o fio da construção

De humano fazia o desenho
Nas nuvens nas águas no ar
Tirava curvas sagradas
No solo erguidas ímpar!

Gigante escondido no simples desenho
Para trazer à forma os ninhos do habitar
No concreto firmava o abstrato
Nas águas enchia o olhar.

Deu forma deu força deu leveza
Onde bruto o concreto imperava
Nas linhas clássicas as molduras
Nas obras de Oscar Niemeyer

Traçou com firmeza a linha
Deu asas ao seu criar
Na folha solta tecia
Os sonhos de quem vai mora

Foi com o vento que o trouxe
Foi para outro lugar
Levando contigo o sonho
Deixando seu perfume no ar!




Moysés Barbosa



CONTÍNUO VERSEJAR

Escrevo muito, pois não sou eterno,
e morrerei ainda um aprendiz.
Seja primavera, outono, inverno,
rabisco o qu’a inspiração me diz.
A vida? Bons os temas qu’ela tem.
Escolho o melhor, falo de amor.
Às vezes de decepção também
ou de tristeza, momento de dor.
Quando me canso, não faço parada.
Sobre pausa e repouso é meu soneto.
A poesia jamais fica quebrada
e escrevo uma canção em Allegretto.
O meu versejar é continuado,
disse, no inverno...também no verão.
A ideia vem, tudo é anotado.
No papel, até na palma da mão.
Me perdoe se escrevo assim direto,
pois os versos são o meu prazer...
Maior felicidade? Falo de perto:
É ficar todo dia com você...






Mardilê Friedrich Fabre
São Leopoldo - RS - Brasil

AMA-ME COMO O COLIBRI

Se tu me amas,
Ama-me assim
Como o colibri
Ama a rosa vermelha.
Não cansa de beijá-la,
Alimenta-se de seu néctar,
Extasia-se com o perfume
Que ela exala no ar,
Encanta-se com sua simplicidade fagueira,
Esvoaça ao seu redor.
Não lhe importam seus espinhos,
Não precisa tocar neles,
Contorna-os
Em voos galantes,
Efêmeros,
Diáfanos...
Dançarino livre,
Rodopia,
Vagueia,
Gira de novo,
E de novo,
Por todo o palco do jardim,
Aplaudido pela plateia enflorada.
Enfeitiçada, a rosa o acolhe,
Aceita-o,
Permite os galanteios,
Abre-se em pétalas veludíneas.
Exitoso, ele finalmente
Pousa
E... Adormece...




Márcia Fátima Spaziante Leme da Silva
Rio Claro-SP

“O FALAR É PRATA, O CALAR É OURO”

Este é um dito popular,
Feito para ensinar,
Que há momentos em que o silêncio é valioso!
Muito mais que o falar,
Que pode sem querer magoar,
Deixando o viver doloroso!

Muitas vezes impensadamente,
Extraímos palavras da mente,
Sem ao menos refletir...
Se estamos certos ou errados,
Nos fatos ali comentados,
Terminando nós mesmos a nos ferir.

Por isso vamos sempre nos lembrar,
Antes de começarmos a falar,
Fazer um exame interior...
Pesquisando em nossa consciência,
Se valerá a pena a displicência,
Antes de causar dissabor!

Não vamos esquecer nunca o ensinamento,
De sabedoria e discernimento,
Em todo nosso viver!
Assim iremos sempre à paz semear,
A alegria frutificar!
A felicidade irá florescer!



Margarida Maria Spaziante Scopinho
Rio Claro

“O JARDIM DA MINHA MÃE”

Dois anos se passaram,
Que o “criador” a chamou...
E minha lady se foi,
Foi e nem me avisou...

Saudosa casa fechada,
O jardim abandonado...
Seu róseo prazer então,
Por um melhor foi trocado...

Por rosas da mãe Maria,
Por certo ela está contente...
Lá rosas não murcham,
E a alegria é permanente!

Rainha dos jardins,
Uma flor, com muitas cores
Rosa flor, rosa menina
A exalar seus olores!

Todas as flores são belas,
O título ela ganhou...
Rainha! Apesar dos espinhos,
E o “criador” coroou!




Madalena Müller

DELÍRIOS...

Tens sido meu delírio,
minha razão insensata
de uma grande loucura
deixando-me excitada, desatinada...
... obstinada fecho os olhos,
quero sua imagem apagar,
vens e invades meu corpo
fazendo minha mente viajar.
Alucinada vejo sua face,
vislumbro seu corpo faceira
sinto o seu insano toque e
seu cheiro invade-me por inteira...
... traz-me sensações incríveis
instiga-me em mil delírios e delicias
faz-me ficar muito atrevida
perdida em meio as suas caricias.
Sinto seus braços
envolvendo-me com ternura
elevando minha alma, meu corpo
num mundo doce de extrema loucura...
És como uma psicose
faz minha mente delirar,
a magia é alienante, alucinante
por  elevares meu corpo ao ar...
... vôo e te quero, te chamo
e chega um outro despertar,
sentindo ainda seu hálito quente
no silencio que está em seu lugar.
Partiste ao céu junto aos anjos
deixando-me o acalento da noite enluarada,
frente aos brilhos do radiante sol
sorrio... Por manter-me encantada.
Consegues me fazer senti-lo
quando chegas no adormecer,
estando ausente, distante...
... Invades todo meu amanhecer!!!!!
Ah... Que fazes meu Rey???

“... Por um mundo melhor eu faço.
Você faz...”





Maia de Melo Lopo
Lisboa

VIDA

Esmago minha vida sobre teus lábios escaldantes de fogo,
momento incerto me comovo, onde menos espero estar,
arde fumo chama da noite, esperei sem a noite regressar,
traçada na candeia, luz da harmonia, alto céu vê Lisboa,
minha sorte queima onde retorna, vento voa na triste alma,
sem hora vai embora e calma, só chegará para me matar.

Vida minha despeja verdade no amor, alegria de um beijo,
me abandono de mim, estranha sorte se dessipa sem hora,
te sentes louca beijares minha boca, só te estás matando,
não confesso meus porquês, longe de ti, junta a ti te amo,
retorna o vento, ilusão do tempo, natureza do segredo voa,
se durmo contigo, teu coração em desejo ficará amando.

Vida invisível na terra do fado, é gostar ter-te a meu lado,
graciosos lábios, afogados na paixão mais me amarás,
quero te levar, chega perto o pecado, não poderás voltar,
de verde onde o sol vai derreter o olhar, te acaricio no mundo,
pensamentos distantes despertam instantes, vagabundeiam,
são sonhos profundos e ardem beijos que nos vão separar.

Águas do Tejo, funesto presságio, lágrimas mortas no rosto,
preciso voltar a ver-te, amar, juntar todos os dias o desgosto,
ocupar-me, inquietar-me no destino que querias, e confesso,
solidão é caminho que amou tua sombra, minha dor atravesso,
à entrada da porta um grito se importa que o amor espere por mim,
rasgo teu vestido, renda de vidro, cai a vida num bouquet de cetim.

Maia de Melo Lopo.13.
Lisboa/Portugal.
http://www.caestamosnos.org/autores/autores_b/Benvinda_da_Conceicao_de_Melo_Lopo.htm



Marisa Cajado - Santos SP

CONCEITO DE CARIDADE


Sábado, dia 06/07/2003, retornava do abrigo de velhos, onde fomos levar alguma alegria para aqueles que estão prisioneiros da própria limitação física.

Embora a grande dificuldade em caminhar mamãe, (83 anos), amparada por mim e minha irmã, ia junto.

Olhei aquela fisionomia serena, apesar dos entraves e a pouca visão. Em seu semblante havia alegria que espalhava no sorriso franco. Sua energia espiritual era evidente.

Não pude deixar de comparar a diferença, entre ela e os velhinhos em torno.

Esquecidos, mesmo o cuidado dos atendentes, onde notávamos amor e dedicação. Seus olhares retratavam profunda tristeza e melancolia talhada quiçá pela saudade de tanto, o “tudo” que nem podíamos calcular.

Logo peguei o violão e cantamos todos, melodias alegres para aliviá-los. Aos poucos os semblantes foram desanuviando.

Cantávamos.. Hoje a nossa casa está em festa, este sorriso é pra você irmão...

A pequena caravana do amor, composta por companheiros de ideal entregou presentes fazendo festa, oferecemos frutas. Por alguns momentos ficaram felizes. Parecíamos estar em outro local onde a felicidade era possível.

Quando ouvimos as badaladas das seis horas, cantamos a Ave Maria seguida de sentida oração.

Momentos gloriosos para mim. Pude captar a energia que envolvia meu ser. Fui doar e recebí tanto.

Ao sair de lá uma brisa de paz envolvia-me o ser. Deveria ser a luz da caridade bafejando meu rosto.

CARIDADE!!!!!!!!!!!!!!! Mas o que é caridade?!

A voz interior cortava-me a mente.

O mundo será feliz, quando não houver necessidade de se fazer caridade.

O que pensa ser caridade é apenas obrigação. O homem necessita ser dignificado, ser colocado em seu lugar merecido. Os velhos não poderão ser abandonados. A criança tem que ser amparada. Basta!

Há que se lutar pela humanização da espécie humana. A criança, a criança... temos que atentar para ela.

Acomodar-se nunca. O que são míseros momentos de felicidade senão paleativos, de uma falsa moral, mentalidade escravizante que desrespeita os direitos de sobrevivência, sagrados de todo indivíduo?

Anda parada frente às injustiças. Empunha a arma contra esses descalábrios, tão avessos à ordem da harmonia Divina.

Uma vermelhidão cobriu-me a face. Sim, corei de vergonha por ter sentido embora brevemente, que havia feito algo de bom.

Bom será , quando não houver mais caridade porque todos ocuparão o lugar que merecem, terão sido educados, amparados, valorizados.

Então disse a mim mesmo: Haverei de lutar com todas as minhas forças para que a mentalidade vergonhosa do egoísmo seja trocada pela mentalidade do amor verdadeiro, como digna representante da filiação divina.





Marisa Schmidt
Bertioga-São Paulo- Brasil
02/01/2013


FELIZ ANO NOVO!

E recomeça o história
sem que haja mudança
apenas se ativa a esperança
somente se anula a memória
das coisas que foram más
nas estranhezas da vida
e se busca a alegria perdida
nos risos que ficaram lá atrás

Novo ano e a velha carcaça
tenta se aprumar ainda um pouco
neste mundo ágil e louco
que nos assusta e abraça
e os fogos de artifício
iluminam o céu de todo dia
mas tão belo na fantasia
que se faz novo no bulício

Vibramos felizes nos momentos
em que o sonho se estrutura
como rompendo a armadura
dos medos, dores, lamentos
do velho ano morto e enterrado
e queremos tudo diferente agora
como o dia que ao romper da aurora
lança no ar o seu brilho renovado...

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Marisa_Schmidt.htm





Margareth Rafael
 Itambacuri (MG)


  CARACÓIS

vem como a brisa
dançando  arisca
envolvendo com o olhar
os caracóis a vista.

menina  marisa
de lindos caracóis
da cor dos girassóis
vem  e aterrissa.


marisa menina
vem ofegante
caracóis  brilhantes
que a sombra  ameniza.

alcança a avenida
a menina marisa
afaga os caracóis
da cor dos girassóis.

ao longe o sol
aprecia o caracol
que se desabrocha
abaixo do  girassol.



Margareth Rafael
 Itambacuri (MG)


É CASTIGO...

       Naquele verão  os habitantes daquela cidade  reclamavam o dia inteiro.

       Logo que o dia clareava já se ouvia no pequeno vilarejo as  seguintes  falas.

       - Nossa o calor está por demais, ninguém agüenta. Outros falavam assim:

-Parece que o inferno abriu as portas.  E o dia passava  com aquele calor escaldante. Parecia um caldeirão de água no fogo. A cada  minuto que passava, ia esquentando mais  e o calor aumentava.

       Os poucos habitantes que lá moravam já não agüentavam mais.

       Na casa da madrinha de Liana havia uma ducha na lateral da cozinha. Sempre  que podia, ia  um a um dar uma refrescada  . Aí o calor amenizava.  Marieta perguntava assim para a sua madrinha:   Ô madrinha que calor é esse sô. Dá vontade de ficar pelado. E os dias foram passando. Mais de um mês   e o sol escaldante  inquietava as pessoas.

       Como se todos  tivessem combinado,  a uma só voz murmuravam contra o construtor da  natureza. Então Ele ouviu todas aquelas blasfêmias contra o seu ser. No outro dia, com os clarões da madrugada, o mormaço  já atormentava os habitantes. Logo as nuvens negras tomaram conta  do céu. Raios e trovoadas partiram do alto... E   aquele povoado conheceu a força da natureza... O mesmo foi inundado pela imensidão das águas.  As pessoas gritavam. – Meu Deus que isso? Vamos morrer afogados. As crianças gritavam por socorro, os idosos até tentavam subir pelas árvores para se safar, mas logo eram retiradas pelos homens que sabiam nadar e carregados lá pras bandas da igreja, que era construída  no alto do morro. E a chuvarada descia sem clemência. As pessoas gritavam... - È castigo!!! Outras  choravam e lamentavam. – Vamos morrer afogados. Mas os trovões foram diminuindo, os relâmpagos se dissipando... Até a chuva diminuiu  e  logo apenas uma pequena neblina caía sobre o povoado  que se encontrava. As águas foram se escoando pelos  canais de escoamento e no outro dia tudo já se normalizava. Os habitantes aprenderam a lição e há muitos verões eles aprenderam a respeitar mais ao Criador e a cuidar melhor da natureza. As chuvas então vinham   naturalmente e já não faziam mais estragos  por lá. Todos ficaram em paz e quando dava sinal de chuva no céu  era um motivo de alegria para todos.






Mario Rezende
 Rio de Janeiro


AVEC NOSTALGIE

Por onde andará
a menina do porto,
cujo passeio divino à beira do cais
enche de saudade
o peito deste barqueiro.
Procuro sempre por ela,
com meus olhos sonhadores,
ansiosos pela bela figura
pintada de branco
na aquarela colorida
pela minha imaginação,
almejando tê-la de vez
espetada no meu corpo,
como uma flor.
Querendo-a gravada em minha pele,
marcada como uma tatuagem,
em êxtase, colada em mim.
Senti-la assim como uma boca faminta
sugando o meu amor.
Bela e nua,
não de todo,
vestida apenas com um pendente
desenhado com as iniciais entrelaçadas,
dela e deste seu marujo.
Dançando ao movimento apressado
do seu peito delicado,
ainda vou tê-la, sim,
sem os artifícios dos devaneios.
Navegando, enfim,
sempre bem juntinho de mim.


Mario Rezende
Rio de Janeiro

MELANIE, A DESCOBERTA DE SI MESMA

Melanie saiu para o quintal da sua casa, depois da discussão que estava se tornando rotineira entre seus pais, ora pelas dificuldades financeiras ora pelas reclamações de sua mãe a respeito do cheiro de bebida que seu pai carregava na boca, quase todos os dias, quando chegava em casa depois do trabalho repetitivo na linha de produção.
Na cidade operária, no oeste do estado, moravam os empregados da maior fábrica recém-instalada naquela região, que ainda não tinha perdido totalmente a monotonia rural para dar lugar à agitação urbana.
Deitou-se debaixo da imensidão de estrelas que podia ser vista daquele lugar, ainda não afetado pela poluição. Ficou tentando identificar as constelações e pensando no dia de hoje, no de amanhã também. Melhor, pensava na sua jovem vida, imaginado o seu futuro. “Como gostaria de sair daquele lugar atrasado, cheirando a esterco e ir para a capital, onde vivem as pessoas importantes, chiques, famosas, cultas, como via na televisão! Sair de mãos dadas com a felicidade e visitar museus e teatros, estudar numa faculdade de moda e depois conhecer o mundo... Nova York, Paris...”
Já era bem tarde quando ela percebeu uma luz caminhando pelo negrume do espaço. A luz brilhante passou bem embaixo da lua e parecia não querer ser percebida, assim como alguém que se desloca sorrateiramente. De repente, teve a nítida impressão que a estrela - sim, era uma estrela cadente- encontrou o seu objetivo na observadora silenciosa, curiosa e tinha se voltado na sua direção. Ela estava vindo direto para a Terra, melhor, para ela, com a rapidez da luz. Naquela altura, Melanie já estava paralisada, esperando. O coração começando a se apressar. Os olhos ofuscados pelo brilho cada vez mais intenso, que se aproximava rapidamente, crescendo, crescendo, crescendo...
Já não via nada, só o brilho ofuscante... Presa, incapaz de se mover... Até que um sentimento estranho, como se toda aquela luz tivesse entrado pelos seus olhos, eletrizante, percorrido todo o seu corpo e, provocando calor no seu peito, se alojasse - ela sentiu assim - no seu coração.
Melanie não se lembra como foi para a cama naquela noite. Acordou na manhã seguinte bem cedo, sentindo leve, diferente, como se fosse outra pessoa. Examinou o seu corpo, todos os detalhes, mas aparentemente nada tinha mudado. Levantou-se bem disposta, abriu a janela e a cortina e o sol entrou. Com ele uma brisa suave, perfume de flores e canto de pássaros. Isso mesmo, perfume de flores e canto de pássaros. Nunca tinha percebido isso nos arredores.
Naquela manhã, o sol ainda não estava bem quente, começava a dissipar a neblina que, teimosa, insistia em ficar por ali soprando um gelinho no seu rosto. Isso foi motivo para usar em volta do pescoço o cachecol azul-claro que jazia pendurado no guarda-roupa, havia muito tempo. Não se incomodou com o mau humor matinal da sua mãe e o desânimo do seu pai, por mais um dia enfadonho. Caminhou para a escola observando a beleza na vida simples das aves, das borboletas e dos insetinhos, felizes - assim ela pensou - na convivência pacífica. Cada um executando a sua missão no trabalho organizado da natureza, da maneira que a vida deveria ser.
Então, ela percebeu que a vida tem vários aspectos e que cada ser vive a partir de suas peculiaridades da sua subjetividade. Sem essa da necessidade de ter fé, como lhe ensinavam, para conseguir as coisas ou evitar superstições que fazem parte da cultura popular. Ela passou a ser mais confiante. Passou a acreditar que tinha que procurar ser o que queria e, com vontade, conseguiria.
Deu-se conta que outra vida corria paralela àquela que vivia socialmente, com as diferenças individuais necessárias, em convivência nem sempre pacífica, organizadas pela natureza, em que cada um procura satisfazer as suas necessidades diversas, suas idiossincrasias. Outra vida... Como um ser primitivo, natural, assim como uma fêmea do homem animal, em comunhão com a natureza, num ciclo pré-definido que nada tem a ver com as diferenças impostas pelo homem social, que se afasta cada vez mais das suas origens, ignorando as características subjetivas; e que toda a vitalidade que impulsiona universo não existiria se fossemos todos iguais.
Assim, ela passou a viver melhor as suas vidas em comunhão.






Marcus Rios
Poeta Iunense – Acadêmico
Iúna/Espírito Santo


“AMOR E NADA MAIS”

Se eu não tivesse amor
Minha vida seria vazia
E eu não teria este amor
Cheio de fé que tenho
Em meu coração e nem
Tinha como clamar e
Declamar este amor por ti.

Sou como a essência deste amor
Que apenas exala o perfume
O verdadeiro e grande amor
Que eu tenho dentro do meu coração.

Amor e nada mais é  assim
Que eu me encontro apenas
No sentido de poder te amar.

Sinto que mesmo querendo
Ter toda esta vontade enorme
Em minha vida apenas penso,
Penso e penso em nos dois.

Como é doce este teu olhar
Que a tudo observa em tua volta,
Como que num grande enigma.

Mesmo que o dia amanheça
Chuvoso junto a natureza que
Chora eu continuo a te amar.

E por diversas vezes eu me
Tocando o vazio que existia
Entre nos dois, mas como o
Nosso amor foi maior
Apenas agora estamos nos dois
Aqui neste instante juntinhos,
Sem que o vazio nos dominasse.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Marcus_Rios.htm




Neusa Marilda Mucci
Valinhos/S.Paulo

JANELA, MIRANTE ANTIGO

Janela, mirante antigo,
de onde via o tropel dos cavalos
em louca disparada empinando-se em meio à poeira,
puro sangues agitados, relinchando em vozes alegres,
prestes a seguir para a cavalgada ao sol da manhã,
descendo barrancas, rompendo os matagais abaixo,
violando a terra com seus cascos fortes e escuros

janela, mirante antigo,
na centenária terra dos sonhos bordados na infância,
das noites claras de luar e das serenatas de sapos
que coaxavam no brejo rompendo o silencio,
ali tudo era belo entre relinchos, mugidos, toque de sino
vozes da natureza em meio à
solidão de meus caminhos

janela, mirante antigo,
onde aprendi a cismar fazendo imagens nas nuvens,
com a chuva conversar, mesmo nos temporais,
a orar de mãos postas, observando o horizonte
esperando respostas do vento sul
Cantando minha primeira melodia
pela amplidão daqueles ermos

janela, mirante antigo,
moldura perfeita de minha infância
que ainda lá está desafiando o tempo
como que à minha espera sempre
para enlevar-me e curar a saudade doída,
breve ficarei aí contigo novamente
janela... Mirante de minha vida



Nidia Vargas Potsch
@Mensageir@
 02/01/2013
 Rio de Janeiro - Brasil

O ANJO

O entardecer traz em sua parca luz
algo de suspense... Algo de sobrenatural...
Num pequeno intervalo de tempo, surge à noite!

As luzes naturais se vão... Acendem-se velas, lampiões,
 as lâmpadas, quaisquer fontes de luz, tudo isso
para afastar a escuridão... Mandar a solidão embora...

Anjo da Guarda, acompanhante e protetor d'almas...
Figura insólita que vive na imaginação!



Nidia Vargas Potsch
@Mensageir@
 02/01/2013
 Rio de Janeiro – Brasil

SONHO ANGELICAL

          Ele surgiu repentinamente não sei de onde. Foi uma verdadeira "aparição" envolta em luz. Suas têmporas brilhavam, as asas brancas e com as pontas translúcidas, eram imponentes. A cabeleira vasta e longa caía-lhe em cascata de cachos pelos ombros e costas. Sua túnica de um belíssimo tom de azul celeste salpicada de pequeninos pontinhos iridescentes refletia como um espelho e completava o traje em mando branco de uma alvura surpreendente. Que visão celestial!

          Fiquei boquiaberta por segundos aguardando que se movesse ou falasse. Nada! Apenas Juntou as mãos com os polegares voltados para dentro à altura do coração e meneou a cabeça três vezes... Sem titubear, fiz o mesmo!

          Desapareceu como que por encanto... Será que foi um sonho ou realmente, eu o vi?





Odenir Ferro
 RIO CLARO – SP - BRASIL

O CANTO!

As palavras articuladas, são como as pétalas
Replenas de letras; exalando os nossos aromas
Através das Obras inacabáveis compondo Vidas:
- Nós somos as Obras vivas e replenas de Vida...!

As palavras transcendem-se, inumeráveis,
Atravessando os meios que utilizamos ao
Fazermos delas - a ferramenta ideológica
- para nos comunicarmos. Demonstrando
Os nossos sentimentos. Enquanto buscamos
Nas articulações, nos gestos, ou nos modos
De nos expressarmos, exprimindo tudo o que
Sentimos: - Imortalizando-nos pelas fluências
Verbais, através dos sinais! Dos movimentos
Dos fonêmas, criando as Artes, os costumes,
As culturas, as crêndices, no Verbo e no Canto:
- Cremos nas Obras das Vidas, dentro do Canto!

O canto é, do nosso expressivo intento, o mais sublime.
Num rebuscar, dentro do mais profundo das emoções,
Aquele ardoroso desejo de podermos professar nas
Belezas existenciais, O que atua nas Religiões, indo:
- Sacralizando-se na Divindade do Verbo e do Canto!



Odenir Ferro
 RIO CLARO – SP - BRASIL


A VIDA NÃO É PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA
 
Já faz um bom tempo que estamos vivendo dentro da cultura da prontidão e do imediatismo. E nesses fatores, dentre eles, quase não atua ou não há nem sequer a evidência da importância, se os bons costumes, a boa índole, a nobreza de caráter, enfim, se os bons conceitos de virtudes estão se perdendo ou se estão se sobressaindo. O importante é a cultura do poder, através do qual, cada um procura vender o seu peixe. Mas, uma grande maioria das pessoas, senão quase a totalidade da população ainda preserva dentro da própria índole, a cultura do bem, do belo e do útil, felizmente.

Mas, infelizmente, estamos diuturnamente sendo obrigados a conviver com várias culturas de choque e que se chocam entre si. E devido ao fácil acesso as informações que temos, estamos ficando cada vez mais desinformados praticamente de tudo. Atualmente há uma enorme facilidade virtual em que os meios tecnológicos estão se predispondo para nos invadir: - A alma, o corpo e a mente! Com todos os dispositivos e mecanismos tecnológicos referente a tudo o que há de mais ultramoderno em termos apelativos consumistas; e somos obrigados a processar rapidamente, informações de vários acontecimentos. E tudo ao mesmo tempo.

Homens-bombas explodem-se no Oriente Médio... Enquanto em outros territórios, um avião cai. Ou a NASA lança ou resgata foguetes espaciais, da órbita terrestre. Furacões, tsunami, tragédias aqui, uma, várias; acolá, outras, muitas...

Vamos caminhando, refletindo sobre os poemas com as mensagens e apelos para a Paz, vindo de todos os cantos do mundo todo.

Em tudo vai se estabelecendo o choque, o contrachoque cultural, e a contracultura, tudo se misturando, gerando informações e desinformações. Vivemos com muitas propagandas com subtexto, inclusive com informações subliminares. Tudo, ou quase tudo, ora vão se agredindo, horas outras parecendo estabelecerem-se dentro de um clima verdadeiro, inteligente e harmonioso. Na atualidade em que vivemos, temos acesso a um pouco de tudo o que acontece no mundo; muito embora seja a grande maioria de forma muito virtual, vamos nos entupindo de pedaços de cultura arremessadas de qualquer forma até nós, vindas do mundo todo.

Diante de tudo, muitas vezes ficamos estagnados. Outras vezes acabamos agindo de forma impulsiva. E no meio a isto tudo, geram-se também, muitas notícias de Arte, Literatura, o cultivo da beleza estética e do glamour, através dos muitos Eventos. Principalmente os Eventos de Moda.

Sem contar que a televisão comercial ainda continua um veículo de (des) informações cada vez mais distorcidas, não focando o verdadeiro acontecimento da realidade. E as programações estão ficando cada vez mais banalizadas e apelativas.

As produções cinematográficas abordam temas chocantes, ou com excessos dramáticos, ou muito violentos. Isto tudo vai se refletindo negativamente, e muito, dentro do contexto da nossa qualidade de vida. Fica difícil de filtrarmos estas informações e assimilarmos um conceito do que é certo ou do que é útil e vantajoso para agregarmos como um novo caminho, um novo costume, dentro do nosso estilo de vida.

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_o/ODENIR_FERRO.htm





Paulo Roberto de Oliveira Caruso
(Paulo Caruso)

 Niterói – RJ
0 5 - 0 6 - 12

SONETO DECASSÍLABO DE DIPLOMA NO AMOR

Agora passo pela faculdade
em que um dia nós dois nos graduamos.
Podemos até não ter mais saudade,
mas lá conhecemo-nos, nos beijamos...

Demos um’aula de companheirismo
em pleno templo do conhecimento.
Demos nós aulas de nosso civismo.
Nós ousamos naquele bom momento!

Agora sabemos que confiar
no parceiro nós sempre poderemos.
A companhia ideal do amar
reciprocamente agora temos!

És o meu melhor e maior diploma,
aquele que a mim sempre mui bem soma!




Paulo Roberto de Oliveira Caruso
(Paulo Caruso)

 Niterói – RJ
14 – 01 - 10


DESCARTÁVEIS

          Hoje em dia eletrodomésticos em geral são descartáveis. Aparelhos de som, televisores, controles-remoto, geladeiras, computadores e muito mais. Mesmo automóveis o são. Todos são fabricados com o fito precípuo de não durar muito. Assim, vende-se com a intenção de realizar uma nova venda póstera... Garrafas plásticas, latas de bebidas e embalagens de alimentos vêm com o símbolo que indica serem descartáveis tais materiais. Mesmo sacolas já vêm em material biodegradável, devido à preocupação com o meio-ambiente.

          Fabricam-se objetos com material reciclado, dos quais alguns ganham a forma de esculturas (normalmente esdrúxulas, como sofás feitos com garrafas plásticas...), outros se tornam belos fichários, cadernos, lixeiras e o que mais de bom a mente puder construir e reaproveitar.
  
          O mesmo tem sido feito no que tange a sentimentos como o coleguismo, a amizade e, por conseguinte, o amor. Pessoas já se casam pensando em separação! Já procuram se salvaguardar como nunca antes! Mesmo em relacionamentos pré-casamento (ou sem a menor intenção), comumente as pessoas não abrem muito a sua guarda em prol do amor, conformando-se então com um simples ato de ficar... Mas nem é um “ficar” de fato junto, unido, mas sim um ficar somente pra constar e sem compromisso. Nada raro o ficar para uma foda bem dada... ou não tão bem dada...

          Dizem que as pessoas são substituíveis. Eu discordo. Afinal, penso que os cargos de esposa, marido, namorada, namorado, até amiga ou amigo, colega podem ficar vagos por decepção, tédio (dependendo do cargo) ou algum outro sentimento. Mas as pessoas ficam na mente pelo que elas fizeram. Fulana pode deixar de ser amiga e se tornar namorada ou vice-versa. Eu me recuso a crer que as pessoas são substituíveis, visto que as ações ocorridas não morrem, a menos que nós deixemos estas morrerem.




Paulo Marcelo Paulek
União da Vitória

ENVELHECIMENTO

Talvez amanhã
Outro dia quem sabe
Na próxima semana
Um dia vou para lá
Hoje não posso
Momentos inesperados
Sonhos alcançados
Obstáculos ultrapassados
Sentimentos aflorados
Rugas ao redor dos olhos
Mãos calejadas
Cicatrizes ganhadas
Ao longo do tempo
Com equilíbrio
Hoje vivo as experiências
Da idade e do tempo
Que nenhum de nós
Poderá fugir





Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis - Rio de Janeiro


PRISIONEIRO DA INVEJA

Ao longe vem um canto triste trinado
Um pedido de socorro, um choro cantado,
É um lamento, o som pesado da agonia.
Uma queixa que ouço durante todo o dia.

É um pequeno pássaro lindo e indefeso
Que foi objeto de um homem invejoso,
Da beleza, da liberdade e do canto mavioso.
Foi iludido, caçado, condenado e preso!

A pena mais dolorosa, mais cruel!
Viver numa pequena gaiola de madeira
Com um poleiro, água, forro de papel,
E uma ração considerada de primeira.

O canto da tristeza ressoa apelante
Que foi que eu fiz? Tirem-me daqui...
Vou voar muito alto para bem distante
Eu juro, nunca mais vou voltar aqui,

Prometo agora: - nunca mais cantar,
Nunca mais anunciar o amanhecer
E no por sol me calar e me esconder
Nunca mais, na sua frente aparecer.

Mas me solte, não quero ser prisioneiro.
Quero ser passarinho, sair deste poleiro.
Quero soltar minhas asas com vento viajar
Com o bando da minha plumagem, voar.

Quero construir meu ninho,
Quero chocar meus ovinhos
Quero ter meus filhinhos,
Não quero viver sozinho!

Tenho alma nobre e voz de cantor.
Tenho a sensibilidade do poeta.
Tenho a vida livre como meta.
Tenho na mente o amor do criador!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_r/Rozelene_Furtado_de_Lima.htm





Reginaldo Honório da Silva
Rio Claro/SP


© Reginaldo Honório da Silva
O Poeta da Estrada
Rio Claro, 10 de julho de 2007

COISAS DO AMOR

Perguntaram-me coisas do amor
Coisas que nunca senti
Ou não soube decifrar

Decifrar um olhar
Um sorriso maroto
Um beijo “selinho”

Essas coisas que esfriam a barriga
Que suam as mãos
Mãos que apertam os próprios dedos

Engoli a seco minha mudez
Dei as meninas dos olhos às pálpebras
Num demorado piscar de indecisão

Indecisão de um olhar
De um sorriso maroto
De um beijo “selinho”

E como se não ouvisse a pergunta
Dei uma gargalhada escandalosa
E deixei as lágrimas jorrarem

As coisas do amor me machucaram
Eu pensei que sabia o que era amor
Mas nunca soube o que é amar

Não falei das coisas que senti
Nem dos mistérios revelados
Nem da indecisão apática

Falei do amor simplesmente
Sem cortar as aparas da fantasia
Sem despertar de um sonho bom

Sonho de um olhar
De um sorriso maroto
De um beijo “selinho”

Perguntaram-me se eu mentia
Falei das certezas e das incertezas
Do amor de verdade ou de mentira.






Renã Leite Pontes
Amazônia Brasileira – Acre – Brasil

 A LENDA DA PAXIÚBA: VERSÃO APÓCRIFA

Há duas luas, em ritual de combate, tornara-se guerreiro-jaguar e saiu em missão:

Vigiar a fronteira do Norte, ameaçada pelos “peles de pano”,
dia e noite – de privações e agruras.

Durante uma incursão do inimigo, na defesa, foi transpassado na virilha, mas escapou com vida e trouxe aos anciões da tribo, preciosas informações, que terminaram resguardando a soberania da comunidade.

Os anciões da tribo, aos costumes, responderam magnanimamente. Na ausência de um sistema de saúde pública, liberaram - do tesouro comunitário - dez arcos para cobrir as despesas do tratamento.

O que o guerreiro, em missão, desconhecia, era que, na sua ausência, na calada da noite, a “assembléia de pretextos” decidira, por licitação, ceder à “oligarquia dos apuís” o monopólio das curas do xamã e a manipulação de todas as ervas da floresta, além de deslocar para, bem longe, o hospital homeopático.

Na busca do socorro, alheio aos perigos do caminho, o jovem ferido percorreu desacompanhado a distância que conduzia ao hospital dos espíritos “fervedores” de plantas, sem compreender, contudo, a plenitude do significado da intermediação da cultura guardada pelos pajés.

Na entrada daquele local sagrado, era obrigatória a pronúncia de certas palavras místicas, além da realização de algumas mesuras, aos olhos leigos, para ser atendido.

Cumprido o ritual, o caminhante foi atendido, na triagem, por um sujeito, cujo comportamento mais se assemelhava ao de um “encarregado de barracão”, vestido de “auxiliar de curandeiro” - o chefe da assistência social, que acumulava também as funções do setor de tesouraria:

- Foi há dois dias...

- E o pagamento?

- Para o pagamento, eu trago dez arcos – do estoque dos anciãos - para trocá-los pelo chá encarnado.

- Deixe-me ver direito este ferimento.

- Hummm

- Não é ferimento de morte, isto cura com unha de gato mesmo, tomado por dez dias, mas você só trouxe dez arcos. Por este número, só posso lhe fornecer chá para cinco dias.

-Mas, o certo não é eu tomar os dez dias? Eu preciso me curar porque o meu posto está abandonado. Meu trabalho espera por mim...

- Veja só como está se processando o atendimento agora. Por dois arcos, aqui, damos chá para um dia. Você trouxe dez arcos. Faça as contas e verá como estou no justo.

Mas...

- Vamos fazer o seguinte, você volta e vai falar com os colarinhos-brancos, diz que necessita de mais dez arcos e conta a sua história. Você é um bom guerreiro, inteligente, de boa família, tem valores para penhorar. Você sabe como fazer...

- Ah, não, eu não vou entrar nestes esquemas. O meu avô dizia – “dê a morte a um homem, mas, a um burro, não dê nem a vida”. Estas pessoas nos dão as coisas, mas, por compensação,  cobram a nossa consciência. Eu sei que estes privilégios individuais prejudicam a tribo  e produzem a fome de uns, em detrimento da fartura de poucos, além de ser a causa da pobreza e sofrimento do nosso povo. Eu posso morrer muito feliz sem precisar de passar por isso.

- A franqueza do jovem irritou o comerciante, porque soou como uma crítica às hienas, dita diretamente a matriarcal hiena

- O interlocutor pigarreou e retrucou

- Ah, então o jeito é você tomar só por cinco dias. O resto seu corpo reage... Mas, o que te custa mesmo ir lá?

- Não, definitivamente, eu não vou cometer nenhum ato contra a minha consciência, nem  meu sentido de decoro moral.

- Então, não é por mal, meu jovem, mas você me deixa sem alternativa. São as novas regras...

- E, se eu te entregar também o meu arco? É tudo o que tenho. Este arco é espólio de guerra, Pertenceu a um antigo chefe tucandeira. Tem um valor simbólico para o nosso povo.

- Bom, com o arco, eu posso te dar sete dozes e meia.

- Olha, onze arcos não são pouca coisa, considerando que nossas mulheres e os curumins da nova geração, não mais têm demonstrado  interesse na arte de fazer arcos. Nós estamos sob constantes ataques, nos quais perdemos armas e vidas, com frequência... A cada dia está mais difícil a nossa defesa...

- Eu entendo você meu jovem, e para provar o interesse desta casa na cura da ferida de um dos nossos bons guerreiros, te dou sete dozes e meia, mas a associação fica com o seu arco, também. Estamos prestando-lhe um grande serviço.

Foi, então, que a impaciência aflorou, motivada, talvez, pelo estresse do ferimento

- O senhor não está me prestando nenhum favor. Reconheça que eu fui ferido em combate, para proteger o senhor, sua família e até isto que o senhor chama de “casa”.

Concluída a última frase, por tratar-se de uma tremenda verdade, o ânimo do terapeuta - ajudante atingiu a estratosfera

Nestes termos, vou lhe dizer  também a minha opinião a respeito das suas reclamações. Bem, a sua relação com os anciãos da tribo... Você tem que entender que aqueles velhos atiram com a flecha dos outros... Têm palavra de político. Eu admiro a sua sinceridade, mas, na verdade, penso que você não passa de um megalomaníaco. Não é pela sua falta que nós deixaremos de estar protegidos. Ademais, aqui, nós reconhecemos você é como um costumeiro crítico dos costumes desta casa... Reconheça, também, que você não passa de um número que se reproduziu.

Novamente ferido, desta vez, na alma, sentindo-se acuado, - nem os dezessete idiomas que falava, com fluência, foram capazes de fornecer, ao índio, uma simples palavra que fosse - o jovem guerreiro, aspirando a cura, entregou ao comerciante vestido de curandeiro – em troca da suposta cura -  a materialidade e o impulso da sua defesa.

No longínquo retorno à taba, o implemento penhorado fez falta no contra-ataque. Ferido e com sede, o guerreiro solitário tornou-se presa fácil dos “pés de couro”.

 Arrebataram-lhe o chá.

Com movimentos pesados e descoordenados, o guerreiro defendeu-se com as últimas forças, pulou, ainda correu, e bateu, e matou, se trepou,  mas  caiu, foi ferido e agravou a ferida, e verteu o restante da vida...

Por fim, retesado, entregou seu alento a Tupã.

Na outra lua, os queridos de Ágrafo vieram. Colheram-lhe o corpo e o plantaram – a sete palmos – em local transmontano, aos costumes, depois da floresta da grande gameleira, na margem de lá, na curva do rio, a casa de Tupã.

A história, em detalhes, foi registrada em prosa poética no Akasha. Quando os biógrafos concluíram a narrativa, Tupã ficou aborrecido e, além de vingar a injustiça e a morte do guerreiro,  fez brotar, da sua tumba, a palmeira conhecida pelo nome de paxiúba – a planta logo passou a servir para tudo:  habitação, flechas... Era imponente, rija e resistente as intempéries do tempo. Por ser, também, fértil, tão rápido quanto a fez brotar, Tupã lhe reproduziu  as milhares pela floresta.

E, assim, um nome foi lembrado, a história foi contada aos curumins, e com a ajuda do Alto, o jovem guerreiro – através do tempo - seguiu protegendo e servindo ao seu povo.

 http://www.caestamosnos.org/autores/autores_r/RENA_LEITE_PONTES.htm





Rui de Oliveira Lima
 Braga (Portugal)

SONO SONHADO

Premente a ânsia inócua e inconsequente

da movida e incorrida virtude Shakespeariana

que nos ilude

na ânsia

inconstância das palavras vãs
como se fossem meros divãs

corridos por linhas
mediante palavras anãs
que corroem e corrompem
o quão calmo somos

na ansiedade dos sonos
que é a inverdade dos nossos sonhos





Raymundo de Salles Brasil

VARÕES DOS MEUS REBENTOS
(05/04)

Guga me trouxe à boca um virginal sabor,
O gosto adocicado do primeiro neto,
Ele me fez quase explodir de tanto amor,
E sentir-me, de Deus, um filho predileto.

Pensei que já tivesse o coração completo,
Que não tivesse mais lugar para outro por.
Chegou Marcelo e abriu mais um lugar secreto.
Nunca falta lugar à pétala na flor.

E assim, meu coração, cada vez mais se abrindo,
Recebe Lucas e lhe diz: seja bem vindo,
Seja hoje você meu mais belo arrebol.

Logo nasceu Daniel, num florido setembro.
Não sei se era chuvoso o tempo, não me lembro.
Mas no meu coração, eu sei, fazia sol.



Raymundo de Salles Brasil

O SORRISO DE SEU LÁU


       Seu Láu era um homem zangado, de mal com a vida, carrancudo: o mundo era feio para seu Láu, as árvores não farfalhavam, produziam ruídos irritantes, o sol não lhe trazia nenhuma alegria, nem sequer brilhava, ele se incomodava com tudo: com a chuva, com os moços, com as crianças, com os animais, a vida lhe fazia mal, viver era um suplício para seu Láu.

       Bem, essa era a impressão que todos tínhamos dele, porque ninguém lhe via a alma, o julgávamos pelo exterior, pelo que conseguíamos ver, pelos gestos, pelo semblante, sobretudo pelo semblante. Toda vez que eu via seu Láu, entretanto, eu me reportava à minha adolescência e lembrava-me de uma frase que Bráulio Baraúna de Castro gostava muito de citar: “só o Sombra sabe o mal que se esconde no coração do homem”, e ficava matutando: – o que será que se passa no coração de seu Láu? Esse homem não pode ser ruim, pensava eu, ele já é um homem idoso e nunca fez mal a ninguém, só a si mesmo. Se eu fosse um psicólogo, propor-me-ia a perscrutar a alma daquele homem, mas não o sou, nem mesmo a minha a conheço bem. Todavia a alma de seu Láu me intrigava.

     Ele chegava ao Bar de Biju, sentava-se, cruzava as pernas e ficava assistindo aos jogos de bilhar. Ali ele ficava horas, calado e carrancudo. Também ninguém ousava dirigir-lhe uma palavra. Uma brincadeira? Nem pensar, ou por medo, ou por respeito. Futucava-me, contudo, a ideia de quebrar aquele tabu, como fazê-lo é que era o grande desafio, até porque eu também tinha os meus receios, afinal de contas seu Láu não era brincadeira.

       Os dias se passavam e eu continuava freqüentando aquele bar, por diversas razões: primeiro porque o gerente, Aloísio, era meu amigo, segundo eu gostava de jogar uma partida de bilhar e, terceiro, eu queria deslindar aquele mistério de seu Láu. Um dia eu tive um estalo. Terminara de derrotar um adversário e de supetão disse: – seu Láu! Vamos jogar uma partida de bilhar? Ao que ele respondeu sisuda e sucintamente: – Procure seu lugar, menino! – Eu já estou no meu lugar, disse-lhe, o senhor é que tem que sair do seu e vir jogar comigo.

        Venha se distrair, seu Láu, a vida é bela!

       Eu senti que ele se quedou ante aquela minha insolência, mas não aceitou o convite, embora tenha deixado esboçar um sorriso, coisa (suponho) que ele nunca fizera antes, o que me deu esperanças, e veio ratificar a minha velha impressão: seu Láu, definitivamente, não era um homem mau.







Sandra Galante.
Piracicaba-SP-Brasil.

NOITE DE LUA CHEIA...

O dia despede-se no horizonte,
Logo a lua cheia irá chegar
Para encantar a noite.
Um céu que convida a amar.
Tenho tantas coisas para te segredar
ou até mesmo ficar com o olhar sem fala...
Acendi velas pela casa pra te esperar.
Hoje quero ser o teu jantar.
Vira-me do avesso, quero todo o teu roçar.
Quero corpos a exalar o nosso néctar.
Consumida estou por meus devaneios
Nua, sonho com a tua espera,
Com infinitos desejos por aspirar.
Converte minha noite em sonhos a concretizar
Para eu ser eternamente tua em noites de luar.





Sonia Nogueira
Fortaleza

FORA DE MODA

Se não estivesse fora de moda eu falaria sobre o AMOR. Amor família, fraterno, conjugal. Amor eterno, que compartilha, divide, respeita, move a vida, dignifica a alma, engrandece a convivência, cria laços inseparáveis, enobrece os sentimentos e tudo faz para que a vida se torne mais serena em meio ao turbilhão de insensatez, que o mundo atravessa.

Se não estivesse fora de moda eu falaria sobre o PERDÃO.  Perdão tão distante das criaturas que não conhecem a quietude que o pensamento necessita. Falaria que o perdão lava o espírito, abre o sorriso, pede abraço, ameniza a tempestade, traz a paz interior.

Se não estivesse fora de moda falaria da AMIZADE. Na amizade verdadeira, há confiança, mola mestra de todo relacionamento, abre as portas ao diálogo, compreende que o outro é um ser individual sujeito a acertos e erros, que a perfeição não traz um molde preestabelecido. Nada está pronto.

Aprendemos, conquistamos, amamos, e somos felizes à medida que a aula da vida mostra suas facetas e com ela o aprendizado diário e permanente.

Se não estivesse fora de moda falaria de FAMÍLIAS. Parece que a argamassa do alicerce está mal estruturada, rui à menor ventania. A prole anda sem freio, a porta permanece aberta, qualquer hora entra e sai um vendaval, que os arrasta em todas as direções, os casais se dispersam, formam novos lares muitos insustentáveis e infelizes.

Se não estivesse fora de moda falaria de FELICIDADE. Segundo o dito popular não há felicidade, “apenas momentos felizes”. Tantos textos em prosa e versos falam do desamor, solidão, e me pergunto: Onde andam este dois parceiros inseparáveis, “o amor e a felicidade”?  Estão dentro de todos nós e não sabemos conquistá-los.

Se não estivesse fora de moda falaria de PAZ. Sabemos sem contestação que as drogas destroem os lares; a libertinagem, o sexo livre, a AIDS, traz doenças irreversíveis; as guerras desestruturam as nações; a violência dizima os culpados e inocentes. Só a paz salva a humanidade.

Se não estivesse fora de moda falaria de DEUS. Deus criador do universo e de tudo que nele habita seres animados e inanimados. Os que não creem dizem que os tolos obedecem à religião por medo do inferno e a justiça por medo da prisão. Por esta razão grande percentagem habita o inferno da vida, fazem moradia nas prisões abarrotadas de incrédulos, como se fosse seu habitat.

Deus seja louvado.


Sonia Nogueira
Fortaleza

POR QUE EU TE AMO ASSIM

P - Por motivos que não sei
O - O amor veio acanhado
R – Roubou meu coração

Q - Que insiste, não desviei
U – Uma rota, e sem achado
E – Eu amei sem solução

E – Eu andei na contramão
U –Unindo o meu sonhar

T – Te procuro, não te vejo
E – Enlaçada em teu olhar

A - Amo assim tão persistente
M – Mesmo que do outro lado
O – Outro amor vi sorridente

A – Amanhã, não sei que dia
S – Sairei sem fantasia
S – Sairei sem melodia
I – Inconsciente do teu sim
M- Minha alma ama assim.






Sidnei Piedade
 Assis / SP / Brasil

O TEU OLHA FEITICEIRO

Teu olhar tem feitiço encanto e magia me fascina de um jeito que não sei explicar... Nos teus olhos feiticeiros eu perdi meu coração. Eu jamais vou te esquecer meu grande amor... Pois tudo em você me da prazer. Palavras nem sempre vão adiantar, mas vejo escrito em seu olhar jamais vou te deixar. Teus olhos têm a luz e brilho das estrelas iluminando meu caminhar... Abrace meu corpo e deixe a brisa passar... Pois se não fossem teus olhos eu vivia na treva a vagar. Teus olhos feiticeiros têm fogo de paixão, és um furacão dono da noite e do meu coração. Sou seu enamorado sonhador e onde for seu olhar vai nosso amor. Seu olhar me pregou um feitiço onde não consigo me libertar... Pois se você não existisse eu iria te projetar. È sagrado esse amor que nos atrai... Que seja eterno o prazer de te amar. Às vezes corre, se esconde, jura que sim, morre de amores... Me procura , me encontra...este teu olhar feiticeiro.






Wilson de Oliveira Jasa
São Paulo/Brasil

PAZ

Meu desejo mais profundo,
é sincero e verdadeiro;
é a sonhada Paz no Mundo,

onde o Amor vem em primeiro.






 Wilson de Jesus Costa
UM PORTO, UM ABRIGO AMIGO...

Quero ancorar meu barco em um abrigo
Abrigo protegido por tempo amigo
Para lembrar belo passado ido
O barco é velho, o pensamento triste, o porto antigo;
Onde lembrarei o ido passado e chorarei o presente,
Na esperança de sorrir do futuro ainda distante
Como meu barco  voltará a navegar?
Navegará em mar nada revolto
Procurando a paz como conforto
Indo ancorar o velho barco em novo abrigo
E correr para teus braços tão amigos
Então ficar olhando o céu, o infinito,
Depois fechar os olhos e lentamente
Dizer adeus à terra firme
E morrer nos braços da mulher amada!
Enquanto a cotovia voando alto, canta e me encanta...




7 comentários:

  1. É isso aí Professor Carlos Leite Ribeiro!
    São 15 anos divulgando pesquisas, poemas, sonhos acalentados. TEMPO REI que nos confunde com a vida e suas armadilhas.
    Dias felizes, outros nem tanto, outros mais tristes que nos dão a certeza do dever cumprido.
    Parabéns! Sinto-me muito feliz por seu um membro desta linda família CEN.
    Receba meu abraço e meus parabéns!
    Que Deus nos ajude nesta linda caminhada!
    Vou enviar meu poema!
    Beijos no coração!
    Rita Rocha

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  2. Minhas congratulações a você Carlos Ribeiro pelo grande trabalho nas pesquisas,nos poemas e em tudo que proporciona aos poetas para divulgarem seus trabalhos também.Honra-me ter meu poema publicado no Portal e agradeço também muito à poetisa Beatriz,sempre a postos ajudando a todos num intenso labor também.O Portal Cen é mais,nota 1.000!
    Abraços
    Neusa Marilda
    Poetisa MarildaLavienrose

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  3. Foi uma honra participar desta bela Antologia, idealizada e concebida pelo Portal CEN. São iniciativas como esta que fazem da nossa vida uma experiência única e tão interessante... Bem hajam por isso!!! mongiardimsaraiva

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  4. Parabéns pela grande obra literária.
    Que Deus os abençoe sempre.
    Que este debutar possa ser maravilhoso e ajudar a todos os escritores contemporâneos. Um grande beijo.
    Debutando
    Quinze anos de expectativas, de alegrias e grandes pesquisas.
    De Portugal, nasceu, cresceu e ganhou o mundo virtual.
    Fez amigos reais,e de fato trouxe espontaneidade para muitos escritores.
    Autores de várias tribos, de vários idiomas, aromas,
    Mas a lógica da ilógica aventura de poetizar.
    Inspirar nessa arte sonhadora, se uma colaboradora pequena,
    Serena e feliz por compartilhar este sonho, que nos faz realizar a escrita
    Única em nossas vidas.
    Parabéns a todos que compõem este universo em verso,
    Chamado Cá Estamos Nós.
    Téka Castro,Vila Missionária, SP-SP- Brasil

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  5. Parabéns, Cá Estamos Nós, Carlos, todos os colaboradores e participantes, por tão esplêndida Antologia...
    É como a perfeita constelação a muito brilhar... Portanto, PARABÉNS para todos... Fraternais abraços poetados...

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  6. Agradecemos queridos amigos, o carinho e atenção de todos vocês, que deixam em festas o nosso coração. É uma honra ter a participação de vocês sempre ativa no nosso PORTAL CEN.

    Beijos no coração
    Betriz

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  7. Olha, gente... Todas as vezes que me leio emoldurado pela leveza de mãos generosas, minha pulsação acelera... e o lindo disso tudo é ler também os meus grandes amigos poetas...é assim com a luminosa contribuição da Maria Beatriz Silva, pessoa ímpar, que tive a felicidade de abraçar por ocasião de uma premiação que recebemos no Forte Duque de Caxias, outorgado pelo Senador Agostinho Rodrigues, mui digníssimo representante do Congresso Brasileiro de Cultura Latina. Ver-me aqui neste cantinho do CEN leva-me a 2004, quando comecei a postar minha obra também neste magnífico Portal, levado pelas mãos da poeta e amiga Zena Maciel... foram muitos trabalhos que aqui inseri, abençoados pela criatividade de Iara Melo, Baçan, Henrique Lacerda, a seguir, pelo carinho da também imortal Carmo Vasconcelos, sob a batuta de Carlos Leite Ribeiro... que bênção ! Que honra guardar todas essas pessoas no meu coração, porque fizeram e fazem parte de um tempo feliz da minha vida... não citá-las seria deixar de agradecer a quem merece o meu carinho, estima e admiração. É muito lindo ter uma história abençoada pela emoção. Obrigado, de coração, a todos que fizeram e fazem parte de um tempo feliz da minha vida. À benção, Portal CEN. Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros

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